terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Trabalho do Médium

 
Aqueles que não conhecem o funcionamento de um centro acreditam que todos os médiuns TÊM que se ligar aos espíritos para falar (psicofonia ou incorporação), escrever (psicografia), etc, contudo, isso é uma visão errada, pois nem todos os médiuns trabalham dessa forma. Alguns atendem na recepção de novos visitantes, outros auxiliam na administração interna, há os que trabalham na evangelização de crianças, existem inúmeras funções que não exigem a manifestação ostensiva da faculdade mediúnica e que nem por isso deixam de ser importantes.
Falaremos agora um pouco mais sobre o trabalho dos médiuns que utilizam sua faculdade em favor do próximo.
A importância da mediunidade foi definida de forma clara por Allan Kardec no Livro dos Médiuns:
"Com que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?
É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens.
13ª Entretanto, médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas
faculdades.
São médiuns imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida.
14ª Se é uma missão, como se explica que não constitua privilégio dos homens de bem e que semelhante faculdade seja concedida a pessoas que nenhuma estima merecem e que dela podem abusar?
A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as conseqüências. Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que não tem?
15ª As pessoas que desejam muito escrever como médiuns, e que não o
conseguem, poderão concluir daí alguma coisa contra si mesmas, no tocante à benevolência dos Espíritos para com elas?
Não, pois pode dar-se que Deus lhe haja negado essa faculdade, como negado tenha o dom da poesia, ou da música. Porém, se não forem objeto desse favor, podem ter sido de outros."
O trabalho mediúnico é o início de uma nova fase para o médium, depois de ter passado por um tratamento espiritual, assistido a palestras, ele incorpora a equipe de aprendizes de um centro, estudando e “treinando a sua mediunidade”. Um dia, quando menos espera ele começa a recepcionar pessoas, depois é escalado para dar passes, depois de alguma experiência pode passar a trabalhar com psicografia ou participar de reuniões de desobsessão, cada um vai trilhar seu caminho e chegar no exercício para que foi preparado PELA ESPIRITUALIDADE. Geralmente os diferentes tipos de trabalho que realiza embasam seu conhecimento, fortalecendo sua confiança e o preparam para a tarefa que realizará.
Muitos terão uma vida simples e sem muito destaque em uma casa, outros terão grande importância, contudo, isso não importa, muitas vezes o irmão que mais aparece é o que terá mais desafios, ou que será mais exigido, ou que tem a prova mais dura, ou seja, não importa, para Deus o amor que dedica a seu trabalho é o mais importante.
No reino dos céus os pequenos se tornam gigantes!!

7.1 Equilíbrio Interior
Para exercer o trabalho mediúnico o médium deve sempre buscar o equilíbrio e a harmonia, pois somente assim poderá servir de canal para a luz da espiritualidade superior.
Segue abaixo trechos do livro Missionários da Luz de Chico Xavier:
"Preliminarmente, devemos reconhecer que, nos serviços mediúnicos, preponderam os fatores morais. Neste momento, o médium, para ser fiel ao mandato superior, necessita clareza e serenidade, como o espelho cristalino dum lago. De outro modo, as ondas de inquietude perturbariam a projeção de nossa espiritualidade sobre a materialidade terrena, como as águas revoltas não refletem as imagens sublimes do céu e da Natureza ambiente.
...
- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante. Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa. Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária."
O médium deve evitar lugares com excessiva carga negativa, optando sempre por ambientes arejados, impregnados de natureza, como praias, cachoeiras e lugares ermos, onde poderá meditar e se revitalizar.


7.2 Dificuldades
O médium é na grande maioria das vezes um espírito em débito e por isso está sujeito a passar por dificuldades durante seu trabalho de amor ao próximo, contudo, longe de tornar impossível sua obra, os percalços enchem sua história de luz.
André Luiz nos traz uma reflexão sobre a mediunidade e suas dificuldades no livro Nos Domínios da Mediunidade.
