quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cambonos: Os médiuns de sustentação

Cambono é um secretário das entidades. Ele zela pelo bom atendimento, ajuda a dinamizar as consultas, facilita o trabalho das entidades e serve também como intérprete destas.

O cambono, na verdade, é um médium em desenvolvimento ou que não incorpora. Também podem ser utilizados os outros médiuns em regime de escala. O seu trabalho dentro do Templo é tão importante quanto o dos demais médiuns e, mesmo sem estar incorporado, ele é parte integrante de todo o trabalho espiritual, pois os Guias Espirituais se utilizam dele para retirar as energias que serão utilizadas no atendimento aos consulentes. Muitas vezes, um Guia Espiritual tem dificuldades de adentrar no íntimo do consulente devido à densidade energética presente na pessoa e lança mão da presença do cambono e, através deste, fazendo como que “uma ponte”, consegue auscultar o íntimo da pessoa.

Como o trabalho do cambono é de secretário, ele deve, antes de tudo e se possível com um dia ou mais de antecedência, deixar preparado todos os apetrechos de trabalho que costumam ser utilizado pela entidade a qual irá cambonear. Ele precisa saber os hábitos de trabalho da entidade em dias de atendimento ou, se for a sua primeira vez, deve se informar sobre o que precisará ter em mãos, caso seja pedido, evitando assim atrasos desnecessários durante as consultas. O cambono, na verdade, precisa ter conhecimento de todo o culto e de todas as entidades, precisando, então, prestar muita atenção à atuação delas durante as giras.

Sempre que solicitado, o cambono deve ajudar as entidades a se comunicarem com os consulentes, desde é claro, que seja treinado para isso e também que seja muito atento a tudo o que a entidade solicitar. Na verdade, o cambono, em alguns casos, poderá explicar de uma forma mais simples ou mesmo interpretar o que for dito para que o consulente não distorça as palavras das entidades. Lembre-se de que para este trabalho o cambono deverá ser preparado em uma espécie de estágio nas Giras de desenvolvimento para que possa saber como as entidades trabalham.

O cambono, antes de qualquer coisa, é pessoa de extrema confiança do Pai ou Mãe da casa, assim como da entidade que estiver atendendo; portanto, caso perceba qualquer coisa estranha, qualquer coisa que não faça parte dos procedimentos normais, deve reportar-se ao Guia-chefe ou ao Pai ou Mãe da casa na mesma hora. É por isso que é tão importante, e necessário, que o cambono saiba todos os procedimentos de trabalho e todas as normas da conduta que entidades e médiuns devem ter dentro do Templo.

O fato de auxiliar nas consultas exige que o cambono seja discreto e mantenha sigilo sobre tudo o que ouvir, não se esquecendo de que ali estão sendo tratados assuntos particulares e que não dizem respeito a ninguém além da pessoa que estiver sendo atendida e da entidade. O sigilo é um juramento de confiança que todo o cambono deve ter e fazer.

Sem a ajuda de um cambono, os trabalhos tornam-se lentos e o atendimento aos consulentes ficaria difícil, principalmente se o Templo atender um grande número de pessoas. Para que tudo transcorra de forma satisfatória, a presença de um cambono é de grande necessidade dentro do Templo, mas este não deve jamais confundir a entidade com a pessoa, isto é, ele é cambono do Guia Espiritual e não daquele médium, que é apenas um irmão dentro do Templo. O que ele pode, sim, é perguntar ao médium com o qual trabalha como deve proceder para prestar um melhor atendimento à entidade durante os trabalhos.

Uma prática útil e aconselhável dentro de um Templo é a troca de cambonos entre as entidades. Isto traz um maior aprendizado aos cambonos e também faz com que estes se habituem a tratar todas as entidades da mesma forma, sem criar laços afetivos exagerados. Desenvolver afeto pelas entidades é comum, mas a afinidade espiritual só é saudável se não conduzir à dependência; portanto, o chefe da casa poderá decidir-se pelo trabalho alternado e, nesse caso, deverá fazer com que todos saibam disso com antecedência.

De vez em quando, todos médiuns, mesmo aqueles que incorporam, deveriam trabalhar como cambonos para poderem aprender mais e desenvolver a humildade, que é a característica mais importante que um médium deve ter.

Obs: Somente o Guia-Chefe deverá ter um cambono fixo e da confiança do sacerdote, pois provavelmente participará ativamente de todas as resoluções tomadas em relação a médiuns e ao Templo. Normalmente, o Guia-Chefe requer certa rapidez e presteza em seus atos e atendimentos, e só um cambono fixo poderá se prestar eficientemente como auxiliar.

Materiais básicos que os cambonos precisam ter durante os trabalhos:
  • Uma malinha (tipo mala de ferramentas), para colocar seus apetrechos de trabalho.
  • Uma sacolinha, pendurada no pescoço, com todo o material necessário para o atendimento imediato dos guias, como: isqueiro – caneta – bloquinho de papel, etc.
  • Um pano de cabeça (se for de uso do seu Templo).
  • Uma toalhinha branca (para higiene).

Veja bem: esta é uma lista de material utilizada normalmente. Desde que saiba qual entidade irá cambonear, o cambono deve saber se ela usa materiais específicos, tais como ervas, velas, bebidas, ferramentas de trabalho, etc. e se organizar junto ao médium com o qual trabalhará para ter tudo por perto.

É importante saber que todo o material de uso das entidades é de responsabilidade do médium que a incorpora e que o trabalho do cambono é estar atento para que este material não falte ou acabe, devendo comunicar o médium com antecedência quando o material estiver acabando.

Obs: O Cambono é um auxiliar do Templo e não um empregado dos médiuns. A educação e a lisura devem estar presentes a todo instante.



O QUE É SER UM CAMBONO

Os Cambonos são médiuns de sustentação, e são tão importantes quanto os médiuns ostensivos (de incorporação mediúnica) nos trabalhos de uma Casa Umbandista; eles também devem seguir certos procedimentos e ter a mesma dedicação e responsabilidade.

O Cambono, médium de sustentação, é aquele trabalhador, com mediunidade ostensiva ou não, que está presente ao trabalho, mas que não participa diretamente do fenômeno nem dos procedimentos de incorporação mediúnica para atendimentos.

Como o próprio nome diz, embora não esteja envolvido diretamente no fenômeno ou na assistência, faz a sustentação energética do trabalho, mantendo o padrão vibratório elevado por meio de pensamentos e sentimentos elevados.

Ao contrário do que se pensa, os médiuns cambonos de sustentação são tão importantes quanto os médiuns de incorporação, pois são eles que ajudam a garantir segurança, firmeza e proteção para o grupo e para o trabalho, enquanto os médiuns de atendimento fazem a sua parte e desenvolvem o trabalho assistencial.

Além disso, são eles também que ajudam os médiuns de incorporação, como já foi escrito linhas acima.

Considerando esse papel, podemos listar alguns requisitos importantes para os médiuns de sustentação:

Responsabilidade
Tanto quanto o médium de incorporação, o médium cambono de sustentação precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao trabalho com a espiritualidade e as energias humanas, a fim de poder auxiliar eficientemente o dirigente do trabalho e os seus colegas médiuns ou não.

Firmeza mental e emocional
Como é o responsável pela manutenção do padrão vibratório durante o trabalho, o médium cambono de sustentação deve ter grande firmeza de pensamento e sentimento, a fim de evitar desequilíbrios emocionais e espirituais que poderiam pôr a perder a segurança do trabalho e dos outros trabalhadores.

Equilíbrio vibratório
Como trabalha principalmente com energias – que movimenta com os seus pensamentos e sentimentos o cambono, médium de sustentação deve ter um padrão vibratório médio elevado, a fim de poder se manter equilibrado em qualquer situação e poder ajudar o grupo quando necessário.

Para isso, deve observar sempre a prática do Evangelho no Lar, ou algo similar, bem como a preparação necessária na noite que antecede o trabalho e no dia propriamente dito, cuidando do descanso, da alimentação, da higiene física e mental, dos banhos ritualísticos, da firmeza da sua guarda, etc.

Compromisso com a casa, o grupo, os Guias Espirituais e os assistidos

O cambono, médium de sustentação deve lembrar-se de que, mesmo não tomando parte direta nas assistências, tem alguns compromissos a serem observados:

• Com a casa que trabalha: conhecendo e observando os regulamentos internos a fim de seguí-los. Explicá-los, quando necessário, e fazê-los cumprir, se for o caso; dando o exemplo na disciplina e na ordem dentro da casa; colaborando, sempre que possível, com as iniciativas e campanhas da instituição.

• Com o grupo de trabalhadores em que atua: evitando faltar às reuniões sem motivos justos, ou faltar sem avisar o dirigente ou o seu coordenador; procurando ser sempre pontual nos trabalhos e atividades relativas; procurando colaborar com a ordem e o bom andamento do trabalho.

• Com os Guias Espirituais: lembrando que eles contam também com os médiuns cambonos de sustentação para atuar no ambiente e nas energias necessárias aos trabalhos a serem realizados, e que, se há faltas, são obrigados a “improvisar” para cobrir a ausência. Os Guias Espirituais devem ser atendidos com presteza e respeito.

• Com os assistidos: encarnados e desencarnados, que contam receber ajuda na Casa e não devem ser prejudicados pelo não comparecimento de trabalhadores. Todos deverão ser recebidos e tratados com esmero, dedicação, respeito e educação.



Ausência de preconceito

O cambono, médium de sustentação não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os dirigentes, mentores, etc.

Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.



Discrição

O cambono, médium de sustentação nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos envolvidos, encarnados e desencarnados, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar a trabalhadores, provocando desequilíbrios.

Os comentários só devem acontecer esporadicamente, de forma impessoal, como meio de se esclarecer dúvidas e transmitir novas informações a todos os trabalhadores, e somente no âmbito do grupo, ao final dos trabalhos.



Coerência:

Tanto quanto o médium de incorporação, o cambono, médium de sustentação deve manter conduta sadia e elevada, dentro e fora da casa em que trabalha, para que não seja alvo da cobrança de entidades desequilibradas, no intuito de nos desmascarar em nossas atitudes e pensamentos.

Como vemos, as responsabilidades dos cambonos, médiuns de sustentação são as mesmas que a dos médiuns ostensivos, e exigem deles o mesmo esforço, a mesma dedicação e a mesma responsabilidade.







CONCLUSÃO



Como vimos, não é tão fácil ser um cambono. Para ser um, é preciso aprender tudo sobre os Orixás, os Guias Espirituais, o Templo e, principalmente, sobre a conduta que deve adotar para, depois, se for o caso, ser um bom médium de incorporação e alcançar a evolução espiritual até o Pai Maior.





Fonte:



TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO: O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA

AUTORIA: PAI JURUÁ – NO PRELO

sábado, 14 de novembro de 2009

Sincretismos na Umbanda e Candomblé

Devido à uma série de acontecimentos históricos, à opressão sofrida pelos negros na época da escravidão e à imposição da religião católica dos fazendeiros sobre seus escravos, hoje o sincretismo dos nossos Orixás com os Santos do Catolicismo é muito presente na Umbanda. Muitas vezes este sincretismo e a presença de imagens católicas em nossos terreiros torna-se muito importante para aquele consulente que não conhece muito sobre a Umbanda e vai para um terreiro cheio de medo e desconfiança, mas quando chega lá se sente confortável pois encontra algo que reconhece como sagrado. Sendo assim, seja pela importância para os trabalhos ou pelo fato histórico em si, cabe a nós conhecer e entender o sincretismo na Umbanda. Vamos lá ?

