quinta-feira, 30 de junho de 2011

Tentando Explicar o Trabalho de Exu na Umbanda

Iassan Ayporê Pery
Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery


Há que se entender de uma vez por todas que Umbanda e Candomblé são religiões absolutamente distintas, que guardam muito mais diferenças do que semelhanças.

É como querer comparar a religião Católica com a Evangélica. Existem semelhanças? Sim como, por exemplo, os nomes de alguns Orixás, mas a forma de entendimento do que seja Orixá e principalmente a forma de culto a esses Orixás é absolutamente diferente.

Com Exu não poderia ser diferente. O Candomblé o entende como sendo Orixá ou ainda nas palavras de Pierre Verger:

Exu é a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e Ser Humano. Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo material (ayé), onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns).”

Como a nossa discussão não diz respeito as interpretações do Candomblé, visto se tratar de outra religião, nos ateremos a Umbanda onde Exu não é Orixá. Não é Orixá porque Orixá é energia emanada de Zambi (Deus), representada na terra através das Forças da Natureza. Orixá é potencia de Luz.

Origens

A título de curiosidade apenas, ressalto que existem várias correntes que afirmam diferentes origens para a palavra Exu, a saber:

"A primeira corrente afirma que a palavra Exu seria uma corruptela ou distorção dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem, nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a Lemúria, continente que teria existido no planeta Terra.

A Segunda corrente assevera que o nome Exu seria uma variante do termo Yrshu, nome do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu, aspirando ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados pelos Magos Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus seguidores do território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exu, como sinônimo de povo banido, expatriado.

A terceira corrente afirma que o nome Exu é de origem africana e quer dizer Esfera.

Saliente-se que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do sânscrito, significando também povo banido." (Retirado do site de Jurema de Oxalá)

Como disse anteriormente, é apenas a título de curiosidade, pois nada disso interfere no trabalho de Exu nos terreiros de Umbanda.

Mitos

Isto esclarecido passemos a tentar esclarecer alguns pontos que são mitos dentro da Umbanda. Mitos que foram criados por pessoas que não entendiam o verdadeiro trabalho de Exu na Umbanda, aliás não entendiam o verdadeiro trabalho da Umbanda.

A Umbanda em sua dinâmica básica lida com espíritos dos mais variados graus de evolução. As entidades, guias e mentores que se apresentam nos terreiros exercem um trabalho incansável contra as forças trevosas.

A origem de qualquer coisa em uma religião tem a ver com a função dela dentro da mesma.

Na Umbanda a origem de Exu está em função da necessidade de existirem guardiões, encaminhadores e combatentes das forças trevosas. Trabalho básico da Umbanda. Por isso se diz que “Sem Exu não se faz nada”. Isso não porque Exu não deixa, porque é vingador, traíra ou voluntarioso como querem fazer pensar algumas lendas sobre Exu, mas sim porque não há como combater forças trevosas sem defesa e proteção.

Então pode vir a pergunta: “Então nossos guias (caboclos e pretos velhos) não nos protegem e defendem?” Claro que protegem e defendem, entretanto cabe a Exu o primeiro combate, o combate direto contra as energias que circulam no Astral Inferior. Esta é a especialidade de Exu, pois conhece profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim como a dos Caboclos e Pretos Velhos é a de nos orientar e aconselhar.

Tudo na Umbanda é organizado, coerente e lógico.

Tendo isso em mente, um segundo mito a ser desfeito diz respeito a confiabilidade de Exu. Como disse anteriormente, Exu não é traíra! Qual a lógica de Orixá e entidades de luz o colocarem como guardião, defensor se ele fosse “subornável”, se ele não fosse confiável?

Seguindo o mesmo raciocínio outro mito que não tem base alguma é “Exu tanto faz o mal quanto faz o bem e depende de quem pede. Nós é que somos os maus na história”. Não existe “defesa” pior para Exu do que esta, pois trata-se de outra incoerência! Se uma criança sabe diferenciar o bem do mal, como Exu, conhecedor de segredos de magia, manipulador de magia, defensor, combatente de forças trevosas possa ser tão imbecil a ponto de não diferenciar o bem e do mal e o que é pior trair a confiança de Caboclo e Pretos Velhos? E ainda por cima não ter nenhum tipo de aspiração evolutiva, ou seja, ficar sempre entregue a mercê de nossa vontade nunca aspirando evoluir?

Aí vem outra pergunta: “Mas eu fui num terreiro e disseram que o trabalho contra mim foi feito por um Tranca Ruas”. Resposta: o trabalho foi feito por um obsessor se passando por Tranca Ruas. Aliás, obsessor se passa por tudo, inclusive por enviado de Orixá, como Caboclo e Preto Velho.

E por que isso acontece? Por causa de médiuns invigilantes. Médiuns pouco compromissados com o Astral Superior, médiuns e dirigentes ignorantes. Médiuns e dirigentes que buscam os terreiros de Umbanda para satisfazer as suas baixas aspirações, como válvulas de escape para fazerem “incorporados” o que não tem coragem de fazer de “cara limpa”! Médiuns de moral duvidosa que gritam, xingam, bebem, dançam de maneira grotesca para uma casa religiosa e imputam a Exu esses desvarios. Caso estejam realmente incorporados estão na realidade é sofrendo a incorporação de kiumbas (que são espíritos moralmente atrofiados ou que buscam apenas tumultuar o ambiente). Nunca um Exu ou Pomba Gira de verdade irá se prestar a um papel desses.

Outro ponto que gera muita confusão diz respeito a incorporação de Exu, pois já ouvi a pergunta: “Se ele é guardião, quando está incorporado não está “guardando” nada.” Novamente a lógica e a coerência devem falar mais alto do que a ignorância e a incredibilidade.

O Exu Guardião não é o que incorpora nos terreiros. Os que incorporam são Exus de Trabalho (como eu costumo chamar), de defesa pessoal do médium. Esses Exus também participam dos trabalhos junto aos Exus Guardiões e Amparadores no combate as forças do Astral Inferior, mas os Exus de Trabalho tem um outro tipo de compromisso que é com a Banda do médium e para com a Casa a qual o médium está. Por isso respeitam o templo religioso e não induzem o médium a embriagues, algazarra ou a comportamentos chulos e deselegantes.

São espíritos de luz em busca de evolução. Que estão altamente compromissados com as esferas superiores, com os guias e protetores do médium e com toda a egrégora de luz da Casa na qual o médium está inserido. Trabalhando diretamente com esta egrégora eles auxiliam no combate e encaminhamento dos espíritos que são atraídos pela corrente de desobsessão do terreiro que fazem parte. A exemplo de Nossa Casa os Exus de Trabalho de cada médium participam diretamente dos trabalhos realizados pela Corrente de Desobsessão e Cura de Caboclo Pena Branca.