" - Não podemos realizar qualquer estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Considero, assim, de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva. Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e do serviço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão.
— Mas — interpôs Hilário, judicioso —, diante de um campo cerebral tão iluminado quanto o de nossa irmã Celina, será lícitõ aceitar a possibilidade de invasão dele por parte de Inteligências menos evolvidas? Será cabível semelhante retrocesso?
— Não podemos olvidar — considerou o Assistente — que Celina se encontra encarnada numa prova de longo curso e que, nos encargos de aprendiz, ainda se encontra muito longe de terminar a lição.
Meditou um momento e filosofou bem-humorado:
— Numa viagem de cem léguas podem ocorrer muitas surpresas no derradeiro quilômetro do caminho.
Logo após, colocando a destra paternal sobre a fronte da médium, prosseguiu:
— Nossa irmã vem atravessando os seus testemunhos de boa-vontade, fé viva, caridade e paciência. Tanto quanto nós, ainda não possui plena quitação com o passado. Somos vasta legião de combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a fortaleza íntima ou o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos velhos hábitos de convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia com os habitantes das sombras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio. Se nossa amiga Celina, quanto qualquer de nós, abandonar a disciplina a que somos constrangidos para manter a boa forma na recepção da luz, rendendo-se às sugestões da vaidade ou do desânimo, que costumamos fantasiar como sendo direitos adquiridos ou injustificável desencanto, decerto sofrerá o assédio de elementos destrutivos que lhe perturbarão a nobre experiência atual de subida. Muitos médiuns se arrojam a prejuízos dessa ordem. Depois de ensaios promissores e começo brilhante, acreditam-se donos de recursos espirituais que lhes não pertencem ou temem as aflições prolongadas da marcha e recolhem-se à inutilidade, descendo de nível moral ou conchegando-se a improdutivo repouso, porqüanto retomam inevitavelmente a cultura dos impulsos primitivos que o trabalho incessante no bem os induziria a olvidar.
E sorrindo:
— Ainda não chegamos à vitória suprema sobre nós mesmos. Achamo-nos na condição do solo terrestre, que não prescinde do arado protetor ou da enxada prestimosa, a fim de produzir. Sem os instrumentos do trabalho e da luta, aperfeiçoando-nos as possibilidades, estaríamos permanentemente ameaçados pela erva daninha que mais se alastra e se afirma, tanto quanto melhor é a qualidade do trato de terra em abandono.
Fitando-nos, de frente, como a recordar o peso das responsabilidades de que nos investíamos, completou:
— Nossas realizações espirituais do presente são pequeninas réstias de claridade sobre as pirâmides de sombra do nosso passado. É imprescindível muita cautela com as sementeiras do bem para que a ventania do mal não as arrase. É por isso que a tarefa mediúnica, examinada como instrumentação para a obra das Inteligências superiores, não é tão fácil de ser conduzida a bom termo, de vez que, contra o canal ainda frágil que se oferece à passagem da luz, acometem as ondas pesadas de treva da ignorância, a se agitarem, compactas, ao nosso derredor."



7.3  Precauções
Copio abaixo a advertência de Allan Kardec no Livro dos Médiuns:
"Uma vez desenvolvida a faculdade, é essencial que o médium não abuse
dela. O contentamento que daí advém a alguns principiantes lhes provoca um entusiasmo, que muito importa moderar. Devem lembrar-se de que ela lhes foi dada para o bem e não para satisfação de vã curiosidade. Convém, portanto, que só se utilizem dela nas ocasiões oportunas e não a todo momento. Não lhes estando os Espíritos ao dispor a toda hora, correm o risco de ser enganados por mistificadores. Bom é que, para evitarem esse mal, adotem o sistema de só trabalhar em dias e horas determinados, porque assim se entregarão ao trabalho em condições de maior recolhimento e os Espíritos que os queiram auxiliar, estando prevenidos, se disporão melhor a prestar esse auxílio."




