terça-feira, 29 de novembro de 2011

Concentração nas Reuniões Mediúnicas

Uma das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à concentração.
   A capacidade de controlar, direcionar e manter o pensamento dentro das finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem sempre dá bons resultados. Não raro os pensamentos se dispersam, fixam-se em fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns poucos, então, conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados, porém, como é óbvio, sem alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios vibratórios existentes no ambiente.
   A nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental, pois é fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente prática, extrovertida e imediatista valorizando a horizontalidade da vida terrestre, exatamente oposta ao Oriente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e introvertida e que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a busca da verticalidade.
   Nos últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por algumas práticas orientais, ressaltando-se a meditação, cujos benefícios estão sendo procurados pelos ocidentais, que despertaram para a necessidade de uma busca interior, ou seja, o autoconhecimento.
   A concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a disciplina mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por terem estes mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do Oriente, visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos sobremaneira através desses pontos comuns.

Concentração - Conceito: Concentrar, segundo o dicionário Aurélio, significa "fazer convergir para um centro ou para um mesmo ponto. Aplicar a atenção a algum assunto".
   Um autor oriental, Mouni Sadhu, esclarece que o poder de concentração consiste na "habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema escolhido, pelo tempo que você decidir continuar com ele" (Do livro "Meditação").
   É exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião mediúnica que irá favorecer a realização dos trabalhos.
   Leon Denis, em sua magistral obra "No Invisível", alerta:
                                    "Conforme o seu estado psíquico,
                                      os assistentes favorecem ou
                                      embaraçam a ação dos Espíritos"

Dificuldades de Concentração
   Deixamos a palavra com Leon Denis, que assinala o motivo principal da dificuldade de concentrar:
                      "Na maior parte dos homens os
                      pensamentos flutuam sem cessar.
                      Sua mobilidade constante e sua
                      variedade infinita pequeno acesso
                      oferecem às influências superiores.
                      É preciso saber concentrar-se, pôr
                      o pensamento acorde com o
                       pensamento divino.(...)"
                      ("O Problema do Ser, do Destino
                        e da Dor", cap. XX)
   A reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao tipo de atividade que ali se desenvolve.
   Assim, a dificuldade de concentrar-se nos objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da pouca prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em assuntos edificantes, em ideais e idíeias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente sempre ocupada pelos problemas e questões do cotidiano, por coisas supérfluas e interesses imediatistas, pelo noticiário e programa da TV, por literatura e músicas teor inferior, por conversações extremamente banais e irresponsáveis, e não conseguem esvazia-la desses assuntos para dar campo às influências benéficas dos Espíritos Superiores, dos Mentores que assessoram os trabalhos.
   Ensia Leon Denis:
            "As preocupações de ordem material criam correntes
             vibratórias horizontais, que põem obstáculo às radiações
             etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário,
             a meditação, a contemplação e o esforço constante
             para o bem e o belo formam correntes ascensionais,
             que estabelecem as relações com os planos superiores
            e facilitam a penetração em nós deo eflúvios divinos ".

A importância da concentração mediúnica
  "Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor, de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passsageira junto ao Cristo".
   Nossos pensamentos têm determinado teor vibratório, de acordo com os sentimentos que os tipificam.
   É imprescindível compreendermos que o pensamento é energia viva "construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros(Emmanuel - "Roteiro", cap.28).
   
Este é o processo natural de sintonia e que predomina no curso de nossa existência.
   Nas tarefas mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridades próprias. É essencial que exista uma afinizaçào, uma sintonia entre os participantes para que se estabeleça uma sincronia de forças, a conhecida "corrent vibratória".
   Pode-se inferir, desde agora, o quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos de intercâmbio depende fundamentalmente da participação consciente e responsável de cada um.
    Recordemos Leon Denis, quando leciona a respeito:
              "São favoráveis as condições de experimentação quando o
               médium e os assistentes constituem um grupo harmônico,
                isto é, quando pensam e bibram em uníssono. No caso
                contrário, os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas
                se embaraçam e anulam reciprocamente..."(No Invisível)
   Ele acrescenta ainda que o médium em meio a essas correntes contrárias fica bloqueado, sem condições de atuar mediunicamente ou bastante prejudicado na filtragem das mensagens.
   Em "O livro dos Médiuns", o Codificador ressalta a necessidade da concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das qualidades e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto maior homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos pensamentos de todos é que contribuirá para a comunicação dos Espíritos, "mas a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer em um só, o que não pode dar-se sem a concentração"(Item 331).
   
Portanto, cada participante precisa estar consciente de sua contribuição para que haja êxito nas atividades programadas pela Espiritualidade Maior.
   João Cleófas(Espírito), m seu excelente livro "Intercâmbio Mediúnico", desenvolve o pensamento de Kardec e Denis, em linguagem moderna:
          "A média que resulta das fixações mentais dos membros
           que consituem o esforço da sessão mediúnica oferece
           os recursos para as realizações programadas.
           A concentração individual, portanto é de alta relevância,
           porque a mente que sintoniza com as idéias superiores
           vibra em freqüências elevadas"

Como Obter uma boa Concentração
   A concentração não requer um esforço físico. Pessoas que tentam concentrar franzindo a testa, fechando os olhos com força ou denotando qualquer outro tipo de tensão muscular não alcançarão a finalidade a que se propõem.
   Ao contrário do que imaginam, a concentração exige um relaxamento e passa por alguns estágios, quais sejam:
     1. Relaxamento - O relaxamento do corpo físico serve para preparar e favorecer a calma, a tranqüilidade interior.
     2. Abstração - Abstrair-se do mundo exterior, de tudo ao seu redor.
     3. Interiorização - Fazer silêncio interior, abstraindo-se também dos conteúdos psicológicos(emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc).
     4. Fixar a mente - A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente para o objetivo da reunião.
     5. Aquietar a mente - Neste ponto a mente se aquieta e, no caso dos médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá transmitir a comunicação.
Afirma João de Cleófas:
         "A concentração, é, pois, a fixação da mente numa idéia positiva,
      
  idealista, ou na repetição meditada da oração que edifica, e que,
         elevando o pensamento às fontes geradoras da vida, dá e recebe,
         em reciprocidade, descargas positivas de alto teor de energias
         santificadoras."(Intercâmbio Mediúnico)
Pensamentos Intrusos
   Todos os que se iniciam nos exercícios de concentração ou de meditação percebem que é difícil controlar os pensamentos e que, com freqüência, vêem-se assaltados por pensamentos intrusos, inconvenientes e inoportunos.
   Deixemos a lição a respeito com um dos mestres orientais:
            "No início toda a sorte de maus pensamentos podem ocorrer,
             se levantarão na sua mente. Você se sobressaltará .
             Ficará atormentado. Isto é um bom sinal. É sinal de progresso
             espiritual. Voe está evoluindo espiritualmente. Esses
             pensamentos, com a continuidade(dos exercícios), morrerão
             com o tempo".(Trechos do livro "Concentração e Meditação",
             de Swami Sivananda).
   Ele também aconselha que a pessoa não lute contra a sua mente durante a concentração.
   O mais acertado é a ceitar com tranqüilidade e estabelecer o hábito de retorno, isto é, retornar aos objetivos propostos.
   No livro de Mira y Lopes, "Curso Prático de Concentração Mental" o autor refere-se ao"hábito de retorno", para disciplinar a mente.
André Luiz, sintetizando o esforço que os integrantes dos grupos mediúnicos devem realizar, anota em seu livro "Os Mensageiros" a palavra de Aniceto, relativa ao nosso tema:

          "Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos
           pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo
          o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o
          trabalho preparatório de atividades mentais na meditação
          de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento(este
          termo tem neste contexto o significado de descaso), ante
         as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente,
         ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no
         serviço de elevação tão-só porque estes se entreguem
         apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos
         compulsórios de amor cristão.(...)."(Cap. 47)

   A Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um processo natural de autodescobrimento e propiciando condições para a realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.
   Deixemos com Emmanuel a palavra final:
           "Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo
            mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas
            que se afinam contigo, tentando influenciar-te através de
            ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos
            pensamentos da Humanidade, mas se buscas o Cristo, não
            ignoras em que altura lhe brilha a faixa."
             ("Seara dos Médiuns", Faixas pág. 125).

domingo, 27 de novembro de 2011

Os orixás

Os Orixás são vibrações cósmicas provindas das leis que regulam a vida. Eles manipulam e são a energia do Cosmo representada por 7 faixas de vibração. Você pode até não saber a respeito destas faixas, contudo, já deve ter percebido que existem forças que mexem com o magnetismo das coisas. Como somos feitos em grande parte de água e sais em nossos corpos, a alteração do campo vibratório, a exemplo da Lua, sofre alterações químicas capazes de alterar até o nosso modo de ver as coisas em determinados momentos da vida, como prova a ciência.
Assim sendo, denominou-se Orixá toda aquela faixa vibratória segmentada associada a um elemento da natureza. É como se Deus mandasse um gerente tomar conta de cada elemento da natureza, e aqueles que nascem são regidos por um Orixá Masculino e outro Feminino, isto é, como na natureza, a representação dos sexos também é feita na tutoria de nossas vidas, através dos nossos Pais e Mães de cabeça. Um Espírito me explicou que ao nascermos somos adotados por um Pai e uma Mãe, nossos pais de cabeça, que quando coroamos colocam suas mãos sobre nossa cabeça, comprometendo-se a cuidarem de nós. Perceba, que no momento do batismo, nossos pais e padrinhos também fizeram isso, lembrou? Existe um comprometimento tanto da parte espiritual quanto da material em proteger aqueles que nascem.
Como as forças da natureza, não podem ser capturadas ou apreendidas, pois são energias, também não há como aprisionar os Orixás em nossos corpos, pois eles também não incorporam. São na verdade, espíritos guias, chamados de Guias, cuja afinidade espiritual com a faixa vibratória o associa ao trabalho espiritual daquela linha.
Podemos dividir as 7 faixas vibratórias em:
.: Oxalá - representa aquele que não foi criado - o Governador do Planeta Terra e supervisor de todas as outras vibrações e suas relações entre o plano astral e o material - Na Umbanda, o associamos a Jesus Cristo.
.: Yemanjá - regente das águas - o princípio feminino - representada, visualmente, na Umbanda por uma mulher vestida de azul com pérolas nas mãos.
.: Xangô - representa ação na humanidade e no mundo da forma física - representado, visualmente, na Umbanda por um senhor ao lado de um leão com dois livros em suas mãos, lembrando-nos de nossos atos e faltas em nossa existência na Terra. Na Umbanda, associamos visualmente a São Gerônimo entre outros.
.: Yori - representa a Divindade se manifestando pela lei do karma - representada, visualmente na Umbanda, pelas Crianças (Cosme e Damião entre outros).
.:Ogum - representa o fogo (mediador dos sentimentos humanos) - representado, visualmente, na Umbanda por São Jorge (depende da região do Pais).
.: Oxossi - representa o elemento ar, os ventos e a natureza - representado, visualmente, na Umbanda por caboclos e caboclas indígenas.
.: Yorimá - representa a terra e as energias telúricas - representado, visualmente, na Umbanda pelos Pretos Velhos e Pretas Velhas.
Agora que falamos dos Orixás, resta-nos falar a respeito dos Guias. Como o nome já indica, são espíritos dispostos a nos guiar durante a nossa existência em uma ou mais encarnações. Os Guias, podem ainda ser chamados de Protetores Civis, ou ainda Anjos da Guarda. Não importa a denominação e sim a tarefa gloriosa de servir ao próximo, ajudando-nos a levar adiante a execução das promessas feitas por nós antes de reencarnarmos.
É importante frisar que as pessoas podem ter mais de um espírito Guia ou Mentor Espiritual. Já percebi que quanto maior for o número de espíritos protetores maior a tarefa a ser executada e maiores são as dívidas de vidas passadas. Devemos agradecer a Deus por colocar tão bondosos espíritos para nos ajudar a nos manter nos trilhos nesta existência.
Mas se os Espíritos Guias nos protegem , então nada de mal irá acontecer conosco? Não é bem assim. Primeiramente , temos a nossas faltas, passos a cumprir. Somos eternos em espírito lembre-se disso. Então temos provações em nossas vidas a serem passadas e como no banco escolar, somente estaremos aptos a passar de ano após as provas que marcam aquele período em nossas vidas. Os Guias nos orientam e nos querem o bem, são como nossos pais, só que desencarnados.
Temos um dom dado por Deus que permite-nos alheios a tudo e todos escolher o nosso próprio caminho - o livre arbítrio. Ai que a coisa engrossa. Pois não basta pertencermos a religião A ou B e garantirmos com isso nossa imunidade. Não nada disso. Temos que através de nossas ações demonstrar o quanto amamos o próximo e qual o tamanho do sacrifício que estamos dispostos a fazer por ele.
Algumas vezes esquecemos que não estamos nessa vida somente para comprar um carro, uma casa na praia e mandar os filhos para a Disney. Nada contra, só que o ano tem 365 dias e muitas vezes não dedicamos 10 à caridade. Ir ao centro ou a igreja faz parte, mas somos avalidos pelas nossas ações, e não adianta pedir ponto para passar, devemos repetir a lição até que aprendamos.
Em resumo, os Orixás que regem a natureza e como fazemos parte dela sofremos esta influência, recebemos ao nascer as características vibratórias correspondentes a cada faixa vibracional de um Orixá. Ao nascermos ganhamos um Pai e uma Mãe espirituais (Orixás) e protetores, que por trabalharem sob a vibração de um Orixá caminham conosco até o nosso desencarne nos orientando com boas vibrações e bons pensamentos.
Mas não se esqueça. Se pensares besteira, quiseres fazer o mal, ir para locais pouco seguros ou impróprios, consumir drogas entre outras coisas que moralmente fogem as orientações do Cristo, é problema seu.
Reze, faça suas orações para que seus pensamentos estejam na mesma freqüência do plano astral superior e faça a caridade, tenha bons sentimentos, esqueça as mágoas, os destratos a falta de amizade.
Pai Oxalá nos pede que sejamos seus assistentes na Terra. Fazendo a caridade, temos a certeza que estaremos representando-O bem.
Busque em cada irmão um Cristo vivo que te fará feliz, assim como eu.
Viva Pai Oxalá, Via Maria Mãe de Jesus e Viva a Umbanda!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O que é a fé?

(do grego fides, fidelidade e do grego pistia) é a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém.

A fé se relaciona de maneira unilateral com os verbos acreditar, confiar e apostar, isto é, se alguém tem fé em algo, então acredita, confia e aposta nisso, mas se uma pessoa acredita, confia e aposta em algo, não significa, necessariamente, que tenha fé. A diferença entre eles é que ter fé é nutrir um sentimento de afeição, ou até mesmo amor pelo que acredita,confia e aposta.

A fé se manifesta de várias maneiras e pode estar vinculada a questões emocionais e a motivos nobres ou estritamente pessoais. Pode estar direcionada a alguma razão específica ou mesmo existir sem razão definida. Também não carece absolutamente de qualquer tipo de evidência racional.

