terça-feira, 15 de março de 2011

Quando a gira girou

Uma música... Mas independente de seu gosto musical, esta música do Zeca Pagodinho merece ser escutada com muita atenção na mensagem que ela passa.
Axé!

sábado, 12 de março de 2011

A influência do negro no cotidiano

As características do povo brasileiro vêm sendo descritas há muito tempo. Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Hermano Vianna relatam e enfatizam o enriquecimento da cultura brasileira com suas bases índias e negras, que formam o Brasil e o plasmam "como um povo mestiço na carne e no espírito, herdeiro de todas as taras e talentos da humanidade"(Ribeiro, 1995). Desse modo, "todo brasileiro, mesmo alvo e de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra ou pelo menos a pinta do indígena e do negro, principalmente do negro, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno. Somos um povo novo feito de povos milenares."(Freyre, citado por Superfilmes O povo brasileiro)

Neste mesmo trabalho, Hermano Vianna afirma que "todos nós somos mestiços. Qualquer povo é produto do encontro de várias culturas. (...) Todos os povos de certa forma tentavam se pensar como puros, no início da história daquilo que é o ser francês, o ser alemão, etc. Uma lição importante que o Brasil pode dar aos outros povos é aceitar o desafio da mistura, aceitar a idéia de que nós não temos uma essência, uma pureza, mas que somos desde sempre mestiços, que é a partir daí que temos de reinventar uma maneira de estar no mundo."O preconceito de alguém em relação a qualquer povo é um ato de ignorância, pois refere-se a si próprio.

O escritor paranaense, Inami Custódio Pinto, em fase final da preparação de seu próximo livro sobre o folclore, afirma que "nossa população ainda está em formação. Acredito que não vamos esperar mais do que 150 a 200 anos para que ela se homogeinize, e a população futura do Brasil será de mulatos e morenos, pode crer."

Os costumes alegres trouxeram a tendência do seu espírito às festas profanas e religiosas, trazendo danças, cantos, músicas ardentes, o samba, a modinha, que é produto mestiço, resultado do encontro do árabe da península e do árabe do oriente africano, modificados no Brasil. "Nas relações sociais, a brandura cordial do negro deu entrada a hábitos de ternura como fazem os mocorongos (mulatos), matutos do Estado do Rio que se cumprimentam com um aperto de mão, seguindo-se por um toque mútuo no ombro direito, terminando com um novo aperto de mão", enfatiza o escritor.

No centro dos debates sobre preconceitos, discriminações injustiças existentes em relação aos negros, quase não se fala de sua contribuição científica, percebida no cotidiano. João Dornas Filho (1902-1962), historiador, na obra A influência social do negro (1943, p. 11), afirma que ele é responsável pela maioria das características do povo brasileiro. "Ele foi o esqueleto, o arcabouço que afeiçoou a nossa raça, dando-lhe não só as linhas como a homogeneidade, que só a língua e a religião não teriam sido capazes de conseguir."

De acordo com Inami, "o Brasil passa o que passa e consegue sobreviver devido à índole, também herdada do negro. Quanta docilidade, apesar de escravos. Você vê, as amas-de-leite amamentavam os filhos de seus algozes..."

Afirma Dornas Filho (1943, p.18) que "dessa amalgamação de almas e costumes, ficou uma infinidade de festas e folguedos que ainda hoje perduram". Entre as festas cita-se a congada, o reizado, que se deixou influenciar pelo catolicismo, dando a característica do pitoresco. Alguns aspectos da influência do negro estão presentes na formação e estabilização das grandes propriedades agrícolas, do desenvolvimento da indústria do açúcar, da mineração do ouro e do diamante, da agricultura da cana-de-açúcar e do café. Ele trouxe um estádio mais adiantado de civilização, pois ele já vivia na África trabalhando uma agricultura regular, pastoreando o gado e conhecendo a siderurgia. Ele trouxe o processo de redução de ferro, remanescente provável de alguma instituição árabe no oriente africano, pois utilizava métodos aqui desconhecidos."

No cotidiano alimentar, "a influência africana se exerce no angu, no vatapá, no chuchu, no jerimum (abóboras e morangas) e no quiabo, além da noz de cola, do azeite de dendê, do pano, do sabão da Costa e da galinha de Angola, grande poedeira e de carne deliciosa", destaca Inami.

Lucildo Sergio, representante da etnia negra em Curitiba, ressalta que "ainda é pequena a representatividade dos negros em cargos de alto escalão, na política e nas universidades. Mas já houve um espaço conquistado, pois, no início, os negros eram trocados por coisas. Por meio de lutas pela sua libertação, como a de Zumbi do Quilombo dos Palmares, houve conquistas de espaços sociais, pela demonstração dos talentos e da cultura."

Afirma não sentir preconceito em seu ambiente de trabalho, mas que ainda falta muito para que todos tenham as mesmas oportunidades, como quer a Constituição Brasileira. Para ele, a influência do negro no cotidiano se exerce pelo símbolo do futebol, Pelé, mas especialmente pelo samba. "No dia-a-dia, ao ouvir o samba, as pessoas estão usufruindo daquilo que o negro criou. Elas podem não parar para pensar, mas isso ocorre e elas estão em contato com os elementos que fazem parte da etnia negra", afirmou Lucildo.





