domingo, 19 de julho de 2009

A lei do karma

A palavra karma é oriunda da raiz sânscrita "kri", cujo significado é ação. Karma é portanto, Lei de Causa e Efeito, ou ainda, de acordo com a lei da mecânica física enunciada por Newton: "a toda ação corresponde uma reação da mesma intensidade, porém em sentido contrário". E o Cristo ao recolocar a orelha do centurião romano, decepada pela espada de Pedro, sentenciou: "Pedro, embainha tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido".

Podemos notar aí dois enunciados da mesma Lei de Ação e Reação, um de maneira científica e outro de modo místico. O vulgo diz: "Quem semeia vento colhe tempestade" .

Há uma grande diferença entre querer fazer e poder fazer as coisas, donde surge a Lei como equilibrante das ações produzidas. O indivíduo, ao evoluir através do longo Itinerário de IO, ou da busca incessante de seu verdadeiro EU, vivencia um sem-número de experiências agindo com acerto ou erradamente. Nessas diversas vidas, ele adquire saldo positivo ou negativo, de acordo com o proceder consciente às vezes até inconsciente. Quando renasce, pelo ainda discutido processo da reencarnação, traz consigo o peso da bagagem das vidas anteriores que ser-lhe-á leve se vier com bom Karma, e pesado se suas dívidas para com as Leis do Equilíbrio forem altas, podendo, no entanto, diminuir ou aumentar semelhante peso. O Karma pode ser modificado pelo próprio desenvolvimento espiritual do ser, pela dilatação de seu estado de consciência dentro do conceito universal de evolução e até mesmo ser destruído ou anulado quando ele se equilibra com a Lei na razão do fiel da balança para os dois pratos, onde em um dos lados temos o amor e do outro sabedoria.

Dizia Gautama, o Budha: "Ninguém nasce em família ou país que não seja de suas próprias tendências", o que equivale a "ninguém nasce em lugar errado", estando por força de lei, desde logo, comprometido com a família, grupo, nação, etc.

Não podemos afirmar que o adepto e o homem comum possuam condições kármicas semelhantes, pois enquanto o primeiro torna-se o Senhor do Karma pelo seu alto grau de evolução, o segundo não passa de simples escravo ou joguete do seu Karma. O adepto, ao agir no seio da humanidade, o faz de maneira oculta, por ser ele um agente da mesma Lei Universal, daí o enorme valor de seu trabalho: não é conduzido, mas conduz. Dita as regras, os modos
e maneiras de se agir. O homem comum erra ou acerta, dizendo: "foi o destino que assim quis". A responsabilidade kármica da humanidade foi aumentando gradativamente – perante a Lei Universal, houve, durante os milhões de anos até os dias atuais, uma dilatação do estado de consciência humano, alcançando cada vez mais os padrões superiores.

A responsabilidade do iniciado é muito maior do que a do homem comum, pois àquele foi dado um grau de conhecimento muito maior, o que o sentencia a fazer dele um bom uso, na razão do: "a quem muito for dado, muito será pedido". Não de cousas negativas, mas tal como dissemos no início, é a Lei que regula os pratos da balança do bem e do mal, promovendo o equilíbrio dos efeitos produzidos.

Finalmente devemos praticar o "bem", por amor ao bem e a "verdade" por amor à verdade e desta maneira estaremos sempre dentro da Lei que em sua realidade é a própria Justiça – e este o caminho da verdadeira evolução.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Juca Rosa, um feiticeiro no Rio do século XIX

Nunca tinha ouvido falar em Juca Rosa até ler o artigo de Gabriela Sampaio, da Universidade Estadual de Campinas, estampado no livro África Subsaariana: Multiculturalismo, Poderes e Etnicidades. Com o título "A história do feiticeiro Juca Rosa: matrizes culturais da África Subsaariana em rituais religiosos brasileiros do século XIX", o texto conta a vida do curandeiro Rosa, nascido no Rio em 1833, filho de mãe africana. Segundo a publicação, desde 1860 Rosa liderava uma misteriosa associação, de vasta clientela, atendendo desde escravos libertos a políticos influ entes. "Membros de diferentes grupos sociais se deslocavam até sua casa em busca de conselhos e prodigiosas curas". Nos rituais, conta a pesquisadora, Rosa usava uma camisa branca e uma calça de veludo azul com franjas prateadas; na cabeça, um gorro de veludo com franjas e bordas também prateadas. Pai Quibombo era um dos nomes pelo qual era conhecido, pelo visto um dos primeiros pais-de-santo do Rio de Janeiro. O estudo contribui para mostrar a confluência de tradições que ocorria no Brasil imperial e para entender melhor o confronto cultural entre africanos e europeus nas Américas.

Ela finaliza: "partindo da história de Juca Rosa chegamos à grande influência de tradições culturais da África Centro-Ocidental nas origens do que se conhece hoje como umbanda e candomblé, religiões afro-brasileiras de grande popularidade em todo o país, entre pessoas provenientes de grupos populares mas também entre intelectuais e membros das elites políticas e econômicas".

Maiores referências a tese da Dra. Gabriela dos Reis Sampaio, pode ser obtida na base de Bibliotecas da UNICAMPI (a Tese pode ser baixada, para isso basta fazer um pequeno cadastro), em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000202931

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A magia elemental nas religiões

O Conhecimento Iniciático sempre utilizou imagens específicas para representar o Cosmos, o universo, a vida espiritual e suas múltiplas formas de manifestação, Evolução e Involução. De acordo com os postulados da psicologia interior, essas realidades eram representadas em linguagem simbólica, parabólica e/ou metafórica. Temos símbolos universalmente aceitos por todas as culturas e pensamentos, como as Montanhas, os Templos, as Espadas e os Cálices e temos também as árvores sagradas.

A Árvore Misteriosa, situada no centro do paraíso, é um símbolo encontrado em em todas as culturas espirituais representando a estrutura do universo. Normalmente seus galhos tocam os confins do Infinito e suas múltiplas dimensões, e seus frutos representam os atributos positivos do Eterno.

