Crenças
Por João Coutinho
Crenças não significam simplesmente religião, envolve tudo em que se acredita dentro da política, da religião, e da filosofia. Aquilo em que se acredita será o produto das escolhas, dos caminhos a serem seguidos e das verdades que aceitará.
As funções mentais que permitem pensar e perceber, amar e odiar, aprender e lembrar, resolver problemas, comunicar-se através da fala e da escrita, criar e destruir civilizações, é que se expressam às crenças adquiridas deste o nascimento, desenvolvido graças ao meio ambiente em que se vive. Estas expressões estão estreitamente relacionadas ao funcionamento cerebral, e essas crenças se manifestarão em nosso estado comportamental, emocional e social definindo uma postura que se expressa sobre a personalidade.
Mesmo uma criança, deste seu nascimento até atingir a idade escolar, chega à escola com mais de 5000 informações diferentes que poderão ajudar em sua aprendizagem ou dificulta-la. Estas informações dependerão do meio ambiente, dos pais e principalmente das crenças que as pessoas ao redor influenciam sobre a personalidade da criança.
O cérebro funciona como um computador, todas as informações adquiridas chegam até ele, inclusive as que limitam e as que determinam as conquistas, derrotas e sofrimentos. Às vezes as interpretações que fazemos das coisas, conforme acreditamos, acaba levando o homem ao sofrimento e a limitações. Dentro deste prisma o Karma pode ser interpretado como uma bela desculpa, algo inventado para culparmos por nossos erros, sofrimentos e derrotas.
É claro que a Lei do Karma é presente, porém existem vários fatores determinantes, não apenas um fator que determina tudo, e é na complementaridade desses fatores que irão definir este tudo. Desta forma, a crença pode ser interpretada como causa e não como efeito da escolha.
As crenças podem ser conscientes e inconscientes, se disser eu não consigo, e acreditar que não consegue, seu cérebro interpretará que realmente você não consegue, então se tornará um fracassado. Muitas vezes é impossível mudar algo que você não conhece, então é necessário reconhecer o que está limitando ou qual é a crença que esta fazendo isso ou quais são. Alguns exemplos de crenças que limitam são: Porque acontecem coisas apenas comigo? Que mal eu fiz a Deus? O que eu fiz na vida passada de tão ruim que tenho que pagar nesta vida? Porque os outros vencem, e eu não?
Algumas crenças se comportam como produtos de inveja como: O que é que aquela pessoa tem que eu não tenho? Será que Deus privilegiou somente eles e acabou se esquecendo de mim? Meu Deus o que será de mim, porque isso tem acontecer justamente comigo? Quando penso que está tudo bem, algo acontece. Será que mereço tanto?
Percebe-se que sobre a cortina da crença envolve todos tipos de emoções, e faz com que as orações não sejam atendidas de forma divina, e sim no que foi transmitido para mente. A palavra tem força, se disser eu quero dinheiro, aparecerá dinheiro, como não definiu, aparecerá uma moeda de 10 centavos. Ora você não queria dinheiro? E se você definiu, mas faz parte apenas de um desejo profano e não de sua vontade, poderá ganhar, porém com tudo aquilo em que acredita de bom e ruim virá também.
Quando diz, perdi peso, o cérebro entenderá que perdeu algo que deve recuperar, e se disser que eliminou, ele entenderá que eliminou algo que não deve mais recuperar. A neurolínguistica se preocupa com que se fala, pois ela transmite aquilo que se acredita, e os neurotransmissores do cérebro serão produzidos ou não devido à interpretação do que está ao redor, do que pensa e de que acredita.
Isto são chamados de escolhas, pode-se ter escolhido ser um perdedor, fracassado e sofredor através das crenças mentais. Não é a faca que mata, é sim quem está por trás dela, assim como não é somente Deus que salva o homem de todas desgraças, e sim, ele próprio pode-se salvar, quem sabe, até de suas próprias crenças.
Qualquer pessoa seria capaz de escrever uma longa lista dos valores que gostaria de conquistar por suas ações daquilo em que acredita como: Vida, saúde, paz, liberdade, verdade, justiça, conhecimento, experiência, desenvolvimento pessoal, amizade, companheirismo, uma relação amorosa, vida familiar, prazer sensual, prazer estético e reencarnação.
A lista pode se prolongar, mas a questão é saber realmente o que quer. Quer ser feliz, ou quer ser feliz porque é moda dizer que é feliz e isso o faz acreditar que é bom? Realmente quer se espiritualizar ou é moda sair dizendo por ai que é bruxa, mago, e outros. Intelectualizar não é espiritualizar-se.
Você é seu comportamento ou o seu eu mais interno? O que determina sua personalidade, aquilo em que acredita que é, ou aquilo que realmente é. No entanto, é costume dizer: Eu sou assim, se tiver que gostar de mim tem que ser do jeito que sou? Está dizendo realmente quem é ou como se comporta? As crenças agem sobre a postura comportamental, emocional e social.
Dizer: “Isto aqui sou eu”, baseado naquilo em que acredita ser, é uma completa ilusão, é lógico que é necessário conhecer este eu inferior, mas para deste conhecer o verdadeiro eu. A crença, os desejos e anseios são produtos da satisfação do seu eu inferior, que de maneira incontrolada retrata o que o seu corpo quer e não o que seu espírito quer.
Existem dois tipos de satisfação uma interna outra externa e ambas dependem exclusivamente daquilo em que acredita do que vai ser bom ou ruim. E é nelas que as escolhas conscientes se tornam necessárias.
A consciência é a capacidade que temos de reagir ao certo e ao errado. Podemos dizer que a consciência é um cão de guarda normativo. Se infringirmos uma de nossas normas, a consciência começa a rosnar. Em casos mais flagrantes, seu peso pode nos derrubar; ou ela pode nos forçar a recuar, modificar nossas ações, pedir desculpas, às vezes é inútil negociar com ela. Podemos esconder de todo mundo, da policia, da lei, da censura moral, e até de Deus em nossas orações, mas nunca podemos esconder da consciência.
É nesse ínterim que não podemos acreditar em coisas que não aprendemos, ouvimos, vivemos ou experimentamos. Dentro deste conceito a vontade verdadeira se torna o gradiente de concentração que move os nossos pensamentos. Ela passa ser a força que guia toda crença a um comportamento ético, a um emocional equilibrado e a uma vida social de realizações.
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