sábado, 22 de dezembro de 2012

O que é o Natal?

Eu, menino, sentado na calçada, sob um sol escaldante, observava a movimentação das pessoas em volta, e tentava compreender o que estava acontecendo.

Que é o Natal? Perguntava-me, em silêncio.

Eu, menino, ouvira falar que aquele era o dia em que Papai Noel, em seu trenó puxado por renas, cruzava os céus distribuindo brinquedos a todas as crianças.

E por que então, eu, que passo a madrugada ao relento nunca vi o trenó voador? Onde estão os meus presentes? Perguntava-me.

E eu, menino, imaginava que o Natal não deveria ser isso.

Talvez fosse um dia especial, em que as pessoas abraçassem seus familiares e fossem mais amigas umas das outras.

Ou talvez fosse o dia da fraternidade e do perdão.

Mas então por que eu, sentado no meio-fio, não recebo sequer um sorriso? Perguntava-me, com tristeza. E por que a polícia trabalha no Natal?

E eu, menino, entendia que não devia ser assim...

Imaginava que talvez o Natal fosse um dia mágico porque as pessoas enchem as igrejas em busca de Deus.

Mas por que, então, não saem de lá melhores do que entraram?

Debatia-me, na ânsia de compreender essa ocasião diferente.

Via risos, mas eram gargalhadas que escondiam tanta tristeza e ódio, tanta amargura e sofrimento...

E eu, menino, mergulhado em tão profundas reflexões, vi aproximar-se um homem...

Era um belo homem...

Não era gordo nem magro, nem alto nem baixo, nem branco, nem preto, nem pardo, nem amarelo ou vermelho.

Era apenas um homem com olhos cor de ternura e um sorriso em forma de carinho que, numa voz em tom de afago, saudou-me:

Olá, menino!

Oi!... respondi, meio tímido.

E, com grande admiração, vi-o acomodar-se a meu lado, na calçada, sob o sol escaldante.

Eu, menino, aceitei-o como amigo, num olhar. E atirei-lhe a pergunta que me inquietava e entristecia:

Que é o Natal?

Ele, sorrindo ainda mais, respondeu-me, sereno:

Meu aniversário.

Como assim? Perguntei, percebendo que ele estava sozinho.

Por que você não está em casa? Onde estão os seus familiares?

E Ele me disse: Esta é a minha família, apontando para aquelas pessoas que andavam apressadas.

E eu, menino, não compreendi.

Você também faz parte da minha família... Acrescentou, aumentando a confusão na minha cabeça de menino.

Não conheço você! eu disse.

É porque nunca lhe falaram de mim. Mas eu o conheço. E o amo...

Tremi de emoção com aquelas palavras, na minha fragilidade de menino.

Você deve estar triste, comentei. Porque está sozinho, justo no dia do próprio aniversário...

Neste momento, estou com você! Respondeu-me, com um sorriso.

E conversamos...uma conversa de poucas palavras, muito silêncio, muitos olhares e um grande sentimento, naquela prece que fazia arder o coração e a própria alma.

A noite chegou... E as primeiras estrelas surgiram no céu.

E conversamos... Eu, menino, e Ele.

E Ele me falava, e eu O entendia. E eu O sentia. E eu O amava...

Eu, menino: sou as cordas. Ele: o artista. E entre nós dois se fez a melodia!...

E eu, menino, sorri...

Quando a madrugada chegou e, enquanto piscavam as luzes que iluminavam as casas, Ele se ergueu e eu adivinhei que era a despedida. E eu suspirava, de alma renovada.

Abracei-O pela cintura, e lhe disse: Feliz aniversário!

Ele ergueu-me no ar, com Seus braços fortes, tão fortes quanto a paz, e disse-me:

Presenteie-me compartilhando este abraço com a minha família, que também é sua... Ame-os com respeito. Respeite-os com ternura, com carinho e amizade. E tenha um Feliz Natal!

E porque eu não queria vê-Lo ir-se embora, saí correndo em disparada pela rua. Abandonei-O, levando-O para sempre no mais íntimo do coração...

E saí em busca de braços que aceitassem os meus...