Entretanto, cabe lembrar, que o estágio evolutivo de Exu de Trabalho está abaixo de Caboclo e Pretos Velhos. Isso não significa que não sejam evoluídos apenas encontram-se num estágio abaixo. Sua energia é mais densa. Conseqüentemente a sua vibração ou energia de incorporação está mais próxima (ou mais similar) a vibração de terra, exigindo do médium um nível de elevação diferenciado do que quando vai incorporar um Caboclo ou Preto Velho ou até mesmo outro enviado de Orixá. Ou seja, quando o médium se prepara para a incorporação, ele tem que se concentrar e elevar a sua própria vibração, enquanto a entidade incorporante baixa a sua. Quanto mais evoluída for a entidade incorporante, mais sutil é a sua energia e mais exigirá do médium concentração e elevação para a incorporação.

Outro aspecto a ressaltar é que esse estágio evolutivo não impede Exu de trabalhar conjunta e harmoniosamente com entidades mais evoluídas, até porque além de trabalharem sob as suas ordens, ou seja, sob as ordens de enviados de Orixá, a questão “hierarquia” é muito bem resolvida no Astral Superior. Lá não existem “disputas” pelo “poder” ou se questiona quem “manda”. Todos estão conscientes de seus papéis e do trabalho que precisa ser realizado, além de trabalharem com um mesmo objetivo, a Caridade!

A palavra de ordem de Exu é “compromisso”! Por tudo isso ele não é e nem nunca foi traidor ou do “mal”.

Sobre a Incorporação de Exu

Exu e Pomba Gira quando incorporados em seus médiuns, podem se apresentar de duas maneiras básicas: alegres ou sérios. Mas mesmo na alegria não há desrespeito ou comportamentos inadequados a um templo religioso.

E ainda vou mais longe, e o que vou dizer agora visa justamente desmistificar outro mito ligado a Exu. Quando o Exu é deselegante o médium também o é, só que disfarça quando não está “incorporado”.

Esse médium invigilante e portador de moral duvidosa ao receber a energia de incorporação de Exu (que começa a se dar através da aproximação do mesmo), por ser uma energia bastante similar a nossa e justamente por estar mais próxima a crosta terrestre, onde o combate com o Astral Inferior se dá, passa a dar vazão aos seus sentimentos menores, influenciando e interferindo diretamente na incorporação do Exu, que assiste a tudo desconsoladamente. Transferindo para Exu sentimentos e comportamentos que são seus.

Isso não chega a ser mistificação, ou seja, fingimento, porque existe a energia de Exu ao lado ou perto do médium. A mistificação envolve o fingimento puro e simples, sem envolvimento de energia ou proximidade de entidade alguma. Mas trata-se de animismo.

A incorporação de Exu e Pomba Gira envolve a manipulação energética de chacras inferiores, e o que acontece no caso descrito acima é que o médium deliberadamente utiliza mal essa energia. Digo deliberadamente, porque isso envolve intenção, moral e mal aproveitamento da energia de Exu.

Com a continuidade da insistência do médium em se utilizar dessa energia para a manifestação de seus desejos e aspectos menores, em pouco tempo há a queda do médium... O Exu se arranca e fica o que? Kiumba que assume o nome do Exu e aumenta os desvarios... E o médium não percebe porque no fundo usa a influência do kiumba (aliás, um usa o outro) para brigar com a mulher, encher a cara de cachaça, falar palavrão, fazer pedidos de oferendas nas encruzilhadas da vida, matança de animais e outras aberrações.

Cabe a direção da Casa coibir veementemente esses comportamentos no seu nascedouro, ou seja, no médium e assim que começam acontecer. Chamando-o a realidade, orientando e desestimulando atitudes desse tipo. Tentando recuperar o médium. Mas se for o caso não deve pestanejar em tomar medidas drásticas para a solução do problema.

Sobre a capacidade de manipulação energética de Exu

Voltando a questão energética de Exu, já falamos que ele é um grande manipulador de energias, transfigurando-se em formas diferenciadas de acordo com o ambiente em que está.

A exemplo disso vemos Exu se apresentando aos obsessores que irão combater em configuração que desperte medo e/ou respeito. Ele não poderia se apresentar a um “inimigo” como se fosse uma linda Cinderela... Isso não assustaria ninguém, então ele assume sim formas rudes, entretanto ele o faz por estratégia e não por serem deformados, e muito menos eles tem chifres, rabos e pés de bode como são tão mal retratados nessas imagens que encontramos em casas de artigos religiosos.

Como Exu manipula energias para assumir outra configuração “física”? Em primeiro lugar há que se dizer que a forma original de Exu é humana, nada tem de partes de animais, porque os espíritos que compõe a falange de Exu são espíritos como nós, muitos são contemporâneos inclusive.

Então Exu tem dois braços, duas pernas, uma cabeça, dois olhos, enfim... Assim como nós. Foram homens e mulheres normais das mais variadas profissões.

Bem, em primeiro lugar em função do trabalho que irá executar ou da “batalha” que irá travar Exu estuda o ambiente que irá entrar, em seguida vibrando numa faixa bem acima do meio que irá adentrar, estuda os seus “adversários”, suas intenções, seus planos, seus graus de compreensão, seus medos, etc.

Estabelece uma estratégia e assume a configuração que irá atingir o ponto fraco da maioria do grupo que irá combater. Lembrando que Exu não trabalha sozinho, isso é feito em agrupamentos sob a supervisão direta de um enviado de Orixá.

Com isto vemos outra capacidade de Exu, vibrar em faixas diferentes de energia.

E detalhe importantíssimo: tudo isso sem a necessidade de sacrifícios de animais e despachos em encruzilhadas, porque quem “recebe” tudo isso é kiumba! Lembrando ainda que isso dentro do Ritual de Umbanda!

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Um Exemplo de Trabalho de Exu

OBS: Essa história foi contada pela Pomba Gira Maria Padilha da 7 Encruzilhadas que trabalha na Egrégora do CECP, visando explicar algumas dinâmicas de trabalho. Os personagens dessa história receberam nomes fictícios.

Carlos se dirige a um Centro de Umbanda aconselhado por um amigo, pois a sua vida está bastante complicada. Sua mãe vive doente, já tendo ido a diversos médicos sem sucesso na cura. O seu pai foi demitido da empresa que trabalhava há mais de 25 anos e vive deprimido e chorando pelos cantos. Ele mesmo desempregado há três anos, vê o seu filho adoecer sem condições de comprar o medicamento. A sua esposa, única ainda empregada, apresenta sérios indícios de fadiga mental e física.

Ao chegar no centro descobre que é dia de consulta com Preto Velho. O seu amigo Cláudio, vai explicando a rotina da casa e como ele deve agir e pedir na hora da consulta.