Zélia Maria Bonamigo, jornalista, especialista em Mídia e Despertar da Consciência Crítica. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
E-mail: zeliabonamigo@terra.com.br
Fonte: http://www.parana-online.com.br/editoria/policia/news/28494/

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mãe Maria e a Umbanda

1. Introdução
Maria, mãe de Jesus, vai muito além do Catolicismo e do Cristianismo, vemos sua presença em grandes religiões como o Islã, onde ela assume o papel de mãe do profeta Jesus, no entanto é possível encontrar Maria nos cultos ou religiões sincréticas das Américas. O colonizador europeu trouxe o africano como escravo e ambos se instalaram nesta terra do índio. Logo as culturas do branco, do negro e do vermelho se encontraram de forma particularizada em diferentes regiões deste continente. E assim chegou Maria ao Brasil, onde foi acolhida também pela religiosidade popular, associada e comparada com divindades e entidades do mundo mítico afro-indígena. Neste contexto está, também, a Umbanda, nascida da miscigenação tão brasileira, no seu jeito de ser, fruto de mitos, ritos e símbolos os mais variados.


2. Objetivo
O objetivo deste estudo é ressaltar alguns pontos da presença de Maria na Umbanda. Verificamos um sincretismo dinâmico. “Maria Virgem” se identifica com Oxum e “Maria Mãe” se identifica com Yemanjá, em que a relação santo/orixá varia segundo diferentes pontos de vista. Para além de um altar essencialmente católico, podemos observar Maria em outros aspectos da liturgia, como a Festa de Yemanjá e a identificação dos templos com nomes de santos.

Hoje a umbanda passa por uma mudança de paradigma, no que diz respeito a sua literatura, escrita de “umbandista para umbandista”, surge uma literatura psicografada de umbanda e novas abordagens sobre a relação de Maria na Umbanda. Sendo uma religião muito aberta e inclusiva acolhe diferentes e novas formas de entender a presença de Maria. Vamos aqui apenas esboçar alguns aspectos, conscientes da complexidade da Umbanda e dos diferentes ângulos que as Ciências da Religião nos oferecem para aprofundar a questão.


3. Maria na história da Umbanda
O primeiro templo de Umbanda de que se tem noticia traz o nome de “Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade”, quem nos conta a história de sua fundação é o Sacerdote de Umbanda, Ronaldo Linares, Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC (FUGABC), criador do primeiro curso de formação de sacerdotes de Umbanda.



Dia 15 de Novembro de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz de 17 anos, incorporou o espírito de Frei Gabriel de Malagrida, queimado na inquisição. O espírito do Frei revelou que, em uma vida posterior, nasceu como índio no Brasil, preferindo ser identificado, agora, como “Caboclo das Sete Encruzilhadas” e que vinha para trazer a Religião de Umbanda. Sua “igreja” se chamaria Nossa Senhora da Piedade, pois assim como Maria acolheu a Jesus, a Umbanda acolheria os filhos seus.

Zélio vinha de uma família de origem católica e no seio deste lar tiveram início as sessões mediúnicas de Umbanda, onde já havia um pequeno altar católico. Com o tempo, o espírito de um “preto velho”, escravo de origem africana, “Pai Antônio”, traria o conhecimento dos orixás africanos associados aos santos católicos. Nascia o sincretismo de Umbanda, Maria já estava presente e enraizada nos valores religiosos e espirituais dessa família.

No decorrer dos tempos surgiriam milhares e milhares de Templos de Umbanda, identificados como “tendas”, “centros”, “casa” ou “terreiros” de Umbanda, nos quais a exemplo da primeira “Tenda de Umbanda”, estariam presentes as “Marias”, identificando estes templos como: “Tenda Nossa Senhora da Conceição”, “Tenda Nossa Senhora da Guia”, “Nossa Senhora de Sant’Ana”, “Nossa Senhora dos Navegantes” e outras como “Estrela D’alva”, “Tenda Nossa Senhora Aparecida”, “Casa de Maria” etc.



4. Maria no altar de Umbanda
Oxum representa o amor, a pureza, a beleza, inocência e concepção, enquanto Yemanjá representa a mãe universal, mãe dos orixás, aquela que mantém e gera a vida. Ambas se manifestam na água, Oxum nas cachoeiras e Yemanjá no mar.



O sincretismo de Maria com os Orixás se faz notar principalmente no altar de Umbanda, que é um altar composto por imagens católicas. Encontraremos a imagem de Nossa Senhora da Conceição ou de Nossa Senhora Aparecida, fazendo sincretismo com Oxum. Yemanjá é o único orixá que tem uma imagem própria, umbandista, não católica, assim mesmo encontramos sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora das Graças.



5. Um olhar sociológico
Cândido Procópio Ferreira de Camargo, no final da década de 50, dedicou parte de seu tempo ao estudo das “Religiões Mediúnicas” e registrou no livro “Kardecismo e Umbanda: uma interpretação sociológica”, o resultado de sua pesquisa de campo, onde descreve um Terreiro de Umbanda: “No ‘terreiro’ propriamente dito, barracão com cerca de 50m², há um altar, semelhante aos católicos . O ‘Orixá’ guia do ‘terreiro’ assume lugar de destaque , sob a figura do Santo Católico correspondente. São Jorge, Nossa Senhora, São Cosme e São Damião são os Santos mais comuns que integram o altar, além do Cristo abençoando, de braços abertos.”