7.4  Conseqüências do Trabalho Mediúnico para os Médiuns
O trabalho mediúnico pode gerar um desgaste para o médium, porém isso depende do tipo de reunião que ele freqüenta. Repousando de forma correta o médium refaz suas energias, contudo, ele deve estar sempre atento a uma alimentação equilibrada e evitar uma vida sedentária.
Médiuns que trabalham em reuniões de desobsessão não devem participar de mais de duas sessões semanais.
Os médiuns que trabalham doando energia (passes, reuniões de cura, etc) devem se preocupar com o descanso e alimentação antes e depois da reunião, para não sentirem nenhum desgaste físico.
Os mentores sempre auxiliam os médiuns, harmonizando seus veículos físicos (corpo físico e duplo etérico) e astral para realização do trabalho espiritual, contudo, é imprescindível que o médium faça sua parte, não podemos achar que os mentores vão fazer com que possamos trabalhar após uma noite sem dormir, ou doentes.
Os que trabalham se ligando a espíritos sofredores em reuniões de obsessão precisam estar sempre equilibrados para não sofrerem o impacto das energias opressivas, mesmo com a presença dos mentores a ascendência moral e a força de vontade do médium são necessárias para "domar" o espírito que será doutrinado.
Copio abaixo um trecho do livro Nos Domínios da Mediunidade, que fala sobre a proteção do médium nas reuniões de desobsessão:
"Reparei-lhe a luminosa auréola, contrastando com a vestimenta pestilencial do forasteiro, e deixei-me avassalar por incoercível temor.
Semelhante providência não seria o mesmo que entregar uma harpa delicada às patas de uma fera?
Aulus, porém, deu-se pressa em explicar-nos:
— Acalmem-se, O amigo dementado penetrou o templo com a supervisão e o consentimento dos mentores da casa. Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga ou desintegra. É por isso que cada médium possui ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa. Nuvens infecciosas da Terra são diariamente extintas ou combatidas pelas irradiações solares, e formações fluídicas, inquietantes, a todo momento são aniquiladas ou varridas do Planeta pelas energias superiores do Espírito. Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem sobre as construções do mal, à feição de descargas elétricas. E, compreendendo-se que mais ajuda aquele que mais pode, nossa irmã Celina é a companheira ideal para o auxílio desta hora."


7.5 Proteção dos Médiuns
Os médiuns que trabalham em um centro espírita e se dedicam a auxiliar o próximo recebem apoio de equipes especializadas, que fazem o que podem para auxiliá-lo. Dependendo da sua tarefa e da dedicação que necessita, os amigos espirituais podem intercedem mais ou menos.
Podemos comparar a um atleta, que precisa de treino, alimentação, fisioterapia, etc, da mesma forma um médium que trabalha em um centro precisa estar "em forma espiritual" para servir de intermediário do mundo espiritual.
Lembramos que essas equipes não podem realizar o esforço de equilíbrio que é responsabilidade do próprio médium, por isso é indicado para o médium realizar em seu lar a reunião semanal do Evangelho, sempre no mesmo dia e hora ele deve buscar nas palavras de Jesus o entendimento maior sobre a vida. Dessa forma ele protegerá o seu lar e sua família contra energias hostis, pois não existe proteção maior no mundo que a evangelização do coração. Os espíritos amigos também freqüentam as reuniões de evangelho no lar, limpando o ambiente doméstico e afastando espíritos inferiores.
Abaixo segue um trecho do livro Obreiros da Vida Eterna, de Chico Xavier, que fala um pouco mais sobre as equipes espirituais que apóiam os médiuns:
"Sempre tive por Dimas sincera admiração, pelo proveitoso concurso que soube oferecer-nos. Integro a comissão espiritual de serviço que vem atendendo aos necessitados, por intermédio dele, nos últimos seis anos. Foi sempre assíduo nas obrigações, bom companheiro, leal irmão.