Sem exceção, a Árvore Sagrada fez parte das tradições genesíacas de povos, tais como os maias, astecas e incas, os egípcios, os cabalistas hebreus, persas, druidas, povos nórdicos, chineses, japoneses, coreanos, maoris, nativos africanos etc. Vejamos alguns exemplos como ilustração.

A Árvore Bodhi

É universalmente reconhecida a imagem do Buda Sakiamuni recebendo sua iluminação, após 49 dias de meditação profunda, sentado sob a árvore bodhi, normalmente representada como uma figueira da índia (na verdade, um trabalho profundo de iluminação dos 49 níveis de sua mente pela energia sagrada da kundalini, simbolizada pela Árvore do Bem e do Mal. Na Bíblia, lê-se: "Comereis dos frutos de todas as árvores, menos da árvore do Bem e do Mal", ou seja, não usar a energia sexual animalescamente, mas magicamente). Daí essa portentosa árvore ser considerada na Ásia como a Árvore da Vida. Afirmam as tradições budistas que a árvore sagrada protegia o Buda das investidas do demônio Marah; ela o protegia envolvendo o Iluminado com seus galhos.

A Árvore Escandinava

A versão nórdica da árvore da vida está bem detalhada nos Eddas, a bíblia escandinava, na verdade uma coletânea de contos de fundo esotérico. Chamada de Yggdrasil, essa árvore representava o deus Ygg (ou Odin) e era um gigantesco Freixo situado no cimo de uma montanha. Yggdrasil que servia de abrigo para as reuniões e concílios dos deuses e seus galhos ultrapassavam os limites dos céus.

Quatro cervos (os Devarajas) se alimentavam de seus brotos, em seu topo vivia uma majestosa águia (o Espírito) e em suas raízes se encontrava a poderosa serpente Nidhugg (a Kundalini a ser desperta). Essa árvore sagrada era eterna porque estendia suas três raízes(as forças primárias) até duas fontes: a da primavera e a da sabedoria, guardadas pelo lobo Fenris (a Lei) e pelo gigante de gelo Mimir (as forças instintivas da natureza). O Yggdrasil é a única potência capaz de levar os "mortos na batalha" para o Valhalla (o Paraíso) e de impedir o fim do mundo, dos Deuses e dos homens (esse Fim do Mundo, entre os nórdicos, chama-se Ragnarok).

Plantas Sagradas Entre os Gregos

A magia vegetal esteve intimamente ligada aos deuses e tradições greco-romanos. Vejamos algumas, como referência:

TRIGO: Foi o dom supremo de Deméter, ou Ceres, Deusa da Terra. É o alimento do corpo e da alma. Como o arroz entre os orientais e o milho entre os pré-colombianos, o trigo representa a chave da vida e da abundância. É a energia à espera de sua transmutação.

UVA: Dedicado ao deus Baco, ou Dionisios, do Êxtase, da Castidade e das Artes. O vinho representa o trabalho sagrado da transmutação alquímica. Com o trigo, eram os dois principais símbolos do anelo de Liberação nos Templos de Elêusis e posteriormente se transformaram em parte do mistério crístico da Salvação (Mistério Eucarístico). Na Alquimia egípcia e depois na medieval, o pão e o vinho foram representados pelo Sal e o Enxofre.

OLIVEIRA: É ao mesmo tempo alimento, medicina e combustível. Está ligado a Minerva, ou Palas Atena, deusa da Sabedoria e do Fogo.

LOURO: Árvore sagrada do solar Apolo, ou Helios, representa o triunfo conquistado depois de longas batalhas e duros sacrifícios. É um dos símbolos dos videntes e profetas.

ARTEMÍSIA: Planta consagrada a Diana caçadora (Ártemis), a que socorre as mulheres no parto. O interessante é que essa planta regula a menstruação e evita a gravidez.

MURTA: Consagrada a Vênus-Afrodite. Além de afrodisíaca, diz-se que a aura da murta alimenta o amor nos lares.

PINHEIRO: Associado a Júpiter-Zeus, por sua presença majestosa e força. Esta árvore, pela solidez de sua madeira, representa a perpetuidade da vida.

Além das associações com as divindades, muitas plantas tinham íntima relação com determinados templos oraculares. Delfos e Delos estavam ligados ao louro, Dodona ao carvalho, Epidamo e Boécia à canela e árvores condimentares.

Também temos muitas outras representações que nos remontam à presença e à manifestação da Divindade. Temos o Ashvata ou figueira sagrada da sabedoria oriental; o Haoma dos mazdeistas, onde se vê Zoroastro esquematizando o homem cósmico; o Zampoun tibetano e o carvalho de Ferécides e dos celtas. Duas das tradições que nos chegaram de forma mais complexa são a das plantas bíblicas e seu simbolismo e a Árvore da Vida cabalística.

Plantas Bíblicas

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são considerados mananciais abundantes dos simbolismos vegetais. O mistério do mundo das plantas é tão importante que vemos Deus criando com especial ênfase o reino vegetal no primeiros Dias do Mundo. Vejamos em Gênese(Cap.1, Vers.11):

"Em seguida, Ele disse:

-Que a Terra produza todo tipo de vegetais, isto é, plantas que dêem sementes e árvores que dêem frutos.
E assim aconteceu. A Terra produziu todo tipo de vegetais: plantas que dão sementes e árvores que dão frutos. E Deus viu que o que havia acontecido era bom. A noite passou e veio a manhã. Esse foi o terceiro Dia."

A partir disso, vemos centenas de citações, algumas complexas, outras de forma superficial, de diversas plantas e árvores. Chegamos a contar mais de cinqüenta espécies diferentes.

Citemos algumas plantas encontradas na Bíblia:

Abóbora, Açafrão, Aloés, Amendoeira, Carvalho, Cedro, Cevada, Endro, Feno, Figueira, Hena, Junco, Lentilha, Lírio, Mirra, Murta, Nardo, Olíbano, Oliveira, Palmeira, Salgueiro, Tamareira, Trigo, Videira(uva), Zimbro etc.