OXALÁ – Jesus Cristo, Nosso Senhor do Bonfim. O grande Pai da Umbanda. Senhor da compaixão, do perdão, da sapiência e da fé. Saudação: Oxalá yê, meu pai! ou Exê Babá! – significa: O Sr. Realiza! Obrigada Pai!

XANGÔ – São Jerônimo, São Pedro, São João. São Jerônimo foi quem traduziu alguns livros da Bíblia do hebraico e do grego para o latim e São João pregava a conversão religiosa e batizou Jesus. Xangô é o deus do trovão e da justiça. Saudação: Caô Cabecilê, meu Pai! – significa: Permita-me vê-lo, Majestade!

OGUM – São Sebastião (BA), São Jorge (RJ). Orixá do ferro, fogo e tecnologia. Ogum é o orixá guerreiro capaz de abrir caminhos na vida e quebrar nossas demandas. Saudação: Ogum Yê, meu Pai! – significa: Salve o Sr. Da Guerra!

OXOSSI – São Sebastião (RJ), São Jorge (BA). Orixá da caça e da fartura. Senhor das matas, da verdade e do conhecimento. O grande caçador de almas perdidas, grande curador e grande doutrinador. Saudação: Oke Arô, meu Pai! – significa: Dê seu brado, Majestade!

OBALUAYÊ – São Lázaro, São Francisco (BA). Senhor da cura, da evolução e da passagem. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!

OMOLU – São Roque, São Lázaro, São Bento. Senhor do fim, Senhor da paralização. Saudação: Atotô, meu Pai! – significa: Peço quietude, meu Pai!

OXUMARÉ – São Bartolomeu. Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras. Dilui e renova os sentimentos doentios e viciados. Saudação: Arroboboi, meu Pai! – significa: Senhor da Águas Supremas!

IBEJI - São Cosme e São Damião. Pureza, leveza, alegria e doçura. Saudação: Salve a Ibejada!

YANSÃ – Santa Bárbara. Orixá guerreira, deusa dos raios, dos ventos e das tempestades. Liberdade, movimento e paixão pela vida essa grande orixá nos traz. Saudação: Eparrei, Yansã! – significa: Salve o raio, Yansã!

OXUM – Nossa Senhora da Conceição (RJ), Nossa Senhora das Candeias (BA). Orixá do amor puro e verdadeiro, orixá da alegria e da união. Senhora da águas doces e das cachoeiras. Saudação: Ora Yê iê, ô! – significa: Olha por nós, Mãezinha!

IEMANJÁ – Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes. É a deusa dos grandes rios, mares e oceanos. A grande mãe da Umbanda e dos Orixás. Representa vida e geração em todos os sentidos. Saudação: Odoyá Yemanjá! Adoci-yaba! – significa: Salve a Senhora da Água!

NANÃ – Sant’Ana. Senhora das águas paradas, do barro e da Sabedoria. Saudação: Saluba, Nanã! – significa: Salve a Sra. das águas Pantaneiras!

EGUNITA – Santa Sara de Kali. Senhora do Fogo vivo e divino. Sua maior qualidade é a purificação. Saudação: Kali Yê, minha Mãe! – significa: Salve a Senhora negra, minha Mãe!

OBÁ – Santa Catarina, Santa Madalena. Obá é a orixá que aquieta o racional dos seres e esgota o conhecimento desvirtuado. Saudação: Akirô Oba Yê! – significa: Eu saúdo o seu conhecimento, Senhora da Terra!

OYÁ – Joana D’arc. Orixá do Tempo, passado presente e futuro (tempo cronológico) e sua maior ação é no sentido religioso, onde ela atua como ordenadora do caos religioso. Saudação: Olha o Tempo, minha mãe!

EXU -Santo Antônio, São Bartolomeu. Faz a guerra para trazer a paz. Atua sobre a dualidade do homem. Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos. Saudação: Laroyê Exu, Exu é Mojubá! – significa: Olhe por mim Exu, eu me curvo a ti. Exu é poder de Orixá!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Por que o Exú é o primeiro?

Para que os seres humanos possam viver bem neste mundo, é preciso estar bem com os deuses. Por isso os homens propiciam os orixás, oferecendo-lhes um pouco de tudo o que produzem e que é essencial à vida. As oferendas dos homens aos orixás devem ser transportadas até o mundo dos deuses, o Orum. O orixá Exu tem esse encargo de transportador. Também é preciso saber se os orixás estão satisfeitos com a atenção a eles dispensada pelos seus descendentes, os seres humanos. Exu propicia essa comunicação, traz suas mensagens, é o mensageiro. É fundamental para a sobrevivência dos mortais receber as determinações e os conselhos que os orixás enviam do Aiê. Exu é o portador das orientações e ordens, é o porta-voz dos deuses e entre os deuses. Exu faz a ponte entre este mundo e o mundo dos orixás, especialmente nas consultas oraculares. Como os orixás interferem em tudo o que ocorre neste mundo, incluindo o cotidiano dos viventes e os fenômenos da própria natureza, nada acontece sem o trabalho de intermediário do mensageiro e transportador Exu. Nada se faz sem ele, nenhuma mudança, nem mesmo uma repetição. Sua presença está consignada até mesmo no primeiro ato da Criação: sem Exu, nada é possível. O poder de Exu, portanto, é incomensurável.

O sacrifício é o meio através do qual os humanos se dirigem aos orixás, e o sacrifício significa a reafirmação dos laços de lealdade, solidariedade e retribuição entre os habitantes do Aiê e os habitantes do Orum. Sempre que um orixá é interpelado, Exu também o é, pois a interpelação de todos se faz através dele. É preciso que ele receba a oferenda, sem a qual a comunicação não se realiza. A relação homem-orixá tem como fundamento a materialidade do sacrifício, a concretude da oferenda. Isso é uma definição religiosa, um ponto de partida essencial na concepção africana do sagrado. A própria possibilidade do homem professar a sua religião de orixás — seja na África, no Brasil, ou noutro lugar — depende, pois, do trabalho de Exu.

Como mensageiro dos deuses, Exu tudo sabe; não há segredos para ele, tudo ele ouve e tudo ele transmite. E pode quase tudo, pois conhece todas as receitas, todas as fórmulas, todas as magias. Exu trabalha para todos, não faz distinção entre aqueles a quem deve prestar serviço por imposição de seu cargo, o que inclui todas as divindades, mais os antepassados e os humanos. Exu não pode ter preferência por esse ou aquele. Mas talvez o que o distingue de todos os outros deuses é seu caráter de transformador: Exu é aquele que tem o poder de quebrar a tradição, pôr as regras em questão, romper a norma e promover a mudança. Não é, pois, de se estranhar que seja temido e considerado perigoso, posto que se trata daquele que é o próprio princípio do movimento, que tudo transforma, que não respeita limites. Assim, tudo o que contraria as normas sociais que regulam o cotidiano passa a ser atributo seu. Exu carrega qualificações morais e intelectuais próprias do responsável pela manutenção e funcionamento do status quo, inclusive representando o princípio da continuidade garantida pela sexualidade e reprodução humana, mas ao mesmo tempo ele é o inovador que fere as tradições, um ente portanto nada confiável, que se imagina, por conseguinte, ser dotado de caráter instável, duvidoso, interesseiro, turbulento e arrivista.

Para um iorubá ou outro africano tradicional, nada é mais importante do que ter uma prole numerosa, e para garanti-la é preciso ter muitas esposas e uma vida sexual regular e profícua. É preciso gerar muitos filhos, de modo que, nessas culturas antigas, o sexo tem um sentido social que envolve a própria idéia de garantia da sobrevivência coletiva e perpetuação das linhagens, clãs e cidades. Exu é o patrono da cópula, que gera filhos e garante a continuidade do povo e a eternidade do homem. Nenhum homem ou mulher pode se sentir realizado e feliz sem uma numerosa prole, e a atividade sexual é decisiva para isso. É da relação íntima com a reprodução e a sexualidade, tão explicitadas pelos símbolos fálicos que o representam, que decorre a construção mítica do gênio libidinoso, lascivo, carnal e desregrado de Exu-Elegbara.

Isso tudo contribuiu enormemente para modelar sua imagem estereotipada de orixá difícil e perigoso, que os cristãos, erroneamente, reconheceram como demoníaca. Quando a religião dos orixás veio a ser praticada no Brasil do século XIX por negros que eram também católicos, todo o sistema cristão de pensar o mundo em termos do bem e do mal deu um novo formato à religião africana, no qual Exu veio a desempenhar outro papel. A visão “cristã” dos orixás confundiu Oxalá com Jesus, Iemanjá com Nossa Senhora, e outros santos católico com os demais orixás. Para completar o panteão afro-católico, sobrou para Exu ser confundido com o Diabo. Foi, portanto, o sincretismo católico que deu a Exu a identidade de um demônio. Mas essa identidade destorcida sempre foi católica, cristã, sincrética. Não tem nada de africana.

Pensam os que se acostumaram a ver os orixás numa perspectiva cristã (imposta pelo catolicismo e hoje reforçada pelo evangelismo) que Exu deve ser homenageado em primeiro lugar para não provocar confusão, para não bagunçar a cerimônia, como se ele fosse um simples e oportunista arruaceiro. É uma visão bem simplista e demasiadamente falsa. Ora, Exu é antes de tudo movimento e nada pode acontecer sem ele, nem mesmo em pensamento, sem movimento. Nada pode, portanto, se dar sem a interferência de Exu. Por isso ele é sempre o primeiro a ser homenageado: é preciso permitir o movimento para que o evento, seja ele qual for, se realize, seja para o bem ou para o mal. Esse movimento não é dotado de moralidade, nem poderia ser, pois se assim fosse o mundo ficaria paralisado. A vida é um pulsar permanente, e em cada passo, em cada avanço ou retrocesso, em cada mudança, enfim, Exu está presente. Tudo começa por ele; por isso ele será sempre o primeiro.

[Texto extraído e modificado do livro Segredos Guardados, de Reginaldo Prandi, Companhia das Letras, 2005.]

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A gira de boiadeiros

Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros.


Uma manifestação de espiritos daqueles que foram muito acostumados a terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso Pais, em condições muito difíceis mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.

Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando a inconfundível toada "êeeee boi" como se ainda estivessem tocando seu rebanho.


O que mais agrada um Boiadeiro é uma boa comida da roça, bebidas simples, mas sem dispensar as iguarias do povo mais moderno, afinal, já passaram necessidades suficientes para não precisar mais se privarem de uma boa cervejinha se assim forem ofertados.


A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem.

Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes falavam mais alto e faziam muito mais diferença do que nos dias de hoje.

domingo, 8 de novembro de 2009

Firmeza da tronqueira

Muitos são os que chegam em um templo de Umbanda e se melindram, se assustam com as firmezas existentes na porta.
Aquelas casinhas, conhecidas como tronqueiras, que tem como finalidade o assentamento das forças dos nossos exús e pombagiras.
A tronqueira é um recurso maravilhoso, colocado pelo astral em prol dos templos de Umbanda, que recebem os assistidos, na sua grande maioria, com seres trevosos à atormentá-los.
Este recurso é no templo, um ponto de força onde está firmado (ativado) o poder dos guardiões que militam em dimensões à nossa esquerda.
O ponto de força funciona como pára-raios, é um portal que impede as forças hostis se servirem do ambiente religioso de forma deturpada.
No astral, os exús e pombagiras, utilizam-se dos elementos dispostos na tronqueira para beneficiar os trabalhos que são realizados dentro do templo.
Com estes elementos, estes abnegados servidores da luz, anulam forças negativas, recolhem e encaminham seres trevosos, abrem caminhos, protegem, etc...
Dentro de uma tronqueira encontramos vários tipos de ferramentas (instrumentos mágicos), como tridentes, punhais, pedras, ervas, velas, bebidas, etc...
cada instrumento com sua finalidade específica e tanto os exús quanto as pomba giras ativam seus mistérios nestes elementos com a finalidade de realizarem seus trabalhos espirituais.
É importante que os médiuns e os assistidos saibam da importância de uma tronqueira e que todos saibam que este ponto de força está sobre as ordens da Lei Maior.
Quando alguém deturpa este ponto de força, usando-o de forma negativa, este se torna um portal negativo.
Este tipo de procedimento não é da Umbanda e sim de seitas que muitas vezes se utilizam do nome de nossa religião.
Devemos saudá-los, de forma respeitosa quando adentramos nos templos.
Qualquer um pode se servir do poder desses guardiães, acenda uma vela e peça proteção e auxílio e receberá.
Eles estão a serviço do Bem, da Lei Maior.

Toda a casa pode ter um tronqueira sem mesmo o dono dela seja mediun esse é um procedimento normal que todos podem invocar a qualquer hora ou dia, tomando sempre algumas precauções que mantem o ambiente livre de larvas astrais e quiumbas (espíritos sem luz).

Como se faz uma tronqueira.
Existem muitas formas bonitas de fazer, mas como somos e pregamos a humildade a mais comum são apenas alguns blocos e uma telha ou qualquer coisa que não seja inflamável para cobrir a casinha dos exus vamos falar assim não é necessário ponto de ferro ou ferramenta firmada e nem imagens essa foto é meramente ilustrativa e para que tenhamos uma idéia da simplicidade agora passaremos a forma de preparação após a estrutura esteja pronta.

Obs:.
A) a mesma deve ficar a esquerda de quem entra a casa do médium ou pessoa que a construiu em caso não seja possível ele será feita do lado que for mais apropriado a frente da casa pode ser tampada se assim o desejar.
B) Em caso de apartamento podemos firmar exclusivamente na quartinha sem a necessidade de fazer a casinha daí segue os passos correspondentes.

1º) a mesma deve esta totalmente limpa de qualquer resíduo;

2º) antes de iniciar as firmezas deve-se fazer um uma limpeza com folha de manga, mamona, pimenta ou espada da mesma forma que é feito o banho de uso mediúnico só que despejado na casa para que retire se ainda houver alguma energia retida;

3º) deve se após estar seca ser firmado o ponto de Exu dentro da casinha com Pemba Vermelha ou Branca não se deve utilizar de maneira nenhuma a Pemba Preta em cultos de Umbanda, caso você ainda não tenha o Ponto ou você não seja Médium você deve utilizar o ponto cabalístico abaixo que representa a Energia Originaria da linha dos Exus.

O garfo representa a Cruz de Cristo com os Braços voltados pra cima implorando o perdão de Zambi (Deus), a reta cruzando o garfo representa a ligação que ele tem direta com o Elemento Terra linha dos Mortos ou Desencarnados, essa linha curva cruzando o garfo representa a manifestação entre o Bem e o Mau dependendo da forma que você os invocou, representa também que mesmo sendo seu guardião o mesmo braço que te escora e te levanta pode te botar pra baixo ou te derrubar isso só depende de uma coisa a sua consciência.

4º) você em seguida acende uma vela vermelha em cima do ponto para Ogum pedindo que ele sendo também chefe da linha da esquerda sempre guarde os protetores daquela firmeza junto com a velas que você pretende acender caso não saiba ainda o que deve acender você pode fazer da seguinte maneira duas velas vermelhas e um preta sempre a de Ogum acima e as demais abaixo formando uma seqüência:
a) a primeira representa seu Exu Guardião seu escora;
b) a segunda representa sua Pomba Gira sua alto estima seu bem querer;
c) a terceira representa seu Exu Mirim o seu sentimento interior que as vezes está repreendido porem ele esta lá.

5º) a bebida deve ser colocada em uma quartinha de barro respeitando a seguinte ordem
a) quartinha com aba só pode ser usada para Pomba Gira;
b) quartinha sem aba é pra ser colocado a bebida do exu e exu mirim, porem você tambem pode colocar também a bebida da Pomba Gira.

6º) o charuto ou cigarro você pode colocar de pé quando der;

7º) você pode fazer caso queira a obrigação de esquerda mensal respeitando que após 24 horas a obrigação deve ser retirada do local e feito a limpeza novamente.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Exú-mirim

Por Rubens Saraceni

Escrever sobre Exú Mirim se faz necessário nesse momento porque, desde que psicografei o livro Lendas da Criação - A Saga dos Orixás, sua importância na Criação e na Umbanda mostraram-se maior do que imaginava-se.

Não temos escritos abundantes a nossa disposição que ensinem-nos sobre esse Orixá ou que fundamente-o com Mistério Religioso.

Essa falta de textos esclarecedores e fundamentais das suas manifestações religiosas nesse primeiro século de existência da Umbanda deixou Exú Mirim à própria sorte, ou seja: a vagos comentários sobre seus manifestadores que pouco ou nada esclareceram sobre eles e ao que vieram! Inclusive, por terem sido descritos
como "espíritos de moleques de rua", cada um incorporava-o com os típicos procedimentos de crianças mal-educadas, encrenqueiras, bocu­das, chulas, etc.

Foram tantos os disparates cometidos que é melhor esquecê-los e reconstruir todo um novo conhecimento sobre o Orixá Exú Mirim, antes que ele deixe de ser incorporado e relegado ao esquecimento, como já foi feito com muitos dos Orixás que, por falta de informações corretas e fundamentadoras, deixaram de ser cultuados aqui no Brasil.

Nas Lendas da Criação, Exú Mirim assumiu uma função e importância que antes nos eram desconhecidas. A função é a de fazer regredir todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra a paz e a harmonia entre os seres. A importância e a de que, sem Exú Mirim nada se pode ser feito na Criação sem sua concordância. Com Exú, dizia-se que "sem ele não se faz nada". Já, com Exú Mirim, "sem ele nem fazer nada é possível".

Vamos por partes para entendermos sua importância e fundamentá-lo, justificando sua presença na Umbanda.

1) Cada Orixá é um dos estados da Criação. Um é a Fé, outro é a Lei, outro é o Amor, e assim por diante, independente de suas interpretações religiosas.

2) Por serem estados, são indispensáveis, insubstituíveis e imprescindíveis á harmonia e ao equilíbrio do todo. O Estado da matéria considerado "frio" só é possível por causa da existência do estado "quente" e ambos na escala celsus indica os dois estados das temperaturas. Sem um não seria possível dizer se algo está frio ou
quente; se algo é doce ou amargo, se algo é bom ou ruim, etc. É a esse tipo de "estado" que nos referimos e não a um território geográfico, certo?

3) Muitos são os estados da Criação e cada um é regido por um Orixá e é guardado e mantido por todos os outros, pois se um desaparecer (re­colher-se em Deus), tal como numa escada, ficará faltando um degrau, e tal como numa escala de valores, estará faltando um grau que separe o seu anterior do seu posterior.

4) Quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma linha espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos, humildes, respeitosos e que chamavam todos(as) de titios e titias ao se dirigirem às pessoas ou aos Orixás e guias espirituais. Também chamavam os pretos(as) velhos(as) de vovô e de vovó. Até aí tudo bem!

5) Mas logo começaram a "baixar" uns espíritos infantis briguentos, encrenqueiros, mal-educados, intrometidos, chulos e que dirigiam -se às pessoas com desrespeito chamando-os disso e daquilo, tais como: seu pu.., sua p..., seu v...., seu isso e sua aquilo, certo? E quando inquiridos, se apresentavam como "exús" mirins, os exús
infantis da Umbanda numa equivalência com um exú infantil ou um erê da esquerda existente no Candomblé de raiz nigeriana.

6) Exú Mirim assumiu o arquétipo que foi construído para ele: o de menino mal! E tudo ficou por aí com ninguém se questionando sobre tão con­trovertida entidade incorporadora em seus médiuns, pois ele diziam que todo médium tem na sua esquerda um Exú Mirim além de um e Exú e uma Pomba Gira.

7) De meninos mal educados, como tudo que "começa mal" tende a piorar, eis que as incorporações de entidades Exús Mirins começaram a ser proibidas nos centros de Umbanda devido a vazão de desvios íntimos dos médiuns que eles extravasavam quando incorporavam nos seus.

8) De mal vistos, para pior, essa linha de trabalhos espirituais, (onde cada médium tem o seu Exú Mirim), quase desapareceu e só restaram as incorporações e os atendimentos de um ou outro Exu Mirim "muito bom" mesmo no ato de ajudar pessoas.

9) Então ficou assim decidido, mais ou menos, por muitos:

a) Exú Mirim existe, é mal educado e incon­trolável e de difícil doutrinação.

b) Vamos deixar Exú Mirim quieto e vamos trabalhar só com linhas espirituais doutrináveis e possíveis de serem controladas dentro de limites aceitáveis.

10) Exú Mirim praticamente desapareceu das manifestações Umbandistas porque suas incorporações fugiam do controle dos dirigentes e seus gestos e palavrões envergonhavam a todos.

11) Como é característica humana negar tudo o que não pode controlar e ocultar tudo o que "envergonha", o mesmo foi feito com Exú Mirim, que existe, mas não é recomendável que incorpore em seus médiuns. Certo?

Errado, dizemos nós, porque muitos médiuns já ajudaram a muitas pessoas com seus exús mirins doutrinadíssimos e nem um pouco influenciados pela personalidade "oculta" de quem os incorporavam.

Todos se adaptam a regras comportamentais se seus aplicadores forem rigorosos tanto com os médiuns quanto com quem incorporar neles.

O melhor exemplo começa com as incorporações comportadas de quem dirige os trabalhos espirituais. E uma boa orientação sobre as entidades ajuda muito porque, o que os médiuns internalizarem sobre elas será o regularizador das entidades.

Agora se, por acaso, o dirigente adota um comportamento discutível, aí seus médiuns o seguirão intuitivamente, pois o tomam como exemplo a ser seguido.

