quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Oxaguian

Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz; a revolução que antecede as transformações profundas; a instabilidade necessária ao dinamismo da vida e da sociedade e a busca do conhecimento.

Por isso é compreendido como Oxalá moço, enquanto a paz, a tranqüilidade, a estabilidade, a sabedoria são compreendidos como Oxalá velho, Oxalufã. Ele é também guerreiro, e sente prazer em destruir para que o novo se estabeleça.

Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.

Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oxalufan


Oxalufã é o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, e também a paz, a harmonia, a sabedoria que vem depois do conflito (Oxaguiã). O fim do círculo e o recomeço. Oxalufã é o compasso da terra, Oduduwa. Caminha apoiado em seu cajado cerimonial, que é o também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun (o céu) e o Ayê (a terra). O grande pai ioruba, considerado a bondade masculina.

São muitos os mitos que falam de Oxalá, mas o mais conhecido nos candomblés é o que conta que Oxalá sentia muitas saudades de seu filho Xangô, e resolveu visitá-lo.

Para saber se a longa viagem lhe seria propícia, foi consultar Orunmilá o deus adivinho, seu grande amigo. Este jogou os ikins (casca de caroços de dendezeiro) divinatórios e lhe disse que a viagem não se encontrava sob bons auspícios. E que se ele desejasse que tudo corresse bem deveria se vestir inteiramente de branco e não sujar suas roupas até chegar ao palácio, devendo também manter silêncio absoluto até o momento em que encontrasse seu filho.

E assim fez Oxalá.

Exu, contudo, que adorava atormentar Oxalá, disfarçou-se de mendigo e apareceu no caminho deste, pedindo a ajuda para levantar um pesado saco de carvão que se encontrava no chão. Sem poder responder nada e sendo piedoso, Oxalá levanta o saco de carvão para Exu, mas estando este saco com o fundo rasgado, abre-se e cai sobre Oxalá sujando sua roupa branca.
Exu ri loucamente e se vai.

Prevenido como sempre fora, Oxalá toma banho num rio e veste roupas brancas novamente. E segue seu caminho. Novamente Exu se disfarça e pede ajuda ao viajante, dessa vez para entornar um barril de óleo num tacho.

Sem poder responder para explicar e tendo boa vontade em ajudar, Oxalá levanta o barril e Exu o derrama sobre suas roupas, que desta vez não podiam mais ser trocadas, pois eram as últimas roupas limpas que Oxalá tinha para trocar.

Sujo e cansado, Oxalá vai seguindo seu caminho quando vê o exército de Xangô se aproximar dele, sinal de que estava bem perto de seu destino. Este, contudo, prende Oxalá, confundindo-o com um procurado ladrão. Como não podia falar, Oxalá nada diz e acaba jogado numa prisão durante sete anos.

Neste meio tempo o reino de Xangô entra em decadência: suas terras não produzem alimentos, os animais morrem, o povo fica doente.

Desesperado, Xangô chama um babalaô que ao jogar o ikin lhe diz que todo o mal do reino advém do fato de haver injustiça na terra do senhor da justiça.

Xangô vai então averiguar pessoalmente todos os presos de seu reino e descobre Oxalá pai na prisão. Desolado, coloca o velho pai sobre suas próprias costas e o carrega para o palácio, onde se encarrega de banhá-lo e vesti-lo com suas alvas roupas, realizando a seguir uma grande festa.
A cerimônia do candomblé chamada "Águas de Oxalá" rememora este episódio.

sábado, 27 de agosto de 2011

Ossain ou Osanhã

Ossain é a energia mágico/curativa das folhas e por isso divinizada na forma do senhor das folhas e dos remédios. Seu interesse pela ciência tornou-o um solitário desde que desceu do orum (o céu ioruba). Embrenhou-se pelas florestas e vive para descobrir e se apoderar dos segredos mágicos das folhas. Alguns mitos dizem que Ossain aprendeu os segredos das folhas com Aroni, uma espécie de gnomo africano, que tem uma perna só, e com os pássaros, alguns deles a forma tomada pelas temíveis feiticeiras africanas (ajé) Iyami Oshorongá, cujo nome não deve ser pronunciado para não atraí-las.