Procópio Ferreira dedica especial atenção ao sentimento de pertença daquele que busca as “religiões mediúnicas”, observando que boa parte dos freqüentadores consideram-se Católicos.

Embora já tenha decorrido meio século e a umbanda venha mudando de perfil, na busca de identidade, ainda nos dias de hoje observamos este fato em menor grau. Para evitar preconceito da sociedade ou desinformação, alguns dos adeptos, da Umbanda, identificam-se de pertença espírita, não fazendo distinção entre sua prática e a criada por Allan Kardec.

Ao adentrar um terreiro de Umbanda pela primeira vez muitos o fazem com certo receio do desconhecido, mas se deparando com um altar católico sentem-se confortados e tranqüilos. Jesus de braços abertos e Maria a seu lado, junto com todos os outros santos, continuariam a guiar sua fé, agora ao lado da tão popular Yemanjá.

O sincretismo, neste caso, serve de amparo para que o desconhecido se apresente através de elementos já conhecidos. O Católico se sente à vontade para justificar sua pertença, assim como, fica clara a importância do altar para a recepção e a conversão do novo adepto.



6. Festa de Yemanjá
Na década de 50 foi criada uma imagem brasileira para Yemanjá, de pele branca, cabelos negros, vestida de azul, pairando sobre o mar, seu vestido se funde às ondas e derrama pérolas pelas mãos. Esta é uma imagem umbandista e embora todos aceitem Maria como Yemanjá e Oxum, quase não se usa uma imagem católica para Yemanjá, pois ela tem o privilégio de ter imagem própria.



Na Umbanda paulista desde 1969, realiza-se anualmente a Festa de Yemanjá, na Praia Grande, onde está a tradicional imagem de Yemanjá, em Cidade Ocian.

Recentemente, o município de Mongaguá, recebeu uma grande imagem de Yemanjá doada pela FUGABC. A Rainha do Mar reina sozinha nestas duas praias do litoral sul paulista, sendo, dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, a Festa de Yemanjá. Já as comemorações de Oxum ficaram para o dia de Nossa Senhora Aparecida e todo o resto do calendário umbandista é orientado por datas católicas, correspondentes aos santos e orixás.

7. Quatro olhares para o sincretismo afro-católico na Umbanda
O olhar para o sincretismo assume diferentes aspectos dentro da Umbanda, devido à liberdade de interpretações que existe dentro dela mesma. O umbandista tem diferentes formas de se relacionar com Maria, que resultam em olhares diferentes para o sincretismo. Coloco aqui quatro olhares distintos:
  • O primeiro olhar é um “olhar católico”, de desinformação sobre a cultura afro. O recém convertido ou o adepto ao ser questionado por exemplo, de quem é o Orixá Oxum ou Yemanjá responde simplesmente que é Maria Mãe de Jesus. Não há um interesse pela cultura e a presença da divindade africana.
  • O segundo olhar é um “olhar afro” de desinteresse pelo Santo Católico, a presença do mesmo é apenas figurativa para representar o Orixá, divindade que não possui uma imagem feita de gesso para ir ao altar, com exceção de Yemanjá. Assim Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora das Graças está no altar apenas como uma referência simbólica para se alcançar e louvar, quem realmente está lá, Orixá Oxum.
  • O terceiro olhar é um “olhar de fusão” pelo qual Maria, Oxum e Yemanjá se fundem, não há mais uma e outra, Maria é Oxum e também Yemanjá. As lendas e os mitos se confundem e se apresentam nos cantos, neles vemos “Maria a mãe dos Orixás”, “Maria filha de Nanã Buroquê, a avó dos Orixás” ou “Yemanjá mãe de todos os santos”. Inclusive o conceito de santo e orixá se confundem. O adepto se expressa dizendo “meu santo de cabeça é Oxum”, para esclarecer que este Orixá é o “dono de sua cabeça”, seu regente ou padrinho.
  • Há ainda um quarto olhar, que é o “olhar de convivência”. É um olhar que reconhece a afinidade entre os Santos e Orixás, Nossa Senhora da Conceição tem sincretismo com Oxum porque ambas tem as mesmas qualidades. Santo e orixá convivem juntos em harmonia, a qualidade e presença de um não diminui o outro. Existem clareza e esclarecimento sobre a origem e cultura que envolve santo e orixá. Oxum não é Maria, mas ambas têm as mesmas qualidades e convivem juntas e em harmonia. Sozinhas elas já ajudam, juntas ajudam muito mais.

8. Uma nova experiência de Maria na Umbanda
Já comentamos, linhas acima, que a religião de Umbanda vem mudando de perfil, buscando sua identidade e, porque não, até mudando alguns paradigmas. Até alguns anos a literatura chamada de “psicografada” ou “escrita mediúnica”, pela qual os espíritos dão sua mensagem escrita, eram de característica do Espiritismo “Kardecista”. Nos últimos anos vem se observando uma literatura “psicografada de Umbanda”, ou seja, livros de Umbanda escritos de forma mediúnica.
Essa mudança de paradigma deve-se a um autor umbandista, Rubens Saraceni, que já publicou mais de 50 títulos nos últimos 13 anos, o que vem incentivando outros umbandistas a realizarem a mesma experiência.