Por trás de meras citações, esconde-se uma sabedoria maravilhosa, um mistério conhecido por poucos esoteristas. A Magia Bíblica é algo muito profundo e merece um estudo a parte. Sabemos que a Bíblia é um aglomerado de livros altamente simbólicos, onde se vê o Caminho Iniciático completo; o trabalho total da realização alquímica da Alma e do Espírito; a história, não só do povo hebreu, mas de nosso planeta e também da Galáxia. É um livro fantástico para quem sabe interpretá-lo: os que possuirem as chaves da Alquimia, da Astrologia Hermética, Psicologia esotérica e Cabala conhecerão a letra viva e não a letra morta, como a maioria. A Magia Elemental é um dos legados ocultos desse livro sagrado.

Os elementais encarnados nas plantas bíblicas podem ser trabalhados na cura, na harmonia, na aceleração de nosso processo espiritual, no fortalecimento de nossas virtudes e poderes internos etc.

Vejamos dois exemplos da Santa Magia Bíblica, para o leitor ter uma pequena noção do ensinamento escondido em cada citação
Livro de Jeremias, cap.1, vers.9: "Aí o Eterno estendeu a mão, tocou em meus lábios e disse:

- 'Veja, estou lhe dando a mensagem que você deve anunciar. Hoje, estou lhe dando poder sobre nações e reinos, poder para arrancar e derrubar, para destruir e arrasar, para construir e plantar'.

O Eterno me perguntou:

- 'O que é que você está vendo?'
- Um galho de amendoeira- respondi.

O eterno me disse:

- 'Você está certo; eu também estou vigiando para que minhas palavras se cumpram'.

Além de conter informações secretas de outro vegetal(a planta da coca), a vara da amendoeira representa o Cetro do mago e o bastão dos patriarcas, símbolos iniciáticos do trabalho alquímico com a energia da Kundalini, que dá poder sobre tudo e todos. Além disso, temos o trabalho mágico propriamente, com o elemental da amendoeira, poderoso tanto para o bem quanto para o mal. Os magos europeus, especialmente os Druidas, costumavam dissolver trabalhos de magia negra e também curar à distância com essa planta. É interesante notar que as palavras amendoeira e vigiando são muito parecidas, na língua hebraica.
Gênese, cap.3, vers.1:

A Serpente era o animal mais esperto que o Deus Eterno havia feito. Ela perguntou à mulher:

- 'É verdade que Deus mandou que vocês não comessem as frutas de nenhuma árvore do Jardim?'

A mulher respondeu:

- 'Podemos comer as frutas de qualquer árvore, menos a fruta da árvore que fica no meio do Jardim. Deus nos disse que não devemos comer dessa fruta nem tocar nela. Se fizermos isso, morreremos.

Mas a Serpente afirmou:

- 'Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, conhecendo o Bem e o Mal.'

A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter Conhecimento. Aí apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido e ele também comeu. Nesse momento os olhos dos dois se abriram e eles perceberam que estavam nus. Então, costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas...'

A magia da figueira está intimanente ligada às energias sexuais. O Avatar de Aquário afirma que os Anjos que regem a evolução dos elementais das figueiras determinam nosso karma, baseados em nossa conduta sexual; são anjos ligados aos Senhores do Karma que dirigem todo o Sistema Solar. Além disso, o elemental dessa planta pode ser utilizado para curar nossa função sexual. É curioso observar que o figo maduro assemelha-se a um escroto e dentro dele centenas de pequenos filamentos parecidos com espermatozóides.

A Árvore Cabalística

Os místicos judeus, ou cabalistas, primeiro criaram um Jardim repleto de árvores frutíferas; em seguida, estabeleceram duas delas(a árvore da ciência e a árvore do Bem e do Mal) no meio do Éden e as transformaram no centro de todo o drama da humanidade.

A Árvore Sefirótica, ou Cabalística, é um desenho mágico-filosófico que representa a Adão Kadmon, ou Homem Cósmico, Deus, e às muitas dimensões onde Ele se manifesta e trabalha. Na verdade é uma tentativa de esquematizar de forma diagramática as forças universais. A Árvore Sefirótica possui dez galhos, ou Emanações divinas, que seriam os dez mundos ou Dimensões.

Podemos notar a relação entre cada uma dessas Séfiras e as diversas Ordens de seres espirituais que se manifestam no Universo.

Cada Ordem possui seus atributos, seus poderes, suas virtudes. Conhecendo os mantras e exercícios para se entrar em contato com essas dimensões, temos a possibilidade de manipular os atributos dos Seres daqueles mesmos planos. Parafraseando o grande Hermes: "O que está em cima é como o que está embaixo e o que está fora é como o que está dentro(e vice-versa)", descobriremos o motivo de se estudar o Diagrama Sefirótico. As potências divinas, angélicas e elementais, quando invocadas, fazem vibrar nossos diversos corpos interiores, e as virtudes e poderes desses Deuses sefiróticos se farão sentir nos átomos anímicos.

As três primeiras Emanações (Kether, Chokmah e Binah) são batizadas com o nome de Coroa Sefirótica, ou Triângulo Divino, e representam a chamada Santíssima Trindade de todas as religiões solares. São as três forças primárias organizativas de tudo o que é e o que será. A partir daí, temos as sete Séfiras, que vêm a ser os sete mundos, ou planos. Vêm a ser os sete corpos de nossa constituição interna, como já estudamos anteriormente, ou seja, de Chesed a Yesod, temos nossos corpos internos e Malkuth (o Reino) vem a ser nosso corpo físico.