Sentindo-se sozinho, enfeitiçou Oxóssi, a quem sempre encontrava nas matas, e o levou consigo ensinando-o muitos segredos e pretendia mantê-lo consigo, o que Iemanjá e Ogum não permitiram, voltando Ossain à sua solidão.

Segundo o mito, Xangô, o deus trovão, desejando obter os fundamentais poderes de Ossain, pediu à sua mulher, Iansã, a deusa dos ventos e das tempestades, que ventasse muito no lugar onde morava Ossain, para que as folhas sagradas que guardava em sua cabaça de segredos fossem espalhadas e ele pudesse apanhá-las.

Por seu amor a Xangô, Iansã assim fez. No entanto, quando vento espalhou as folhas todos os orixás correram para apanhá-las, sabendo de seus poderes.
Ossain, ao ver o que acontecia pronunciou palavras mágicas que solicitavam que as folhas voltassem às matas, sua casa e seu domínio. Todas as folhas voltaram, mas cada orixá ficou conhecendo o poder daquelas que conseguiu apanhar. Só que elas não tinham o mesmo axé (poder, energia) que quando estavam sob o domínio de Ossain.

Para evitar novos episódios de roubo e inveja, Ossain permitiu, então, que cada orixá se tornasse dono de algumas folhas cujo poder mágico, de conhecimento e cura ele liberaria quando lhe pedissem ao retirá-las de suas plantas. Em troca exigiu que jamais cortassem ou permitissem o corte de uma planta curativa ou mágica.

Toda a medicina ioruba se baseia, portanto, nos poderes de Ossain sobre as folhas-remédio e Obaluaiê o deus que rege as doenças graves. Ambos os orixás são muito temidos e respeitados, porque também entre os iorubas, o mesmo princípio que cura, mata. Remédio e veneno é questão de grau.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Iemanjá


Iemanjá é toda a água salgada e areia do mar. É considerada o princípio de tudo, juntamente com a terra, Oduduwa. Iemanjá é o mar que alimenta, que umidifica as terras, que energiza a terra, e também o maior cemitério do mundo. Representa ainda as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, todas as coisas cíclicas, tudo que pode se repetir infinitamente. A força contida, o equilíbrio.

Iemanjá uniu-se a Oxalá, a criação, e com ele teve os filhos Ogum, Exu e Oxóssi e Xangô.

Como seus filhos se afastaram dela, Iemanjá foi aos poucos se sentindo mais e mais sozinha e resolveu correr o mundo, até chegar a Okerê, onde foi adorada por sua beleza, inteligência e meiguice. Lá, o rei se apaixonou por ela, desejando que se tornasse sua mulher. Iemanjá então fugiu, mas o Alafin colocou seus exércitos para persegui-la.

Durante sua fuga, foi encurralada por Oke (as montanhas) e caiu, cortando seus enormes seios, de onde nasceram os rios. Assim, ela é também a mãe de Oxum, Obá e Iansã (em alguns mitos).
Conta-se que a beleza de Iemanjá é tamanha que seu filho Xangô não resistiu a ela e passou a persegui-la, com o desejo incestuoso de possuí-la. Na fuga, Iemanjá cai e corta os seios, dando origem às águas do mundo e aos Ibejis, filhos de Xangô com Iemanjá. Outro mito ainda, narra a sedução em sentido contrário. É Iemanjá quem persegue seu filho Aganju (a terra firme) e este é quem foge.

Representando o inconsciente, Iemanjá é considerada também a "dona das cabeças", no sentido de ser ela quem dá o equilíbrio necessário aos indivíduos para lidar com suas emoções e desejos inconscientes.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Oxóssi

Oxóssi é filho de Iemanjá com Orunmilá. É divinização da floresta, reinando sobre o verde sobre os animais selvagens, dos quais é considerado o dono e dos quais tem todas as virtudes. Oxossi é sagaz como o leopardo, forte como o leão, leve como um pássaro, silencioso como um tigre, observador como a coruja, sabe se esconder como um tatu, é vaidoso como o pavão, corre como os coelhos, sobe em árvores como macaco, conhece os animais profundamente e com eles partilha o conhecimento da natureza.