Chega finalmente a sua vez de se consultar, o seu pensamento está coberto de dúvidas, achando que estava chegando ao fundo do poço ao se dirigir a um terreiro de macumba, falar com uma pessoa que nunca viu antes na vida e abrir o seu coração, suas dúvidas e temores. Num primeiro momento acha graça da posição do médium todo curvado e do jeito de falar, não consegue se aquietar, mas o Preto Velho vai aos pouquinhos ministrando alguns passes e por fim Carlos começa a se abrir.

O Preto Velho a tudo ouve, manifestando de tempos em tempos palavras encorajadoras para o aflito Carlos.

Carlos não entende o por que, mas enquanto ele fala, o Preto Velho vai estalando os dedos em volta dele, olha discretamente para o copo d’água ao lado da vela, joga para cima a fumaça de seu cachimbo, e assim vai firmando e passando as informações para os guardiões que pertencem a egrégora da Casa, que através dos Exus de trabalho partem com a velocidade do pensamento para a casa de Carlos.

Em dado momento, o Preto Velho que está “preso” ao corpo carnal do médium e conseqüentemente com sua visão limitada, utiliza alguns elementos magísticos e ritualísticos para proporcionar alívio ao Carlos.

Diz no final da consulta que irá trabalhar para ele e toda a sua família, dá algumas recomendações sobre como rezar e elevar o pensamento a Deus e se despedem.

Carlos tem alguma sensação de alívio, sente-se mais leve e confiante, mas ao mesmo tempo não acredita que meia dúzia de estalar de dedos vão “resolver” o seu problema... Incrédulo, mas não tão fraco retorna a sua casa sem nem imaginar que a batalha está apenas começando.

O Preto Velho ao ver Carlos se levantar e ir embora sabe que a essa altura toda a egrégora da Casa já está se preparando para a batalha, e, apesar de ainda estar preso ao corpo do médium pelo processo de incorporação, pôde perceber que será grande.

Mas ainda há o que ser feito em terra... Precisa descarregar o seu aparelho e o terreiro. Terminado o saravá ele parte indo se unir com os outros membros da egrégora.

Com o término dos trabalhos, os médiuns começam a ir embora e no Terreiro de Umbanda se faz silêncio. Mas um silêncio apenas aos ouvidos humanos, pois os sons ali emitidos estão numa freqüência diferente dos sons conhecidos nessa Terra.

E os médiuns pensam: “A gira terminou.”

Não meus caros, a “gira” está apenas começando.

A egrégora da Casa está reunida dentro do terreiro aguardando o retorno dos Exus de Trabalhos com as informações reais de cada consulta que foi realizada.

Os Exus vão retornando, um a um.

O Mentor da Casa assiste e faz intervenções quanto às deliberações do Alto, e os Chefes de Linha estabelecem o famoso “quem vai fazer o que”. Tudo isso ocorre em ambiente absolutamente harmônico e organizado.

Exus, Caboclos e Pretos Velhos trocam impressões a respeito dos problemas apresentados e deliberam.

Mas, voltando ao nosso amigo Carlos. (Nesse momento vou dar nomes fictícios também as entidades envolvidas nesse trabalho. Digamos que o Preto Velho que atendeu Carlos chama-se Pai Benedito e o Exu de Trabalho chamado por ele foi Exu Marabô).

Quando Exu Marabô retorna com as informações a respeito do que encontrou na casa de Carlos, o diálogo que se dá é o seguinte:

Marabô: É, Pai Benedito, a situação lá está bem complicada.

Pai Benedito: Eu já suspeitava. O que você viu?

Marabô: A casa do moço Carlos foi totalmente absorvida por uma rede de energia que tem seres bem grotescos mantendo-a firme. Segui buscando a origem dessa rede e me deparei com uma construção logo acima da casa.

Adentrando ao recinto vi uma inteligência poderosa por trás disso, mas sem nenhuma relação direta com nenhum dos envolvidos. Buscando entender a “trama” continuei procurando o porque daquilo e encontrei uma mulher bastante dementada, com um aparelho acoplado em sua nuca e pude “ler” seus pensamentos e “sentir” seus desejos que eram de vingança para com o pai carnal do moço Carlos. Vi também que eles ainda não sabem que o moço Carlos veio aqui no terreiro.

Bem, em resumo: A inteligência envolveu essa pobre infeliz e prometendo-lhe “devolver” o pai do moço Carlos pra ela e suga suas energias que é retro-alimentada pelo sentimento de culpa que o pai do moço Carlos tem. Parece que foi uma aventura dele na juventude, só não me preocupei em saber se desta ou de outra vida, pois achei que os dados que tinha já eram suficientes para podermos trabalhar.


Pai Benedito: Sim, sim... Mais do que suficientes! Não estamos aqui para julgar ninguém. Isso cabe ao Pai. Bem, nesse caso teremos que destruir essa construção, mas precisamos primeiro recuperar a moça, e já que o pai de Carlos está involuntariamente retro-alimentando a construção, precisaremos de recursos para auxiliar os familiares também.

Assim, Pai Benedito se dirige ao Caboclo Flecha Dourada, responsável pela corrente de desobsessão daquele terreiro e expõe a situação.

Imediatamente o Caboclo determina que a Pomba Gira Figueira irá utilizar os seus elementos magísticos para que a equipe de resgate da Casa recupere a moça e quem mais tenha condições de tratamento e a “equipe de força” destrua a construção e todos os equipamentos dentro dela.

Tarefas distribuídas, eles partem para a construção.

Caboclos, Pretos Velhos e Exus guardam uma certa distância da construção e observam a Pomba Gira Figueira assumir uma configuração praticamente transparente.

Ao chegar perto da construção percebe-se sair de sua boca uma espécie de fumaça enegrecida que começa a tomar conta do ambiente. Logo atrás dela, homens empurram uma espécie de carrinho, que lembram os carrinhos usados em minas de escavação de carvão.

Conforme a Sra. Figueira vai entrando no ambiente tomado por essa fumaça negra, os seres que lá estão caem em profundo sono, sendo resgatados pelos homens e colocados dentro dos carrinhos. A ação dela é rápida. Ninguém percebe a sua presença.

Quando todos são resgatados, a Sra. Figueira começa a manipular a energia dos instrumentos dentro da construção mudando sua forma, plasmando outras energias e transformando os instrumentos em bombas auto-destrutivas.

Finalmente sai da construção e os Exus que compõe a “tropa de choque” ou “equipe de força” passam a detonar a bomba e a destruir a construção e a malha que envolve a construção material na Terra e a prender os seres grotescos que dão sustentação a malha no ponto da construção material.

Caboclos e Pretos Velhos começam a tratar ali mesmo as inteligências retiradas da construção, colocando-os em macas e direcionando aos locais adequados aos tratamentos que irão receber, sob os olhos atentos dos Exus Guardiões, Amparadores e de Trabalho.