A Fé no Espiritismo


"Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade"
Allan Kardec.
A Doutrina Espírita apresenta uma nova maneira de ver a Fé. Este é um ponto que julgamos importante, pois enquanto as religiões procuram manipular as consciências, incutindo idéias de medo, impondo comportamentos, reduzindo consideravelmente o livre arbítrio, o Espiritismo deixa o pensamento fluir livremente, o mais natural possível para que o indivíduo possa demonstrar toda sua identidade e autenticidade.
A Fé raciocinada deixa de possuir conotação de algo obtido por uma graça, por um mistério que não pode ser explicado. Ela, portanto, difere de tudo o que caracteriza a Fé religiosa, porque baseia-se na busca do entendimento e do discernimento. A Fé religiosa firma-se nos dogmas que definem as religiões. A Fé Espírita usa a razão e, por isto, pode criticar e examinar o objeto da Fé.
Há uma lucidez maior dos conhecimentos adquiridos e uma melhor captação de conhecimentos novos. A Fé Espírita é efeito e não causa. O indivíduo que a possui já experienciou no passado vivências, aprendizados, etc. que hoje lhe transmitem toda uma certeza e confiança. Há uma visão global, holística, das coisas; ou, porque não dizer, uma visão "guestaltica" do todo.
Para que se obtenha esta compreensão geral, aumentando-a paulatinamente, torna-se necessário que a nossa inteligência esteja ativa, para podermos exercitá-la através da vontade. Com a inteligência teremos facilidade de adquirir conhecimentos novos e tornar presente ou consciente os já adquiridos. Estes, serão sempre assoalho para o apoio de novas informações; assim, o poder de análise e de síntese vai crescendo de forma que a cada passo o indivíduo tenha nova compreensão, novos "insights", ou lampejos cada vez mais claros.
Assim é a Fé Espírita, com características próprias e especiais, que a diferencia de qualquer outra Fé. A Fé Espírita não é reducionista, não bloqueia a vontade nem a expressão do ser humano; ao contrário, amplia a vontade e a capacidade de expressão. O indivíduo fica livre para a escolha e com menos possibilidades de ser manobrado ou manipulado.
Daí Allan Kardec dizer que a Fé Espírita "não pode ser prescrita ou imposta, por aquele que a tem, ninguém a poderá tirar e àquele que não a tem ninguém poderá dar". Diz o Codificador que "a Fé é sinal evidente de progresso". O Espiritismo, como Doutrina reencarnacionista e evolucionista, tem na sua Fé uma conseqüência desse progresso que o indivíduo vai pouco a pouco conquistando, vivenciando. O progresso vai facilitando melhores elaborações em estágios sempre renovados.
Portanto, Fé não se consegue como que "por um passe de mágica". Ela é a certeza, a segurança e a confiança já conquistadas e que num dado momento o indivíduo experiência. A Fé está relacionada a obras, assim, uns possuem mais Fé, outros menos. Para a realização das obras - e das conquistas - é necessário estudo e trabalho que resultam em experiência. O que se pode afirmar é que haverá sempre uma nova tarefa a ser executada, a nos provar, a nos testar e, assim, vamos obtendo maior firmeza na execução, ou seja, maior Fé.
Foi dito, "a fé é mãe da esperança e da caridade", o que é facilmente compreensível, porque todo aquele que a possui, conforme a Doutrina Espírita, apresenta um sintoma de que já conquistou estágios importantes e, como tal, ela já está incorporada ao seu acervo tornando-se natural a prática do amor e da caridade.
A importância do Espírita ter esse entendimento da Fé, o levará a vivenciar melhor a atual existência, o aqui e agora, e a pautar todos os seus atos dentro de uma moral e de uma ética elevada. O Espiritismo facilita a reparação dos erros numa experimentação consciente e nisto está o fortalecimento da Fé. Todo este entendimento nos conduzirá à certeza, à confiança e à esperança, proporcionando-nos encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade.
Texto sobre a Fé no Espiritismo de Otaviano Pereira da Neves

domingo, 20 de novembro de 2011

Mediunidade e prosperidade

Retirado do Livro Diário Mediúnico - Guia de estudos da Umbanda - Noberto Peixoto

Mediunidade combina com prosperidade financeira?

É certo que o exercício mediúnico deve se pautar pela seguinte máxima: “dar de graça o que de graça recebemos”.

O que me chama atenção é que seguidamente temos médiuns operosos, dedicados, assíduos, e suas vidas não têm prosperidade. Conversando aqui e ali, verifico que ainda temos marcado muito forte em nosso inconsciente que ganhar dinheiro é uma coisa ruim, que não combina com o sagrado, que vai nos atrapalhar. Verifico, ainda, um medo de “não se entrar no Céu”, decorrente da explicação de Jesus acerca da dificuldade de um rico alcançar esse feito, quando disse ser mais fácil um camelo passar no buraco da agulha do que isso acontecer.

A resposta de Jesus para o jovem rico que o perquiriu não se baseou só em sua riqueza, mas no fato de que seu coração estava cheio de avareza e idolatria pelas moedas. Não é possível que Deus seja contra a riqueza, a troca mercantil, o progresso.

O jovem rico, ao inquirir de Jesus sobre o que fazer para herdar a vida eterna, ouviu do Mestre que deveria desfazer-se de suas riquezas, para ter um tesouro no Céu. A questão não era o dinheiro que o jovem acumulava, e, sim, sua idolatria pelo material.

A explicação de Jesus, dizendo que é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha do que um rico entrar no Céu, incorretamente interpretada até os dias atuais, faz muitos pregarem contra os bens materiais e acreditarem na trilogia: espírito, Céu e pobreza. Com certeza, nosso coração e nossa
consciência não devem estar apenas nas riquezas pueris. Todavia, ganhar dinheiro honestamente, em abundância, não constitui maior empecilho que o mundo profano, os apelos carnais e o próprio orgulho, uma vez que ser pobre não é ser humilde e vice-versa.

No exemplo do jovem, diante de Jesus, recomendou-se, de forma figurada, que ele deveria deixar o apego às riquezas. Na verdade, a riqueza potencializará o que nossas emoções negativas exprimem em nosso modo de ser, como um meio de exacerbação involuntária da falta de autoconhecimento, como o são o apego à fama, ao talento reconhecido, à boa aparência, com roupas da moda, ou ao intelectualismo exagerado, à sexolatria e à vaidade desmedidas.

Infelizmente, a mentalidade dominante no meio judaicocristão – incluindo-se o espiritismo e também nossa Umbanda, pois seria impensável negarmos a influência católica em nossas comunidades – é a de “bem-aventurados os pobres”, quando deveríamos enfatizar: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará”.

Um dia desses, escutei de um dirigente Umbandista que tem seu terreiro quase caindo aos pedaços, em um barracão de madeira, que não reformava o local para o povo não pensar que eles tinham dinheiro, mesmo o agrupamento sendo auto suficiente financeiramente e o terreno sendo deles. Pode?

Voltando à pergunta de que se mediunidade combina com prosperidade, respondo: é claro que sim. Temos, na Umbanda, a linha dos Ciganos, que nos trazem uma alegre mensagem de axé – força – para abundância, fartura e prosperidade em nossas vidas.

É preciso falar um pouco da origem dos Ciganos, para entender seu trabalho e por que ele é realizado na Umbanda.

Primeiramente, temos de desmistificar a imagem do andarilho cigano, malandro, ladrão, sequestrador de criancinhas, falastrão, desonesto. Isso foi fruto do preconceito diante dessa etnia
livre e alegre, principalmente pelo fato de a crença deles não ser católica, religião dominante, confundida com os estados monárquicos por muito tempo.