E eu, menino, nunca mais O vi. Mas fiquei com a certeza de que Ele sempre está comigo, e não apenas nas noites de Natal...

E eu, menino, sorri... pois agora eu sei que Ele é Jesus... E é por causa Dele que existe o Natal.


Autor: Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de Fábio Azamor.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Natal de Jesus

Toda vez que o Natal retorna, Sua figura é lembrada com maior vigor. Alguns permanecem na tentativa de negar-Lhe a existência, afirmando que tudo é fruto de lenda.

Outros, que na Sua existência acreditam, perdem-se em datas e números, tentando descobrir quando Ele verdadeiramente nasceu.

O que se sabe é que até o século IV, os cristãos do Mundo comemoravam o Seu natalício em diferentes meses e dias, motivo pelo qual a Igreja optou por determinar a data de 24 de dezembro, a fim de que todos os Seus seguidores se unissem para o mesmo evento, como um único coração.

Estranham alguns que tudo que se refira à figura humana do Cristo seja tão obscuro. Não se sabe com exatidão quando e onde nasceu, quase nada se tem a respeito de Sua infância e adolescência.

Mesmo após a Sua morte, não nos legou senão uma tumba vazia, tendo desaparecido Seu corpo, sepultado em lugar ignorado talvez.

Exatamente porque, desde o primeiro dia entre nós Ele, Jesus, insistiu em afirmar que a mensagem é mais importante do que o homem.

Contudo, algo existe em torno do qual ninguém discute, todos se irmanam. Ele legou à Humanidade o mais belo tesouro de todos os tempos: a lição do amor, o amor por excelência que foi.

Desde Seu nascimento na calada da noite à Sua morte infamante na cruz, a Sua foi a vida dos que amam em totalidade.

Por isso mesmo é que não temos as notícias de Jesus no seio de Sua família, convivendo com os Seus. A Sua família era a Humanidade e com ela esteve em Seu messianato.

Amou a multidão e a serviu. Falou de coisas profundas, utilizando figuras e linguagem acessíveis ao povo, que desejava uma mensagem diferente de todas as que ouvira até então.

A Sua voz tinha especial entonação e quando se punha a declamar a poesia dos Céus, extasiava as almas. Os simples O seguiam, os desejosos de aprender e os que ansiavam pelo consolo de suas feridas morais O ouviam atenciosos.

Sua mensagem era dirigida a todos os seres, nos diferentes estágios evolutivos, para as diferentes idades.

Dirigiu-Se à criança, convidou os moços a segui-Lo, arrebanhou homens e mulheres em plena madureza, alentou a velhice.

Sua vida foi um contínuo servir. Ninguém antes Dele e ninguém depois realizou tamanha revolução no campo das idéias, semeando na terra dos corações, em tão pouco tempo.

Menos de três anos...

Sua mensagem, impregnada do perfume de Sua presença, prossegue no Mundo, arrebanhando as almas.

Definindo-se como o Caminho, a Verdade e a Vida, Ele é também o consolo dos aflitos, a luz para os que andam em trevas densas, o amparo dos que se sentem desalentados e sós.

Seu nome é Jesus. Sua mensagem é a do amor perene. Seus ditos e Seus feitos constituem os Evangelhos.

A comemoração do Seu natalício a todos nos motiva a amar, doar e perdoar. E só há Natal porque Ele veio para os Seus irmãos, para nós e nos legou a mensagem divina que fala de paz, de harmonia e de belezas espirituais.



Aproveitemos os dias do Natal que estamos vivendo para meditar a respeito dos ensinos de Jesus.

Aproveitemos mais: coloquemos em prática ao menos alguns deles.

E entre os presentes e mimos que distribuiremos em nome Dele, não nos esqueçamos de colocar uma parcela do nosso coração.

Não esqueçamos: é Natal.