Outros partem para a construção material e começam o trabalho individualizado entre os membros da família. Exus fazem o trabalho de limpeza e descarga, resgatando os “perdidos”, para serem encaminhados para os trabalhos de desobsessão da Casa de Umbanda, abrindo espaço e dando condições vibratórias para o trabalho dos Caboclos e Pretos Velhos que é o de inspirar pensamentos de perdão ao pai de Carlos, de esperança no próprio Carlos, saúde e bons eflúvios na esposa e mãe de Carlos. Através de passes magnéticos Caboclos e Pretos Velhos transformam o campo vibratório da casa e cuidam de seus moradores.

Enquanto tudo isso ocorre a casa dorme, e todos são tratados em espírito.

Enquanto isso os médiuns daquele terreiro também dormem em suas casas, mas alguns estão doando ectoplasma, auxiliando nos trabalhos de transmutação energética. Uns participando ativamente e outros observando e aprendendo, através do processo de desdobramento, assistem a boa parte dos trabalhos.

Após o trabalho realizado o Mentor da Casa sorri.

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É claro que todos sabem que de agora em diante é de acordo com o merecimento de cada um, de cada membro dessa família, tudo dependerá do quanto cada um irá lutar para melhorar, mas agora sem as “amarras” ou interferência do Astral Inferior.

A Umbanda através de uma ação conjunta dos componentes da egrégora de uma Casa de Umbanda pôde proporcionar alívio, conforto e libertação aos membros da família e auxílio aos irmãos perdidos nas trevas da ignorância, do ódio, do rancor, do remorso e da culpa.

Mesmo que Carlos nunca mais volte ao terreiro para agradecer a melhora, ou que nunca desperte para a ajuda que recebeu, mesmo que o pai de Carlos nunca se perdoe, a Umbanda se fez presente em Caridade e Amor!

Agora diga com sinceridade, após ler tudo isso você ainda acha que Exu é o Diabo?

Você acha que importa ficarmos discutindo se Exu, a Umbanda e seus Orixás vieram da Atlântida, da África ou do quintal da sua casa?

Se ainda lhe resta alguma dúvida eu afirmo a minha certeza: a Umbanda nasceu do Coração de Zambi em Sua Infinita Misericórdia por nós! Porque só a Umbanda tem quem nos defenda e proteja independentemente da nossa ignorância nos impedir de reconhecê-los como bons e amigos!

Obrigada Exu pela proteção, defesa e principalmente por ter tanta paciência com a nossa ignorância!

Salve os nossos amigos, defensores e compadres! Saravá Exu e Pomba Gira!

Laroyê Exu!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Exú Marabô

O reino estava desolado pela súbita doença que acometera a rainha. Dia após dia, a soberana definhava sobre a cama e nada mais parecia haver que pudesse ser feito para restituir-lhe a saúde. O rei, totalmente apaixonado pela mulher, já tentara de tudo, gastara vultosas somas pagando longas viagens para os médicos dos recantos mais longínquos e nenhum deles fora capaz sequer de descobrir qual era a enfermidade que roubava a vida da jovem. Um dia, sentado cabisbaixo na sala do trono, foi informado que havia um negro querendo falar com ele sobre a doença fatídica que rondava o palácio. Apesar de totalmente incrédulo quanto a novidades sobre o caso pediu que o trouxessem à sua presença. Ficou impressionado com o porte do homem que se apresentou. Negro, muito alto e forte, vestia trajes nada apropriados para uma audiência real, apenas uma espécie de toalha negra envolta nos quadris e um colar de ossos de animais ao pescoço. - Meu nome é Perostino majestade. E sei qual o mal atinge nossa rainha. Leve-me até ela e a curarei. A dúvida envolveu o monarca em pensamentos desordenados. Como um homem que tinha toda a aparência de um feiticeiro ou rezador ou fosse lá o que fosse iria conseguir o que os mais graduados médicos não conseguiram? Mas o desejo de ver sua amada curada foi maior que o preconceito e o negro foi levado ao quarto real. Durante três dias e três noites permaneceu no quarto pedindo ervas, pedras, animais e toda espécie de materiais naturais. Todos no palácio julgavam isso uma loucura. Como o rei podia expor sua mulher a um tratamento claramente rudimentar como aquele? No entanto, no quarto dia, a rainha levantou-se e saiu a passear pelos gramados como se nada houvesse acontecido. O casal ficou tão feliz pelo milagre acontecido que fizeram de Perostino um homem rico e todos os casos de doença no palácio a partir daí eram encaminhados a ele que a todos curava. Sua fama correu pelo reino e o negro tornou-se uma espécie de amuleto para os reis. Logo surgiram comentários que ele seria um primeiro ministro que agradaria a todos, apesar de sua cor e origem, que ninguém conhecia. Ao tomar conhecimento desse fato o rei indignou-se, ele tinha muita gratidão pelo homem, mas torná-lo autoridade? Isso nunca! Chamou-o a sua presença e pediu que ele se retirasse do palácio, pois já não era mais necessário ali. O ódio tomou conta da alma de Perostino e imediatamente começou a arquitetar um plano. Disse humildemente que iria embora, mas que gostaria de participar de um último jantar com a família real. Contente por haver conseguido se livrar do incomodo, o rei aceitou o trato e marcou o jantar para aquela mesma noite. Sem que ninguém percebesse, Perostino colocou um veneno fortíssimo na comida que seria servida e, durante o jantar, os reis caíram mortos sobre a mesa sob o olhar malévolo de seu algoz. Sabendo que seu crime seria descoberto fugiu embrenhando-se nas matas. Arrependeu-se muito quando caiu em si, mas seus últimos dias foram pesados e duros pela dor da consciência que lhe pesava. Um ano depois dos acontecimentos aqui narrados deixou o corpo carnal vitimado por uma doença que lhe cobriu de feridas.
Muitos anos foram necessários para que seu espírito encontra-se o caminho a qual se dedica até hoje. Depois de muito aprendizado foi encaminhado para uma das linhas de trabalho do Exu Marabô e até hoje, quando em terra, aprecia as bebidas finas e o luxo ao qual foi acostumado naquele reino distante. Tornou-se um espírito sério e compenetrado que a todos atende com atenção e respeito. Saravá o Sr. Marabô!
Obs.: A Falange do Exu Marabô é formada por inúmeros falangeiros que levam seu nome e esta é apenas uma das muitas histórias que eles têm para nos contar.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dia 24 de Junho é dia de João Batista

João Batista foi um pregador judeu, do início do século I, citado pelo historiador Flávio Josefo e os autores dos quatro Evangelhos da Bíblia.
Segundo a narração do Evangelho de São Lucas, João Baptista era filho do sacerdote Zacarias e Isabel (ou Elizabete), prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e considerado pelos cristãos como o precursor do prometido Messias, Jesus Cristo. Batizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio Jordão, e introduziu o baptismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde foram adoptados pelo cristianismo.