Em inúmeras observações, vimos os médiuns repetindo seus dirigentes e, inclusive, com as incorporações e danças dos guias incorporados neles. Essa assimilação natural ou intuitiva é um indicador de que o exemplo que vem "de cima" ainda é um dos melhores reguladores comporta­mentais.

Agora, quando o dirigente incorpora seu Exú Mirim e este, por ser do "chefe", faz micagens, caretas, gestos obscenos, atira coisas nas pessoas, xinga-as e fala palavrões, aí tudo se degenera e seus médiuns procederão da mesma forma porque, em suas mentes e inconscientes é assim que seus Exús Mirins devem comportar-se quando incorporados.

Essa foi uma das razões para o ostracismo e que foi relegada a linha dos Exus Mirins. E isto, sem falarmos em supostos Exús Mirins que quando incorporavam ou ainda incorporam por aí afora, pegam ou lhe são dados saquinhos de papel que ficam cheirando, como se fossem as infelizes crianças de rua viciadas em cheira "cola de sapateiro".

Certos comportamentos, devemos debitar ao arquétipo errôneo construído por pessoas desin­for­madas sobre essa linha de trabalhos espirituais Umbandistas.

1) Não são espíritos humanos, em hipótese alguma.

2) Exús Mirins são seres encantados da natureza provenientes da sétima dimensão à esquerda da que nós vivemos.

3) A irreverência ou má educação comporta­mental não é típico deles na dimensão onde vivem.

4) São naturalmente irrequietos e curiosos, mas nunca intrometidos ou desrespeitadores.

5) Por um processo osmótico espiritual, refletem o inconsciente de seus médiuns, tal como acontece com Exú e Pomba Gira. Logo, são nossos refletores naturais.

6) Gostam de beber as bebidas mais agradáveis ao paladar dos seus médiuns, sejam elas alcoólicas ou não.

7) Apreciam frutas ácidas e doces "duros", tais como: rapadura, pé de moleque, quebra queixo, cocadas secas e balas "ardidas" (de menta ou hortelã).

8) Se bem doutrinados prestam inestimáveis trabalhos de auxilio aos freqüentadores dos centros de Umbanda.

9) Não aprovam ser invocados e oferen­da­dos em trabalhos de demandas e magias negativas contra pessoas.

10) Toda vez que seus médiuns os ativam pa­ra prejudicar os seus desafetos seus Exus Mirins se enfraquecem automaticamente já acon­teceram inúmeros casos de médiuns que ficaram sem seus verdadeiros Exus Mirins porque os usaram tanto contra seus desafetos que eles ficaram tão fracos que foram aprisionados e kiumbas oportunistas tomaram seus lugares junto aos seus médiuns, passando daí em diante a criar problemas para suas vítimas que ainda acreditavam que estavam incorporando seus verdadeiros Exús Mirins.

11) Eles raramente pedem seus assentamentos ou firmezas permanentes e preferem ser ofe­rendados periodicamente na natureza, tal co­mo as crianças da direita.

12) Se bem doutrinados e colocados a serviço dos freqüentadores dos centros umbandis­tas, realizam um trabalho caritativo único e insu­bs­tituível.

Vamos resgatar os Exus Mirins da Umbanda e libertá-los do falso arquétipo que mentes e consciências distorcidas criaram para eles?



Rubens Saraceni

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Energia

Robson Pinheiro, médium e escritor espírita, fala sobre as novas dimensões da Bioenergética humana.
Podemos descrever alguns tipos de comportamento e de atitudes do cotidiano que interferem profundamente nas reservas energéticas da cada um. Ao observar as variadas formas de desgaste vital e de perda de energia, tão comuns em nossos dias, podemos listar quase duas dezenas de fatores que provocam esse tipo de fadiga, consumindo as reservas energéticas de muitos. Vamos nos debruçar em detalhes sobre cada um dos pontos.



1. A importância do sono.

O sono é uma das formas mais preciosas de abastecimento energético, por meio dele a consciência absorve estímulos diretamente da fonte primordial, o ambiente extrafísico, no qual encontramos reservas inesgotáveis de energia. Além desse fato de ordem interna, o ato de dormir abastece o corpo astral, que, uma vez projetado fora do corpo físico, se revitaliza no contato com o ambiente extrafísico e suas reservas energéticas, tão importantes para o equilíbrio vital e o metabolismo do corpo psicossomático.

Também é por meio do sono que o cérebro físico se recompõe para receber novas informações após o período de descanso, assim como para acessar os registros mnemônicos do corpo mental ou astral. O cérebro humano não foi programado para funcionar ininterruptamente sem se desgastar.

A falta do sono poderá provocar distúrbios profundos, sensação de mal-estar, incapacidade física e mental de agir, atuar, interagir e viver as experiências docotidiano.

Uma análise profissional é de imenso proveito para aqueles que sofrem de insônia e perdas energéticas associadas ao sono.



2. Conflito entre a necessidade de um período de sono satisfatório e o período de sono usufruído.

Entre os estudiosos da holística é consenso que a pessoa necessita encontrar um meio termo entre sua necessidade particular de usufruir do sono e se satisfazer com ele - visando alcançar os benefícios que descrevemos no item anterior - e o tempo de que dispõe para dormir.

Muitas pessoas não dormem em horário natural, que deveria ser dedicado ao sono. Mesmo com o desgaste energético e a falta de produtividade no dia seguinte, costumam sucumbir ao sono no horário em que deveriam estar produzindo, trabalhando, interagindo social e profissionalmente. Nesses casos, o desgaste orgânico ou vital acumula-se pouco a pouco, além da frustração cotidiana com que se deparam, por não conseguirem conciliar sua necessidade natural de repouso com o tempo de que dispõem para dormir. Há uma disparidade, algumas vezes fruto da rebeldia em não se admitir incapaz de se re¬ abastecer convenientemente do modo como vem se com¬portando. Ocorre uma recusa forte e sistemática em se adaptar ao ritmo que o corpo e a mente exigem para não ocorrer o desgaste prematuro das fontes energéticas.

Nesse caso, é preciso empenhar-se para reeducar a mente e reciclar idéias a respeito dos próprios limites, das necessidades particulares e da organização do tempo, com vistas a respeitar o equilíbrio vital e emocional.



3. Emoções descontroladas, efervescentes em ebulição.

O desequilíbrio das emoções provoca natural perda de energia consciencial, isto é, do quantum energético que a consciência emprega para dar vida ao corpo e acionar o intelecto.

O aumento do número de pessoas descontroladas ou dependentes emocionalmente, melindrosas, com posturas castradoras, dominadoras ou chantagistas, entre outras, mostra mais uma face da perda ou desgaste energético.

O desequilíbrio emocional é responsável pela maioria dos desgastes e das depressões energéticas, dos roubos e das perdas de vitalidade. Os consultórios que trabalham com terapias energéticas ou magnéticas estão repletos de casos em que o consulente se apresenta completamente desvitalizado e, após se submeter ao processo de reenergização, demonstra acentuada melhora. Todavia, embora pessoas com turbulência emocional crônica possam efetivamente beneficiar-se com alguma prática bioenergética, na grande maioria das vezes nota-se a volta ao quadro inicial e, em certas ocasiões, até um recrudescimento dos sintomas. Acredito que nesses casos a pessoa pode estar a procurar soluções externas para problemas internos. Beneficiam-se de algum modo, é claro, mas, como não estão dispostas a educar as fontes de pensamento, tampouco as emoções, não é de se esperar outra coisa, senão o reaparecimento do desequilíbrio. Se não houver reeducação do pensamento e das emoções tão logo se verifique a melhora proporcionada pelos tratamentos energéticos, tudo retornará ao que era antes. Como a situação de bem-estar foi um "empréstimo", um recurso externo, cabe ao consulente conservar esse esta¬do, o que só será possível com a mudança interior. Do contrário, assim que cessar a terapia virá à tona o estado anterior, pois não se soube criar condições para manter a harmonia motivada pelo terapeuta e não se desenvolveram as bases emocionais nem as atitudes que pudessem levar a pessoa a um estado de qualidade energética.



4. Esforço físico incompatível com o estado de saúde e a realidade do corpo.

Em nossa sociedade, os indivíduos apresentam características díspares de comportamento. É comum haver quem não age nem atua em conformidade com os limites de suas possibilidades físicas ou de saúde.

Mas não fala¬mos apenas do excesso de trabalho, desproporcional para um corpo que não possui condições de se dedicar a ele de maneira intensa. Há a situação oposta, bastante frequente, daqueles que não trabalham, levam uma vida ociosa e improdutiva, com o corpo em plenas condições de produzir. Parece que essas pessoas se aposentaram da vida e aguardam ansiosas o fim definitivo do trabalho, para jamais correrem o risco de ter de trabalhar novamente. Esperam o mundo acabar e se acabam na inutilidade que se obrigam a viver. Esse estado gravíssimo é cada vez mais observado, principalmente no sexo masculino, após a conquista da aposentadoria.

É natural que, diante de um quadro de inatividade, prostração, haja uma reação fisiológica compatível com a atitude do indivíduo. Em razão do excesso de ociosidade, o corpo passa a corresponder de forma mais ou menos intensa, porém progressiva, à falta de atividade produtiva. A saúde, não apenas do veículo somático, mas como expressão mais ampla de equilíbrio vital e emocional, fica seriamente comprometida diante do desrespeito aos limites e à capacidade produtiva do ser.



5. Falta de nutrientes naturais oferecidos pelo planeta

A larga difusão de alimentos e bebidas industrializados, diversos dos quais com grau de toxidade comprovado e alto teor alcoólico, acabam por provocar uma mudança gradual, porém consistente, no comportamento da população. A opção pela vida artificial ou sua valorização, intensamente estimulada pela publicidade e pelos meios de comunicação de massa, angariou a simpatia de milhões de pessoas, que trocam prazerosamente as fontes naturais de abastecimento vital pelas drogas sociais, de modo especial, o álcool. Cerveja e outras bebidas, refrigerantes e cada vez mais alimentos chamados energéticos, embora possuidores de aditivos químicos, escassas em nutrientes e nada saudáveis, têm feito parte da dieta regular de grande número de pessoas por todo o mundo - e em quantidades a cada dia maiores.

Os hábitos naturais, como a ingestão de água, por exemplo, acabam perdendo espaço diante das novidades que vêm sendo incorporadas ao cotidiano das pessoas. O ar, mais poluído dia após dia, é assimilado com naturalidade por bilhões de pessoas que não percebem as mudanças lentas se operando em seu metabolismo, de tal forma intensas que afetam as estruturas interna e etérica de seus organismos. O contato com as fontes naturais deixa aos poucos de ser um comportamento cotidiano para se transformar num meio de divertimento de poucos indiví¬duos considerados estranhos ou excêntricos.

Como manter o abastecimento vital do organismo se estamos progressivamente afastando-nos dos ambientes naturais? Como não sentir os choques vibratórios e vitais que invadem a privacidade do corpo físico e das emoções se nos distanciamos gradualmente das reservas energéticas que nos manteriam robustecidos? Ar e água puros são grandes condutores da energia cósmica e do prana. Qualquer indivíduo que se afaste dos ambientes naturais por qualquer motivo deveria, de tempos em tempos, programar um retorno a esses lugares, a fim de se reabastecer.