Dizem os mitos que aprendeu a caçar com seu irmão Ogum, quando este lhe deu as pontas de flechas e, mais tarde, a espingarda. A essência de Oxossi é "atingir um objetivo". Fixar um alvo e atingi-lo.

Oxossi o patrono da natureza sempre foi muito observador e aprendeu também os mistérios e poderes das plantas com Ossain, orixá dono dos poderes de cura das folhas, que certa vez o enfeitiçou, levando-o para o fundo da floresta a fim de ter companhia. Iemanjá, sua ciumenta mãe, enfurecendo-se, mandou que Ogum fosse buscar seu irmão na floresta e o arrancasse dos feitiços de Ossain. Ogum assim o fez, mas como Oxóssi relutava em voltar ao lar, e ao voltar desfeiteasse sua mãe, esta o proibiu de viver dentro da casa, deixando-o ao relento. Como havia prometido ao irmão ser sempre seu companheiro, Ogum foi viver também do lado de fora de casa.

Oxóssi tornou-se o melhor dos caçadores e diz o mito que foi ele quem livrou Araketu, sua cidade, de um grande feitiço das perigosíssimas ajés (feiticeiras africanas) Iyami Oshorongá, que se transformam em pássaros e atacam as pessoas e cidades com doenças e miséria.

Tendo uma destas feiticeiras pousado sobre o palácio do rei de Ketu, e os demais caçadores do reino perdido todas as suas flechas tentando matá-la, Oxóssi, com apenas uma, deu cabo do perigoso pássaro, tendo sido conclamado o rei de Ketu. Pede-se a Oxóssi, portanto, que destrua feitiços ou energias maléficas.

Um dia, enquanto caçava elefantes para retirar-lhes as presas, Oxóssi encontrou e apaixonou-se por Oxum, a deusa das águas doces e do ouro que repousa em seus leitos e com ela teve um filho, Logun-Edé.

Filho da floresta com as águas dos rios, Logun-Edé é considerado o orixá da fartura e da riqueza que ambos os domínios apresentam e dos quais compartilha.

sábado, 20 de agosto de 2011

Ser umbandista ou estar umbandista

Por Luna de Iemanjá

Saímos de casa, deixamos nossas famílias e vamos para o nosso terreiro. Vestimos o branco! 

Mas o que é vestir o branco? Antes de falarmos o porquê nos prontificamos a ser médiuns dentro da Umbanda, vou falar o que significa a roupa branca.

Simboliza limpeza, pureza, paz, humildade, simplicidade... Mas acima de tudo IGUALDADE.
Entendemos que estar Umbandista é o momento, é o presente, é o templo... Mas o que é ser Umbandista?
 
Sermos Umbandistas é podermos vivenciar as experiências espirituais, é podermos aprender com a espiritualidade o sentido da caridade e da vida. É dividir nosso tempo e nosso amor aos que chegam com ânsia de socorro e amparo espiritual. Mas nesse trajeto alguma coisa muda de ordem... Então pensamos: O porquê eu médium, trabalhando em um terreiro, cumprindo com minhas obrigações espirituais, estou sempre com problemas ou dificuldades?

Então lá vai a pergunta... Só porque sois médium terás sua vida, mais branda e com regalias diferenciadas do que a do seu irmão que não é Umbandista? 

Estar Umbandista é sempre esperar soluções imediatas dos problemas humanos e cotidianos. É barganhar com o plano espiritual ”lhe dou isso que farei aquilo” É... “Irei ao centro hoje, porque estou precisando”... Ou “ estou sempre no terreiro, e minha vida nunca muda?” 