O batismo de Jesus

Pessoalmente para João, o batismo de Jesus terá sido o seu auge experiencial. João terá ficado admirado por Jesus se ter proposto para o baptismo. Esta experiência motivou a sua fé e o seu ministério adiante.

João batizava em Pela, quando Jesus se aproximou, na margem do rio Jordão. A síntese bíblica do acontecimento é resumida, mas denota alguns fatores fundamentais no sentimento da experiência de João. Nesta altura João encontrava-se no auge das suas pregações Teria já entre 25 a 30 discípulos e batizava judeus e gentios arrependidos. Neste tempo os judeus acreditavam que Deus castigava não só os iníquos, mas as suas gerações descendentes. Eles acreditavam que apenas um judeu poderia ser o culpado do castigo de toda a nação. O batismo para muitos dos judeus não era o resultado de um arrependimento pessoal. O trabalho de João progredia.

Os relatos Bíblicos contam a história da voz que se ouviu, quando João batizou Jesus, dizendo "este é o Meu filho amado no qual ponho toda a minha complascência". Refere que uma pomba esvoaçou sobre os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa ave com uma manifestação do Espírito Santo. Este acontecimento sem qualquer repetição histórica tem servido por base a imensas doutrinas religiosas.

Prisão e morte

O aprisionamento de João ocorreu na Pereia, a mando do Rei Herodes Antipas I no 6º mês do ano 26 d.C.. Ele foi levado para a fortaleza de Macaeros (Maqueronte), onde foi mantido por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo desse aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução. Herodias, por intermédio de sua filha, conseguiu coagir o Rei na morte de João, e a sua cabeça foi-lhe entregue numa bandeja de prata e depois foi queimado em uma fogueira numa das festas palacianas de Herodes.

Outras religiões

Espiritismo (Allan Kardec)

Para os Espíritas Kardecistas é evidente que Elias Reencarnou como João Batista na passagem Bíblica: (S. Mateus 17: 10 a 13) (Apos a transfiguração.) E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista.

Os discípulos de João trataram do sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte ao seu primo Jesus.

Umbanda: Para os Umbandistas, no sincretismo religioso, São João refere-se ao Orixá Xangô Agodô

Xangô Agodô = São João Batista em 24/06
Legião dos caboclos que trabalham nas pedras e que estão dentro dos rios, nos seixos rolados, nas pedras iniciáticas e na pedra batismal. Aceita obrigações nas pedras dos rios, sendo utilizados os mesmos materiais que os anteriores, normalmente utilizando pano branco com bordas brancas bem largas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A importância do estudo na Umbanda

Muitos médiuns Umbandistas não gostam de estudar sobre a Religião de Umbanda, assim como alguns sacerdotes não permitem que seus médiuns estudem e façam perguntas, questionem, evoluam em conhecimento e saber. Muitos dizem que a Umbanda é caridade, amor e não é necessário estudo qualquer: "é só deixar o guia vir; é só deixar o Orixá encostar".
Bem, em toda Religião o estudo é fundamental para a sua compreensão. Não que esteja errado ver o lado da caridade, do amor ou da entrega que realmente são necessários aos médiuns na incorporação, mas a Umbanda é muito mais do que isso.
O estudo deve ser somado `a dedicação prática da lida no terreiro (a prática da caridade e do amor ao próximo: solidariedade), unindo tudo isso como um conhecimento maior que pode tirar dúvidas, retirar confusões da mente, evitar o animismo, o exibicionismo (de médiuns e/ou de entidades), evita que os consulentes vejam a Umbanda e seus guias como trocadores de favores / presentes, a clonagem arquétipa dos guias (quando médiuns novos acabam, sem querer, copiando o comportamento dos guias do ou dos dirigentes), o comportamento grosseiros de alguns guias e médiuns, a ignorância de alguns médiuns, e evitar que os espertalhões, que querem utilizar a Umbanda como um meio de ganhar dinheiro, o façam usando a ignorância de seus adeptos.
Podemos dividir o estudo da Umbanda em várias formas de entendimento e orientações:

* Pela doutrina de cada segmento, cada casa, que deveria ser ministrada aos médiuns e assistidos (qual a doutrina existente na casa, seus ritos, fundamentos, maneira de trabalhar). Normalmente essa doutrina ou essas aulas de doutrina estão a cargo do sacerdote da casa ou alguém designado por ele;

* A conversa de banquinho com o(a) preto(a)-velho(a) do(a) dirigente ou dos dirigentes da casa (pode ser com outro guia, tudo dependerá da estrutura de comando de cada casa; umas estão sob o comando dos pretos-velhos, outras sob o de Caboclos, Boiadeiros, Baianos etc), onde a parte doutrinária da casa, pelo seu lado espiritual e orientador, deve ser levada aos médiuns;

* Livros e material didático que sejam feitos pela casa (terreiro) ou utilizado de autores Umbandistas. Onde possam existir mais orientações no nível doutrinário, religioso, comportamental, espiritual, moral e ético relacionados a Umbanda;

* Outras fontes literárias, até de outras religiões, onde possam conter informações relevantes para os médiuns, no seu entendimento sobre a Religião de Umbanda, ou mesmo, sobre certos conceitos de cunho moral, ético, espiritual, doutrinário etc;

* Formação de palestras e/ou seminários, onde ao médiuns possam compartilhar da sabedoria e do conhecimento de outras sacerdotes e outras pessoas ligadas `a espiritualidade (dependendo de cada seguimento da Umbanda);

* Como visitantes a outros terreiros ou recebendo visitantes em seu próprio terreiro, no intuito de se mostrar a diversidade da religião, a troca saudável de culturas dentro da Umbanda, mostrando a diversidade, a riqueza que é a Religião de Umbanda. Ao mesmo tempo, estreitando laços de amizade e de união com outros terreiros e outras formas de se manifestar a Umbanda;

* Por meio da formação escolar e acadêmica. Seja no estudo regular, ou na Universidade, onde o médium aprende uma profissão, uma especialização, aumenta sua instrução e a sua forma de ver e entender o mundo;

* Por meio de cursos relativos a Umbanda e a outras religiões, ou facetas da própria Umbanda. Porém, esses cursos devem ser de conhecimento do sacerdote de cada casa, pois existem diversas pessoas que usam do nome da Umbanda para enganar e retirar dinheiro de médiuns que buscam o conhecimento.