Exemplos: Queremos trabalhar sobre nosso corpo astral, otimizar nossas emoções, equilibrar nossos chacras astrais e preparar-nos para os exercícios de magia prática? Trabalhemos com os anjos lunares, regidos por Gabriel! Necessitamos curar alguém com sérios desequilíbrios mentais, ou compreender as forças mentais que regem nosso Destino? Invoquemos o Meritíssimo Arcanjo Rafael, de Mercúrio, e seus auxiliares! Necessitamos unir um casal em conflito, ou encher um lar desarmônico com os Átomos do Amor, que se encontram estacionados no mundo causal(pois o Amor é a Causa e a Origem de tudo)? Realizemos a Magia do Amor com Uriel e seus inefáveis anjos rosa! Ou necessitamos despertar os atributos solares, superiores, de nossa Consciência Espiritual, como Dignidade, Humildade, Fé, Esperança, Empatia,Obediência à Lei etc.? Supliquemos ao Cristo Michael, Arcanjo de nosso Sistema Solar, que incita o fortalecimento da Geburah interior, a Bela Helena! Gostaríamos de despertar os valores guerreiros de nosso Espírito, nosso Pai Interno? Chamemos a Samael, Gênio do planeta Marte e que faz vibrar nosso Chesed Íntimo!!!

Prática

É necessário que você tenha, para esta prática, um vaso de plantas. Pode ser um pequeno vaso com uma roseira, violeta ou outra qualquer. Sugerimos um pé de hortelã. Relaxe o corpo como das vezes anteriores e vocalize seu mantra de preferência. Pode ser o AOM. Peça à sua Divindade Interior, ao seu Cristo Interno ou à sua Mãe Natureza Interior para que você sinta/veja a presença do elemental da planta que está no vaso. Entre em meditação e vibre com a Inteligência que existe dentro dessa planta.

Fonte:http://www.gnosisonline.org/Magia_Elemental/index.shtml

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Umbanda é pés no chão, mas por quê?

Todo Umbandista já deve ter ouvido a frase “Umbanda é pé no chão”.

Mas será que todos sabem o porque de ficarmos descalços em nossos terreiros?

São três motivos principais. O primeiro é que o solo representa a morada dos nossos antepassados e quando estamos descalços tocando com os pés no chão estamos entrando em contato com estes ancestrais e, consequentemente, com todo o conhecimento e a sabedoria que esse passado guarda.

O segundo motivo pelo qual tiramos os calçados é o respeito ao solo sagrado do terreiro. Imagine que vir da rua com os sapatos sujos e entrar com eles onde nossos trabalhos espirituais são realizados seria como alguém entrar em nossa casa carregando uma montanha de lixo que vai caindo e se espalhando por todos os cantos. Diante desta situação você diria o quê? No mínimo que essa tal pessoa não tem respeito por você ou pela sua casa.

O terceiro motivo é o fato de que naturalmente nós atuamos como “para-raios” e ao recebermos qualquer energia mais forte, se estivermos descalços sem nenhum material isolante entre nosso corpo e o chão, ela automaticamente se dissipa no solo. É uma forma de garantir a segurança do médium para que não acumule ou leve determinadas energias consigo. Além de tudo isso podemos dizer também que realizar nossos trabalhos espirituais descalços é uma forma de representar a humildade e a simplicidade do Rito Umbandista.

Vale lembrar que no início este costume, nos cultos de origem africana, tinha outro significado. Os pés descalços eram um símbolo da condição de escravo, de coisa,uma vez que o escravo não era considerado um cidadão e estava, por exemplo, na mesma categoria do gado bovino das fazendas. Quando liberto a primeira coisa que o negro procurava fazer era comprar sapatos que eram o símbolo de sua liberdade e, de certa forma, faziam com que ele fosse incluso na sociedade formal. O significado da “conquista” dos sapatos era tão profundo que muitas vezes eles eram colocados em lugar de destaque na casa para que todos os vissem. No entanto, ao chegar ao terreiro, espaço que havia sido transformado magisticamente em solo africano, os sapatos tornavam-se novamente apenas um símbolo de valores da sociedade branca e eram deixados do lado de fora. Ali os negros sentiam-se de novo na África e podiam retornar à sua condição de guerreiros, sacerdotes, príncipes, caçadores, etc.

Tenho certeza que agora entrar descalço no terreiro terá um outro valor e sentido. Não é mesmo?


fonte: http://www.minhaumbanda.com.br/2009/06/18/umbanda-e-pe-no-chao-mas-por-que/#more-447

sábado, 11 de julho de 2009

O que é o espírito?

Tome o exemplo de uma garrafa de água mineral. Existe a embalagem e o líquido que é água. A garrafa não é o líquido, é apenas o recipiente que o armazena. O essencial desse produto é o seu conteúdo, nesse caso é a água, que dificilmente poderia ser transportada se não fosse a embalagem. Pois bem, nosso espírito é como a água. Nosso corpo físico é como o frasco, ou seja, nosso corpo físico é o veículo de manifestação de nosso espírito, que é nossa consciência divina, imortal.

Precisamos aprender a cuidar com carinho e respeito de nosso corpo físico, porque ele tem um papel fundamental na existência de qualquer pessoa, contudo não é a nossa própria essência.

Nosso espírito é assim. É essa chama divina que habita em nossos corpos e faz nossos corações baterem, nossos olhos brilharem. Quando em equilíbrio, estimulam o sorriso, a amizade, o amor e o carinho. Quando em conflito, mostram a face escura e endurecida de nossas personalidades.

Nosso corpo é um grande companheiro de jornada, mas tem limite, tem prazo de validade. O espírito é o Eu verdadeiro. O corpo é um amigo, entretanto, não é o Verdadeiro Eu. Tornamo-nos o corpo por acostumar-se com ele no período de uma vida. Na verdade, estamos ilusoriamente acreditando que somos o corpo, mas não somos.

O corpo é a casca que tem um propósito, um objetivo: ajudar na nossa missão no período de uma existência.

Cada tipo de corpo ou casca possibilita um tipo de missão. Se alto, se baixo, negro, branco, índio, fraco, forte, cada tipo tem seu objetivo no que tange aos ensinamentos que o espírito precisa ter.