Surpreso com as referências, indaguei:
— Há, desse modo, comissões de colaboração permanente para os médiuns em geral?
— Não me reporto à generalidade — redarguiu o interlocutor —, porque a mediunidade é título de serviço como qualquer outro. E há pessoas que pugnam pela obtenção dos títulos, mas desestimam as obrigações que lhes correspondem. Gostariam, por certo, do intercâmbio com o nosso plano, mas, não cogitam de finalidades e responsabilidades. Em vista disso não se estabelecem conjuntos de cooperação para os médiuns em geral, mas apenas para aqueles que estejam dispostos ao trabalho ativo. Há muitos aprendizes que não ultrapassam a fronteira da tentativa, da observação. Desejariam o caminho bem aplainado, exigindo a convivência exclusiva dos Espíritos genuinamente bondosos. Experimentam a luta construtiva, através de sondagens superficiais e, à primeira dificuldade, abandonam compromissos assumidos. A aquisição da fortaleza moral não prescinde das provas arriscadas e angustiosas. Entretanto, em face das exigências naturais do aprendizado, dizem-se feridos na dignidade pessoal. Não suportam a aproximação de infelizes encarnados ou desencarnados, estacionando à menor picada de dor. Para semelhantes experimentadores, seria extremamente difícil a formação de equipes eficientes, representativas de nosso plano. Não se sabe quando estão dispostos a servir. Se recebem faculdades intuitivas, pedem a incorporação; se contam com a vidência, querem a possibilidade de exteriorizar fluidos vitais para os fenômenos de materialização."


7.6  Médiuns de Terreiro(Umbanda) e Kardecistas (Mesa)
Não existe dúvida que a forma de trabalhar em um templo de Umbanda e um centro Espírita são bastante diferentes, contudo, cada uma tem um objetivo, atendendo a preferências pessoais. O erro que existe é achar que uma é melhor que a outra. Copio abaixo trechos do livro Aruanda, de Robson Pinheiro, onde o sábio Preto-Velho nos fala um pouco sobre a mediunidade na Umbanda e os espíritos que nela trabalham.
"Ainda a velha questão da vibração, meu filho - respondeu Pai João. - Ocorre com os espíritos algo semelhante ao que há com os médiuns: alguns reencarnam com o psiquismo e a vibração apropriada para os trabalhos de terreiro, enquanto outros são preparados vibratoriamente para a mesa kardecista. com os espíritos não é diferente. Muitos deles oferecem a possibilidade de serem socorridos através do diálogo fraterno ou terapia espiritual, que despertará suas mentes para as leis da vida; portanto, demonstram predisposição para uma sessão espírita. Mas nem todos são iguais; há aqueles que não têm o perfil psicológico e espiritual necessário. Precisam do impacto anímico-mediúnico dos chamados médiuns de terreiro, com os quais encontram maior afinidade. Nesse contato intenso com o ectoplasma exsudado pelos médiuns umbandistas, ganham tratamento especializado, que funciona como uma terapia de choque. O mesmo ocorre entre os encarnados, quanto à questão terapêutica. Alguns de meus filhos no plano físico respondem integralmente ao tratamento homeopático, pois trazem em seu psiquismo as vibrações compatíveis com o medicamento dinamizado. Outros, que possuem estado vibracional diferente, só respondem aos métodos convencionais da alopatia. Há ainda aqueles que respondem significativamente às influências energéticas do reiki, dos passes ou dos medicamentos florais, por exemplo.
...