Como podemos ver, não existe somente uma forma, mas existem diversas formas de se obter o conhecimento e o estudo com relação a Religião de Umbanda.
Devemos sempre lembrar que os Sacerdotes da casa, de cada casa, têm o compromisso, não só em relação a caridade, ao amor, a solidariedade, mas também, do conhecimento, do ensino, da orientação, do conduzir os médiuns, os tirando da ignorância e mostrando que a Religião de Umbanda, mediante o seu seguimento, pode dar muitos ensinamentos. Não só em relação a religião em si, mas para o próprio médium como pessoa, como ser humano.
O terreiro, a religião, pode se estender para o mundo profano e nele exercer uma atuação divina. Isso pode ser feito sem preconceitos, sem proselitismos, sem perseguições, sem imposições ao outro. Basta que os sacerdotes e os guias que conduzem uma cada de Umbanda, saibam passar os bons ensinamentos a seus médiuns para que eles possam levar para o mundo o que a Umbanda tem de melhor, o que ela tem de contribuição para a melhora do mundo e do próprio ser humano.
Algumas pessoas, até dentro da Umbanda, acreditam que "o conhecimento é poder" (Francis Bacon).
Eu acredito que "o conhecimento liberta o homem de sua ignorância, abrindo-lhe a mente para a liberdade das ideias."

Um abraço,
Pai Etiene Sales
http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/etiene-sales/

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Benefícios da Meditação

Por Bhikkhu Piyananda

O homem é tão ocupado procu­rando várias maneiras de ter prazer numa disputa diária. O que a meditação tem a oferecer? Os benefícios da medi­tação são:

• Se voce é uma pessoa ocupada, a meditação pode ajudá-lo a livrar-se da ten­são e conseguir um pouco de descanso.

• Se você é uma pessoa aflita, a medi­tação pode ajudá-lo a encontrar a paz tem­porária ou permanente.

• Se voce é uma pessoa que tem pro­blemas intermináveis, a meditação pode aju­dá-lo a criar coragem e força para en­frentar e resolver seus problemas.

• Se você não tem auto-confiança, a me­ditação pode ajudá-lo a ganhar a auto-confiança que precisa. Esta auto-confiança é a alma do seu sucesso.

• Se você tem medo em seu cora­ção, a meditação pode ajudá-lo a enten­der a re­al natureza das coisas que fazem você ter medo - então poderá superar o medo em sua mente.

• Se você esta sempre insatisfeito com tudo - nada na vida parece está bem - a medi­tação dará a você a oportunidade de desenvolver e de manter alguma satisfação interior.

• Se você é cético e desinteressado por religião, a meditação pode ajudá-lo ir além de seu próprio cepticismo e ver algum valor prático no exercício da religião.

• Se você está frustrado e desiludido de­vido a falta de compreensão da natureza da vida e do mundo, a meditação realmente o guiará e o ajudará a compreender que vo­cê está perturbado por coisas insigni­ficantes.

• Se você é um homem rico, a me­ditação pode ajudá-lo a compreender a na­tureza de sua riqueza e como fazer uso dela para sua própria felicidade como também para a de outras pessoas.

• Se você é um homem pobre, a medi­tação pode ajudá-lo a ter contentamento e não abrigar inveja daqueles que têm mais do que você.

• Se você é um homem jovem que está na encruzilhada da vida, sem saber que caminho tomar, a meditação o ajudará a saber qual estrada seguir a fim de atingir a sua meta.

• Se você é um homem velho e está aborrecido com a vida, a meditação o le­vará a um profunda compreensão da vida; esta compreensão, por sua vez, o aliviará das dores da vida e aumentará a sua alegria de viver.

• Se você é uma pessoa mau humo­rada, poderá desenvolver o poder para superar esta fraqueza resultante da raiva, do ódio e do ressentimento.

• Se você é ciumento, poderá com­pre­en­der o perigo de seu ciúme.

• Se você é escravo dos seus cinco sen­ti­dos, poderá aprender como tornar-se senhor de seus desejos.

• Se você é dependente de bebidas ou de drogas, poderá cuidar de superar este perigoso hábito que o escraviza.

• Se você é uma pessoa ignorante, a meditação lhe dará a oportunidade de cul­tivar algum conhecimento; este será útil e o beneficiará como também a seus amigos e a sua família.

• Se você realmente pratica a medita­ção, sua emoção nunca mais terá a oportunidade de fazer de você um tolo.

• Se você é uma pessoa sábia, a medita­ção o levará a suprema iluminação. Então você verá as coisas como realmente são e não como elas parecem ser.

• Se você é uma pessoa de mente fraca, a meditação fortalecerá sua mente para desenvolver seu auto-poder a fim de su­perar sua fraqueza.

Estes são alguns dos benefícios que virão praticando a MEDITAÇÃO. Estes benefícios não estão a venda em nenhuma fábrica ou lojas de departamentos. Dinheiro não pode comprá-los. Eles somente pode­rão ser seus se você meditar. No começo, esta espécie de conscientização é na verdade uma mente “atenta” observando outras “mentes” (as quais estão, certamente, dentro do seu próprio contínuo mental). Por esse meio, desenvolve-se a habilidade de olhar para dentro da mente e acom­panhá-la.

sábado, 11 de junho de 2011

Quando o Caboclo bater no peito, lembra que o índio brasileiro come no lixo

Quando o Caboclo bater no peito, lembra que o índio brasileiro come no lixo.

A revista Veja, edição 2219 (1/06/2011), traz uma reportagem chamada "Uma Reserva de Miséria". Trata-se de um triste relato a respeito de nossos índios de Roraima que juntos com brancos e mestiços sofrem e são praticamente expulsos da reserva Raposa Serra do Sol.  O governo federal alega que diversas famílias (brancos e mestiços) ocuparam ilegalmente a terra indígena,  mesmo para aqueles que possuíam títulos emitidos havia mais de 100 anos pelo próprio governo.  Foi prometido indenização justa, mas, na hora do "vamos ver" a justiça não foi feita. Sem poder cultivar a terra, os antigos proprietários deixaram de empregar os índios que agora não tem o que comer. Os donos desta terra, graças a presença do branco, não têm mais o que caçar e pescar. Inocentes, depois de séculos sem escolha, são dependentes e esquecidos.  



Para resumir a história e ir direto ao assunto que me leva a escrever-lhes, saibam que estão se formando novas favelas na periferia de Boa Vista, capital do Estado.  Famílias inteiras de índios, oriundas das aldeias,  começaram a erguer barracos em um aterro sanitário da cidade, buscando latinhas de alumínio e comida no lixo, a única forma de subsistência.



Estou certo de que o triste caso de Roraima é pequeno perto da realidade indígena no território nacional.



Como posso ficar calado e insensível se o índio é meu irmão?  Brancos e mestiços também, sem distinção.  Mas o ÍNDIO, sua força mística, divina e cultural é parte fundamental da minha religião, a Umbanda - por isso, torna-se o caso ainda mais alarmante, tocando-me profundamente.  