Então como é ser Umbandista

Ser Umbandista é saber o nosso papel dentro da jornada terrena, é perceber dentro de nossos corações a busca de nossa melhora emocional, mental e espiritual. Ser Umbandista é aprender com nossos guias espirituais. É se permitir a ter o coração sereno e paciente como o do Preto velho, É ter a benevolência e a amorosidade de um Erê, é ter a coragem e enfrentar nossos conflitos como os dos Caboclos, é ter no momento do combate e da luta terrena e emocional a sabedoria dos Exus

Ser Umbandista é sentir, amar, manipular as energias da natureza no momento que acordamos ao momento que dormimos. É sentirmos que somos seres em constante evolução, quebrando nossos padrões e vivências negativas a todo instante

Sermos Umbandista é termos a fé em Deus e pedir que ele vá a nossa frente em tudo que faremos...Inclusive quando vestimos o branco. Afinal não somos semi Deuses. Somos sim um canal de comunicação entre dois mundos e mediadores dessa lei universal que nos rege.


Saravá
Luna de Iemanjá

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Exus precisam beber?

Pergunta: O pai poderia discorrer um pouco sobre o uso da bebida pelos Exus? É necessário que se beba durante o atendimento? E por que vemos médiuns beberem tanto em alguns trabalhos?
Guardião Seth: Quando falamos da água ardente, pinga, marafo ou qualquer outra denominação para a bebida ingerida durante os trabalhos com o que ainda de forma erronea entendem sobre o termo EXU ou vulgarmente chamados de ESQUERDA, devemos atentar para os seguintes pontos filho:
  • MÉDIUNS DESPREPARADOS: Sempre abordamos este ponto em nossas reuniões, pois a conotação de que EXU é do diabo cresceu graças a estas figuras dentro dos terreiros que eventualmente também eram casas despreparadas para o mediunato da Umbanda. Na crença de que EXU pode tudo e faz tudo o que quer era levado em conta o EU POSSO TUDO E FAÇO TUDO O QUE DESEJO, então quem frequentava tais reuniões vislumbrava um palco de exagero e indisciplina, beberagem e leviandade levando o nome de EXU o GUARDIÃO, mas na realidade frequentado por dois tipos de seres levianos: QUIUMBAS que encontravam neste cenário o palco ideal para suas manifestações a troco de cachaça e MEDIUNS DESPREPARADOS que colocavam para fora sua vida mal resolvida por dentro e no meio de tudo isso quem pagava o pato? EXU.
  • ELEMENTO VEGETAL: A pinga utilizada nos terreiros nada mais é do que um elemento vegetal que carrega a energia: TERRA, ÁGUA e FOGO pela sua composição e lembrando que no período de formação da cana de açúcar antes que duvidem da palavra deste velho guardião encontramos a ação FOGO no vento solar que fatora todo nosso planeta. Utilizada como elemento de magia não se faz necessário beber-se durante o atendimento, mas como disse nas mãos de um guardião de lei, manipular os elementos "mágicos" vegetais que a contra parte deste liquido nos oferece, tornando-o um grande campo de limpeza energética.
Usamos a pinga nos atendimentos para:
  • Limpar o duplo etéreo de quem estamos atendendo de parasitas que nele estejam alojados
  • Desagregar cascões espirituais ligados a pessoa devido a seu padrão vibratório
  • Efetuar limpezas energéticas de ambientes promovendo uma energia semelhante ( eu disse semelhante) ao vento solar
Como pode ver filho não existe a necessidade de ingestão da bebida em si, mas a manipulação correta magisticamente do elemento.

Pergunta: Mas por que então vemos tantas pessoas agindo de forma errada?
Guardião Seth: Por que falta estudo, conhecimento de causa e acima de tudo conhecer-se a si próprio. A Umbanda virou um teatro, um palco onde um quer devorar o outro sem motivos, somente por fama ou ainda para agregar titulo " O pai ou mãe tal é poderoso" ou ainda " Somente eu posso iniciar, pois este mistério foi aberto somente a mim...", ora filho a Umbanda é uma religião que cultua a natureza e a mesma pertence ao Criador não ao homem, este só a usa em sua passagem e faz isso de forma leviana, basta ver como ele a esta destruindo.
O que falta é estudo, bom sendo e amor a criação, talvez com estas bases possam os MÉDIUNS conhecerem um pouco mais da MAGIA DE EXU e serem mais conscientes de seus atos e compromissos com a Umbanda, deixando de fazer tanta besteira em nome de EXU, mas antes de mais nada levando a bandeira da UMBANDA consciente de sua responsabilidade na formação de opiniões.