Em casos como o que acompanhamos. Ângelo, não existe uma forma melhor que a outra. Nem o método espírita é o melhor, nem a metodologia umbandista é mais forte e eficaz. Tudo depende das características de
cada caso, de qual tipo de entidade está envolvido no processo e. enfim, do tipo psicológico e das necessidades espirituais de cada uma delas. Em uma tenda umbandista cujos médiuns se dedicam à caridade, ao estudo sério e elevado, teremos excelente material psíquico para certos trabalhos de desobsessão ou terapia espiritual. Em um centro espírita cujos médiuns não se preparam convenientemente, não se dedicam ao estudo e têm as idéias comprometidas com uma visão estreita e acanhada da vida espiritual, naturalmente careceremos de material psíquico de qualidade para as terapia espirituais. Dessa forma, é preciso compreender que a eficácia do método depende de diversas coisas, mas principalmente do preparo dos
operadores ou da equipe mediúnica, e não da confissão religiosa, como muitos pensam.
...
A distância, as divergências ou as separações que se vêem entre as diferentes formas de trabalho são, em grande parte vezes, estabelecidas pelos encarnados, que trazem ainda resquícios de preconceito religioso e racial. Do lado de cá da vida, ao contrário, somos apenas filhos de Deus, todos parceiros na construção de sua obra; não há partidarismo religioso. Tanto faz para um espírito elevado atuar como pai-velho numa tenda umbandista humilde ou escrever a orientação psicografada sob a luz do espiritismo cristão, desde que seu trabalho seja em benefício da humanidade e do próximo."


7.7  Médiuns Mercenários
"O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da "buena-dicha".
                                                    Allan Kardec – Livro dos Médiuns
Chamamos de médiuns mercenários aqueles que utilizam suas aptidões para algum tipo de benefício próprio, recebendo “recompensas” pelo seu contato com o mundo espiritual.
Allan Kardec chama esse médiuns de interesseiros e informa que qualquer tipo de retribuição é desaconselhada:
"Médiuns interesseiros não são apenas os que porventura exijam uma retribuição fixa; o interesse nem sempre se traduz pela esperança de um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se fundem esperanças pessoais. E esse um dos defeitos de que os Espíritos zombeteiros sabem muito bem tirar partido e de que se aproveitam com uma habilidade, uma astúcia verdadeiramente notáveis, embalando com falaciosas ilusões os que desse modo se lhes colocam sob a dependência. Em resumo, a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja, que não corresponda às vistas da Providência. O egoísmo é a chaga da sociedade; os bens Espíritos a combatem; a ninguém, portanto, assiste o direito de supor que eles o venham servir. Isto é tão racional, que inútil fora insistir mais sobre este ponto."
Uma característica comum desses irmãos é a falta de estudo sobre a mediunidade, as formas de comunicação, suas conseqüências e principalmente os perigos da obsessão (todos eles se tornam vítimas da obsessão). Todos aqueles que lerem o Livro dos Médiuns poderão comprovar que Allan Kardec repete várias e várias vezes a necessidade de vigilância para não se tornar vítima da fascinação e subjugação.
A maioria tem grandes aptidões mediúnicas e por isso tem contato intenso com os espíritos que os acompanham, contudo, seja por preguiça ou ansiedade eles não realizam a necessária preparação moral, mental e emocional para exercer tão sagrada tarefa.
Vamos falar um pouco sobre como isso começa, se desenvolve e termina...
No início o médium entra em contato com o plano espiritual e, por motivação própria ou influenciado por espíritos inferiores acredita que pode resolver o problema dos outros, só de favor ou até recebendo uma pequena ajudinha. Assim começam sozinhos ou auxiliados por algum médium desvirtuado a aprender como utilizar sua mediunidade.
Por motivos óbvios os mentores começam a perder o contato com os médiuns e os espíritos inferiores que o circundavam se tornam cada vez mais afins, iniciando assim dois processos: o de afinamento mediúnico e obsessivo. Os espíritos de baixo padrão não desejam somente se ligar aos médiuns, seus principais objetivos são a subjugação, fascinação e vampirização de energias vitais.
Todos, sem exceção, recebem em algum momento advertências sobre o tipo de trabalho que realizam e seus perigos, contudo, a grande maioria ignora os avisos e cada vez mais se ligam aos seus novos "amiguinhos".