Pense com carinho agora, com amor e respeito ao seu corpo, que é seu amigo, amigo do Eu (que é o espírito, a chama divina que você é em essência). Pois bem, pense com todo respeito do seu coração, que seu corpo físico tem um grande papel na sua tarefa de evoluir. Se é um corpo saudável, se é frágil, tudo tem um fundamento, um propósito. Se você começar a visualizar seu corpo com amor e gratidão já será um grande passo para conseguir compreendê-lo e contar com a sua ajuda nessa caminhada evolutiva, porque assim vocês (corpo e espírito) estarão caminhando na mesma direção. O corpo físico manifesta a nossa missão pessoal.

Olhe profundamente para seu corpo (com ótica do seu espírito) e perceba tudo que ele revela sobre a sua personalidade, sobre seus aprendizados. Isso porque você tem exatamente o corpo que seu espírito necessita. Ame-o, mas nunca se esqueça que ele tem prazo de validade, contudo, o espírito é imperecível.

Por que nascemos?

Nascemos com um propósito: evoluir.

Evoluir, nesse contexto, significa lapidarmos nossa personalidade, que na prática quer dizer: menos mágoas, menos tristezas, menos dores e doenças, menos limitações, menos pessimismos, menos egoísmo. Nossa missão é, através das experiências que somente a vida terrena pode nos oferecer, nos transformarmos sempre, evoluindo em nossos aprendizados e agregando mais vibrações positivas que devem ser incutidas em nosso espírito, a exemplo o amor.

Quando nascemos, temos a oportunidade de começar de novo a experiência evolutiva terrena, dando continuidade ao processo de evolução contínua a qual somos inseridos desde sempre. A morte não é o fim e a infância não é o começo. O nascimento de um espírito em um corpo novo não o torna novo.

Apenas a sua casca é bebê, seu espírito apenas retorna com a chance de amplificar suas qualidades e dizimar suas inferioridades. Como a tarefa de evolução e purificação do espírito mostra-se algo lento, costumamos precisar de muitas reencarnações, ou seja, precisamos nascer de novo por muitas vezes, nascendo e morrendo, de forma cíclica, assim como o sol precisa nascer e se pôr por centenas de vezes até que uma flor desabroche.

Nascemos e morremos para evoluir, até que um dia o amor de nossas almas desabroche completamente.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os quatro elementos

:: Graziella Marraccini ::
A astrologia ocidental nos ensina que podemos distinguir os signos astrológicos de várias maneiras: segundo os dois gêneros - em femininos e masculinos - segundo as três qualidades - Cardeal, Fixo e Mutável - e pelos quatro elementos - Fogo, Terra, Ar e Água. Entendemos por feminino e masculino as qualidades como sendo passiva, a primeira, e positiva a segunda, e eles se alternam na roda zodiacal. A combinação continua alternada para as outras qualidades e para os elementos, de modo que Áries é Cardeal, Masculino e de Fogo, Touro é Fixo, Feminino e de Terra, Gêmeos é de Ar, Masculino e Mutável, etc. Conseqüentemente e com todas as combinações possíveis, chegamos ao total dos 12 signos do zodíaco, cada um com suas características próprias.

Os quatro elementos não são somente símbolos ou conceitos abstratos, mas referem-se às forças vitais que se manifestam em toda a criação e que podem ser percebidas pelo sentido físico. Os elementos constituem a base da astrologia e de todas as ciências ocultas e abrangem também tudo aquilo que percebemos com o olhar, tudo aquilo que experimentamos. Consideramos que a terra é sólida, a água é líquida, o ar é gasoso e o fogo é plasma ou energia irradiada e, portanto, concluímos que a mistura desses elementos compõem tudo o que nos cerca. A medicina antiga já se baseava nestes quatro elementos para classificar os tipos humanos, associando-lhes certas doenças ou predisposições físicas e mentais. Por essa razão, a importância do elemento ao qual alguém pertence determina também sua manifestação psicológica e energética.

O conceito dos quatro elementos é também base da filosofia da medicina Ayurvedica, mas pode ser encontrado na medicina chinesa e japonesa, e era considerado base também da filosofia grega. Já na Europa da idade média e da Renascença, desenvolveu-se ainda mais a teoria dos quatro elementos, conectando-a com os quatro temperamentos básicos conforme os ensinamentos de Hipócrates. Segundo a doutrina dos quatro humores, o sangue é armazenado no fígado e levado ao coração, onde se aquece, sendo considerado quente e úmido; a fleuma, que compreende todas as secreções mucosas, provém do cérebro e é fria e úmida por natureza; a bile amarela é secretada pelo fígado e é quente e seca, enquanto a bile negra é produzida no baço e no estômago e é de natureza fria e seca.

A doutrina dos quatro humores (usada na medicina antiga) encaixava-se perfeitamente na concepção filosófica da estrutura do universo. Estabeleceu-se uma correspondência entre os quatro humores e os quatro elementos (terra, ar, fogo e água), e com as quatro formas de manifestação (frio, quente, seco e úmido) que também podem ser relacionados com as quatro estações do ano (inverno, primavera, verão e outono).
O estado de saúde do ser humano também dependeria da exata proporção e da perfeita mistura dos quatro humores, que poderiam alterar-se por ação de causas externas ou internas (a relação com o meio ambiente). O excesso ou deficiência de qualquer dos humores, assim como o seu isolamento ou miscigenação inadequada, causariam as doenças com o seu cortejo sintomático dos quatro temperamentos humanos específicos.
As filosofias orientais acrescentem, no entanto, um 'quinto elemento', o éter que relacionam ao espírito puro (Obs: é esse conceito que é usado no I'Ching e no Feng Shui) que poderia ser o SHIN dos cabalistas ou o Espírito Santo dos Cristãos. Mas voltando aos elementos básicos podemos contrapor também: o seco com o úmido e o quente com o frio e obteremos:


O temperamento bilioso ou colérico depende dos signos de Fogo que são: Áries, Leão e Sagitário. Conferem natureza ativa e intuitiva, excitável e temerária.
O temperamento nervoso depende dos signos de Terra: Touro, Virgem e Capricórnio; conferem disposição sensível e melancólica e caráter nervoso.
O temperamento sanguíneo depende dos signos de Ar: Gêmeos, Libra e Aquário, que têm tendências intelectuais e pensativas.
O temperamento flegmático (ou linfático) depende dos signos de Água: Câncer, Escorpião e Peixes, que possuem tendências sentimentais e emocionais.