Os Ciganos chegaram ao Brasil oficialmente a partir de 1574. Existiam disposições régias proibindo-os de entrarem em Portugal. Em 15 de julho de 1686, Dom Pedro II, rei de Portugal, em conluio com o clero sacerdotal da Igreja, determinou que os Ciganos de Castela fossem exterminados e que seus
filhos e netos (Ciganos portugueses) tivessem domicílio certo ou fossem enviados para o Brasil, mais especificamente para o Maranhão.

Dom João V (1689-1750), rei de Portugal, decretou a expulsão das mulheres Ciganas para as terras do pau-brasil. Por anos a fio, promulgaram-se dezenas de leis, decretos, alvarás, exilando os Ciganos para os estados de Maranhão, Recife, Bahia e Rio de Janeiro, onde se encontravam os núcleos populacionais mais importantes da colônia portuguesa. Este mesmo rei, Dom João V, proibiu os Ciganos de falar o romani, uma de suas línguas.

Afirma-se que as mais importantes contribuições dos Ciganos para o progresso e a prosperidade de nosso país foram negligenciadas até hoje pelos historiadores e livros escolares. Eles foram coparticipantes da integração e da expansão territorial brasileira. Ouso afirmar, ainda, que, se não fossem os Ciganos, as comunidades de antigamente, pequenos centros habitacionais, vilarejos, teriam progredido muito mais lentamente.

Os portugueses e africanos que vieram para cá não eram nômades. Os lusitanos procuravam fixar-se em terras alémmar, e os africanos fixavam-se a estes últimos como escravos.

Então, de norte a sul, de leste a oeste, em todos os lugares, lá estavam os Ciganos, livres, viajando em suas carroças, negociando animais, arreios, consertando engenhos, alambiques, soldando tachos, levando notícias, medicamentos, emplastros e também dançando, festejando e participando de atividades circenses.

Alegres, prudentes, místicos, magos e excelentes negociantes, quando chegavam aos vilarejos conservadores, era comum senhoras se benzerem com os rosários em mãos, esconderem as crianças nos armários, pois chegavam os Ciganos com suas crenças pagãs.

Assim como os espíritos de negros e índios foram abrigados na Umbanda, por falta de espaço para suas manifestações nas lides espíritas, todas as raças encontraram no mediunismo Umbandista liberdade de expressão. Os fatores mais importantes que permanecem em um povo, desde a mais remota antiguidade, são de consistência espiritual, com manifestação nos sentimentos e no modo de ser mais íntimo, com comportamentos típicos, frutos da memória coletiva, ou seja, de uma herança atávica.

É inconcebível, como o fazem nas hostes kardecistas, doutrinar um espírito milenar em minutos, fazendo-o deixar de ser um brâmane, um filósofo grego, um mago persa, um aborígene, um negro africano, um índio ou um cigano, passando a ser “só um espírito”.

Com respeito a todas as formas raciais, a Umbanda foi plasmada no Astral para oportunizar a manifestação de todos esses espíritos comprometidos com suas histórias e consciências coletivas, que não se desfazem e refazem em minutos de oratória racionalista, em uma mesa espírita.

Não faz pouco tempo, estive envolvido no aluguel de uma sala comercial para instalar minha empresa de distribuição de catálogos por vendas diretas. Estava apreensivo com a inadimplência e temeroso de que esse novo passo, para o qual teria que assumir investimento e novas representações, não fosse bem-sucedido. Fiz uma prece fervorosa no congá da choupana, pedindo amparo e que, se fosse de meu merecimento, conseguisse intuição para tomar as decisões certas em relação ao novo empreendimento, dado o baixo capital de giro de que dispunha.

Sou da opinião de que quem não pede não leva e de que devemos saber pedir, para não ganharmos o que não queremos.

Podemos pedir um cavalo ligeiro e ganhar um burrico manco, tendo ainda que dar de comer ao bichano. Na dúvida sobre a equidade do que se pede, melhor calar.

Na mesma noite da prece no congá, no meio da madrugada, senti uma Cigana ao lado de minha cama; alta, com saia rodada vermelha, uma tiara prendendo os longos cabelos negros, cantava e dançava flamenco com castanholas, dizendo ser a Cigana formosa da Andaluzia, região da Espanha.

Em desdobramento, pegou minha mão fluídica, a esquerda, e comprimiu dois pontos, dizendo-me que estava ativando algumas linhas de força em meu chacra palmar, que me fortaleceriam, no sentido de ter maior tenacidade e não desistir facilmente do novo projeto.

Ao acordar, senti comichão forte em dois pontos da palma esquerda, que ficou quente e vermelha. Nesse momento, ouvi a Cigana formosa dizendo-me que estaria, a partir de então, junto comigo em meu estabelecimento comercial e de trabalho.

Atendia um pedido de caboclo Pery e fora, então, designada pelo senhor Tranca Rua das Almas, por ser o Exu guardião da choupana, zelador da corrente mediúnica, para que me acompanhasse, ajudando-me para que meus caminhos de prosperidade estivessem abertos e assim atraísse, pela lei de atração e afinidade, negócios em mesma faixa vibratória, de abundância e progresso.

Deu-me um recado, ao final dessa experiência:


Meu caro cigano Zartheu. É assim que te conheço de longa data: tua preocupação com a coletividade religiosa com que estás envolvido, esquecendo-te da tua própria bonança, muitas vezes sem uma moeda no bolso e mesmo assim não se abatendo diante de tantas rogativas e choro por falta de emprego, dinheiro e penúria dos consulentes. Este simples fato de não pensares em ti, quando vestes o branco da Umbanda para auxiliar os que te batem à porta do terreiro, deu-te merecimento para que fosse ajudado. Nada é um acaso. Em idos antigos, quando ocupávamos o mesmo clã e eu te era a amada, cuidava de todos os negócios de nossa família Cigana, que era enorme. Tu confiavas em mim cegamente, até o dia que te traí com um jovem cigano galanteador de outro clã. Não te lembras do ataque em tuas tendas em altas horas de madrugada, do assalto e assassinatos infames?

Caímos, eu e ele, na mais grossa traição, conspurcando nossa fé e etnia. Não sabes quanto sofri por isto; “expulsa” de nossa tribo por nossas leis, deixada a esmo no interior da Espanha católica, acabei me recolhendo em convento. Por não ter procedência aceita, terminei meus dias como serviçal das freiras, que, por qualquer motivo, escarneciam da minha origem étnica, chamando-me de bruxa megera, pelo fato de a arte da leitura das mãos ser uma heresia. Quanto sofrimento, meu querido, e agora tenho a oportunidade sagrada de me reequilibrar com as leis divinas, auxiliando-te como fiel e formosa olheira no Astral, contribuindo para que recebas novamente um pouco de tudo que te fiz perder. Meu amor pela história de nosso povo é enorme e compreendo que nada é definitivo. As oportunidades são eternas, diante da bondade infinita do Pai. Conta com tua amiga, agora mais fiel do que nunca, para que consigas um pouco na Terra, o suficiente para uma vida digna, com bonança, e te dediques cada vez mais ao espiritual.

Todos aqueles que de alguma forma dependem de ti neste corpo, desde a filha de Iemanjá, que está muito próxima, zelando por ti e amando-te como mulher, e teus familiares, médiuns, consulentes, público leitor, entre tantos, encontrem sempre a serenidade em teu semblante, que a abundância e a prosperidade oferecem, quando associados com a espiritualização do ser que a nossa amada Umbanda forja. Que Deus e os sagrados orixás nos abençoem. Tua eterna amiga, hoje Cigana formosa.