Rios, cachoeiras, mares, matas e montanhas, além de serem reservas naturais, são potentes fontes de energia natural. No contato com tais elementos, sagrados para a ecologia planetária, o organismo se refaz, o corpo etérico ou vital se recompõe e o psicossoma promove intenso intercâmbio com as energias magnéticas encontradas. Muitas disfunções psicofísicas são curadas mediante o con¬tato mais intenso com recantos onde as energias virgens da natureza encontram livre curso. Beber água de manei¬ra regular faz com que o organismo físico absorva maior concentração energética, principalmente a água mineral natural, pois a água é o veículo de concentração vital e energética por excelência.



6. Exercício físico insuficiente.

Quantas pessoas passam seu tempo ou deixam o tempo passar por elas sem usufruírem de um momento se quer para exercitar os músculos?

Ao experimentar o exercício físico, mesmo que durante poucos minutos diários, o indivíduo faz com que as energias vitais circulem em seu organismo, liberando toxinas ou desfazendo entroncamentos energéticos prejudiciais. A falta do exercício físico, além de afetar o desempenho do corpo e da mente, faz com que a preguiça encontre livre acesso e assim se estabeleça o caos orgânico, pela improdutividade.

Dificilmente uma pessoa que não se exercita poderá adquirir resistência física ou energética, pois os canais de energia também se obstruem como ocorre com veias e artérias. Essa obstrução dos meridianos produz um esta¬do quase permanente de fraqueza e desvitalização. É comum que indivíduos sedentários se ressintam com maior intensidade dos impactos energéticos inerentes ao dia-a-dia. Isso ocorre porque as energias absorvidas em seu cotidiano acabam por estagnar-se devido à ausência de movimento e ao marasmo do corpo, ao invés de circularem e se dissiparem naturalmente. Formações energéticas de¬ pressoras aos poucos obstruem a circulação energética, densificando ou saturando o corpo etérico, que perde em viço e plasticidade.
Perdurando a situação de inatividade física, todo o processo tende a se agravar, o que acaba por minar as resistências imunológicas do duplo etérico, deixando a pessoa com maior sensibilidade não somen¬te aos impactos magnéticos e descargas energéticas, mas também aos ataques conscienciais da esfera extra física.



7. Fatores climáticos e atmosféricos adversos.

O clima é outro fator importante a ser avaliado quando alguém se sente desvitalizado. Muita gente tem pouca resis¬tência ao calor, por exemplo, ou ao frio; assim, numa ocasião ou noutra, deparará com maior dificuldade de produ¬ção e menor rendimento em suas atividades. Notadamente o calor excessivo poderá causar transtornos de ordem vital, impondo evidente perda energética, principalmente as de natureza emocional.

A variação constante ou brusca do clima, assim como os fenômenos de grande impacto - como tempestades, ven¬davais, chuvas torrenciais, ressacas marinhas e catástrofes naturais -, movimentam cotas intensas de energia do meio ambiente, e muita gente é sensível a tais agitações. Corpos físicos humanos correspondem sempre e quase que ime¬diatamente às variações climáticas; basta estar atento para percebê-las. Ao considerar a própria estrutura do soma, ve¬mos que ela responde de forma análoga às transformações ocorridas no ecossistema planetário. Aliás, é um dos pres¬supostos da holística a integração ou interdependência entre macrocosmo e microcosmo.

Ao emitir um diagnóstico para as chamadas perdas energéticas, não se pode deixar de levar em conta o fator climático, pois o homem é parte da natureza, a despeito das convicções do mundo moderno, e com ela interage sem cessar.



8. Falta de resistência do corpo físico, ou corpo com poucas possibilidades vitais, devido a fatores cármicos ou acidentais.

Muitos egos ou consciências, ao elaborarem um corpo físico para si, no processo de reencarnação no planeta Terra, atraem um contingente de células físicas desorganiza¬das, em correspondência natural a seu arcabouço psicológico necessitado de reeducação, e em decorrência dele. Nessa situação, o corpo nasce deficiente de alguma maneira, seja no aspecto externo e funcional, seja no âmbito da vitalidade. Encontramos o último caso em pessoas que trazem a aparência constante de adoecimento, desvitalização, apatia ou fragilidade emocional. É lógico supor que elementos de ordem cármica devem ter contribuído para a formação de um corpo com algum tipo de deficiência. Contudo, além da possível causa de natureza cármica, podem ocorrer algumas disfunções cuja origem está associada a acidentes antes do nascimento, no útero materno, ou mesmo após o parto, causados por fatores como ignorância, incúria imprevidência e muitos outros, e não por circunstâncias reencarnatórias.

Certo é que tais pessoas se apresentam com os corpos físico e etérico visivelmente debilitados devido a limitações próprias de suas experiências particulares. Forçosamente, tal situação nos leva a constatar que organismos físicos ou etéricos dotados dessas características provavel¬mente devem oferecer pouquíssimas condições de equilíbrio. Usados pela consciência em caráter temporário esta¬rão atrelados às origens desarmônicas descritas, por toda a encarnação. De posse de seus corpos, mas não sendo eles os corpos em si, tais indivíduos se encontram presos a inquietudes e limitações severas, deficiências, incapacidades e outros tipos mais de adversidade.

Há ainda uma variação desse quadro, expresso como desgaste natural dos corpos físico e etérico, tornando o ser inapto para a realização de algumas tarefas ou com graves dificuldades de manter estados emocionais de ordem superior. É que, na sua maioria, sucumbem diante das limitações físicas ou energéticas, reais ou aparentes, e entregam-se à depressão, à mágoa e a sentimentos de¬sequilibrados, na tentativa desesperada de antagonizar a dificuldade ou protestar contra a situação temporária. Casos assim exigem, além de atendimento especializado e regular por parte da medicina, acompanhamento emocional permanente, pois que não somente o corpo físico está desgastado, limitado ou debilitado, mas principalmente os corpos etérico e emocional ou psicossoma.

Em resumo, não adianta "tapar o sol com a peneira", como diz o velho ditado. Embora a força e a coragem, a disciplina e as conquistas de alguns indivíduos que vivenciam as situações mencionadas, é imperioso haver acompanhamento ou tratamento emocional e reeducativo das bases do pensamento. Há que se render ao bom senso e admitir que determinadas tarefas ou estruturas de vida são inapropriadas para quem vive impedimentos dessa natureza. Nadar contra a correnteza, ir na direção contrária a que as necessidades apontam talvez acarrete um desgaste que a consciência não está pronta para admi¬nistrar.

O espírito acaba por sucumbir, extenuado, após diversas tentativas contrárias à natureza do organismo ¬ dos corpos físico e etérico dos quais se utiliza.

Como entender, então, que uma pessoa com profundas deficiências emocionais e energéticas e sérias limitações em seu campo energético pessoal se dedique a tarefas nas quais é necessário doar bioenergias? De que fonte ex¬trairá recursos energéticos para transmiti-las a outros, se ela própria oscila constantemente entre estados de maior ou menor desarmonia energética? Como manter a aparência de equilíbrio energético e emocional, quando a natureza - ou a própria consciência - designou para si um sistema orgânico que atesta, a todo instante, sua carência vital, emocional e energética?

Com efeito, alguns superam inúmeros desafios e conseguem manter, por um tempo dilatado, algo que se assemelha à harmonia. Entretanto, ao referirmo-nos ao estado de equilíbrio necessário ao desempenho da atividade terapêutica com bioenergia, dirigimo-nos muito mais ao fator energético-vital, às reservas de energia e vitalidade do duplo etérico e do corpo astral, do que propriamente aos impedimentos de ordem física, que podem ser mascarados. Não há como ignorar que é das fontes intrínsecas ao corpo vital que o magnetizador extrairá as bioenergias que transmite no ato de doação, manipulação ou trans¬mutação fluídica. Perguntamos, então, reiteradamente: e se as próprias reservas estiverem comprometidas? Como manter um nível vital mínimo para doar a outros?

Creio que é preciso bom senso, sabedoria e visão desapaixonada para verificar quando os obstáculos naturais que se interpõem entre o desejo e a condição real do indivíduo se constituem em verdadeiros impedimentos, no momento em que a consciência se manifesta no mundo com vistas a sua própria reeducação. Deve-se buscar sempre a coerência com a sua própria estrutura orgânica e energética.



9. Fatores emocionais extremos: decepções, cansaço mental e emocional.

Alguns fatores dificultam a absorção das energias que mantêm o equilíbrio vital. No planeta Terra, no presente momento evolutivo, estão incorporados nos corpos hu¬manos egos ou consciências, em sua grande maioria, carentes de reeducação emocional. Pela simples observação, deduz-se que as pessoas em geral são bastante permeáveis ao descontrole emocional e energético, cujas bases remontam ao passado reencarnatório das multidões. Verifica¬mos quanto as questões emocionais, com suas nuanças e seus agravantes, interferem no tônus vital de cada um.

Grande número de pessoas atribui seu desgaste e descontrole a agentes da dimensão extra física - às vezes até como pretexto para justificar seu comportamento. Assim, teima em continuar negando ou desviando a atenção das próprias deficiências emocionais e da desorganização moral que traz impregnada em seu ser, num fenômeno clás¬sico denominado pela psicologia como projeção. Muitos estão mergulhados num mar de emoções descontroladas ou vivem nos limites do equilíbrio emocional, mas não estão dispostos a encarar a própria debilidade, pois que é mais atraente creditar tais perdas, desgastes e danos energéticos a terceiros. Daí a eleger causas mirabolantes, de natureza mística, extra física ou extra-sensorial, é um passo. Logo aparecem argumentos que creditam tais distúrbios à paranormalidade ou à mediunidade descontrolada, "não desenvolvida" etc ... Dessa maneira, a um só tempo, sustenta-se o desequilíbrio emocional e obtém-se destaque para si, preenchendo a carência por atenção, pois há certo status em ser vítima de forças ocultas e "sobrenaturais", não? Para esses indivíduos, parece que sim.

É muito comum encontrar esse tipo humano buscando soluções religiosas, prodigiosas e fantasiosas para a problemática que é interna, psicológica e emocional.

Ele imputa a um agente externo - seja um espírito ou um su¬posto trabalho de magia que visa prejudicá-lo - o próprio descontrole, desequilíbrio e, às vezes, até mesmo a fuga da realidade. Ao topar com pretensos terapeutas, guias espirituais desinformados e incapazes de variada espécie, com profundas tendências místicas, entrega-se a maiores desvarios, até desembocar em amargas decepções e tra¬gédias pessoais. Eis como milhares, estacionados numa postura mística e sem nenhum senso prático da vida, entregam-se, com facilidade e naturalidade impressionantes, à condução cega e perigosa de indivíduos cheios de segundas e terceiras intenções.

O caos emocional que não é trabalhado conveniente¬mente acaba produzindo insatisfação, constrangimento e perda de tempo, com conseqüente aumento apreciável da problemática inicial. Adiar indefinidamente o enfrentamento daquilo que incomoda, transferindo responsabilidades, é dos caminhos mais daninhos e drásticos que podem ser tomados. Com o passar do tempo, o ser constrói uma realidade paralela e, enredado em meio a tantas desculpas, justificativas e explicações que inventou para mascarar a fuga insensata de seus reclames internos, não sabe mais como se conduzir, perdendo as rédeas da pró¬pria vida. Evidentemente, vive quase sempre em estado de perda energética ou de pseudo-obsessão.