O autor psicógrafo, médium e sacerdote de Umbanda, Rubens Saraceni, criou o primeiro curso livre de “Teologia de Umbanda”, para estudar de forma teórica e teológica as questões pertinentes à Umbanda, vista de dentro. Na “Teologia de Umbanda” se reconhece que Deus é Um com muitos nomes diferentes, como Alá, Zambi, Tupã, Olorum, El, Adonai, Jah, Javé, Aton, Brahman, Ahura Mazda entre outros. Da mesma forma os diversos “Tronos de Deus”, “Divindades” ou Deuses se manifestam em várias culturas, “à moda” de cada uma delas. Assim o “Trono Feminino do Amor” ou “Divindade feminina do Amor” é conhecida como Oxum, Isis, Lakshimi, Afrodite, Vênus, Hebe, Kwan Yin, Freyija, Blodeuwedd, entre outros nomes, sendo a mesma, manifesta sob diferentes formas. Maria personifica este trono na cultura católica, portanto seu sincretismo com Oxum torna-se natural, legítimo e Justificado. Maria tem as qualidades do “Trono Feminino do Amor” e do “Trono Feminino da Geração”, como Yemanjá, Tétis, Hera, Parvati, Danu, Friga e outras. Todas as divindades convivem juntas e se expressam de muitas formas, lembrando a idéia das “Máscaras de Deus”.

9. Conclusão
Podemos ainda lembrar que Maria ocupa o posto que antes pertencia às “Deusas Pagãs”. O Catolicismo fez sincretismo de culturas e valores, durante sua expansão por territórios desconhecidos ao cristianismo. Podemos dizer que a Deusa também está no inconsciente coletivo que busca elementos conhecidos para concretizar-se em uma realidade palpável.

Por fim, podemos dizer que onde houver duas ou mais culturas haverá sempre o sincretismo, que marca o encontro entre elas. Maria faz parte de uma cultura que dominou todo o Ocidente e boa parte do Oriente. No mundo pós-moderno e globalizado, cada vez mais encontraremos sincretismos e associações a Maria.

Independente de como possa ser interpretada, concluímos que Maria também faz parte da Religião de Umbanda e se manifesta de formas diferentes dentro desta mesma religião.

Bibliografia:
BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo e Editora Livraria Pioneira, 1971.
CAMARGO, Candido Procópio Ferreira de. Kardecismo e Umbanda: Uma Interpretação Sociológica. São Paulo: Editora Livraria Pioneira, 1961.
CUMINO, Alexandre. Deus, Deuses, Divindades e Anjos. São Paulo: Editora Madras, 2008.
LINARES, Ronaldo; TRINDADE, Diamantino e VENEZIANI, Wagner. Iniciação à Umbanda. São Paulo: Editora Madras, 2007.
SARACENI, Rubens. Orixás: Teogônia de Umbanda. São Paulo: Editora Madras, 2005.
SARACENI, Rubens e XAMAN, Mestre. Os Decanos: Os Fundadores, Mestres e Pioneiros da Umbanda. São Paulo: Editora Madras, 2003.
SARACENI, Rubens. Doutrina e Teologia de Umbanda. São Paulo: Editora Madras, 2008

domingo, 6 de março de 2011

Estudo histórico das sete linhas da Umbanda

Por Alexandre Cumino

Se é preciso que eu tenha um nome,
Me chame de Caboclo das Sete Encruzilhadas,
Porque não haverão caminhos fechados para mim!