Autor: Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Exu Caveira, Tata Caveira e João Caveira


Exu Caveira é uma falange de espíritos que trabalham ligados ao elemento osso do corpo humano, o elemento osso simboliza o apego a carne, as dores, os vícios, as paixões, raivas ... Tudo o que nos faz sofrer no mundo material que fica apegado na matéria, no corpo. O espírito retornaa ao mundo espiritual, os sentimentos são desfeitos vagarosamente, os pensamentos são desfeitos, e no corpo apegado a matéria fica o lado negativo chamado pelos judeus de Cascão (cascarão - o sopro dos ossos - emi oku).
Esta é a missão do Exu Caveira de Umbanda, trabalhar o amor indiretamente, onde ninguém mais o vê.

Propriamente esta falange pertencente a Tribo dos caveiras, dizem ser vinte e um tipos de caveiras.

Exu Caveira

O Exu Caveira trabalha com a cura material e espiritual. Atua como médico curador. É ligado aos curandeiros xamãs das matas, aliás inúmeras vezes vi esta entidade fazer cura de feridas com a boca. Um grande lugar de atuação na maioria das vezes é nos hospitais.


Suas preferências normalmente são as cores preto e branco, suas roupas claras, fuma charuto, bebe aguardente ou bagaceira.
O seu nome kabalístico tem o valor equivalente ao número 320 = 5 Elemento Áse
As suas oferendas podem ter o número cinco, e serem feitas com mocotó, bifes de carré com osso passado no dendê. Normalmente é ligado a Ode, Osóniyn, Òxóòsì, Obaluwaiye e Sangó.

Exu João Caveira

João Caveira
Exu que trabalha na parte do desapego da matéria, mas na maioria dos casos ligado ao cemitério, e desfazimento de feitiços. João Caveira é uma falange de Magos ligados a necromancia.
Normalmente suas cores são o branco, fuma charuto e cigarro, bebe conhaque, aguardente e bebidas a base de ervas.
O seu número correspondente na Kabalah de acordo com o seu nome é 343 = 10 Elementos Água e Terra
Ou seja as suas oferendas podem ter este número como base.
Para trabalhar com o elemento terra para atrair prosperidades utilizar os elementos sálvia, ouro, tanchagem, peregun, açafrão, frutas e mel.
Para trabalhar com o elemento água para o plano sentimental utilizar os elementos água, ferro, folha de fortuna, tubérculos (batata, mandioca, inhame).
Ligado aos òrìsà Obaluwaiyé e Òsàálá.


Exu Tata Caveira

Tata Caveira
Trabalha na última parte do desenlace na matéria, a cabeça e os idosos. Atua na maioria das vezes em manicômios, hospícios e abrigos de idosos.
O número kabalístico correspondente ao seu nome é 340 = 7  Àse e Terra
Suas cores são o preto ou o branco (normalmente o branco), raramente quando incorpora fuma charutos e bebe aguardente.


Oferenda a qualquer espírito da falange de Exu Caveira para prosperidade
Cozinhar um mocotó com temperos como se fosse comer. Retirar o caldo do mocotó e fazer um pirão com farinha de mandioca e adicionar cebola roxa, alho, dendê e temperos, salsa, cheiro verde...
Ofertar nas raízes de uma árvore.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Ansiedade e Desenvolvimento Mediúnico


Não devo ter sido o único que resolveu, depois de muitos meses na assistência, pedir para vestir o branco.