Irmãos de fé,  a nossa religião nasceu no início do século passado com a missão, entre outras, de oferecer aos índios desencarnados a oportunidade de se manifestarem e assim nos ensinar, curar e evoluir em conjunto.   Então, quando ele, o Caboclo, com sabedoria e humildade bater no peito na próxima vez, vá além do seu pensamento e vibração que deseja o respeito, manifeste-se verbalmente para todos os amigos, conhecidos e irmãos que lhe rodeiam, em voz alta diga que o nosso índio,  o índio brasileiro,  sofre e padece igual a natureza, largado como os rios e as matas, igualmente caminham para o sufocamento e a morte.  



Daqui pra frente,  faça e pense o que quiser.  E se os filhos de Umbanda resolverem levantar a voz agora mesmo,  eu estarei no meio para somar, levando a força Oxalá porque temos fé em Olorum, Deus nosso criador;   Oxóssi porque somos inteligentes e capazes de atingir o que queremos divinamente;   Ogum porque somos protetores, lei e guerreiros;  Oxum pelo amor puro ao próximo;   Obaluaiê permitirá a saúde, o renascimento e a evolução em paz;  Xangô fará de nossos pensamentos, atos e palavras a verdadeira justiça;  e a força que chamamos de Iemanjá, a força da Mãe, nos acolherá e permitirá o nascer de uma nova esperança e vida.



Roberto Carquejo

terça-feira, 7 de junho de 2011

Caboclo Pena Branca

Nasceu em aproximadamente 1425, na região central do Brasil, hoje, entre Brasília e Goiás, onde seu pai era o Cacique da tribo.
Era o filho mais velho de seus pais e desde cedo se mostrou com um diferencial entre os outros índios da mesma tribo, era de uma extraordinária inteligência.
Na época não havia o costume de fazer intercâmbios e trocas de alimentos entre tribos, apenas algumas faziam isto, pois havia uma cultura de subsistência, mas o Cacique Pena Branca foi um dos primeiros a incentivar a melhora de condições das tribos, e por isso assumiu a tarefa de fazer intercâmbios com outras tribos, entre elas a Jê ou Tapuia, e Nuaruaque ou Caríba.
Quando fazia uma de suas peregrinações ele conheceu na região do nordeste brasileiro (hoje Bahia), uma índia que viria a ser a sua mulher, chamava-se “Flor da Manhã” a qual foi sempre o seu apoio.
Como cacique, foi respeitado pela sua tribo de tupis, assim como por todas as outras tribos e continuou, apesar disso, seu trabalho de itinerante por todo o Brasil na tentativa de fortalecer e unir a cultura indígena.
Certo dia Pena Branca estava em cima de um monte na região da atual Bahia, e foi o primeiro a avistar a chegada dos portugueses nas suas naus, com grandes cruzes vermelhas no leme.
Esteve presente na primeira missa realizada no Brasil pelos Jesuítas, na figura de Frei Henrique de Coimbra.
Desde então procurou ser o porta-voz entre índios e os portugueses, sendo precavido pela desconfiança das intenções daqueles homens brancos que ofereciam objetos, como espelhos e pentes, para agradá-los.
Aprendeu rapidamente o português e a cultura cristã com os jesuítas.
Teve grande contato com os corsários franceses que conseguiram penetrar (sem o conhecimento dos portugueses) na costa brasileira – muito antes das grandes invasões de 1555 – aprendeu também a falar o francês.
Os escambos, comércio de pau-brasil entre índios e portugueses, eram vistos com reservas por Pena Branca, pois ali começaram as épocas de escravidão indígena e a intenção de Pena Branca sempre foi a de progredir culturalmente com a chegada desses novos povos, aos quais ele chamava de amigos.
Morre com 104 anos de idade, em 1529, o Cacique Pena Branca, deixando grande saudade em todos os índios do Brasil, sendo reconhecido na espiritualidade como servidor na assistência aos índios brasileiros, junto com outros espíritos, como o Cacique Cobra Coral.
Apesar de não ter conhecido o Padre José de Anchieta em vida, já que este chegou ao Brasil em meados de 1554, Pena Branca foi um dos espíritos que ajudou este abnegado jesuíta no seu desligamento desencarnatório.



ORAÇÃO AO CABOCLO PENA BRANCA
Querido e amado Pena Branca, Espírito de luz e amor, tirai dos meus caminhos aqueles que só pensam em fazer o mal. Tornai-me mais forte para resistir às tentações do mundo. Fazei-me mais dócil e mais consciente da gravidade da doutrina que me foi confiada. Não deixei que me ligue às coisas materiais, pois elas não me levarão a nada. Querido Pena Branca, Olhai também pela minha família e por todos aqueles que sofrem em busca de amor, de compreensão e de carinho, para que eles encontrem em Vós a paz que tanto procuram. Assim seja.

sábado, 4 de junho de 2011

A Umbanda como religião

A UMBANDA COMO RELIGIÃO



Quando falo de Umbanda como religião sinto certo conforto e alegria, pois a encontro como um dos meios usados por Deus e plasmado pelos responsáveis pelos caminhos religiosos no plano encarnatório, para nos conduzir à nossa finalidade última e essencial que é o nosso Criador. Basta que se olhe ao redor para sentir como os seres humanos estão ansiosos e, muitas vezes perdidos, numa inquietação que muitas vezes os leva a atitudes e a fugas nem sempre dignas, numa busca contínua de auto-afirmação, de aplausos sobre si mesmos, de exteriorizações que custam caro face aos desentendimentos e dissensões que levam, a mais e mais, se sentirem sós e carentes de algo que quase sempre não sabem a explicação.



Santo Agostinho, em seu livro “Confissões”, chega á conclusão filosófica perfeita ao dizer a Deus: “Senhor, nos criastes para Ti e nosso coração só encontrará descanso quando retornarmos a Ti”. Vejo a Umbanda com seus rituais e cultos apenas como mais um instrumento a ensinar aos homens como realizar esta volta para Deus.



A Umbanda exteriorizada, com festas e incorporações apenas, não leva ninguém a Deus. Ela só se torna uma religião quando tudo isto tenha como meta a realização espiritual. A verdadeira caridade a que a Umbanda se propõe é a implantação, nas vidas, do “Reino de Deus”, ou seja, do caráter interior de reforma intima  à luz do Evangelho de Jesus. Alguns dizem: - mas os Guias fazem caridade incorporados, limpam feridas, e outras exterioridades a que muitos chamam de caridade. Não e não. Estas coisas são exteriorizações, na maioria das vezes encenadas por médiuns, para que seja visto pela assistência e elogiado pelos outros, mas não transformam as vidas dos médiuns e dessa própria assistência, pois, na maioria das vezes fica só nisso, satisfazendo “egos” e usando o nome da caridade para atos externos.



É Jesus quem diz: “o que a tua mão direita faz, que a tua esquerda não o saiba”, e os Mentores para trabalharem não necessitam de encenações externas e sim de médiuns doutrinados, evangelizados, que levem no escondido e interno de uma consulta, as curas dos males físicos, mas, principalmente a cura dos males espirituais pela terapia do evangelho.