Portanto, concluímos que a combinação desses elementos pode acontecer de várias maneiras, mas é difícil encontrar um individuo com todos esses elementos em igual quantidade. Através da análise do mapa astral natal, podemos conhecer qual será a 'mistura' que determinará o temperamento da pessoa, e que o inclinará a um tipo de doença e não a outra. O signo solar determina em grande parte a forma como iremos expressar esse temperamento, por identificação com o elemento no qual ele se encontra. Assim, os signos de Ar se identificam com o reino do pensamento e para eles o pensamento é tão real quanto qualquer objeto material. Os signos de Água vivem predominantemente no mundo dos sentimentos e seu estado emocional determina seu comportamento. Os signos de Terra são assentados no mundo material e as preocupações com a sobrevivência são básicas para a sua expressão. Os signos de Fogo vivem num eterno estado de excitação e a atividade é necessária para o seu bem estar.

Por essa razão o signo do Sol que determina como vemos a vida, não é suficiente para descrever nossa natureza, já que muitos outros elementos compõem nosso temperamento determinando sua força de expressão e comportamento. A palavra temperamento deriva do latim 'temperamentum' que significa uma 'mistura de proporções'. A astrologia pode indicar o signo solar como padrão de identificação, mas é essa mistura, 'a mistura dos diferentes elementos', que determinará o resultado final. Afinal, um bolo é basicamente feito de farinha, ovos, leite, manteiga, etc. Porém, vejam quantas diferentes receitas podemos fazer com esses componentes! A astrologia atribui um determinado valor (ou peso) ao Sol, à Lua e aos planetas, assim, a predominância deles num determinado elemento irá determinar também a predominância do temperamento daquele indivíduo.

Bem, caros leitores, esse artigo parece um pouco complicado, mas o escrevi respondendo a um anseio de muitos internautas que me escreveram procurando compreender um pouco melhor essa maravilhosa ferramenta que é a astrologia. Não pretendo esgotar o assunto nos artigos publicados no site (que são muitos!), mas desejo sempre oferecer um pouco de conhecimento que ajudará os leitores a se compreender melhor e, ao mesmo tempo, àqueles que os rodeiam!
Já que ainda estamos no signo de Gêmeos, já amplamente descrito anteriormente, espero ter contribuído um pouco mais para que você, leitor, compreenda a natureza daquele seu amigo, filho, irmão, marido geminiano!
Aceitar as diferenças nos enriquece e torna mais fáceis os relacionamentos. Afinal, somos todos diferentes na manifestação, mas Somos Todos Um!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Iemanjá e sua atuação em nossas vidas

Iemanjá é a orixá com maior popularidade e aceitação entre os não iniciados. De um modo geral, excetuando-se os religiosos ortodoxos e pouco tolerantes, Mamãe Iemanjá é respeitada e reverenciada em todo o Brasil. Na Àfrica é conhecida por uma diversidade de nome: Yemowô, Yewa, Iyamassê, Yemojá entre outros. No Brasil, especialmente na Umbanda é chamada Iemanjá com "I", e nos cultos de nação, costuma ser chamada Yemanjá com "Y" ou Yemonjá. Que importam os nomes, Janaína, sereia, dona dos mares, etc; se todos nós a temos em nossos corações. Protetora dos pescadores e muito amada pelas pessoas que vivem à base dessa economia. Encontra um reduto de súditos em Porto Alegre,Rio de Janeiro, Salvador, entre outras cidades. Sua festa mais popular acontece no dia 02 de fevereiro, onde seus filhos e devotos levam suas bem elaboradas oferendas ao mar, outros deixam uma rosa e há os muitos que não levam oferenda alguma, ou melhor, leva a maior oferenda que se possa fazer, sua fé e seu amor.

Sua imagem pode ser representada por uma linda mulher branca de cabelos extremamente longos, por Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória; ou pode ser representada por uma bela mulher negra, seguindo a origem africana. Seu sincretismo com Nossa Senhora facilitou a aceitação e polarização do orixá entre as pessoas de outras religiões. Fato é que ninguém tem vergonha de ofertar rosas brancas à Iemanjá em plena praia lotada, na noite de reveillon. Sua cor na Umbanda é o azul claro ou azul da cor do mar. em suas oferendas costumam haver flores brancas, velas azuis, perfumes, espelhos, frutas, manjar branco, canjica, arroz doce, mel etc.

Outro ponto que facilitou a aceitação desse Orixá é sua imagem arquetípica da Grande Mãe. Iemanjá é sim, a grande deusa, que me perdoe, minha amada Mãe Guerreira, Iansã. Todos nós, Umbandistas nos sentimos um pouco seus filhos, ou netos, já que ela é Mãe de quase todos os Orixás.

Como Deusa do Mar, representa a fecundidade, da procriação, da fertilidade e do amor. Tenho com Iemanjá uma história antiga, em momentos em que a melancolia, tristeza ou desânimo me invadem, e olha que isso é muito raro, pois como filha de Iansã com Ogum, dificilmente me entrego, enfim, nessas circunstâncias, quem penetra minha alma e a torna limpa e cristalina é querida Mamãe Iemanjá. O interessante é que ao mesmo tempo que nos acalenta, ela nos reabilita a alegria. a força e a vontade de continuar, tudo fica claro e mais leve. Outro momento em que recorri a essa querida, foi quando sofri muito por um amor complicado, pedi a ela (com fé e determinação, pois de fato era isso que eu queria) que levasse para mares distantes aquele sentimento que me tomava por inteiro e obviamente me fazia muito mal. Foi uma grande benção, em menos de um mês minha vida e meus sentimentos haviam tomado outro rumo, navegava agora por mares bem mais calmos e seguros. Essa Grande Mãe nos acolhe em seu colo sempre que precisamos, a ela não importa se somos seus filhos (de cabeça) ou de qualquer outro Orixá.