O vento vai trazer uma Cigana
Que as flores da campina vão vergar.
São uma, são duas, são três flores,
De onde seu perfume vai tirar.
Quando cheguei à aldeia
Senti um aroma de rosas.
Havia uma Cigana formosa,
Qual Cigana eu encontrei.
Levanta a saia, oh, Cigana!
Não deixa a saia arrastar,
A saia custa dinheiro,
Dinheiro custa ganhar.

Retirado do Livro Diário Mediúnico - Guia de estudos da Umbanda - Noberto Peixoto

sábado, 19 de novembro de 2011

Oração ao Pai Olorun




Amado Pai e Senhor, Criador de Tudo e de Todos.
Vós que Sois a fonte geradora cuja imanência permuta todas as suas Criações.
Vós que Sois a energia viva e divina que dá vida a tudo e todos que por Ti foram gerados o Único criador incriado que a tudo concebe e em tudo se faz presente.
Oh Divino Pai, a ti me dirijo respeitosamente e humildemente clamo-lhe: Conduza-nos e dai-nos o discernimento, o bom senso e a têmpera necessários para resignados e perseverantes enfrentarmos e passarmos pelas dificuldades provenientes do mundo e da realidade a nós destinados.
Amado Pai, que vossa sapiência divina manifeste-se em nosso pensar, para que assim venhamos agir com prudência em todos os nosso atos e despertem em nós a misericórdia, a tolerância, a compaixão e a compreensão de tudo que nos afeta e de tudo que se apresenta a nós.
Pai Amado, que a vossa onipotência Divina, manifeste-se em nós como a força íntima movida pelo sentimento de bondade, sempre que se fizer necessário estendermos a mão e erguer um irmão que esteja caído em nosso caminho, mas peço também que a apatia nos acometa sempre que desejarmos a queda alheia que será a nossa queda perante Ti Amado Pai.
Senhor, dai-nos a capacidade de entender nosso semelhante a fim de relevarmos suas ações sempre que elas venham a nos afetar causando-nos algum sentimento nocivo e desprovido de ternura, dai-nos a sabedoria para que enxerguemos o mundo como uma grande escola evolucionista que é graduada com diversos níveis de evolução para que ensinemos os mais atrasados e aprendamos com os mais adiantados.
 Pai Amado, afaste de nós todo mal iminente, mas fortaleça nossa fé para que permaneçamos de pé diante a tormenta que se avizinha , envolva-nos com seu abraço amparador, para que acolhidos por vós venhamos a trilhar e vivenciar nossa sina sem vacilações ou temores que enfraqueçam nossa fé.
Senhor, que nos horrores das noites onde a vossa ausência se faz presente, faça de nós o lenitivo e a paz nos corações atormentados e que a vossa divindade manifeste-se em nós como o humanismo no qual fomos ungidos em Seu ato criador-gerador.
 Amado Pai, harmonize-nos com toda a vossa criação, para que venhamos todos irmanados e numa só corrente, trilhar o único caminho e destino final de todos que é revive-lo em nós por inteiro em nosso ato humano e humanizador. (Amem)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Umbanda: Uma história de luz

Nascida com o propósito dirimir os confrontamentos religiosos e praticar o bem sobre todas as coisas, dando a todos sem distinção de classe social a chance de resgatar suas faltas nesta vida, a Umbanda nasceu sobre a luz dos princípios cristãos, utilizando as forças da natureza, chamadas de Orixás e Guias para nos ajudar. Nela trabalhamos com os elementos da Natureza:
.: fogo - através das luzes das velas
.: ar - através dos defumadores, charutos e cigarrilhas
.: água - através dos rios, igarapés e do mar
.: terra - através das matas, plantas, flores e frutas.
Os irmãozinhos menos avisados, costumam chamar de Casa, Templo ou Terreiro de Umbanda um local onde há sacrifícios de animais. Isto é um equívoco (vide a história da criação abaixo). Este é o ponto forte de discórdia, pois muitos presidentes de centros espíritas ou chefes de terreiro que advém de outras formações religiosas misturam aos rituais sagrados da Umbanda práticas proibidas em nossa religião. Para amenizarem o problema, muitos passam a "colorir" a religião, chamando-a de Umbanda Branca, Umbanda isso ou aquilo. Queridos irmãos a feijoada deve ser com feijão preto, se assim não for não poderá ser chamada de feijoada, deu para entender?
Cabe-nos salientar, mais uma vez, que você, leitor, não precisa concordar com nada que falo, pois sou apenas o assistente de pedreiro nesta obra do Pai.
Tentarei mostrar como uma religião que pratica o bem, pode ajudar aqueles que necessitam. Digo sempre a todos, que não importa a sua religião, pois religião é como um time de futebol , cada um de nós tem o seu. Todos os caminhos levam a Deus. O atalho é a Caridade.
Mas vem a pergunta, por que motivo usam o nome da Umbanda para simbolizar os cultos africanos, chamados afro-brasileiros se estes não são Umbanda? A Umbanda não é afro-brasileira, é brasileira, nascida em Niterói! (vide a história da criação abaixo)
Por conta de muitos irmãos, espíritas preconceituosos, que não davam oportunidade de fazer a caridade aos espíritos dos índios, escravos e demais trabalhadores do além, em suas religiões é que os irmãozinhos, para serem aceitos em casas espíritas de caridade, tinham que se transfigurar em médicos ou importantes figuras intelectuais, que verdadeiramente foram, para poderem fazer a caridade nestas casas. Não confunda isso com camuflagem ou má fé. Todos devemos fazer a caridade para evoluirmos, pois é através dela que iremos conhecer o verdadeiro amor ao próximo.
Jesus foi o mais humilde de todos os espíritos e tinha como profissão carpinteiro. José idem e Maria, dona de casa. E os menos afortunados intelectualmente? Não devemos confundir, banco de escola com experiência de vida. É mais fácil conhecermos uma pessoa que não sabe assinar o próprio nome e é sábia que aqueles irmãos cheios de bolor moral que nada fazem para ajudar o próximo, mas são cheios de títulos, fazendo questão de serem apresentados pelo seu pedigree profissional ou familiar. Jesus não nos ensinou isto, pelo contrário: expulsou os vendilhões do templo e discutiu diversas vezes com os farizeus.
E a caridade cristã, a humildade e o amor incondicional? A vaidade comeu estas virtudes nos irmãos de pouca fé!
Como o Brasil é a pátria do Evangelho, psicografado em muitos livros por diversos espíritos, não caberia aqui a segregação espiritual, haja vista os tempos da escravidão.
Antes de iniciarmos a linda história da Umbanda, gostaria de deixar claro que a denominação Macumba, muitas vezes associada a Umbanda, foi associada as práticas religiosas praticadas pelos homens e mulheres da etnia Bantu (África), que evocavam os mortos e os antepassados de suas tribos aqui no Rio de Janeiro. Até hoje, este termo é usado pejorativamente pelos irmãozinhos de outras religiões para classificar as práticas religiosas espíritas ditas não apoiadas sobre uma doutrina cristã. Contudo, cabe ressaltar que as bases crísticas e morais são a fundação da Umbanda.
Não sei quanto as outras religiões, mas nós da Umbanda não ficamos chateados com este termo, é apenas prova do desconhecimento de alguns irmãos, que como papagaios, imitam uns aos outros sem ao menos saber onde o galo cantou.
Quando o caboclo Sete Encruzilhadas veio a Terra orientar os trabalhos utilizando estes elementos e as forças da Natureza trouxenos a luz o contexto de nossa Terra:
".... Torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª década do século XX , da única e genuína Religião Brasileira.
Em 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos. A estes aborígenes os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram de índios.
Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam alí por motivos pouco nobres. O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia.
São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na nóvel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.
Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz.
Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.
De outra parte, a igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investe covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos africanos.
Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.
No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros , não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes.
O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de "doutores".
Os Senhores da Luz (Araxás, Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quizessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.
Começa a se plasmar, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades.
Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras.
No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro socio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos.
Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.
Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói -RJ, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: "amanhã estarei curado".
No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha.
A medicina não soube explicar o que acontecera.
Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo:"aqui está faltando um flor", e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa.
Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado de atraso espiritual.
Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do porquê em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou:
"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados ? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz ? E qual o seu nome irmão ?
E o espírito desconhecido falou: "Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse: "cada colina de niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".
No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.
Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra , poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA - Manifestação do Espírito para a Caridade.
A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto. Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes alí presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar paralíticos. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto-velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.
A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo.
Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão.Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "Não os aceite. Devolva-os", ordenava sempre o Caboclo.
A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda.
O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.
Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando , ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu - RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.
Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade - RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:
"A Umbanda tem progredido e vai progredir.
É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade - esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxósse, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxósse, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós ; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.
Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que safram desta Casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura , não foi por acaso. Asssim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.
Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos , numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".
Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro de 1975.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