Com estas palavras, no dia 15 de Novembro de 1908, se apresentou a entidade que, por meio de Zélio de Moraes, fundaria a Umbanda no Brasil.
Desde então o número sete tem sido fundamental para entender a religião, de tal maneira que surge uma classificação, chamada de Sete Linhas de Umbanda, onde acomodam-se Orixás, Santos, Anjos Arcanjos e Entidades Espirituais, relacionando-se com cores, pedras, ervas, dias da semana, notas musicais e o que mais puder agrupar nesta escala.
Sete Linhas de Umbanda já foi um tema muito polêmico pois cada autor umbandista apresentava sua visão particular sobre quais e “quantas” seriam estas linhas.
Alguns foram inspirados e originais em suas versões, outros simplesmente adaptaram novos elementos ao que já existia sobre o assunto.
Podemos dizer que a origem das Sete Linhas de Umbanda está em Deus, no Setenário Sagrado ou Coroa Divina. No entanto é do interesse de todos nós, umbandistas, um resgate cultural e histórico desta questão “Sete Linhas de Umbanda”.
Zélio não deixou nada escrito, mas, teve filhos e discípulos, se posso assim dizer, que falaram e falam sobre a forma como entendia as Sete Linhas de Umbanda.
O primeiro livro de Umbanda, que se tem noticia, publicado em 1933, chama-se O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda. Escrito por Leal de Souza, médium preparado por Zélio de Moraes, nos apresenta as Sete Linhas de Umbanda desta forma:
1ª Linha de Oxalá – Jesus – branco
2ª Linha de Ogun – São Jorge – vermelho
3ª Linha de Euxoce – São Sebastião – verde
4ª Linha de Xangô – São Jeronymo – roxo
5ª Linha de Nhá-San – Santa Bárbara - amarela
6ª Linha de Amanjar – N. S. da Conceição – azul
7ª Linha de Santo
Na explicação de Leal de Souza, a Linha Branca de Umbanda é que se divide nestas Sete Linhas e que além da Linha Branca há a Linha Negra formada pelos Exus e que é tratada a parte. A Sétima Linha é formada por espíritos egressos da Linha Negra e que trabalham principalmente no campo da demanda, de cortar trabalhos de Magia Negra.
Em conversa com Dona Lygia Cunha, Filha de Dona Zilméia de Moraes Cunha, neta de Zélio de Moraes e atual dirigente da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, nos afirmou que as Sete Linhas de Umbanda, segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas e Zélio de Moraes, são:
1. Oxalá – Branco
2. Ogum - Vermelho
3. Oxossi - Verde
4. Xangô – Marrom ou Roxo
5. Yemanjá – Azul Claro
6. Iansã - Amarelo
7. Exu - Preto
O que se aproxima muito da leitura de Leal de Souza, na qual se inverte a posição de Iansã e Yemanjá, definindo a Linha de Santo agora como a Linha de Exu.
Em 1941 se realizou o “Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda”, onde foi apresentado um trabalho com o titulo:
“INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LINHA BRANCA DE UMBANDA”
“Memória apresentada pela Cabana de Pai Thomé do Senhor do Bomfim, na sessão do 26 de Outubro de 1941, pelo seu Delegado Sr. Josué Mendes.”
Neste trabalho é apresentado um esquema da seguinte forma:
“A LINHA BRANCA DE UMBANDA E A SUA IERARQUIA”
“Os 7 Pontos da Linha Branca de Umbanda”
1° Grau de iniciação, ou seja o 1° Ponto – ALMAS
2° Grau de iniciação, ou seja o 2° Ponto – XANGÔ
3° Grau de iniciação, ou seja o 3° Ponto – OGUM
4° Grau de iniciação, ou seja o 4° Ponto – NHÃSSAN
5° Grau de iniciação, ou seja o 5° Ponto – EUXOCE
6° Grau de iniciação, ou seja o 6° Ponto – YEMANJÁ
7° Grau de iniciação, ou seja o 7° Ponto – OXALÁ
São as mesmas Sete Linhas de Umbanda que aparece na obra de Leal de Souza, apenas em posições diferentes.
Pai Ronaldo Linares, que também conviveu com Zélio de Moraes, apresenta as Sete Linhas de Umbanda, fundamentado nos ensinamentos que recebeu do “Pai da Umbanda”. E afirma que “Zélio de Moraes esclareceu que destas Tendas originárias da Tenda Nossa Senhora da Piedade deveriam nascer as Sete Linhas de Umbanda e que seriam representadas por sete cores.”[1] A saber:
“A primeira linha é caracterizada pela cor amarelo ouro bem clarinho e que seria a cor da Tenda de Santa Bárbara. O Orixá correspondente é INHAÇÃ...”
“A segunda linha é caracterizada pela cor rosa, correspondente a Tenda Cosme e Damião... O Orixá correspondente é IBEJI...”
“A terceira linha é caracterizada pela cor azul. Com vários Santos Católicos sincretizados com ela, a saber: Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Guia. O Orixá que corresponde é IEMANJÁ...”
“A quarta linha é caracterizada pela cor verde, representando a Tenda São Sebastião... O Orixá correspondente é OXOSSE...”
“A quinta linha é caracterizada pela cor vermelho, representando a Tenda São Jorge. O orixá correspondente é OGUM.”
“A sexta linha é caracterizada pela cor marrom, representando a Tenda São Jerônimo. Seu Orixá correspondente é XANGÔ...”
“A sétima linha é caracterizada pela cor violeta ou roxo, corresponde a Tenda de San’Ana... O Orixá correspondente é NANÃ...”
“Finalmente temos a cor negra, corresponde a Tenda de São Lázaro (Nas Palavras de Ronaldo Linares). É a ausência da cor e da luz da vida. Zélio de Moraes explica que as cores branco e preto não fazem parte das sete linhas, pois o branco que é a presença da luz, existe em todas elas e o negro, que é justamente a ausência da luz, está justamente na ausência delas... O Santo Católico São Lázaro é sincretizado com o Orixá ABALUAÊ ou OMULU... Este Orixá é conhecido ainda pelos nomes de XAPANÃ, ATOTÕ, e BABALÚ. ”
“O Orixá maior da Umbanda é OXALÁ... o Chefe para o qual convergem todas as linhas, assim perfeitamente identificado na invocação com Jesus Cristo.”