ODOIÁ MÃE MAIOR
SARAVÁ IEMANJÁ
SARAVÁ SEUS FILHOS.



PEDIDOS À IEMANJÁ

Algumas pessoas que não pertencem à Umbanda ou aos cultos de Nação, costumam na passagem do ano, ir até à praia para comemorar e ofertar rosas brancas à Iemanjá.

Os pedidos, obviamente, variam de pessoa para pessoa, tal como a sua fé e a consequente realização.

Nossa amada Mãe Iemanjá pode ajudar em todas as questões de:

SAÚDE, AMOR, PAZ, HARMONIA FAMILIAR, EQUILÍBRIO EMOCIONAL, MATERNIDADE, RENOVAÇÃO DOS SENTIMENTOS, ELIMINAÇÃO DE VÍCIOS, LIBERTAÇÃO DE RELACIONAMENTOS AMOROSOS QUE CAUSAM SOFRIMENTOS PROTEÇÃO ESPIRITUAL, FORTALECIMENTO PSÍQUICO ENTRE OUTRAS.

Tal qual o movimento incessante do mar, a vida também é dinâmica e deve ser renovada todos os dias.

As vezes as águas vêm em forma de fortes e devastadoras ondas, em outros momentos vêm numa marola suave e cadenciada. Ambos os movimentos são necessários, assim como devemos aprender a enfrentar as tormentas que são necessárias ao nosso desenvolvimento e que são inerentes à condição humana.

E também devemos nos deixar levar e relaxar com a calmaria, que muitas vezes chamamos de tédio.

O mar traz, o mar leva, e nós... aprendemos!!!

FAÇA SEUS PEDIDOS, COM FÉ, ENTREGUE SUA ROSA, RECITE UMA ORAÇÃO.
SALVE NOSSA AMADA MÃE IEMANJÁ.




OFERENDAS PARA IEMANJÁ

OFERENDA 1.
7 Velas brancas
7 Velas azuis
Champagne
Manjar branco
7 Rosas brancas
7 Fitas azuis (1m. cada uma)
7 Fitas brancas (1m cada uma)
1 Bilhete com no máximo 3 pedidos
Local de entrega: areaia da praia

OFERENDA 2
Arroz cozido na água, sem açúcar e depois de pronto regar com mel
Água mineral
1 Vela branca
1 Vela azul
1 Rosa branca
Local de entrega: pode ser em casa

OFERENDA 3
1 Garrafa de champagne ou espumante
1 Vela azul
1 Rosa branca
Local de entrega: Areia da praia

domingo, 5 de julho de 2009

Sincretismo

Palavra originada do grego, significa sistema que consiste em conciliar os princípios de varias doutrinas ou filosofias.

A correspondência de Santos Católicos com os Orixás africanos, veio pela única maneira que os negros escravos tinham de escapar dos castigos e perseguições dos seus senhores e de religiosos que tentavam difundir o catolicismo, impondo a crença com as suas representações católicas.

Deste modo, colocavam sobre o Peji dos assentamentos, dos Otás relativos aos Orixás, estampas e imagens dos santos católicos ; de acordo com as explicações que recebiam dos missionários e assim fugiam da ira de seus senhores cultuando os fetiches, as representações dos deuses africanos.

Orixá - Santos Católicos
Oxalá - N.S.Jesus Cristo, N.S. do Bonfim
Xangô - São Jerônimo, São Pedro
Ogun - São Sebastião (Bahia), São Jorge (RJ)
Oxossi - São Sebastião(RJ), São Jorge (Bahia)
Obaluaiê - São Lazaro, São Roque
Oxumare - São Bartolomeu
Logun edé - Santo Expedito
Ibeji - São Cosme e São Damião
Exu - Santo Antônio
Nanã - N.S.Santana
Iemanjá - N.S. da Glória, N.S. dos Navegantes
Oxum - N.S.Conceição (RJ), N.S. das Candeias (Bahia)
Iansã - Santa Bárbara
Obá - Santa Catarina

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Anjos ou demônios

Doutrinados nas leis da Umbanda, os Exus e Pombo-giras são emissários, elo entre os homens e os Orixás.

Subordinados às energias superiores, são compro­missados com as leis divi­nas e estagiam em graus médios da espiritualidade, praticando o bem, caminhando na luz em bus­ca de sua própria evolução. Tri­lham no astral inferior apenas para combater o mal: desfazem feitiços, trabalhos de magia negra em pes­soas e ambientes; resgatam os espíritos malígnos e obsessores, responsáveis por separações de casais; vícios de bebidas e drogas; embaraços nos negócios; pertur­bações; discussões em família e uma infinidade de malefícios... En­caminham estes espíritos a um guardião-chefe, onde passam por uma triagem e, após se redimirem de seus erros, são batizados e preparados para cumprir sua missão, juntamente com o Exu que lhes resgatou. Esses Exus, no cumprimento de suas missões, evoluem: são co­roados e recebem, por mé­rito de seu sacrifício, a con­dição de progredirem como elementos da linha positi­va.

É comum ouvir dizer que sem Exu não se faz nada. Isso se dá pelo fato destas entidades estarem frente aos combates es­pirituais, prestando defe­sa e proteção, e não por­que são vingadores, traí­ras ou forças do mal, como a maior parte das lendas nos leva a pensar.

Entretanto cabe lem­brar, que o estágio evolutivo de Exu é inferior ao dos caboclos, baianos, pretos-velhos, etc., o que também não significa que não sejam evoluídos - ape­nas encontram-se num es­tágio abaixo. Sua energia é mais densa e sua vibração ou força de incorporação está mais próxima ou simi­lar à vibração da Terra, exi­gindo dos médiuns uma concentração diferenciada da que possam sentir ao in­corporarem um caboclo, um baiano ou preto-velho. Fato é que, quanto mais evoluída for a entidade a ser incorporada, mais sutil será a incorporação e a energia sentida. Há também de se lembrar que, quando um médium incorpora um Exu ou Pombo-gira, ele está ativando seus chackras infe­riores, e, se este médium for despreparado ou tiver conduta questionável, po­derá interferir na incorpo­ração: ele dará vazão aos seus sentimentos meno­res, transferindo para o Exu o seu tipo de compor­tamento e neste caso não há dúvidas: o médium está mistificando um ato sagra­do da espiritualidade.