Os novos "diretores" do médium fazem o possível para fasciná-lo com símbolos, figuras, nomes pomposos, etc... são inúmeras formas diferentes de subjugar o médium.
André Luiz nos traz um exemplo perfeito de um médium fascinado pelo seu obsessor:
"Observando os beberrões, cujas taças eram partilhadas pelos sócios que lhes eram invisíveis, Hilário recordou:
— Ontem, visitamos um templo, em que desencarnados sofredores se exprimiam por intermédio de criaturas necessitadas de auxílio, e ali estudamos algo sobre mediunidade... Aqui, vemos entidades viciosas valendo-se de pessoas que com elas se afinam numa perfeita comunhão de forças superiores... Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
— Sem qualquer dúvida — confirmou o orientador —; recursos psíquicos, nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização.
Nisso, Aulus relanceou o olhar pelos aposentos reservados mais próximos, qual se já os conhecesse, e, fixando certa porta, convidou-nos a atravessá-la.
Seguimo-lo, ombro a ombro.
Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...
— Estudemos — recomendou o orientador.
O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava.
Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.
A dupla em trabalho não nos registrou a presença.
— Neste instante — anunciou Aulus, atencioso —, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as idéias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister.
Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:
— Encontramos sempre o que procuramos ser. Finda a breve pausa que nos compeliu à reflexão, Hilário recomeçou:
— Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?
— Não. Não está sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras."
Muitos médiuns mercenários acabam utilizando suas aptidões como forma de sobrevivência, cobrando por consultas, favores, para trazer pessoa amada, para prejudicar outras pessoas, para "tentar" prever o futuro, etc...
A previsão do futuro é uma dos maiores atrativos para que os menos avisados se vinculem a esse tipo de médium, por isso retiramos um trecho do livro dos médiuns que explora esse assunto:
"Podem os Espíritos dar-nos a conhecer o futuro?
Se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente.
É esse ainda um ponto sobre o qual insistis sempre, no desejo de obter uma resposta precisa. Grande erro há nisso, porquanto a manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um Espírito doidivanas, temo-lo dito a todo momento." (Veja-se O Livro dos Espíritos - "Conhecimento do futuro", n. 868.)
8ª Não é certo, entretanto, que, às vezes, alguns acontecimentos futuros sãoanunciados espontaneamente e com verdade pelos Espíritos?
Pode dar-se que o Espírito preveja coisas que julgue conveniente revelar, ou que ele tem por missão tornar conhecidas; porém, nesse terreno, ainda são mais de temer os Espíritos enganadores, que se divertem em fazer previsões. Só o conjunto das circunstâncias permite se verifique o grau de confiança que elas merecem.
9ª De que gênero são as previsões de que mais se deve desconfiar?
Todas as que não tiverem um fim de utilidade geral. As predições pessoais podem quase sempre ser consideradas apócrifas."
Existem também aqueles que vão até as consultas espirituais para buscar conselhos, falar sobre seus problemas pessoais, Allan Kardec nos traz sérias advertências sobre esse tipo de comunicação:
"Podem pedir-se conselhos aos Espíritos?
Certamente. Os bons Espíritos jamais recusam auxílio aos que os invocam com
confiança, principalmente no que concerne à alma. Repelem, porém, os hipócritas, os que simulam pedir a luz e se comprazem nas trevas.
18ª Podem os Espíritos dar conselhos sobre coisas de interesse privado?