103 anos da umbanda

"Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos!
Aos espíritos menos evoluídos ensinaremos.
E a nenhum espírito renegaremos!"
(Caboclo das 7 encruzilhadas)

Hoje, 15 de novembro — Dia da Proclamação da República —, a Umbanda completa 103 anos. Nos mais variados terreiros espalhados pelo país a data será comemorada com grandes festas em homenagens aos orixás.


Nesta data, em 1908, o Caboclo Sete Encruzilhadas, incorporado no médium Zélio Fernandino de Moraes, lançou os fundamentos da nova religião, que agregaria os pretos-velhos, os caboclos, as crianças (erês) e outras legiões de espíritos que não tinham espaço nas sessões espíritas, sob orientação kardecista.


Hoje, aos 103 anos, a Umbanda congrega milhares de adeptos no país e também no exterior, que buscam nas energias dos terreiros, no encontro com os caboclos e pretos-velhos o lenitivo para suas angústias.


Ao longo dos anos, a Umbanda incorporou elementos de diferentes religiões. Assim, embora suas bases tenham sido lançadas no Bairro das Neves, no município de São Gonçalo, Niterói (RJ), a Umbanda não deixa de ser uma religião de matriz africana, pois uma das suas principais características é o culto aos orixás cujas lendas chegaram ao Brasil por meio dos negros escravos.


Desejo a todos os que comemoram o aniversário da Umbanda nesta data o meu mais sincero PARABÉNS!


Que Zambi abençoe a todos nós, umbandistas que celebram ou não o aniversário da Umbanda nesta data, e que os bons espíritos possam continuar nos assistindo lá do alto.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ninguém foge à Lei da Reencarnação.


ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. HOJE, guardâmo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício. HOJE, têmo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes. HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio. HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência. HOJE, achâmo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão. HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.
Francisco Cândido Xavier - Da obra: EME. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 1995.