Pai Ronaldo Linares, pessoalmente, me falou já por diversas vezes que em conversa com Zélio de Moraes sobre as Sete Linhas de Umbanda, este teria lhe afirmado que ninguém havia entendido o que são estas Sete Linhas. E para defini-las afirmou que as mesmas podem ser entendidas em analogia com uma luz branca que ao passar por um prisma se decompõe em sete cores do outro lado. O que em nossa limitada visão se amolda perfeitamente na idéia de que Sete Linhas São Sete Vibrações da Luz Divina que se adapta ou se amolda as concepções mais variadas a cerca de nomes e formas de compreende-las; seja por meio de Cores, Anjos, Santos, Orixás ou Tronos de Deus.
Lourenço Braga, em 1942, publica o título “UMBANDA (magia branca) e QUIMBANDA (magia negra)” , apresentando pela primeira vez mais sete subdivisões para cada uma das linha. São Sete Linhas e quarenta e nove Legiões. Nas primeiras páginas ele esclarece:
“Trabalho apresentado no 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo, denominado Lei de Umbanda, realizado nesta cidade do Rio de Janeiro, entre 18 e 26 de outubro de 1941”
“Instado e auxiliado pelos guias espirituais, mercê de deus, resolvi escrever o presente livro sobre a Lei de Umbanda - (Magia Branca) – e sobre a Lei de Quimbanda – (Magia Negra).”
Capitulo II
“A LEI DE UMBANDA E A LEI DA QUINBANDA”
“Não se deve dizer – “Linha de Umbanda” - , mas sim, - “Lei de Umbanda” - ; Linhas são as 7 divisões de Umbanda.”
1ª Linha de Santo ou de Oxalá – dirigida por Jesus Cristo
2ª Linha de Iemanjá – dirigida pela Virgem Maria
3ª Linha do Oriente – dirigida por São João Batista
4ª Linha de Oxóce – dirigida por São Sebastião
5ª Linha de Xangô – dirigida por São Jerônimo
6ª Linha de Ogum – dirigida por São Jorge
7ª Linha Africana ou de São Cipriano – dirigida por São Cipriano
Aqui vemos que o autor coloca suas sete linhas muito próximas das sete linhas de Leal de Souza, que será o grande modelo copiado, alterado e adaptado pela maioria dos autores posteriores. Lourenço Braga mudou a “Linha de Nha-San” por “Linha do Oriente” e definiu a “Linha de Santo” como “Linha Africana”.
Também apresenta o autor as Sete Linhas da Quimbanda:
Linha das Almas
Linha dos Caveiras
Linha de Nagô
Linha de Malei
Linha de Mossurubi
Linha dos Caboclos Quimbandeiros
Linha Mista
Em 1955 o mesmo Lourenço Braga publica “UMBANDA E QUIMBANDA – VOLUME 2”, onde ele mesmo admite que: “venho agora, embora contraditando alguma coisa do que eu já havia escrito, levantar a ponta do véu mais um pouco”, completando na outra página, “Os brasileiros crentes de UMBANDA, em virtude da mentalidade implantada pelo catolicismo, procuraram dar aos ORIXÁS, chefes das 7 linhas , nomes de entidades cultuadas na Religião Católica”... “A verdade, porém, é que os ORIXÁS SUPREMOS, Chefes dessas linhas, em correspondência com os planetas e as cores, são os 7 arcanjos, os quais, mantém, entidades evoluídas, chefiando essas linhas, obedientes às suas ordens diretas, as quais nada têm a ver com os santos do Catolicismo...” Ficando assim:
Linha de Oxalá ou das Almas – Jesus – Jupter – Roxo
Linha de Yemanjá ou das Águas – Gabriel – Vênus – Azul
Linha do Oriente ou da Sabedoria – Rafael – Urano – Rosa
Linha de Oxoce ou dos Vegetais – Zadiel – Mercúrio – Verde
Linha de Xangô ou dos Minerais – Orifiel – Saturno – Amarelo
Linha de Ogum ou das Demandas – samael – Marte – Vermelho
Linha dos Mistérios ou Encantamentos – Anael – Netuno – Laranja
A Novidade na obra de Lourenço Braga é apresentar Sete Subdivisões para cada uma das Sete Linhas de Umbanda, veja de forma detalhada no anexo ao final do texto.
Maria Toledo Palmer autora de Chave de Umbanda, 1949, e A Nova Lei Espírita de Jesus, 1953, recebeu em 1948 ordens do astral para fundar na terra “A Nova Lei Espírita: Jesus a Chave de Umbanda”. Apresenta as Sete Linhas das Sete Leis de “Jesus, A Chave de Umbanda”:
1. Céu
2. Terra
3. Água
4. Fogo
5. Mata
6. Mar
7. Almas
Oliveira Magno autor dos livros Umbanda Esotérica e Iniciática, 1950, e Umbanda e Ocultismo, 1952, reconhece Leal de Souza como o primeiro autor de Umbanda, apresenta por sua vez as Sete linhas de Umbanda desta forma:
Oxalá,
Iemanjá,
Ogum,
Oxosse,
Xangô,
Oxum e
Omulu
Observe que com relação as linhas de Leal de Souza, trocou apenas Nha-San por Oxum e Linha das Almas por Omulu.
Aluizio Fontenele, 1951, adotou ao pé da letra as sete linhas de Lourenço Braga, sua inovação foi a de associar os nomes de Exus aos nomes dos “demônios” da Magia Negativa (“Magia Negra” ou Goécia) Européia. Começando um processo de demonização interna dos Exus de Umbanda.
Yokaanam publica em 1951º Evangelho de Umbanda obra polêmica, apresenta as Sete Linhas de Lourenço Braga e critica dizendo: “Eis o que os africanistas apresentam como ‘UMBANDA’! Mera confusão!”. Apresenta 7 Legiões que tem como patronos 7 “Orixalás”. Acima delas está o Paraninfo ou Patrono de Honra: Jesus – “Oxalá” e abaixo como segue:
1ª S. João Batista – “Xangô-Kaô” (Xangô maior), Rosa.
2ª Santa Catarina de Alexandria – “Yanci”, Azul.
3ª Custódio – Cosme e Damião – “Ibejês”, Branco.
4ª S. Sebastião – “Oxóce”, Verde.
5ª S. Jorge – “Ogum”, Vermelho Escarlate.
6ª S. Jerônimo – “Xangô”, Roxo Violeta.
7ª S. Lázaro – “Ogum de Lei”
O autor faz algumas observações, afirma que a Legião de Santa Catarina – “Yanci” – era antes de N.S. da Conceição – “Yemanjá” que passou o comando para sua “legitima substituta”. Também observa que S.Lázaro de modo algum pode ser confundido com “Omulu”, que na opinião dele é “rei da destruição, caveira, espírito do cemitério”.
Para cada uma destas “Legiões” o autor apresenta seus correspondentes “Chefes de Falange” (Orixás), Guias-Chefes (Pequenos Orixás – Chefes de Divisões), Guias (Chefes de Grupos) e Guias Individuais.
Por Exemplo:
Legião de São Jorge – “Ogum” – (Patrono)
Chefes de Falanges – “Orixás” - : Caboclo Águia Branca – Ogum Mearim – Ogum Guerreiro – Ogum da Cruzada – Ogum Rei – Ogum do Oriente – Ogum do Mar – Ogum da Estrela – Ogum Menor – Ogum Mensageiro – Ogum do Hymalaia – Ogum do Deserto – Ogum da Campina – etc.