Outro aspecto a ressal­tar é que esse estágio es­piritual, onde se encontra Exu, em nada o impede de trabalhar harmoniosamen­te com as entidades mais evoluídas, até porque a questão hierárquica, no Pla­no Astral, é sublimada: lá não existem disputas pelo poder, pois, todos estão conscientes de suas tare­fas e de seus graus. Bom, agora que já transcorremos de forma esclarecedora, sobre o tema, conheça mais sobre alguns guardiões e suas falanges.

Corrente dos Exus e Pombo-giras

Tranca Ruas - Falange das Almas
Tiriri - Falange das Encruzilhadas das Matas
Sete Encruzilhadas - Falange das Encruzilhadas
Meia-Noite - Falange dos Cruzeiros
Maria Padilha - Falange das Almas
Sete Saias - Falange das Encruzilhadas
Maria Molambo - Falange da Lira


EXU E A SUA FORMA ORIGINAL

Na tentativa de manter o culto aos seus deuses no Brasil, os negros escravos buscaram pontos de convergência entre a trajetória dos santos católicos e os dezesseis orixás do culto do Candomblé, mais conhecidos e tradicionalmente cultuados. Exu foi representado no sincretismo católico, pelos negros africanos, por Santo Antônio, simplesmente por questões similares como a cor de ambos e governança: o número sete, os cemitérios, encruzas e sua personalidade forte.

Este orixá foi o que mais sofreu uma perseguição sistemática, pelos missionários catequizadores, sendo associado ao Diabo. Nesta mistura de mentiras, médiuns despreparados recebiam espíritos que se passavam por Exu, dizendo que era o Demônio, fazendo com que comerciantes inescrupulosos e ignorantes criassem uma imagem de Exu, cada vez mais distorcida e tenebrosa. Exu, sobre esta concep­ção, ganhou chifre, rabo e pata de animais. Verdade é que, a forma original de Exu é humana, ele tem dois braços, duas pernas, dois olhos e uma cabeça! Os espíritos que compõem a falange de Exu são espíritos como nós, contemporâneos até. Essa associ­ação, indevida e maldosa, com o passar do tempo, foi caindo no gosto popular e na psique de pessoas mentalmente e espiri­tualmente doentes, que começaram a construir a visão irreal de que Exu é o Demônio. Diferente dos quiumbas, zombe­teiros e outros espíri­tos oportunistas, que podem mistificar os trabalhos espirituais e se passarem por Exu, cada ser humano têm, pelo menos, um casal de Exus que influenci­am permanentemente em seu destino.

Para fechar esta primeira parte da matéria, esclareçamos outro mito: independe do sexo e da sexualidade do médium a incorporação de um Pombo-gira ou Exu. Isto quer dizer que um médium homem jamais terá sua sexualidade transmutada ou interferida porque incorpora uma Pombo-gira e a recíproca é verdadeira. Estas "lendas" em nada conferem com a realidade da pura espiritualidade e, pelo contrário, distorcem ainda mais a verdade dos fatos.

Para que possamos explicitar melhor o que acabamos de compreen­der, confira as matérias que seguem á esta, onde médium e entidade trabalham para o melhor, indistinta e imparcialmente.


Fonte: Revista Orixás, Candomblé e Umbanda – Ano I – Nº 04

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Mistério da cruz - Preto Velho

Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos cristãos quando um "padre" romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la ... e o mesmo fazia ao sair dela.

O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:

- Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!

- Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do sinal da cruz, meu negro velho?

- É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a dizer-lhe.

- Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É isso, meu negro velho e cansado?


- É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos... e das passagens.

O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos alheios.

Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala particular localizada atrás da sacristia.

Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado do sinal da cruz.

O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um trono, de tão trabalhada que ela era.

- Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?

- Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das coisas deixamos de sentir os "pesos" do lado profano de nossa vida.

O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os mais sábios dos romanos conheciam.

O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano, que perguntou-lhe:

- Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?

- Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.

- Então tudo tem dois lados, meu preto velho?

- Tem sim, meu senhor.

- Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava apoiado sobre sua bengala?

- Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.

- Entendo, meu velho. - murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!

E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.

Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.

E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da existência de passagens entre esses dois lados, etc.

Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder nenhuma das palavras dele.

E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.

Aos poucos estava reescrevendo o Cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.

- Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.

- Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.

- Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.

- "Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao Cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros "padres de todos os padres", uma espécie de "cappo de tutti capos", (os papas) começaram a adaptar os mistérios de muitos povos ao Cristianismo, fundamentando a crença dos muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para oficializá-los e torná-los dogmas.

Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao Cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.

1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados.

a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.

Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.

Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.

b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.

c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.

d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao local que estamos abençoando (cruzando).

e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o lado sagrado dela.

f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado exteriorize- se diante dela e passe a protegê-la.

) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.

h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.

i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: - Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim.

Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do Cristianismo e se esmeravam em conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos deles que os elegeriam.

Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas classes mais abastadas.

E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao Cristianismo!

Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.

A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo "católico" que significava "universal" e universalizaram suas praticas de mercadores da fé.

Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas, que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse que consistia em acabar com as outras religiões.

No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos, propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.

O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo, hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a questão dos dízimos cobrados por eles.

Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na declaração dos bens das suas igrejas.

Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então.

O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas.

No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda às suas estripulias intramuros palacianos.

O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas e pessoas.

Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com "tudo": A grana que arrecadavam, parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao Cristianismo que havia tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida.

Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular).

Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da segunda metade do século IV d.C.

Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.

E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha aprendido com ele, aconteceu ao contrário.

O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).

Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública).

Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um "reciclador" barricas de um óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).

E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco.

Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo: "Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!"

Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido:

"Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos senhores dos Mistérios mas que acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto?


"É sim, meu divino pai Obaluaiyê!" disse o preto velho.

Por Rubens Saraceni