10. Desconforto emocional e doenças da alma.

Muitas anomalias energéticas são geradas a partir de algumas emoções de caráter doentio, notadamente mágoa, ressentimento e medo excessivo, além de atitudes igualmente nocivas, como fuga, constrangimento e abati¬mento extremos. Fatores como esses criam algo semelhante a uma fuligem em torno do corpo psicossomático, dificultando a assimilação de energias externas ou limitando o poder de transmutá-las e absorvê-Ias, de modo análogo ao que ocorre com as ervas daninhas em meio à horta.

Nada pior que a mágoa para apagar o brilho da vida e a beleza da alma humana. Juntamente com as idéias errôneas e castradoras que se abrigam nas fontes do pensamento e das emoções, colabora para formar o panorama interno de infelicidade e desgosto profundos. Somem-se a isso os mecanismos de fuga da realidade - em geral, da realidade interior - e das responsabilidades perante a vida, o destino e a conquista da realização pessoal.. Pronto: está desenhado um quadro lamentável, que exige coragem, determinação e muito trabalho para ser revertido.

Medo excessivo, acanhamento e apatia frente à vida e aos desafios que lhe são inerentes ocasionam o comprometimento do fluxo energético que sustenta a vitalidade orgânica; enquanto estiver debilitada, a pessoa mantém¬ se em estado de desânimo incomum, em que predomina a depressão. O corpo psicossomático ou emocional termina por sucumbir, dado à falta de resistência a desequilíbrios que são intensos e, sobretudo, duradouros.

Ao contrário do que crê o senso comum, as conseqüências energéticas da emoção desajustada são absolutamente concretas; repercutem na estrutura astral com tamanha violência, que causaria surpresa àqueles que imaginam a dimensão extrafísica como um plano diáfano, brando e suave.

Trecho do livro Energia - Nova dimensões da Bioenergética Humana, de Robson Pinheiro. Editora Casa dos Espíritos

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de finados

HISTÓRIA DO DIA DE FINADOS

O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas queridas que já faleceram. É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca.

É celebrar essa vida eterna que não vai terminar nunca. Pois, a vida cristã é viver em comunhão íntima com Deus, agora e para sempre.

Desde o século 1º, os cristãos rezam pelos falecidos; costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio.

No século 4º, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século 5º, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava.

Desde o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos.

Desde o século XIII, esse dia anual por todos os mortos é comemorado no dia 2 de novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os Santos".

O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados.

O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que morreram e não são lembrados na oração.



O NASCER PARA O ALÉM...

Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.

Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.

E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraçá-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los. De retroceder no tempo e segurar a vida. Ausência: - porque não há formas para se tocar.
Presença: - porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez. Esse céu azul e misterioso.
Ah! Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida.
Foram para o além deixando este vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos. Sentimos, quando mergulhados em oração, o
ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir. Essa vontade de rever novamente aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta...

E...
Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir. Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!



CRENDICES E SUPERSTIÇÕES COM A MORTE

• Quando morre uma pessoa, deve-se abrir todas as portas para a alma sair. Fecham-se porém os fundos da casa. A alma deve sair pela frente. A casa não deve ser fechada antes de sete dias pois o fel (as vísceras) do defunto só se arrebentará nesse prazo. Então a alma vai para o seu lugar. A novena de defunto é para a alma ir para onde foi destinada.

• Não se deve chorar a morte de um anjinho, pois as lágrimas molharão as suas asas e ele não alcançará o céu.

• Quando numa procissão, o pálio para defronte de alguma porta de uma casa, é isso presságio de morte de alguma pessoa dessa casa, porque o pálio para sempre defronte às janelas.

• Homem velho que muda de casa, morre logo.

• Quando a pessoa tem um tremor, é porque a morte passou por perto dela. Deve-se bater na pessoa que está próxima e dizer: Sai morte, que estou bem forte.

• Acender os cigarros de três pessoas com um fósforo só, provoca a morte da terceira pessoa. Outra versão: morrerá a mais moça dos três fumantes.

• Derrubar tinta é prenúncio de morte.

• Quando várias pessoas estão conversando e param repentinamente, é que algum padre morreu.

• Perder pedra de anel é prenúncio de morte de pessoa da família.

• Quando uma pessoa vai para a mesa de operação, não deve levar nenhum objeto de ouro, pois se tal acontecer, morre na certa.

• Não presta tirar fotografia, sendo três pessoas, pois morre a que está no centro.

• Doente que troca de cama, morrerá na certa. Outra versão: não morrerá.

• Não se deve deitar no chão limpo, pois isso chama a morte para uma pessoa da família.

• Quando pessoas vão caçar ou pescar, nunca devem ir em número de três, pois uma será picada por cobra e morrerá na certa.

• Quem come o último bocado morre solteiro.

• Se acontece de se ouvir barulho à noite, em casa, é que a morte está se aproximando.

• Quando morre uma pessoa idosa, morre logo um anjo seu parente (criança) para levar aquela para o céu.

• Defunto que está com braços duros, amolece-os se pedir que assim faça.

• Defunto que fica com o corpo mole é indício de que um seu parente o segue na morte.

• Quando o defunto fica com os olhos abertos é porque logo outro da família o seguirá.

• Não se deve beijar os pés de defunto, pois logo se irá atrás dele, morrendo também.

• Na hora da morte, fazer o agonizante segurar uma vela para alumiar o caminho que vai seguir.

• Em mortalha, a linha não deve ter nó.

• Água benta ou alcânfora temperada na pinga joga-se com um galho de alecrim, sobre o defunto.

• Quando uma pessoa jogar terra sobre o defunto na cova, deve pedir ao mesmo que lhe arranje um bom lugar no além. Se ele for para um bom lugar, arranjará; se para um mau quem pede está azarado. Bom é pedir lugar para o cadáver de um anjinho, pois este sempre vai para um bom lugar.

• Não se deve trazer terra do cemitério quando se volta de um enterro, pois ela traz a morte para a casa.

• A pessoa que apaga as velas após a saída do enterro morrerá logo. É bom colocar perto do caixão do defunto um copo d’água benta.

• Não presta ver muitos enterros, pois com isso se chama a morte para si.

• Quando passa um enterro, não se deve atravessar o acompanhamento, pois isso traz a morte para pessoas da família. Bom é acompanhar o enterro.

• Não presta acender só três velas para defunto; deve-se acender quatro.


A HISTÓRIA DAS VELAS

No início desta história as velas não existiam como as conhecemos. Por volta do ano 50.000 a.C. havia uma variação daquilo que chamamos de velas, criada para funcionar como fonte de luz. Eram usados pratos ou cubas com gordura animal, tendo como pavio algumas fibras vegetais, apresentando uma diferença básica em relação às velas atuais, de parafina: a gordura que servia de base para a queima encontrava-se no estado líquido. Mesmo antes do ano 50.000 a.C. este tipo de fonte de luz era usada pelos homens, conforme pinturas encontradas em algumas cavernas.

Há menções sobre velas nas escritas Bíblicas, datando do século 10 a.C. Um pouco mais recentemente, no ano 3.000 A.C., foram descobertas velas em forma de bastão no Egito e na Grécia. Outras fontes de pesquisa afirmam que, na Grécia, as velas eram usadas em comemorações feitas para Artemis, a deusa da caça, reverenciada no 6º dia de cada mês, e representavam o luar. Um fragmento de vela do século I d.C. foi encontrado em Avignon, na França.

Na Idade Média as velas eram usadas em grandes salões, monastérios e igrejas. Nesta época, quando a fabricação de velas se estabeleceu como um comércio, a gordura animal (sebo) era o material mais comumente usado. Infelizmente, este material não era uma boa opção devido à fumaça e ao odor desagradável que sua queima gerava. Outro ingrediente comum, a cera das colméias de abelhas, nunca foi suficiente para atender a demanda.

Por muitos séculos as velas eram consideradas artigos de luxo na Europa. Elas eram feitas nas cidades, por artesãos, e eram compradas apenas por aqueles que podiam pagar um preço considerável. Feitas de cera ou sebo, estas velas eram depois colocadas em trabalhados castiçais de prata ou madeira. Mesmo sendo consideradas como artigos caros, o negócio das velas já despontava como uma indústria de futuro: em uma lista de impostos parisiense, no ano de 1292, eram listados 71 fabricantes.

Na Inglaterra, os fabricantes de velas de cera eram considerados de melhor classe se comparados àqueles que fabricavam velas de sebo. O negócio tornou-se mais rentável porque as pessoas estavam aptas a pagar mais por uma vela de cera. Em 1462 os fabricantes Ingleses de velas de sebo foram incorporados e o comércio de velas de gordura animal foi regulamentado.

No século 16 houve uma melhora no padrão de vida. Como passou a haver uma maior disponibilidade de castiçais e suportes para velas a preços mais acessíveis, estas passaram a ser vendidas por peso ou em grupos de oito, dez ou doze unidades.

As velas eram usadas também na iluminação de teatros. Nesta época elas eram colocadas atrás de frascos d'água colorida, com tons de azul ou âmbar. Apesar desta prática ser perigosa e cara para aquela época, as velas eram as únicas fontes de luz para ambientes internos.

A qualidade da luz emitida por uma vela depende do material usado em seu fabrico. Velas feitas com cera de colméia de abelhas, por exemplo, produzem uma chama mais brilhante que as velas de sebo. Outro material, derivado do óleo encontrado no esperma de baleias, passou a ser usado na época para aumentar o brilho das chamas. Devido a questões ambientais e ao desenvolvimento de novas tecnologias de iluminação, este elemento não é mais usado.

Trabalhos para o estudo do oxigênio foram desenvolvidos observando-se a chama de uma vela. Como exemplo temos relatos feitos pelo químico amador Josehp Priestley, em agosto de 1774, que concluiu que, se a chama de uma vela se tornava mais forte e viva na presença de oxigênio puro, reação semelhante deveria ser observada em pulmões adoentados quando estimulados com este mesmo oxigênio.

O século 19 trouxe a introdução da iluminação a gás e também o desenvolvimento do maquinário destinado ao fabrico de velas, que passaram a estar disponíveis para os lares mais pobres. Para proteger a indústria, o governo Inglês proibiu que as velas fossem fabricadas em casa sem a posse de uma licença especial. Em 1811, um químico francês chamado Michel Eugene Chevreul descobriu que o sebo não era uma substância única, mas sim uma composição de dois ácidos gordurosos combinados com glicerina para formar um material não-inflamável.

Removendo a glicerina da mistura de sebo, Chevreul inventou uma nova substância chamada "Esterine", que era mais dura que o sebo e queimava por mais tempo e com mais brilho. Essa descoberta impulsionou a melhora na qualidade das velas e também trouxe, em 1825, melhoras ao fabrico dos pavios, que, devido à estrutura da vela, deixaram de ser mechas de algodão para se tornar um pavio enrolado, como conhecemos hoje. Essa mudança fez com que a queima da vela se tornasse uniforme e completa ao invés da queima desordenada, característica dos pavios de algodão.