Também imagino que não fui o único que fez esse passo por algo maior do que simplesmente achar a gira bonita e me sentir bem no terreiro. Fiz o passo porque, em um momento da minha vida percebi que o trabalho da gira podia preencher uma lacuna. Naquela época eu não tinha nem a força nem o discernimento para ajudar aqueles que amo e que precisavam de ajuda. Dei o passo dizendo que aquilo era para aprender a como ajudar aquelas pessoas! Sou míope, o suficiente para ser obrigado a usar óculos para dirigir. O que não imaginava era que minha miopia se estendia à minha maneira de pensar e ver o mundo! Efetivamente, estava dando o passo porque eu eu precisava de algo! Só que não sabia daquilo ainda.
Recém chegado, imaginei que fosse normal que novatos experimentassem uma agitação mental em face do desconhecido. Por um tempo acreditei que a curiosidade e a pressa em entender e em fazer (nos meu limites) as coisas da espiritualidade e da materialidade fossem como molas que me impulsionariam a vivenciar, a cada semana, novos passos no meu processo de desenvolvimento mediúnico.
Racionalidade, karma, reencarnação, mediunidade, livre arbítrio, perispírito, espiritualidade... conceitos que conhecia a décadas mas que acreditava que não diziam respeito à minha vida naquele momento: "-Mediunidade não deve fazer parte do meu karma! Venho aqui só pra me equilibrar e assim poder ajudar os meus próximos!".
Logo no começo tudo era novo: os rituais, os gestos, as expressões. Muita coisa para aprender e medo de fazer errado. "-Mas como é que em todos os anos que participei na assistência, nunca me dei conta daqueles rituais e gestos?". Parecia que o primeiro dia em que vesti o branco dia era também o primeiro dia que colocara os pés no terreiro. De repente, não sabia mais nada ou esqueci o que achava que sabia! Hoje, penso que dependendo do nosso estado mental podemos adotar perspectivas bastante distintas: cada uma mostra a gira de uma maneira, permitindo que se aprenda algo específico: o aflito só terá olhos e ouvidos para a entidade responsável pela sua consulta, o contrariado não terá nem olhos nem ouvidos para nada, o cambone compenetrado refletirá sobre os ensinamentos da consulta que anotou, o médium novato tentará estimar se a vibração que sente se trata da aproximação de um espírito ou se tudo não passa de criação da sua mente, um capitão estará atento para que um médium novato não se machuque em uma incorporação, um médium de toco observará quão fácil foi intuir o que a entidade desejava manifestar para um consulente, um pai de santo verá o fluxo e a totalidade dos trabalhos da gira (as consultas a serem realizadas, os encaminhamentos que precisam ser feitos, a batida dos ogans, o canto dos sambas, a firmeza dos médiuns de toco, a objetividade e a pertinência das entidades incorporadas trabalhando no centro e dos médiuns na gira) e agirá de maneira que os objetivos da gira sejam atingidos naquele dia.
Hoje penso que o que mais dificultou o início do meu desenvolvimento foi o tempo que levei para deixar a perspectiva do médium novato, em que eu me via como o centro da gira. Eu vinha para o trabalho da gira esperando sentir uma vibração mais forte do que aquela que sentira na gira anterior. Se não fosse mais forte, se não fosse mais arrebatadora que a anterior deveria haver algo errado com meu desenvolvimento. Sem perceber, prestando atenção em manifestações que entendia como sinais de desenvolvimento nos irmãos da gira, elegi o meu desenvolvimento mediúnico como o principal objetivo a ser alcançado. Ficava meio sem graça quando no intervalo ou no final da gira, ouvia algum comentário do tipo "-Você viu como fulano recebeu uma entidade firme! Desse jeito, daqui a pouco já vai estar no toco!"
Com meus dois neurônios, comecei a cogitar que o objetivo final do desenvolvimento do médium seria ir para o toco. Nessa época, parecia que as vibrações que sentia logo que entrei na gira foram ficando mais fracas e rareando. Eu me esforçava, prestava atenção nos outros que incorporavam. Talvez aprendendo certos gestos fosse mais fácil receber a vibração... em vão.
Para piorar, as vezes aparecia uma pessoa nova na gira e pasme! Já no primeiro dia girava, incorporava com gestos vigorosos e belos de um índio, dirigia-se ao dirigente trocavam poucos gestos ou palavras e saia para colaborar nos trabalhos da gira com determinação e segurança. Era nessa hora que eu sabia que realmente eu devia estar fazendo algo errado. Mas, por que alguém não me avisava? Por quê não me diziam como que eu devia fazer para poder incorporar certo (igual aquele médium novato que recebeu aquele índio)? Ninguém dizia nada e eu também não perguntava. Imagina... pagar mico a toa? Para quê? E nisso o tempo passava, passavam as semanas e os meses.
Hoje, revendo minhas atitudes percebo que me deixei levar por um sentimento que cresce como erva daninha: a vaidade! Sem nada dizer, comparava meu aparente desenvolvimento com o aparente desenvolvimento de meus irmãos de gira. Esqueci o que era reencarnação, o que era a diversidade de caminhos que cada um de nós traçou antes de chegar nesta vida e, infantilmente, comparava meu desempenho na gira com o desempenho dos outros.
"Inteligentemente" conclui que provavelmente eu não seria um médium de incorporação, provavelmente poderia auxiliar no trabalho da gira contribuindo com o samba (mas precisaria aprender melhor os pontos), nas palmas (mas precisaria aprender a bater palmas daquele jeito novo tan, tantan, tan, tantan...) ou como cambone (ajudando a entidade e anotando as consultas). Cheguei a me perguntar se estava no lugar certo, se estava na gira certa e até mesmo no terreiro certo! Por sorte não perguntei a ninguém se estava no lugar certo. Perguntei ao meu coração! Naquele momento percebi que apesar de me sentir fracassado no meu desenvolvimento mediúnico não podia negar uma coisa: eu gostava do ambiente da gira e sempre, independentemente do meu desempenho nas performances de incorporação, eu sempre estava feliz ao final das giras! Então aquilo devia ser bom de alguma maneira e valia o esforço!
Decidi, não seria um médium de incorporação, então deveria  descobrir qual seria meu papel naquela gira. Naquele dia mudei a minha perspectiva. Hoje digo para mim mesmo que, sem perceber, abandonei a perspectiva do meu umbigo (onde intimamente achava que tudo na gira deveria ocorrer para que eu pudesse incorporar  uma "entidade forte") e comecei a observar o que ocorria na gira e por que a gira acontecia: havia as pessoas que vinham para a vibração (algumas poucas demonstravam curiosidade, muitas traziam expressões compenetradas, talvez esperando por um milagre, outras se mostravam humildes e mesmo resignadas); havia as pessoas que depois da vibração sentavam nos banquinhos (para essas, as entidades vinham dar o seu axé); havia as pessoas que vinham consultar na segunda parte (buscando aconselhamento, cura ou proteção). Foi nesse momento que percebi que a principal causa para existir o trabalho da gira não era o meu desenvolvimento. O trabalho da gira existia para o auxílio àquela multidão que vinha semanalmente!
Sem que a coisa fosse formulada explicitamente na minha mente, comecei a agir de maneira a ajudar o fluxo do trabalho da gira. Procurei estar disponível para qualquer coisa que fosse necessária. Quando solicitado cambonei (e como foi bom aprender ouvindo e vendo as entidades agirem!), bati palmas, cantei, enxuguei chão molhado para que alguém não escorregasse. Acabei esquecendo do meu umbigo.
Devia ser uma gira como as outras, Mas, quando me vi estava girando. Depois me levantei e estava indo ao encontro da entidade dirigente do trabalho. Fiquei apreensivo, não sabia o que tinha que dizer ou fazer. A entidade dirigente estava no meio de uma consulta. Fui direto, ajoelhei  reverenciei com o olhar e quando vi, fiz um gesto com as mãos que foram correspondidos por ela. Eu estava feliz de estar ali, de ter tido a coragem de estar ali. Mas, ela não sorriu. Pelo contrário, o caboclo olhou sereno e sério nos meus olhos. Entendi que o momento era de seriedade, havia um trabalho a ser feito. Naquele momento senti o caboclo que estava comigo, meu pulmão parecia ser pequeno para comportar o ar que eu queria inspirar. Ele quis se levantar, fiz o gesto e juntos fomos ajudar no trabalho da gira.
Uma gira não é como uma tela que se observa, mesmo na assistência, de certa maneira, se está imerso ma gira. Hoje, sinto que o participar da gira e o observar da gira não estão relacionados com o fato de estarmos ou não vestidos de branco (papéis formais durante a gira), ou em estarmos de pé (no círculo) ou sentados (na assistência). Cada vez mais, penso que o participar da gira está relacionado com a atitude mental que cultivamos. Se interiormente e exteriormente agimos para que o trabalho da gira seja repleto de êxito, se agimos para que aqueles que vem em busca de orientação ou cura encontrem algo que lhes alivie o fardo da vida (seja física ou espiritualmente), acho que estamos efetivamente trabalhando na gira.
Meu desenvolvimento mediúnico deixou de ser a coisa mais importante e o principal objetivo pelo qual eu venho semanalmente ao terreiro. Na verdade, no que se refere ao meu desenvolvimento ele mal começou! Ignorância mediúnica (tanto teórica quanto prática) é a expressão que melhor me qualificaria hoje. Entretanto, estes primeiros dois anos serviram para aprender algo muito importante: Meu desenvolvimento mediúnico não deve ser meu objetivo no terreiro; mas uma consequência das minhas atitudes na vida. Isso significa o que aprendo de duas maneiras:
  • A primeira, na minha vida de relação com a materialidade, nas ações do dia a dia que se traduzem em gestos, rituais, leituras e ações que colaboram para que empreendimentos conjuntos se concretizem. Por exemplo ajudando numa tarefa de casa ou da empresa, sabendo ouvir alguém que precisa ou então fazendo algo que percebo precisa ser feito (criando, consertando ou limpando algo).