Sarava a vossa banda

GUARDIÃO SETH
Canalizado por Géro Maita

domingo, 7 de agosto de 2011

Guias Espirituais


A realidade da atuação dos guias, ou mentores, ou orientadores, ou instrutores espirituais desencarnados, que nos assistem da invisibilidade, no sincero interesse de nos ajudar, é mera questão de lógica, principalmente para aqueles que, com base em experiência e estudo, já atingiram o ponto pacífico da veracidade da continuação pura e simples da vida, após a curta passagem terrena.
É pura questão de reflexão.

Vezes houve em que, literalmente, "me descabelei" de preocupação pelos sofrimentos e reveses enfrentados por amigos e por pessoas do meu círculo mais estreito de afetividade. Em ocasiões em que me via irremediavelmente impedida de ajudar, ou de estar presente ao lado de amizades que enfrentavam dissabores horríveis, serviu-me o telefone de medianeiro; e foi através dele, muitas vezes, que chorei junto; sofri junto; pedi socorro paralelo e auxílio, em favor de afeições minhas, em cujos impasses eu mesma me sentia incapacitada para ajudar e amenizar-lhes os efeitos lamentáveis.


Já saí correndo de casa sem nem reparar no que vestia; puxando pela mão um filho pequeno e carregando no colo outra, em horas graves em que o mesmo telefone me tocou com alguém rogando a urgência da minha ajuda na crise crítica dos problemas de saúde. Chorei com amigos pela perda de seus entes queridos; lamentei francamente não dispor de meios de "voar", para me situar nos lugares de calamidades coletivas a fim de somar mais um par de braços na hora do auxílio superlativamente necessitado.

Nestes instantes, somos apenas a solidariedade; o amor; a vontade de estar junto.

Você sequer pensa; você simplesmente VAI!

Então, por qual tipo de distúrbio passaríamos após a nossa desencarnação, para não continuarmos agindo igual? Com a desencarnação, morrem os afetos? Que fiquem para trás todos os que amamos com seus problemas, porque, afinal, o aprendizado é deles, e não nosso?!...

Reflitamos...

Os guias espirituais de todos os tempos reiteram que se situam ao nosso lado não a pretexto de "muletas", que nos tolham os movimentos e o exercício evolutivo, proveitoso somente se devidamente vivido, nas suas agruras, enganos e desenganos, acertos e conquistas íntimas. Todavia, isto não nos exime - a eles, os guias, como a nós mesmos, encarnados - do impulso natural da solidariedade e do amor, que nos impele a juntar esforços preciosos no reconforto na hora da desdita; na compreensão e no gesto de carinho; no abraço e na carícia que, como bálsamo, nos segredam que alguém nos entende. Que alguém por perto está disposto a dividir, a enfrentar conosco os momentos de tempestade, nem que na simples posição de aguardar ao nosso lado o alvorecer dos dias de esperanças e de renovação de propósitos, de ânimo, de chances; alguém que nos afague a fronte, numa condição infinitamente terna e humana, a segredar: "olhe, também já passei por isto, talvez que por coisas piores; no entanto tudo passa, tudo passou, para mim como para você; e, no final, ganhamos, você vai perceber que crescemos com isso..."