sábado, 12 de novembro de 2011

Princípios educacionais da Umbanda

Por: Danilo Reis de Matos Oliveira

Educar é todo ato de ensino-aprendizagem, toda ação em que há troca de saberes. A educação acontece em todos os lugares, mas de forma diferenciada. O mesmo se aplica a religião: todo lugar em que há interação, há educação.
A palavra religião é de origem latina, vem de religio, que se traduz em "prestar culto a uma divindade", "ligar novamente" ou simplesmente "religar". Sendo assim, entende-se como religião as crenças e valores inerentes do que o ser humano vislumbra como sobrenatural, seus rituais e códigos morais que derivam destas crenças(AZEVEDO, 2010,p.7).
Para delimitar o campo de estudo, às religiões de matrizes africanas serão aqui denominadas como umbanda ou, umbandomblé , por serem as mais frequentes em Itaberaba.
A umbanda surge da necessidade de assistir os espíritos ancestrais, como os espíritos indígenas, que no candomblé eram tidos por egum , e para os kardecistas eram espíritos "sem cultura" e não podiam trabalhar nestes centros.
Mesmo que cada Casa tenha particularidades no culto, "a doutrina, como uma regra ou conduta moral" é imprescindível para condução dos trabalhos no terreiro. Essas práticas religiosas têm doutrinas diferenciadas de casa para casa, contudo alguns preceitos são onipresentes em todos os seus seguimentos. Não é como nas outras religiões que possuem um livro canônico que regem suas atividades. Mas absorve o que há de bom em todos os seguimentos religiosos para por em prática o princípio da caridade.
A umbanda é uma religião própria, uma verdadeira africanização da religião brasileira, pois o culto aos ancestrais já acontecia na África, nas terras dos bantos, antes da colonização européia (AZEVEDO, 2010, p.132) e a religião indígena também prestava culto aos antepassados. Nela estão presentes elementos africanos, ameríndios, bruxaria européia, Kardecismo e cristianismo, sendo influenciada ainda pelas culturas orientais (AZEVEDO, 2010, p.24). Não é puramente incorporação, ritualismo e coreografia, mas, sobretudo o espiritual, buscando a razão da existência (ORPPHANAKE, 1995, p. 42).
Como ápice da religião está uma divindade criadora do universo. Ao contrário do que propagaram as religiões cristãs, a umbanda não é uma religião que cultua vários deuses, mas um Deus supremo, chamado Olorum , Zambi , Oxalá , Tupã ou Jesus Cristo. Portanto, esta é uma religião monoteísta, "com uma hierarquia organizada abaixo do Deus único" (AZEVEDO, 2009, p.19). Presta-se um culto secundário aos Orixás "como manifestações divinas", as entidades espirituais e os guias, que são espíritos ancestrais, evoluídos, que se incorporam aos médiuns para desenvolverem trabalhos em prol da humanidade (AZEVEDO, 2010, p. 8-9).
A própria etimologia da palavra "umbanda" nos remete ao monoteísmo, pois esta deriva dos fonemas aum (a Divindade suprema), ban (conjunto ou sistema) e dan (regra ou lei), que pode-se interpretar como "o conjunto das leis divinas" (AZEVEDO, 2010, p. 132).
No culto aos orixás como divindades secundárias, observa-se o princípio educacional primordial da umbanda: o respeito à natureza. Os orixás são em sua essência natureza. As questões ritualísticas, como oferendas feitas nas cachoeiras e nas matas são motivo de constante discussão entre ambientalistas e umbandistas. Mas desde o ingresso na religião, estes são instruídos a preservação ambiental. Ao desperdiçar água, por exemplo, o homem estará ofendendo a Oxum e Iemanjá, que são a própria água. O orixá é em si, natureza.
AZEVEDO diz:
[...] vemos o culto aos orixás como manifestação divina. Cada Orixá controla e se confunde com um elemento da natureza, do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência. O culto também ocorre nas Casas de raiz indígena, que o fazem valendo-se dos deuses daquele panteão [...] (2009, p.19).
Além do culto aos orixás, presta-se um culto terciário: aos pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, marinheiros, baianos e outras entidades que assumem caráter regional. Como seguem uma hierarquia, os caboclos ocupam a mais alta falange.
Há também outra entidade que é cultuada em todo seguimento de umbanda: Exu. Esta entidade, importantíssima no culto, foi erroneamente sincretizado com o diabo cristão. Contudo as concepções de diabo e inferno não estão presentes nas religiões afro-brasileiras. Sobre isso, CUNHA JUNIOR diz:
"Os diabos e demônios não fazem parte da cultura africana. Sendo assim, as religiões de base africana não conhecem estas figuras e não têm nada a ver com elas. Por racismo contra a população negra é que pessoas desinformadas dizem que Candomblés são cultos de natureza diabólica [...]" (2009, p. 97).
Exu é um espírito neutro, que serve como mensageiro por ser "dono" das encruzilhadas. O orixá Exu não é cultuado na umbanda, mas sim espíritos que trabalham sobre sua vibração, como Pomba giras e exus de rua (AZEVEDO, 2010, p. 49).
Existe uma critica ferrenha aos sacrifícios de animais que são realizados nos rituais umbandistas. Mas, o sacrifício tem papel fundamental na ritualística. Mesmo assim, os próprios praticantes da religião têm consciência que é preciso ter limites, pois acima de qualquer coisa é preciso ter "respeito à vida que ali está sendo imolada".
Muitos acusam a religião sob alegação de que, "os sacrifícios podem contribuir para extinção de animais", mas os animais utilizados nesses rituais não fazem parte da fauna brasileira, pois são domesticados e servirão de alimento. Animais selvagens não são utilizados nos rituais por conservarem uma energia que pode causar desequilíbrio no ritual.
Não há, em hipótese alguma, desperdício nos ritos umbandistas, pois, somente o sangue, as vísceras e a cabeça alimentam a entidade, pois simbolizam a vitalidade e a consciência. A carne é totalmente aproveitada e serve para alimentar os presentes em dias de festas ou dias comuns.
Essa é uma herança africana. Eles viam a alimentação como um ato sagrado, "por isso os deuses, espíritos naturais e antepassados também comem". Assim, o sacrifício é necessário para equilibrar o axé (AZEVEDO, 2010, p.135-137).
Acredita-se que, toda pessoa ao nascer tem sua "cabeça" oferecida a um orixá, que regerá a vida do filho em todos os aspectos. O filho também é assistido de outros guias espirituais que, pela hierarquia, estão abaixo do seu orixá. Acredita-se que cada pessoa tem sete orixás regendo sua vida, e merecem o zelo do seu pupilo.
Há também um respeito aos valores humanos como: a fraternidade, a caridade e o respeito ao próximo. Contudo, a virtude máxima de umbanda, seja qual for seu segmento, é a caridade, e dela desencadeiam todas as outras.
A umbanda tem como crenças comuns: a imortalidade da alma, a reencarnação e as leis kármicas (AZEVEDO, 2009, p. 20). Acredita-se que, o espírito imortal recebe a oportunidade de retornar à vida (reencarnar) para "pagar" dívidas das vidas passadas. Alguns reencarnam com o dom da mediunidade, que é a capacidade que o indivíduo tem de se comunicar com o plano espiritual e que, antes de encarnar-se é pedido ao criador, com fim de trabalhar em prol de quem prejudicara em vidas anteriores. A mediunidade manifesta-se independentemente de religião (ORPHANAKE, 1995, p. 16).
O desenvolvimento mediúnico deve valer-se de dois pilares fundamentais: o estudo e o desenvolvimento (AZEVEDO, 2009, p. 22). O conhecimento não cabe somente ao guia espiritual, pois o conhecimento desenvolvido por ele, quando incorporado, a ele pertence. O médium deve buscar seu próprio conhecimento, através do estudo, ajudando-se mutuamente, lhes fornecendo boas condições de trabalho. Assim, um médium sábio será assistido por espíritos do mesmo nível, oferecendo-lhe "condições morais e mentais para tal" (ORPHANAKE, 1995, p. 67). Pois, "a instrução e o conhecimento fazem parte da fé" (AZEVEDO, 2009, p.23).
Outro fator comum às casas de umbanda, assim como no candomblé, são os rituais de iniciação, que introduzem o fiel na religião. Contudo, variam de casa para casa, e geralmente se dividem em: manifestação, adaptação, batismo, culto e os trabalhos, também chamados de obrigações ou festa (AZEVEDO, 2009, p. 20-45).
A utilização de ervas é outro aspecto que merece atenção. São utilizadas em grande parte dos rituais sagrados, principalmente nos banhos e sacudimentos, com função de equilibrar as energias, tanto do ambiente, quanto do corpo. Os banhos podem ser classificados em: descarrego, defesa e energização. Sendo que são utilizados de formas especificas para cada caso, pois cada pessoa tem guias diferenciados (AZEVEDO, 2009, p.48-49).
A mesma importância é dada ao ebó, que é um ritual de purificação, ou uma oferenda pra reequilibrar as energias do filho com as dos seus orixás. É muito utilizado pela umbanda de nação. Deve ser usado única e exclusivamente para este fim, nunca para desejar o mal a qualquer pessoa (AZEVEDO, 2009, p. 55).
O respeito aos mais velhos é outro princípio que merece destaque. Na umbanda, quanto mais idade tem o indivíduo, mais respeitado ele é. Hierarquicamente, ficam abaixo, somente, do babalorixá ou da yialorixá , sendo respeitados mesmo por estes (AZEVEDO, 2009, p.56).
Outro assunto que suscita polemica é o que concerne ao sexo e a sexualidade. A abstinência sexual antes e depois de alguns ritos dar-se por que a energia que o corpo emite durante a atividade sexual é muito intensa, podendo desencadear aspectos tanto positivo, quanto negativo. Durante o ato, o médium, além de perder muita energia, corre o risco de entrar em contato com energias que o desequilibre. Contudo, a atividade sexual é natural e jamais poderá ser tachada de imoral. Assim, este período de abstinência serve para manter as energias em equilíbrio (ORPHANAKE, 1995, p.46-47).
Na umbanda, quando se fala em sexualidade, não se está falando em gênero, mas em essências, masculinas e femininas. Há certas funções essencialmente desempenhadas por homens, outras por mulheres. Contudo, a essência não está ligada a gênero ou ao sexo, pois ela os precede. Há homens com essência feminina, que emanam e concentram essa energia, e o contrario também se dá. Por isso a umbanda não tem restrição alguma a presença de homossexuais em seus cultos, pois para ela o que importa é o espírito, a essência, não a carne (AZEVEDO, 2010, p. 139-141).
O uso do álcool e do tabaco nos rituais é necessário, pois há certas energias que só eles podem emanar. O álcool serve como combustível, por produzir grande energia. Ele ajuda na manutenção do transe, abrindo as portas do subconsciente. O tabaco tem equiparada importância. Contudo, o uso destes deve ser limitado, para evitar problemas. Mas, como essa também é uma questão doutrinária, cada casa tem postura própria (AZEVEDO, 2010, p.133-134).
Na atualidade existem muitos cursos com visas a ensinar as várias "práticas de umbanda", contudo a forma mais sábia de compreender e absorver os valores fundamentais para a boa prática religiosa é vivenciando a religião. Sendo que o método de doutrinação, que a umbanda herdou dos africanos fora a transmissão oral (AZEVEDO, 2009, p.56).
Para AZEVEDO:
[...] nenhum ser humano, especialmente no que concerne aos deuses, é detentor de qualquer verdade universal. A verdade que nos liga ao transcendente é única e verdadeira apenas dentro de nossas almas (2010, p.11).
Enfim, pode-se concluir que a umbanda é uma religião brasileira, que se norteia em um Deus único, no culto aos orixás e espíritos ancestrais, que utilizam da mediunidade para fazerem acontecer: a caridade, a fraternidade e o respeito ao próximo. Acolhe a todos, sem distinção de raça, sexo, classe social... Sua principal virtude, a caridade. E sua lei, a do retorno.