Em 1830, teve início a exploração petrolífera e a parafina era um subproduto do petróleo. Por ser mais dura e menos gordurosa que o sebo, a parafina se tornou o ingrediente primário nas velas. Em 1854 a parafina e o esterine foram combinados para fazer velas muito parecidas com as que usamos hoje.

No ano de 1921 foi criado o padrão internacional de velas, de acordo com a intensidade da emissão de luz gerada por sua queima. O padrão tomava por base a comparação com a luminosidade emitida por lâmpadas incandescentes. Devido ao desenvolvimento de novas tecnologias de iluminação, este padrão não é mais utilizado como referência nos dias de hoje.

A parafina sintética surgiu após a 2ª Guerra Mundial e sua qualidade superior tornou-a o ingrediente primário de compostos de ceras e plásticos modernos.

Usada nos primórdios de sua existência como fonte de luz, as velas são usadas hoje como artigos de decoração ou como acessórios em cerimônias religiosas e comemorativas. Há vários tipos de velas, produzidas em uma ampla variedade de cores, formas e tamanhos, mas, quando mencionamos velas artesanais, nos referimos àquelas feitas manualmente, onde é possível encontrar modelos pouco convencionais, usados para diferentes finalidades, tais como: decoração de interiores, purificação do ambiente, manipulação da energia com base em suas cores e essências e etc.

Cuidados a tomar antes de acender uma vela:
Os espíritos do astral SUPERIOR, estão em cima, os do INFERIOR, embaixo. Antes de acender uma vela plasme seu desejo, faça sua vontade, diga-lhe a que intenção deve obedecer.

As velas para os astral superior, deverão ser acendidas a MAIS de 60 cm do piso, para evitar uma ancoragem equivocada. Lembre-se que mesmo no mundo dos espíritos existem certas regras, portanto envie o sinal adequado.

Nunca acenda velas para alma de mortos dentro de casa. Lembre-se que o vínculo entre pessoas de energia similar ou laços de sangue e afeto são muito fortes, que resistem ao tempo e espaço. Entretanto, nem sempre o espírito daquele que está no mundo dos espíritos entende muito bem que já não faz parte do mundo físico e que suas manifestações poderão ser perturbadoras e até mesmo negativas para a energia dos vivos.

Ore, deseje paz e luz para aqueles se estão em outros planos quando desconfiar que existem presenças que interferem de forma negativa.

Coloque uma taça com água pura antes de acender uma vela. Se aparecerem borbulhas aderidas às paredes da taça é sinal de "carga negativa". Os vivos também poderão ser emissores e canais de negatividade. Este procedimento pode ser aplicado à distância, ou seja, se você está falando ao telefone com alguém e começa a sentir sono ou transpirar, coloque um copo com água e diga "esta água é para Fulano...

Se você tem um gato, saiba que é seu melhor limpador de ambientes, portanto passe a mão pelo lombo do bichano. Não tema, eles não se contaminam, pelo contrário buscam os lugares de energia negativa para dormir e mantém a casa purificada.

Isso não significa que deve comunicar-se com planos superiores tendo um gato ou algum animal ao seu lado, pois são energias incompatíveis, de 3º nível.

Se desconfia de presenças negativas limpe a casa queimando sal marinho sobre brasas.

O café em grão, que deverá ser triturado e polvilhado sobre brasas de carvão vegetal também afasta os miasmas espirituais, assim como o cravo da índia, que limpa os pensamentos e corta os vínculos de astral.

Existem cuidados básicos a tomar antes de acender velas que invoquem forças espirituais poderosas como os anjos, por exemplo.

O anjo que está ao lado de cada pessoa é sua consciência cósmica, que sintoniza com sua forma de agir (positiva ou negativa), portanto uma casa espiritualmente desordenada, com pessoas que praticam ações perversas ou consomem drogas necessita uma limpeza energética antes de qualquer ritual mágico. Uma casa que sofreu luto, ou onde aconteceu algum tipo de agressão física, ou abrigou um morador com doença terminal, também necessita de uma boa limpeza energética prévia ao acendimento de velas.

A presença de espíritos de luz superior pode ser notada quando aparecem perfume de flores ou essências em certos lugares.

Também estão presentes quando as flores e frutas ao invés de apodrecerem com o passar do tempo duram meses e depois vão secando. Já observei maçãs que duraram quase um ano sem deteriorar-se. Também já vi uma maçã que estava perfeitamente conservada por meses e no momento que foi colocadas na presença de uma pessoa "negativa", que reclamava da vida, sentia-se infeliz, falava mal de outros... apodreceu no dia seguinte.

Nada impede que acenda velas decorativas ou apenas para distender-se, obedecendo a altura de no mínimo 60 cm do piso, mas tratando-se de magia com velas ou pedidos a entidades ou espíritos superiores é aconselhável "despoluir" a comunicação antes para obter uma sintonia de qualidade.

A luz de uma vela carrega em si todas as forças do Universo, tanto que sempre cumpre a missão de agregar luz e força a qualquer situação.

Uma vela serve como ponto de ancoragem, que tanto poderá ser de espíritos de luz como de escuridão.

A alma busca a luz das velas! TODAS as almas, tanto aquelas que são puras ou estão em um nível superior de evolução, como aquelas que são do baixo astral, ou os espíritos errantes que ainda não encontraram a luz por alguma razão.

O que são espíritos errantes?
- São aquelas pessoas que morreram sem desejar ir-se ao plano superior ou estar preparadas para a morte e a natural desvinculação com o mundo físico ou material.
- Também pode acontecer que no momento da morte a pessoa sinta que ainda tem muito a realizar por si mesma ou por aqueles que ficam.
- Outra causa menos nobre seria o desejo de vingança, ódio ou incapacidade de perdoar determinados tipos de agressões sofridas em vida, como um estupro seguido de morte, um assalto seguido de morte ou separação de quem ama.
- Noivas (os) apaixonados, esposos, irmãos, etc.
- Pessoas com doenças terminais.
- Torturados.
- Quem comprou um imóvel com muito sacrifício e depois não desfrutou, ou porque teve que vendê-lo ou porque morreu em seguida.
- Pais que morrem e sentem-se responsáveis para cuidar dos filhos que ficam desamparados ou com pessoas indesejáveis.
- Escravos ou pessoas exploradas.
- Pecadores que nunca fizeram "mea culpa".

A presenças de tais espíritos não significa SEMPRE que são agressores, malvados ou destrutivos, mas SIM que poderão ser PERTURBADORES, quando interferem com manifestações de sua presença.

Alguns sinais de que existem espíritos do baixo astral interferindo na energia de sua casa podem ser bastante sutis, como por exemplo, vento frio em determinado lugar ou ponto, umidade, cheiro de queimado, cheiro de algo podre, entre outros. Tais sinais surgem de repente e da mesma forma desaparecem, sem que exista uma causa física para tal.

Uma confirmação é que surgem quase sempre no mesmo lugar, como por exemplo perto da cadeira onde o defunto sentava-se ou lugar onde permanecia mais tempo enquanto vivia.

As consequências nos vivos: Baixo rendimento, depressão e tristeza sem razão aparente, sono excessivo, falta de perspectiva, acomodação, isolamento, brigas ou discussões por banalidades, ENTRE OUTROS.

Quanto aos espíritos com manifestações físicas, já é um caso que exige ajuda de profissionais, pois interferem diretamente na ordem da casa e comportamento daqueles a quem se manifesta. São situações bastante raras, mas todos já escutamos estórias de pessoas que escutam gemidos, passos, pranto, gritos, gargalhadas e até viram ou fotografaram tais manifestações fantasmagóricas. Em certos casos poderão inclusive agredir de forma física as pessoas que vivem na casa.

Lembre-se: Os espíritos de "baixo astral" ou "errantes" não serão todos MAUS (no sentido que entendemos), tanto que algumas religiões se utilizam justamente desta conexão para aceder ao mundo espiritual e buscar respostas para suas inquietudes ou para pedir favores, sempre em troca de algo, que geralmente é o que este tipo de espírito necessita, que pode ser cachaça, animais mortos, flores ou velas, que serão acendidas no chão, em encruzilhadas. Não entendo muito destes tipos de rituais, mas o fato de colocar a oferenda em um lugar que o espírito não sabe que direção seguir e que a vela ilumina o baixo astral por estar no chão, o manterá cativo e disponível para futuras consultas.

Nestes casos tais espíritos utilizam o corpo=energia de um "canal" vivo, que sempre sairá de uma sessão destas muito cansado e sonolento. Muitas vezes a pessoa que incorpora o espírito de baixo astral sente uma espécie de torpor, como depois de um choque elétrico. Quem se utiliza deste tipo de canal espiritual corre o risco de prejudicar sua própria aura, pois entra em uma sintonia inferior, tanto que se nota perfeitamente a diferença em uma fotografia kirlian, entre aqueles que se conectam com o astral inferior, e quem se conecta com astral superior.

domingo, 1 de novembro de 2009

A morte segundo as religiões

De acordo com pesquisa apresentadas, a comemoração dos mortos, hoje denominada Dia de Finados, teve origem na antiga gália, no território europeu.


Era no dia primeiro de novembro que eles celebravam a festa dos espíritos. Não nos cemitérios - os gauleses não honravam os cadáveres -, mas sim em seus lares, onde os médiuns, os videntes falavam com as almas dos que haviam partido.

Eles acreditavam que os bosques, os pântanos eram povoados por espíritos errantes.

Foi no ano de 998 que o dia de finados começou a ser comemorado nos mosteiros beneditinos, na França, e se tornou oficial no ano de 1915.

De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os espíritas crêem na reencarnação: o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.


Filosofia
A sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e no julgamento após a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. Já Sartre, filósofo francês, defendia que o indivíduo tem uma única existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte.


Doutrina niilista
Sendo a matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo


Doutrina panteísta
O Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, com a morte, à massa comum


Dogmatismo Religioso


A alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. Os que morreram em `pecado' irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso.


Budismo
O Budismo prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do seu carma, a pessoa pode renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos animais, espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais. Estes determinam a Roda de Samsara, ou seja, o transmigrar incessante de um mundo a outro, ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, brigando e reclamando. Em qualquer um destes estágios as pessoas estão sujeitas a transformações.

De acordo com o Livro Tibetano da Morte, existem 49 etapas, ou 49 dias, após a morte. Os monges oram para que as pessoas atinjam a Terra Pura – lugar de paz, tranqüilidade e sabedoria iluminada – ou renasçam em níveis superiores.

Para libertar-se do carma e alcançar a iluminação ou o Nirvana, o ciclo ignorância, sede de viver e o apego às coisas materiais deve ser abolido da mente dos homens. Para isso, a doutrina budista ensina a evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento. O leigo deve praticar três virtudes: fé, moral e benevolência. Para eles, todo ser humano é iluminado, embora não tenha consciência disso.


Hinduísmo
A visão hindu de vida após a morte é centrada na idéia de reencarnação.