Por que para além das portas da eternidade a infinidade de seres com os quais já convivemos num sem-número de vidas passadas, criando conosco a preciosidade inestimável dos vínculos afetivos genuínos que nunca se desfazem, se apartariam desta afeição ao nosso respeito, se mesmo ainda aqui, nesta paragem ríspida de provas e experiências corpóreas, ainda assim, a despeito de todas as dificuldades, nos assistimos uns aos outros; nos solidarizamos, e tomamos muitas vezes para nós o sofrimento dos nossos entes queridos e amizades, desde a mãe na sublime missão sacrificial em favor dos caminhos trilhados pelos filhos, até a amizade valiosa do ambiente profissional, frequentemente irmão de fé nos momentos de dificuldades, e de quem nos incomoda assistir, impassíveis, às amarguras?

Toda a beleza da Vida reside nestas descobertas, captadas por uma posição mais privilegiada de visão em relação ao nosso todo existencial. Em saber que no rastro pregresso inalcançável, que constitui o nosso trajeto evolutivo, deixamos, sobretudo, as marcas do amor no tempo, que haverão de nos acompanhar sempre, seja como guias e orientadores espirituais enquanto estejamos mergulhados no minuto da materialidade, seja por intermédio da inextinguível linguagem do coração, que cobre todas as distâncias.

Autor desconhecido

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vamos fazer uma reflexão?

Muitas vezes as pessoas acham que a Umbanda, mais precisamente, os Guias Espirituais estão a disposição para adivinhações, para dizer se as coisas que almejam, como marido, negócios estão para acontecer, e detalhe, muitas vezes tem que acontecer do jeito que foi planejado, saber de amores que sumiram, e por ai vai...! Claro, que os Guias tem a permissões de falar algumas coisas, como: “tem tudo para dar certo, mas faça a sua parte”, “a pessoa que você almeja está próximo, mas olhe para os lados”, “estamos ajudando para que tudo acontece, mas não vacile nos caminhos, Orai e Vigiai”, alguns trabalhos de ajuda como mandalas, magias, descarrego, desobsessão... mas seguramente, nunca adivinhações ou previsões, se assim fosse, não precisaria mais ter pessoas desaparecidas, era só ir a um Terreiro de Umbanda, também não precisaríamos mais de remédios e nem de médicos encarnados, estaríamos famosos pelos nossos milagres... O que existe meus irmãos é força, determinação, fé, vontade, aliado aos trabalhos espirituais que nossos queridos Guias através de Jesus nos oferece, e assim alcançar o merecimento de ser curado, de receber os bens materiais que lutou para obter, mas o maior de todos, de receber os bens espirituais para crescer e evoluir.

A vida é feita de escolhas, diariamente podemos escolher qual caminho seguir e nesta escolha podemos mudar acontecimentos, como por exemplo, posso ir a uma festa e conhecer uma pessoa legal ou decidir ficar em casa assistindo Big Brother, também posso acordar pela manhã e sair para trabalhar, mas não sem antes xingar São Pedro pela chuva, ou posso acordar e aceitar a previsão do tempo, colocar sapatos mais fechados e chegar no meu trabalho dando bom dia a todos, pois graças Deus tenho um trabalho, tenho meu ganha pão. Eu escolho meus caminhos, eu escolho como cumprir meu carma, ou eu cumpro da melhor maneira possível, ou da pior maneira possível, isso se chama livre arbítrio. Ao reencarnamos nós escolhemos as dívidas a serem pagas, então escolhemos a família, condição social, pessoas que nos cercam e os grandes acontecimentos que iremos ser testados, são as provas terrenas. Concordam que aqui é a grande escola da vida da qual precisamos fazer provas para ver se passaremos de ano ou permaneceremos na mesma série? assim é a grande roda da vida e como diz Caboclo Baiano Zé do Coco “ Oxente, o tempo de encarnado é tão curto que deve ser aproveitado a todo instante”, é verdade, nós vivemos como se essa encarnação fosse eterna e acabamos vivendo o amanhã, esquecendo de viver o presente que nos fortalece para o dia seguinte...