Guias Chefes: Ogum Rompe Mato – Sete Flexas – Caboclo Pena Vermelha – Caboclo Ipê – Caboclo Araxá – Caboclo Nanzan – Caboclo Pena Branca – Caboclo Mirim – Ogum da Lua – Ogum Megê – Ogum da Mata – Ogum Yara – Ogum Beira Mar – Ogum da Montanha – Ogum Sete Cachoeiras – Ogum Cavaleiro – Ogum do Congo – Ogum da Lagoa – Ogum da Angola – etc.
Guias: Caboclo Miramar – Caboclo Sete Caminhos – Caboclo Gurupí – Caboclo Vigilante – Caboclo da Lua – Caboclo Flexa de Ouro – Caboclo das Sete Espadas – Caboclo Tietê – Caboclo Araçá – Caboclo Rio Negro – Caboclo Tupiniquim – Caboclo Tupiára – Caboclo Tocantíns – Caboclo Solimões – Caboclo Araraquara – Caboclo Pirajá – Caboclo Paraguaçu – Caboclo Jaguaribe – etc.
Florisbela M. Souza Franco autora de dois títulos conhecidos, UMBANDA, 1953 e Umbanda para os Médiuns, 1958. No primeiro apresenta as Sete Linhas de Umbanda abaixo:
Linha de Santo
Linhas do Mar
Linha Oriental
Linha de Oxosse
Linha de Xangô
Linha de Ogum
Linha Africana
Benjamim Figueiredo, fundador da Tenda Espírita Mirim, 1924, e Primado de Umbanda 1952. Apresentou sua forma de entender as Sete Linhas de Umbanda, inspirada pelo Caboclo Mirim, registrado em suas apostilas “Umbanda – Escola da Vida” bem como publicada em 1961 no livro Okê Caboclo, como segue abaixo:
Oxalá,
Ogum,
Oxosssi,
Xangô,
Ybeji,
Yofá e
Yemanjá.
W. W. da Matta e Silva, em 1956 publica seu primeiro titulo “Umbanda de Todos Nós”, onde apresenta sua versão para as Sete Linhas de Umbanda, acredita-se que Da Mata tenha sido profundamente influenciado pelos estudos Esotéricos realizados na Tenda Espirita Mirim, no Primado de Umbanda e dos demais grupos em que Benjamim também freqüentou. Da Matta faz surgir em sua obra os conceitos de AUMBANDÃ, apresentados pela Tenda Mirim no Primeiro Congresso de Umbanda, 1941, e traz as Sete Linhas de Umbanda iguais as do Benjamim/Caboclo Mirim, com o detalhe de que aqui Ybeji aparece como Yori e Yofá como Yorimá:
1ª Vibração Original ou Linha de Orixalá
2ª Vibração Original ou Linha de Yemanjá
3ª Vibração Original ou Linha de Xangô
4ª Vibração Original ou Linha de Ogum
5ª Vibração Original ou Linha de Oxossi
6ª Vibração Original ou Linha de Yori
7ª Vibração Original ou Linha de Yorimá
Embora guarde semelhanças o autor critica as Sete Linhas de Lourenço Braga, assim como Yokaanam. Este autor não costumava citar suas fontes de forma adequada, como boa parte dos demais autores umbandistas, como observamos na teoria do AUMBANDÃ.
Em suas Sete Linhas, Matta e Silva, a exemplo de Lourenço Braga apresenta sete subdivisões para cada linha e rebaixa Oxum, Iansã e Nanã Buroque ao grau de Caboclas de Yemanjá, o que já havia sido feito, em parte por Lourenço Braga.
Rubens Saraceni apresenta as Sete Linhas de Umbanda como “As Sete Vibrações de Deus”, afirmando que:
“Deus se manifesta de forma Sétupla nesta realidade humana.”
“As Sete Linhas têm origem em Deus através do Setenário Sagrado.”
“Cada um pode dar o nome que quiser, associar as Sete Linhas a Sete Orixás, Sete Santos ou a Sete Anjos, cada um fala de uma forma diferente, o que ninguém pode negar é que as Sete Linhas de Umbanda são as Sete Vibrações de Deus, que se manifesta em Sete Essências, Sete Elementos e em tudo o mais que Deus Criou.”
Explica que existem muitos Orixás, todos podem ser identificados ou associados às Linhas de Umbanda, no entanto a Criação Divina se estabelece por meio de uma Coroa Divina em que Sete Tronos Originais se manifestam através de Quatorze Tronos que se agrupam em Sete Masculinos e Sete Femininos correspondentes a Quatorze Orixás, dentro das Sete Vibrações, Essências, Sentidos e Elementos correspondentes:
1ª Linha, Sentido da Fé e Elemento Cristalino: Orixás Oxalá e Logunan (Oyá-Tempo)
2ª Linha, Sentido do Amor e Elemento Mineral: Orixás Oxum e Oxumaré
3ª Linha, Sentido do Conhecimento e Elemento Vegetal: Orixás Oxossi e Obá
4ª Linha, Sentido da Justiça e Elemento Fogo: Orixás Xangô e Iansã
5ª Linha, Sentido da Lei e Elemento Ar: Orixás Ogum e Egunitá
6ª Linha, Sentido da Evolução e Elemento Terra: Orixás Obaluayê e Nanã Buroquê
7ª Linha, Sentido da Geração e Elemento Água: Orixás Yemanjá e Omulú
Há ainda outros Orixás que mesmo que não estejam aqui se agrupam da mesma forma. Por exemplo, junto de Oxossi estão os outros Orixás Vegetais como Ossaim, Aroni e Logunedé. Junto de Omulu está Iku (a morte). Junto de Oxalá está Oxaguiã, Oxalufã, Obatalá, Orumilá-Ifá e etc.
Cada Orixá Maior comanda 7 Orixás Intermediários e cada um destes comandam mais 7 Intermediadores ou regentes de nível, abaixo destes estão todos os outros Orixás Naturais, Encantados e Caboclos que se manifestam na vibração deste ou daquele Orixá.
Ao expor este estudo, histórico e literário, dos conceitos, apresentados por autores umbandistas, sobre as “Sete Linhas de Umbanda”, tenho como objetivo, única e exclusivamente, oferecer material para o estudo e / ou observação do que já se falou sobre o assunto.
Através deste estudo podemos comprovar as diferentes formas em que as Sete Linhas de Umbanda vem sendo apresentada desde sua origem, os livros das décadas de 40 e 50 são pouco acessíveis. Encontramos entre os autores deste período, pessoas que se dedicaram e muito na intenção de entender e abordar os conceitos teológicos, doutrinários e ritualísticos da Religião de Umbanda, mesmo sem uma bibliografia sólida.
Não tenho como objetivo apontar este ou aquele autor em graus de acerto ou erro, mas apenas mostrar o que alguns autores pensaram sobre 7 Linhas da Umbanda.
Aos que tiveram a paciência de ler até aqui, agradeço e parabenizo pelo interesse em entender um pouco mais sobre a Religião de Umbanda.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cigana Íris