  • A segunda, na minha vida de relação com a espiritualidade, nas atitudes mentais e físicas que fazem com que eu me sintonize mais com determinados planos da espiritualidade. Acho mesmo que essa parte do desenvolvimento mediúnico consiste na construção de hábitos que nos predispõem a estarmos, naturalmente mais sintonizados com nossos mentores do outro plano. Esses hábitos não estariam ligados a gestos físicos mas a atitudes interiores em relação ao próximo como paciência, humildade, disponibilidade, clareza, apoio, aceitação, etc.
Relendo como organizei mentalmente meus dois campos de aprendizagem (materialidade e espiritualidade), entendo por que demoro tanto para avançar no meu desenvolvimento mediúnico. O campo material é fácil de ser observado e transformado porque está relacionado com coisas recentes que aprendi nesta vida. Entretanto, o campo espiritual implica em mudanças profundas na minha maneira de ver e ser no mundo, em especial na maneira como me relaciono com os outros. Estas coisas estão profundamente enraizadas no meu inconsciente, provavelmente cristalizadas de minhas outras vidas. Acho que ai que se encontra o terreno de batalha individual do nosso desenvolvimento mediúnico: o trabalho interno que precisamos fazer para que o campo fique limpo, pronto para a semeadura que virá, na vontade de Zambi manifesta pelos caboclos, pelos pretos, pelas crianças e por todas as entidades que trabalham para a melhora da humanidade.
Refletindo sobre a complexidade e dificuldade para trabalhar minha dimensão espiritual percebo como foi bom ter transformado em consequência o objetivo que eu tinha de desenvolver minha mediunidade. É como se eu tivesse tirado um peso dos meus ombros, tirado algo que me distraia do que é realmente importante para mim: o meu movimento em direção de me tornar alguém melhor a cada dia.
O caminho a percorrer para este aprendizado ainda é imenso. O que mudou é que não me incomodo mais com a chegada, me concentro em aprender com a caminhada.
Hilton Azevedo
www.terreiropaimaneco.org.br