Então você pode perguntar, se eu faço meus caminhos pra que vou a um terreiro para ser ajudado? Eu pergunto: Porque uma pessoa precisa ir à escola, para aprender, não é verdade? Nossos amados Guias são nossos professores, psicólogos, pais, irmãos, amigos, profundo conhecedores das Leis de Deus e vem nos ensinar a andar, ensinar qual melhor caminho a trilhar... Como diz Emmanuel: “ O pastor conduz seu rebanho, mas quem tem que caminhar são as ovelhas” eu adoro essa frase, ela representa bem o que devemos fazer e a quem seguir. Jesus sempre ao curar ele dizia “vai que tua fé te curou”, a doutrina espírita nos explica as enfermidades e curas e qual atuação para se chegar a uma cura, depende de pensamentos e vontades da pessoa que os espíritos benevolentes trabalham nos fluidos já impregnados das qualidades dos pensamentos e sentimentos que os fazem vibrar, essa atuação se dá no perispirito da pessoa, pois quase todas pertubações vibratórias do perispirito se originam as doenças orgânicas e psíquicas dessa ou de outras vivências...mas não vamos entrar nesse assunto, pois para isso, precisaríamos algumas aulas, a intenção é entendermos como temos as rédeas de nossos passos e atos.

Sabendo de tudo isso tenho mas certeza de que minha felicidade depende de mim e de minha fé, mas sei que preciso de ajuda, e essa ajuda eu busco na minha religião que me faz crescer dentro dos caminhos de Deus, os sofrimentos irmãos, são para nossa evolução, bendito aquele que aprende com suas dificuldades, eu aprendi a encarar cada obstáculos como degraus de luz, pois cada um deles me fortalecem, me dando base para suportar a próxima tempestade...

Jesus nos ensina a construirmos nossa casa em cima de uma rocha para quando vier as tempestades, enchentes, ventos... ela esteja sobre bases firmes. Para construirmos essa casa requer muito esforço e dedicação...A rocha representa Jesus e todo seu Evangelho e a casa somos nós, se construirmos nossa vivência em seus ensinamentos alcançaremos a felicidade, como diz Pai Reginaldo: “O evangelho é o único Manual que nos leva a Deus” e novamente como disse nosso Mestre: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim”.

Esses dias recebi um texto que tinha uma frase assim: “Para ser Umbandista, devemos saber lidar com a ingratidão”. Refletindo em cima dessa frase simples e curta, porém, sábia e profunda, observamos nos Templos Umbandistas pessoas que freqüentam e realmente com algum tempo, fazem mudanças significativas, mas basta um NÃO do Guia ou do Pai da casa para essas pessoas (sem generalizar) dizer que o centro é fraco ou o Guia é fraco, isso me faz pensar na ingratidão ou como é simples esquecer as coisas que lhe aconteceram; agora saindo da ingratidão e indo para a construção, qual base essa pessoa construiu sua casa? Base de areia, pois basta a primeira dificuldade para a sua casa desabar e pior, quer culpar os que lhe deram a mão. Para ser Umbandista temos que ter nossa casa bem construída, pois vamos nos deparar com essa situação por muitas vezes e com outras piores, mas também vamos ver muitas pessoas crescerem e evoluírem.

A Umbanda, é amor, caridade, seriedade, evolução, servir..., cada casa tem sua ritualística, mas dignas de respeito e como diz meu Pai Valdo, estruturado nas palavras sábias do fundador da Umbanda, Caboclo das Sete Encruzilhadas:
“A Umbanda cabe a cada pessoa em seu estágio evolutivo desde que tenha como base,
não matar,
não cobrar,
evangelizar,
vestir branco e
utilizar as coisas da natureza.”

Pensem nisso! Em vez de se lamentarem, de ter auto-piedade, de criticarem, ou ter ingratidão, olhem para cima, com certeza terá uma mão estendida lhe chamando para sua evolução, para seu crescimento, para sua reforma interior, para sua auto análise como filho de Deus, e está mão, eu sei que é Deus atuando através de nossos queridos Guias Espirituais à nos conduzir nos caminhos de Nosso Pai Misericordioso.

Lembrem-se: “quem caminha são as ovelhas”

Mãe Kátia
(Mãe Pequena do Cruzeiro da Luz Cabana do Caboclo Rompe Mato)