Para os hinduístas, a alma se liga a este mundo por meio de pensamentos, palavras e atitudes. Quando o corpo morre ocorre a transmigração. A alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, a depender das nossas ações, pois a toda ação corresponde uma reação – Lei do Carma. Enquanto não atingimos a libertação final – chama de moksha -, passamos continuamente por mortes e renascimentos. Este ciclo é denominado Roda de Samsara, da qual só saímos após atingirmos a Iluminação.

No hinduísmo, a alma pode habitar 14 níveis planetários distintos (chamadosa Bhuvanas) dentro da existência material, de acordo com seu nível de consciência. Quando se liberta, a alma retorna ao verdadeiro lar, um mundo onde inexistem nascimentos e mortes.

Os hindus possuem crenças distintas, mas todas são baseadas na idéia de que a vida na Terra é parte de um ciclo eterno de nascimentos, mortes e renascimentos.


Islamismo (Religião Muçulmana)
Para o islamismo, Alá (Deus) criou o mundo e trará de volta a vida todos os mortos no último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da avaliação divina. Esta vida seria então uma preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno.

Quando a pessoa morre, começa o primeiro dia da eternidade. Ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição (juízo final) para ser julgado pelo criador. O inferno está reservado para as almas `desobedientes', que foram desviadas por Satanás. No Alcorão, livro sagrado, ele é descrito como um lugar preto com fogo ardente, onde as pessoas são castigadas permanentemente. Para o paraíso, vão as almas que obedeceram e seguiram a mensagem de Alah e as tradições dos profetas (entre eles, os cinco principais: Noé, Abrão, Moisés, Jesus filho de Maria e Mohammed). No Alcorão, o paraíso é descrito como um lugar com rios de leite, córregos de mel e outras belezas jamais vistas pelo homem.


Espiritismo
Defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro corpo. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente. Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria através das inúmeras encarnações. Crêem na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de pessoas boas ou más. Deus criou os espíritos simples e ignorantes, sem discernimento do bem e do mal. Quem constrói o céu e o inferno é o próprio homem.

Pela teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para a sua verdadeira vida no mundo espiritual. E mesmo no paraíso, acredita-se que o espírito esteja em constante evolução para o seu aperfeiçoamento moral.

As almas dos mortos ligam-se umas às outras, em famílias espirituais, guiadas pela sintonia entre elas. Consequentemente, os lugares onde vivem possuem níveis vibratórios diferentes, sendo uns mais infelizes e sofredores, e outros mais felizes e plenos.

Muitas escolas espiritualistas – não todas – defendem a idéia da sobrevivência da individualidade humana, chamada espírito, ao processo da morte biológica, mantendo suas faculdades psicológicas intelectuais e morais.


Igreja evangélica
Como no catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu ou inferno) e na eternidade da alma. A diferença é que o morto faz uma grande viagem e a ressurreição só acontecerá quando Jesus voltar à Terra, na chamada `Ressurreição dos Justos', ou, então, aqueles que forem condenados terão uma nova chance de ressurreição no `Julgamento Final'. Os que morrerem sem Cristo como seu Deus também receberão um corpo especial para passar a eternidade no lago de fogo e enxofre.


Igreja Adventista do Sétimo Dia
Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, os mortos dormem profundamente até o momento da ressurreição. Quem cumpriu seu papel na Terra recebe a graça da vida eterna, do contrário desaparece.


Igreja Batista
Crêem na morte física (separação da alma do corpo físico) e na morte espiritual (separação da pessoa de Deus). Os que, após a morte física, acreditam ou passam a confiar em Jesus Cristo, vão para o Paraíso onde terão uma vida de paz e felicidade. Com a morte espiritual, a alma vai para o Inferno para uma vida de angústia, sofrimento, dor e tormentos.


Catolicismo
A vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório. Dependendo de seus atos, a alma se dirige para cada um desses lugares.

A alma é eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos em animais. Crê na imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma. A Bíblia ensina que morreremos só uma vez. E ao morrer, o homem católico é julgado pelos seus atos em vida. Se ele obtiver o perdão, alcançará o céu, onde a pessoa viverá em comunhão e participação com todos os outros seres humanos e, também, com Deus. Se for condenado, vai para o inferno. Algumas almas ganham uma chance para serem purificadas e vão para o purgatório, que não é um lugar, e sim uma experiência existencial da pessoa. Quem for para o céu ressuscitará para viver eternamente. Depois do Juízo Final, justos e pecadores serão separados para a eternidade. Deus julga os atos de cada pessoa em vida de acordo com a palavra que revelou através de Seu Filho, com os ideais de amor, fraternidade, justiça, paz, solidariedade e verdade.


Judaísmo
O judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claro da vida após a morte, e nem mesmo se existe de fato.

O judaísmo é uma religião que permite múltiplas interpretações. Algumas correntes acreditam na reencarnação, outras na ressurreição dos mortos. Enquanto a reencarnação representa o retorno da alma para um novo corpo, a ressurreição é definida como o retorno da alma ao corpo original.

Para os judeus, a lei permite à pessoa que vai morrer pôr a sua casa em ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes e fazer as pazes com Deus. A confissão in extremis é considerada importante elemento na transição para o outro mundo.


Candomblé
Não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que estão na terra devem apenas cumprir o seu destino, caso contrário vagarão entre céu e terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno.

Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos, orixás e guias. Trabalha com a força da natureza existente entre terra (Aìyê) e o céu (Òrun). Nos cultos afros, o assunto de vida após a morte não é bem definido.

Na Terra, o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira completa e satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser humano está pronto para a morte. Após a morte, o espírito será encaminhado ao Òrun, para uma dimensão reservada aos seres ancestrais, ou seja, eternos. O ser humano pode ser divinizado e cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem influenciar negativamente os mortais. Como não se realizaram plenamente, estes espíritos estão sujeitos à reencarnação. Já as pessoas vivas que sofrem as suas influências negativas, precisam passar por rituais de limpeza espiritual para reencontrar o equilíbrio.


Umbanda
A Umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afros e orientais. Como não existe uma unidade ou um `livro sagrado', alguns umbandistas admitem o céu e o inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e Carma.

Na Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a passagem de um estado a outro de manifestação espiritual, morremos para um lado e nascemos para outro lado da vida, o que nos aguarda do outro lado depende de nós mesmos.

A Umbanda explica o universo através de sete linhas, regidas por Orixás. Ao morrer, a pessoa será atraída por estes mundos espirituais. A matéria é apenas um dos caminhos para a evolução do espírito. Sendo assim, a morte é uma etapa do ciclo evolutivo, sendo a reencarnação a base da evolução. O objetivo maior do nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente do espírito. Após morte, o ser humano leva consigo suas alegrias, sua fé, suas crenças, suas mágoas e suas dores. E terá que lidar com elas, sempre contanto com o auxílio dos espíritos mais evoluídos que o recepcionarão no outro lado da vida e o ajudarão na sua adaptação no mundo espiritual.

Com a morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar protetores, enquanto os maus (espíritos de pouca evolução, devido às poucas encarnações) podem virar perturbadores. Os mortos (desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou afastados.


Revista Época: 05/08/2004 – Edição nº 325

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pantera Negra: Exú ou Caboclo?

Por Ras Agdeabo - Edmundo Pelizari

No rico universo místico da Umbanda, existem entidades pouco conhecidas e estudadas. Com o tempo, é natural que algumas delas sejam esquecidas pornós. Uma delas é Pantera Negra, celebrado por uns como caboclo e por outros como exu.
Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando muito terreiro era de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e cuspia no chão.
Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem apertado o consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria mesmo é trabalhar.
O tempo foi passando e raramente o encontramos nos centros, tendas e outros agrupamentos de nossa Umbanda. Aonde terá Seu Pantera ido?
O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado nos mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de Caboclos que atuam na Esquerda.
Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos brasileiras muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do Caribe, Venezuela, México e mesmo dos Estados Unidos.
Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, as vezes gostam de marcar seus "cavalos", ordenando que coloquem na orelha uma pequena argola e no braço uma espécie de pulseira de ferro.
Ainda costumam receber suas oferendas em encruzilhadas na mata, na vizinhança de uma grande árvore. Podem ser assentados em potes de barro comervas especiais, terra de aldeia indígena e outros elementos secretos, que são consagradas por sacerdotes iniciadas nos mistérios destes espíritos. Pai Lúcio ainda dizia, que a maioria dos médiuns destes caboclos são homens.
Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são : Caboclo Pantera Vermelha,Caboclo Jibóia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e Caboclo do Monte.
Alguns irmãos umbandistas conhecem estes trabalhadores astrais, com o nome de Caboclos Quimbandeiros.
Pantera Negra aparece como caboclo e exu, mesmo fora da Umbanda. Na regiãoSul do Brasil, principalmente, o encontramos dentro de um grupo muito especial, chamado de Caboclos Africanos.
Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de Arranca-Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano,entre outros. A maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos Caboclos Quimbandeiros, sendo confundidos com frequência.
Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o mesmo Pantera.
Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidose no Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo, Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.
Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez dezesseis anos, sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou. Aconselhado por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da iniciação para seu Orixá, como de costume no Caribe, foi celebrado um ritualem honra aos ancestrais (eguns). Na celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo... Batia muito no seu magro peito evociferava como se estivesse em uma guerra. Quando foi pedido o seu nome,disse o indígena: sou Pantera Negra!
Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera, como o querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.
No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra pantera e não mais como índio.
A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé, onde era celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre desta linhagem, contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai pantera e mãe humana.
Agassou é muito temido, pois é profundamente justo e não perdoa os fracos de caráter. Poucos médiuns conseguem suportar a incorporação dele ou de outros espíritos da família das panteras. É necessária muita preparação, firmeza de pensamento e moralidade. Do contrário, e isto realmente acontece, o médium começa a sangrar muito durante a incorporação. É terrível.
Em outras ilhas do Caribe, também encontramos seguidores de Pantera Negra..Alguns o invocam como espírito indígena e outros como uma força africana, meio homem, meio felino.
No Brasil, ouvi as mesmas recomendações de pessoas que cultuam ou trabalham com Pantera Negra. Pai Lúcio me disse, que os aparelhos de Seu Pantera não costumavam beber, falar demais ou serem covardes. Eram disciplinados, verdadeiros guerreiros modernos.
Em certos rituais de Pajelança Cabocla, podemos ouvir o bater incessante do maracá e o chamado do pajé, que canta:

*YAWARA Ê!*
*YAWARA Ê!*
*HEY YAWARA,*
*YAWARA PIXUNA,*
*PIXUNA Ê, YAWARA,*
*YAWARA, YAWARA!*

Yawara Pixuna, quer dizer Pantera Negra. Alguns traduzem como Onça Negra. O canto acima, pode ser utilizado para afastar espíritos maléficos, que fogemao ouvir este nome mágico.
Caboclo ou Exu, Pantera ou Onça, brasileiro ou estrangeiro, ele é mais um mistério que Zambi animou. O tempo passa, mas Pantera Negra ainda persiste.

SALVE PANTERA NEGRA!


*Edmundo é Teólogo especialista em religiões Afro-Caribenhas,*
*o que é fruto de uma vida dedicada ao estudo superior e livre das religiões.*