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Caboclo Pena Verde


Certo dia, a sua tribo foi invadida e começou uma guerra sangrenta, Pena Verde, sentiu uma profunda dor nas costas, havia sido alvejado por uma flecha...

É de uma Tribo Asteca, oriunda dos Estados Unidos que veio migrando até chegar na Amazônia, onde se instalou.
Sua aparência: usava calça de couro, tinha cabelos longos e grisalhos e seu penacho, longo, tinha as cores (verde, vermelha e branca) cada cor representada um irmão.
Relatou que para um índio se tornar pagé, tinha que participar de um ritual: caçar e trazer um javali para a tribo;
Quando Pene Verde foi participar deste ritual, tinha mais um adversário, o vencedor seria quem trouxesse a presa primeiro;
Os dois saíram para a missão no mesmo dia. O seu adversário voltou no dia seguinte com um javali abatido.
Pena Verde só retornou após 30 dias, o impressionante é que ele não precisou abater o javali, durante este período ficou observando o comportamento e foi se aproximando até domá-lo. Só então retornou para a tribo. Entrou triunfante, montado no animal!
Tinha dois guerreiros que considerava seus braços, o filho e o sobrinho.
Certo dia, a sua tribo foi invadida e começou uma guerra sangrenta, Pena Verde, sentiu uma profunda dor nas costas, havia sido alvejado por uma flecha, antes de morrer, pediu a Tupã para ver quem era o autor de tamanha atrocidade. Poucos minutos se passaram e ele pode ver seus guerreiros sendo massacrados, mulheres e crianças sofrendo as maiores barbaridades, então virou-se para trás e pode ver que o seu querido sobrinho a quem tinha tanta estima e confiança era o mentor do ataque.
Para que morresse em paz, Pena Verde perdoou seu sobrinho, tirou a flecha das costas e partiu!