Bibliografia:

AZEVEDO, Janaina. Tudo que você precisa saber sobre umbanda. São Paulo: Universo dos livros, 2010. Volume 1.
____. Tudo que você precisa saber sobre umbanda. São Paulo: Universo dos livros, 2009. Volume 2.
CUNHA JUNIOR, Henrique. Candomblés: como abordar esta cultura na escola. In: Revista Espaço Academico, nº 102. Novembro de 2009. Ano IX. Disponível: periodicos.uem.br/ojs/índex. php/espaçoacademico/ article/viewfile/.../4810 Acesso em: 07/07/2010.
ORPHANAKE, J. Edson. Mediunidade e seus problemas. 3ª Ed. São Paulo: Pindorama, 1995.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que é a Umbanda?

Vejamos o que nos diz o Aurélio:

Verbete: umbanda

[Do quimb. umbanda, 'magia'.] S. m.

1. Bras. Forma cultual originada da assimilação de elementos religiosos afro-brasileiros pelo espiritismo brasileiro urbano; magia branca.
2. Bras., RJ. Folcl. Grão-sacerdote que invoca os espíritos e dirige as cerimônias de macumba. [Var.: embanda.]

UMBANDA é religião !

Se dentro da Umbanda conseguimos nos religar com Deus, conseguimos tirar o véu que cobre nossa ignorância da presença de Deus em nosso íntimo, então podemos chamar nossa fé de Religião. Como mais uma das formas de sentir Deus em nossa vida, a Umbanda cumpre a função religiosa se nos levar à reflexão sobre nossos atos, sobre a urgência de reformularmos nosso comportamento aproximando-o da prática do Amor de Deus.

A Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e seus servidores: Crianças, Caboclos, Preto-velhos e Exus. Estes grupos de espíritos estão na Umbanda "organizados" em linhas: Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Exus. Cada uma delas com funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças da natureza que os regem, os ORIXÁS.

Na verdade a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma religião totalmente brasileira.

Mas, torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª década do século XX, da mesma. Em 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos. Os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram a estes aborígines de índios.

Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres.

O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia. São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.

Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz. Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.

Além disso, muitas das crianças índias e negras, eram mortas, quando meninas (por não servirem para o trabalho pesado), quando doentes, através de torturas quando aprontavam suas "artes" e com isso perturbavam algum senhor. Algumas crianças brancas, acabavam sendo mortas também, vítimas da revolta de alguns índios e negros.

Juntando-se então os espíritos infantis, os dos negros e dos índios,  acabaram formando o que hoje, chamamos de: Trilogia Carmática da Umbanda. Assim, hoje vemos esses espíritos trabalhando para reconduzir os algozes de outrora ao caminho de Deus.

A igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investiu covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos africanos.

A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difudir o culto as forças da natureza, a esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo religioso".

O candomblé iorubá, ou jeje-nagô, como costuma ser designado, congregou, desde o início, aspectos culturais originários de diferentes cidades iorubanas, originando-se aqui diferentes ritos, ou nações de candomblé, predominando em cada nação tradições da cidades ou região que acabou lhe emprestando o nome: queto, ijexá, efã. Esse candomblé baiano, que proliferou por todo o Brasil, tem sua contrapartida em Pernambuco, onde é denominado xangô, sendo a nação egba sua principal manifestação, e no Rio Grande do Sul, onde é chamado batuque, com sua nação oió-ijexá (Prandi, 1991). Outra variante ioruba, esta fortemente influenciada pela religião dos voduns daomeanos, é o tambor-de-mina nagô do Maranhão. Além dos candomblés iorubas, há os de origem banta, especialmente os denominados candomblés angola e congo, e aqueles de origem marcadamente fom, como o jeje-mahim baiano e o jeje-daomeano do tambor-de-mina maranhense.

Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata. No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes. O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de "doutores". Os Senhores da Luz (Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.

Começa a se plasmar, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades. Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras. No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro socio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos. Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.

A formação histórica do Brasil incorporou a herança de três culturas : a africana, a indígena e a européia. Este processo foi marcado por violências de todo o tipo, particularmente do colonizador em relação aos demais. A perseguição se deveu a preconceitos e a crença da elite brasileira numa suposta alienação provocada por estes cultos nas classes populares.

No início do século XX, o choque entre a cultura europeizada das elites e a cultura das classes populares urbanas, provocou o surgimento de duas tendências religiosas na cidade do Rio de Janeiro. Na elite branca e na classe média vigorava o catolicismo ; nos pobres das cidades (negros, brancos e mestiços) era grande a presença de rituais originários da África que, por força de sua natureza e das perseguições policiais, possuíam um caráter reservado.

Na segunda metade deste século, os cultos de origem africana passaram a ser freqüentados por brancos e mulatos oriundos da classe média e algumas pessoas da própria elite. Isto contribuiu, sem dúvida, para o caráter aberto e legal que estes cultos vêm adquirindo nos últimos anos.

Esta mistura de raças e culturas foi responsável por um forte sincretismo religioso, unificando mitologias a partir de semelhanças existentes entre santos católicos e orixás africanos, dando origem ao Umbandismo.

Ao contrário do Candomblé, a Umbanda possui grande flexibilidade ritual e doutrinária, o que a torna capaz de adotar novos elementos. Assim o elemento negro trouxe o africanismo (nações); os índios trouxeram os elementos da pajelança; os europeus trouxeram o Cristianismo e o Kardecismo; e, posteriormente, os povos orientais acrescentaram um pouco de sua ritualística à Umbanda. Essas cinco fontes criaram o pentagrama umbandista:

Os seguidores da Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles feitos para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem, e nunca de prejudicar quem quer que seja. Os espíritos da Quimbanda (Exus) podem, no entanto, ser invocados para a prática do bem, contanto que isso seja feito sem que se tenha que dar presentes ou dinheiro ao médium que os recebe, pois o objetivo do verdadeiro médium é tão somente a prática da caridade.

Algumas casas de Umbanda homenageiam alguns Orixás do Candomblé, como por exemplo: Oxumarê, Ossãe, Logun-Edé. Mas os mesmos, na Umbanda, não incorporam e nem são orixás regentes de nenhum médium.

Nós temos os nossos guias de trabalho e entre eles existe aquele que é o responsável pela nossa vida espiritual e por isso é chamado de guia chefe, normalmente é um caboclo, mas pode ser em alguns casos um preto-velho.

Aspectos Dominantes do Movimento Umbandista


1. Ritual, variando pela origem
2. Vestes, em geral brancas
3. Altar com imagens católicas, pretos velho, caboclos
4. Sessões espíritas, formando agrupamentos em pé, em salões ou terreiro
5. Desenvolvimento normal em corrente
6. Bases; africanismo, kardecismo, indianismo, catolicismo, orientalismo.
7. Serviço social constante nos terreiros
8. Finalidade de cura material e espiritual
9. Magia branca
10.  Batiza, consagra e casa

Ritual

A Umbanda não tem, infelizmente, um órgão centralizador, que a nível nacional ou estadual, dite normas e conceitos sobre a religião ou possa coibir os abusos. Por isso cada terreiro segue um ritual próprio, ditado pelo guia chefe do terreiro, o que faz a diferenciação de ritual entre uma casa e outra. Entretanto, a base de todo terreiro tem que seguir o principio básico do bom senso, da honestidade e do desinteresse material, além de pregar, é claro, o ritual básico transmitido através dos anos pelos praticantes.

O mais importante, seria que todos pudessem encontrar em suas diferenças de culto, o que seria o elo mais importante e a ele se unissem. Tal elo é a Caridade!

Não importa se o atabaque toca, ou se o ritmo é de palmas, nem mesmo se não há som. O que importa é a honestidade e o amor com que nos entregamos a nossa religião.

Sociedade Espiritualista Mata Virgem