Esta cigana faz sua magia com as maçãs vermelhas.
Quando joga suas patacas (radem ou moedas), precisa ter uma maçã cortada em quatro partes.
É com esta maçã que ela confirma suas previsões.
A cigana Íris usa sempre um lenço vermelho noelos: é com este lenço que forra a terra para jogar as suas patacas.

Íris adora a cor vermelha, diz que é a força ardente das paixões, do amor e do sangue que corre nas veias dos seres humanos para que eles sobrevivam no planeta Terra.

Esta cigana tem um certo mistério, de que infelizmente não podemos falar.

Quem tem essa cigana, precisa tomar muito cuidado, pois foi da maçã que veio o pecado original da humanidade.

Ela não gosta de mentiras e não admite que as pessoas finjam estar incorporando seu espirito; quando isso acontece, dias depois a pessoa começa a ter dores de cabeça, tonteira e outros problemas de saúde.

Cuidado a meiguice da Íris, pois ela é perigosa quando está irada.

Cigana da saia estampada, seu saquinho contém 17 moedas antigas
amarelas, um rubí, que é seu cristal vermelho, e uma estrela de cinco pontas.

No braço, traz 17 pulseiras douradas e, nas orelhas, argolas dourados. Seu cordão contém 17 moedas pequenas penduradas.

É a cigana do jogo das patacas(moedas): tira o lenço vermelho da cabeça e coloca-o como toalha para jogar as moedas.

Sua fruta predileta é a maçã e a champanghe é sua bebida referida;
gosta de rosas vermelhas e fitas vermelhas penduradas no cabelo.

Seu pandeiro tem fitas e moedas penduradas.

Sua magia é feita com doce de maçã e maçã crua.

Suas oferendas são sempre colocadas em morro que tenha muito verde, no local mais alto; levam sempre maçã vermelha.

Sempre que uma pessoa levar maçã para ela, deve levar junto uma rosa vermelha; passe-a pelo corpo e jogue do alto do morro para baixo. pedindo que ela tire tudo de negativo de sua vida.

O banho de purificação que essa cigana ensina é feito com folha de maçã quinada, a maçã picadinha ou a casca de maçã.

Ela usa muito a simpatia da maçã para o casamento.

Retirado do Livro Mistérios do Povo Cigano de Ana da Cigana Natasha e Edileuza da Cigana Nazira E Como descobrir e cuidar dos ciganos dos seus caminhos de Ana da Cigana Natasha