Fonte: www.terreiropaimaneco.org.br

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Exu Tatá Caveira: Um relato


Relato do Sr. Exu Tata Caveira na Gira de desenvolvimento - Dia 02 de novembro de 2008
“Eu era um desses homens de preto, que usava chapéu e ia rezar para quem estivesse desencarnando, com meu livro ´embaixo do sovaco`. Em casas ricas recebia quadros, ouro, cavalos, carroças carregadas de milho, feijão e arroz. Nas casas pobras, recebia o que tinha - uma galinha, meia duzia de ovos, o único pão, a última carne que tinha na casa do filho - em nome de um papel que eu carregava, numa época em que só valiam as riquezas, o quanto pudesse carregar. Por isso, quando desencarnei, fui parar no portão do cemitério, para receber quem ter e quem não tem, quem se cobre com jornal ou com o maior dos tesouros.
Eu sei o valor da pedra que vocês chutam e também do carvão lapidado no dedo e no pescoço de uma bela dama.
Respeitem os Exus, porque eles vivem suas alegrias e choram suas tristezas. Somos nós que esperamos vocês na concepção e no desencarne.
Estar incorporado é deixar o espírito ir e vir e deixar o espírito caminhar dentro de você. Nós vemos o mundo através de vocês, através das limitações de vocês, porque a nossa visão é mais ampla, vai além do que vocês podem ver. Nós preferimos incorporar aqui do que soltar os gritos na imensidão e as pessoas ouvirem errado e fazerem o mal. Nós, espíritos de luz, nos limitamos aos corpos de vocês, porque é melhor fazer 50 filhos nos ouvirem de cada vez do que virar uma nação inteira do avesso. Se viverem a vida com equilibrio, nós somos os mentores que vão encaminhar vocês para uma boa caminhada. Quem fizer o mal, são os exus que fazem com que ele volte para você. Estamos na Umbanda, na Igreja com os padres, na detenção com os presos...
Não tive encarnação como preto, romano, não fui de nenhum exército e nem quis ser índio. Tenho mil, dois mil, três mil ou até mais anos, mas com sabedoria e por causa dela, pude escolher onde estou e eu quis estar ao lado dos filhos.”
“ Ninguem é tão bom que incorpore Jesus Cristo, nem tão ruim que incorpore o Diabo”
“As vezes você fica ouvindo aquelas vozes no ouvido dizendo o que fazer, de certo e errado, e você pensa que são um anjo e um diabinho. A voz que te fala coisas corretas somos nós e o demônio, são vocês mesmos.”
“Sou eu quem estou no portão do cemitério recebendo quem passa encarnado e diz ´Saravá` , quem passa desencarnado ainda com lágrima nos olhos e quem passa com lágrima nos olhos para se despedir de quem ama.”
Sr. Exu Tata Caveira

Fonte: www.terreiropaimaneco.org.br

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Oração a São Miguel Arcanjo


Ó Grande São Miguel Arcanjo, príncipe e chefe das legiões angélicas, penetrado do sentimento de vossa grandeza, de vossa, bondade e vosso poder, em presença da adorável Santíssima Trindade, da Virgem Maria e toda a corte celeste, eu (nome), venho hoje consagrar minha família a vós. Quero, com minha família, vos honrar e invocar fielmente.