É incrível como a Bíblia Sagrada tem um texto que se encontra no centro da mesma Bíblia, ou seja, no ponto central que a dividiria ao meio, uma frase que precisamos trabalhar com ela para não nos decepcionarmos, como fazemos continuamente, face à nossa confiança mal direcionada. Se buscarmos esse centro, estaremos no Livro dos Salmos, precisamente no Salmo 118, em seu versículo 8 que diz: “É MELHOR CONFIAR NO SENHOR DO QUE CONFIAR NO HOMEM”.



Aí está a sabedoria, os homens nossos irmãos são nossos irmãos, caminhantes conosco para o mesmo fim e destino, a ilusão da matéria nos remete, face à nossa carência de realização pessoal, a confiar nos valores humanos em detrimento dos valores divinos e aí, acabamos sempre dando com os “burros n’água”.



A Umbanda é a religião do amor, mas do amor de Deus. É a religião da caridade, mas da caridade evangélica. Tudo o mais é pura vaidade e descaminho dos verdadeiros objetivos e valores trazidos pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas ao implantar a Umbanda no Brasil, que ao lado das proibições: não matar, não cobrar, deixou clara a função de evangelizar.



Seria tão bom que todos os Umbandistas ao entronizarem a imagem de Jesus nos seus Congares, vissem ali a imagem do Cristo, “Caminho, Verdade e Vida”, aquele nos pode salvar e dar a paz. Seria tão bom que essa imagem fosse um convite contínuo à leitura, meditação e vivência do Evangelho. Seria tão bom que essa imagem fosse o símbolo do “Divino Oxalá”, ou seja, do Divino Senhor da Luz – “Eu Sou a Luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas”. Seria tão bom não ser simplesmente confundido com um dos Sagrados Orixás, aquele do 1º Raio, que cognominado de Oxalá, recebe, pela vibração da fé e da religiosidade, as energias do coração desse Cristo Cósmico a serem distribuídas para todos os outros Raios.



Esse é o verdadeiro culto aos Sagrados Orixás, que não são criações imaginárias e mitologias tão comuns em determinadas culturas, fruto dos arquétipos individuais e coletivos. Os Orixás cultuados pela Umbanda são os Senhores do Cosmo, os Agentes Divinos ou Engenheiros Siderais que comungando com Deus assumem, em Seu Nome, a função de criar, manter e transformar o universo e, portanto, também o nosso Planeta em suas diversas dimensões, e mais ainda, são condutores da Vida Divina por meio das Qualidades ascensionais que reconduzem a humanidade de volta ao seio Divino.



Cultuar Orixá não é apenas oferendá-los, mas, muito mais, é se deixar envolver pelas vibrações sagradas, caminhando pela estrada aberta por eles, em direção ao mais Alto, que são as Qualidades Divinas a serem exercitadas e vivenciadas.



Falar de Oxalá é falar da vivência da Fé, da Religiosidade, da Devoção pura e amorosa a Deus. É a vivência do Mandamento Maior preconizado em todo o Livro Sagrado: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mat. 22,37). Essa é a Qualidade essencial e função específica do 1º Raio, trazida pelo Orixá Oxalá: levar a todos o caminho desse amor incondicional e confiante no Deus Amor e Pai.

Banhado nesse amor e nessa religiosidade vêm os outros Orixás regendo os demais Raios com seus caminhos teologais: Iemanjá com a geração da vida que deve ser renovada e recriada constantemente em nós, fechando e abrindo novos ciclos na escada do aperfeiçoamento. Ogum e Ibeji, com os caminhos da Lei e da luta, da guerra contra nossos inimigos, que são nossos defeitos e imperfeições. Oxossi e Ossãe, com o livro da natureza nos apontando os caminhos do conhecimento pelo esclarecimento maior, pela arte, pela prosperidade (da-nos, hoje, o pão de cada dia). Xangô e Iansã nos caminhos da Justiça, do equilíbrio e da harmonia. Justiça misericordiosa e equilíbrio de nossas emoções. Oxum e Oxumare, nos caminhos do amor, da fraternidade, da relação sadia e equilibrada, purificada das sensações, sensualidade e paixões ilusórias e aprisionadoras. Obaluayê e Nanã nos caminhos da purificação e da sabedoria, decantando pelo carma as nossas vidas, transformando o mal que criamos no bem que existe em nós, como centelhas divinas. Os caminhos de Obaluayê no 7º Raio são os caminhos da cura física, como limpeza do mal, e da cura espiritual, despertando-nos, pelo Carma, lei de causa e efeito, para a grande realidade de nossa essência, que é a busca e o encontro do Divino.



Esses Raios, regidos pelos Sagrados Orixás, nos levam à verdadeira caridade e sabedoria para vivenciarmos o segundo mandamento  preceituado por Jesus, e que está atrelado ao primeiro, que é: “E o segundo mandamento, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mat. 22,39)



Por tudo isso a Umbanda é religião, pois a sua função primordial é despertar em nosso ser as Leis Divinas já nelas esculpidas e abafadas pela matéria ilusória, instrumento de nossa individualização e aperfeiçoamento.



A presença da imagem de Jesus nos Templos Umbandistas deve ser o sinal e a lembrança, para seus sacerdotes e médiuns, de que ali estão única e exclusivamente para se unirem ao “verdadeiro” trabalho dos “verdadeiros” Guias, que é a de apontar o Cristo, como único capaz de curar, salvar e consolar, fazendo com que todos os que busquem amparo nesses mesmos Templos possam escutar em seus corações as palavras do Senhor quando diz no Evangelho: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sob vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mat. 11,28-30).



Pai Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Por que a simplicidade não satisfaz???

Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.
Passei a observar as mudanças, as evoluções, os retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.
Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de simplicidade que tenho observado nos terreiros.
Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estarem ali, enfim uma atmosfera propícia para pratica do bem.
Não existiam cursos como, por exemplo, formação de “sacerdotes” em dois anos, nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o dirigente, as entidades, os mais experientes.
Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente, coerente.
Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais, fundamentos praticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras religiões, praticas que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa evolução.
Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de santo” muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo plano, hoje Orixá virou sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram desfile de moda ou concurso de fantasias.
Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos saber entrar e sair, minha Mão de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia. O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem reverencias, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade para eles é apenas um detalhe.
Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes que a Umbanda acabe...
Amigos longe de mim querer generalizar ou ser o dono da verdade, como disse no inicio, sou apenas um observador do comportamento umbandista.
Ainda bem que temos terreiros que ainda mantêm a essência da Umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo é ouvida e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.
Este texto nada mais é que um desabafo de um saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:

POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???
Fonte:Marco Boeing
Dirigente da ASSEMA - Curitiba/PR