Recebei-nos sob vossa especial proteção e dignai-vos desde então velar sobre os nossos interesses espirituais e temporais. Conservai entre nós a perfeita união do espírito dos corações e do amor familiar.

Defendei-nos contra o ataque inimigo, preservai-nos de todo mal e, particularmente, da desgraça de ofender a Deus. Que por nossos cuidados, devotados e vigilantes, cheguemos todos à felicidade eterna. Dignai-vos, grande São Miguel Arcanjo, reunir todos os membros de nossa família. Amém.

domingo, 2 de dezembro de 2012

O que podemos compreender pelo termo Exu?

Pergunta: O que podemos compreender pelo termo Exu? Verificamos ainda muita confusão em meio a real ação destes espíritos, poderia nos explicar?

Sete: Ainda encontramos na roupagem de carne muita gente sendo “porta voz de morto” filho, criando suas próprias verdades que nem sempre estão pautadas no bom senso! Criam ritos, rituais, iniciações e muitos códigos secretos quando na realidade a simplicidade e objetividade dos trabalhos desenvolvidos pelos espíritos é mais simples do que possamos imaginar, assim se dá com Exu também.
Temos duas qualidades do termo Exu.


1.Como força da natureza, ligada a energia de Orixá, onde existem as energias oriundas do polo negativo desta força e tome cuidado para não interpretar negativo como propagador do mal, mas somente como uma polaridade.

2.Como entidade atuande, onde existem as chamadas falanges ou para ficar mais claro a compreensão “grupos de trabalho” onde cada grupo tem uma função na criação ligada a força manifestadora da natureza ou “Orixá Exu”.

Os Exus, atuam na organização do plano negativo, onde se reunem seres que se afinizam pelo padrão vibratório denso que criaram em suas vidas e após o seu desencarne, são atraídos pela sintonia vibratória que criaram em torno de si.
Nestas localidade chamadas de Umbral, trevas , vales sombrios e demais alegorias que cada cultura denomina se encontram espíritos que estão comprometidos com suas consciências e a função da entidade Exu nestes locais é manter a ordem e promover o equilibrio energético dos mesmos, através de várias ações, uma delas e dando a segurança para que equipes socorristas possam atuar nestes campos para promover o resgate e o encaminhamento destes espíritos.
Associado as casas espiritualistas e espiritas, Umbandistas e demais casas afros brasileiras, encontramos a figura de Exu como o que vela pela segurança energética destes locais, formando campos de forças que atuam dentro de uma determinada frequência vibratória para que as atividades internas corram na mais plena harmonia.
Infelizmente ainda notamos muito “teatro” praticado nestes locais onde se prega mais ilusão do que verdade na tarefa desenvolvida por Exu.
Médiuns despreparados e movidos pelo animismo doentio de suas mentes despreparadas para o mediunato, criam a imagem de Exu ligada ao “mito”, distribuindo ebós, despachos e pregando a ilusão na imagem daquele que serve somente a lei e a justiça.
Tais atos vale lembrar filho abrem portas para a ilusão que atraí os chamados “quiumbas” espíritos de uma classe extremamente leviana ques e utilizam destes médiuns para criar os cenários doentios que ainda hoje presenciamos em algumas casas, acabando no despacho da encruzilhada, local este totalmente despreparado no meio urbano para tal atividade dita “espiritual”
Exus é o sentinela, o guardião ou ainda aquele que defende, o nome pouco importa, mas o que vale é saibamos compreender qual a finalidade que o mesmo desenvolve.
Os excessos como bebidas, velas pretas, ebós se perderam na ilusão popular, onde o fator de força esta na natureza que acaba sendo a mais prejudicada com tudo isso.
Atos como palavrões, leviandade e desrepeito para com o consulente estão mais ligados ao médium que traduz aquilo que leva dentro de si do que da personalidade de um Exu.
Exus são servidores da luz que atuam dentro das trevas que são criadas pelos próprios viventes.
Se faz necessário que os cultos se espiritualizem e que o fator energético além de estudado seja práticado, não se dando espaço somente para o elemento material que na maioria das vezes serve mais de muleta psiquica.


Com muito axé a todos!

Sete
Canalizado por GÉRO MAITA