Algumas vezes, conforme o motivo. Isso também depende daqueles a quem tais conselhos são pedidos. Os que se relacionam com a vida privada são dados com mais exatidão pelos Espíritos familiares, que são os que se acham mais ligados à pessoa que os pede e se interessam pelo que lhes diz respeito; é o amigo, 'o confidente dos vossos mais secretos pensamentos. Mas, é tão freqüente os cansardes com perguntas banais, que eles vos deixam. Tão absurdo fora perguntardes, sobre coisas íntimas, Espíritos que vos são estranhos, como seria o vos dirigirdes, para isso, ao primeiro indivíduo que encontrásseis no vosso caminho. Jamais deveríeis esquecer que a puerilidade das perguntas é incompatível com a superioridade dos Espíritos. Preciso igualmente é leveis em conta as qualidades do Espírito familiar, que pode ser bom, ou mau, conforme suas simpatias pela pessoa a quem se ligue. O Espírito familiar de um homem mau é mau Espírito, cujos conselhos podem ser perniciosos, mas que se afasta e cede o lugar a um Espírito melhor, se o próprio homem se melhora. Unem-se os que se assemelham.
19ª Podem os Espíritos familiares favorecer os interesses materiais por meio de revelações?
Podem e algumas vezes o fazem, de acordo com as circunstâncias; mas, ficai
certos de que os bons Espíritos nunca se prestam a servir à cupidez. Os maus vos fazem brilhar diante dos olhos mil atrativos, a fim de vos espicaçarem e, depois, mistificarem, pela decepção. Ficai também sabendo que, se é da vossa prova passar por tal ou tal vicissitude, os vossos Espíritos protetores poderão ajudar-vos a suportá-la com mais resignação, poderão mesmo, às vezes, suavizá-la; mas, no próprio interesse do vosso futuro, não lhes é lícito isentar-vos dela. Um bom pai não concede ao filho tudo o que este deseja.
NOTA. Os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias,
indicar-nos o melhor caminho, sem, entretanto, nos conduzirem pela mão, porque, se assim fizessem, perderíamos o mérito da iniciativa e não ousaríamos dar um passo sem a eles recorrermos, com prejuízo do nosso aperfeiçoamento. Para progredir, precisa o homem, muitas vezes, adquirir experiência à sua própria custa. Por isso é que os Espíritos ponderados nos aconselham, mas quase sempre nos deixam entregues às nossas próprias forças, como faz o educador hábil, com seus alunos. Nas circunstâncias ordinárias da vida, eles nos aconselham pela inspiração, deixando-nos assim todo o mérito do bem que façamos, como toda a responsabilidade do mal que pratiquemos.
Fora abusar da condescendência dos Espíritos familiares e equivocar-se quanto à missão que lhes cabe o interrogá-los a cada instante sobre as coisas mais vulgares, como o fazem certos médiuns. Alguns há que, por um sim, por um não, tomam o lápis e podem conselho para o ato mais simples. Esta mania denota pequenez nas idéias, ao mesmo tempo que a presunção de supor, quem quer que seja, que tem sempre um Espírito servidor às suas ordens, sem outra coisa mais a fazer senão cuidar dele e dos seus mínimos interesses. Além disso, quem assim procede aniquila o seu próprio juízo e se reduz a um papel passivo, sem utilidade para a vida presente e indubitavelmente prejudicial ao adiantamento futuro. Se há puerilidade em interrogarmos os Espíritos sobre coisas fúteis, menos puerilidade não há da parte dos Espíritos que se ocupam espontaneamente com o que se pode chamar - negócios caseiros. Em tal caso, eles poderão ser bons, mas, inquestionavelmente, ainda são muito terrestres."
Bom, as expectativas espirituais desses médiuns não são boas e vamos avaliar porque:
1. Ele cobra por uma aptidão que recebeu de graça e como um favor para auxiliar o próximo e acelerar sua própria evolução.
2. Muitos fazem trabalhos para prejudicar o próximo, criando comprometimentos cármicos.
3. Divulgam de forma errada a doutrina dos espíritos.
4. Alguns desvirtuam outros médiuns.
5. Se ligam a espíritos trevosos, que além de vampirizá-los acreditam que tem direito de receber pelos favores espirituais que realizam, por isso, após o desencarne do médium mercenário ele se torna escravo daquele falso mentor que o acompanhou. Somente após muito tempo sofrendo e aprendendo ele poderá ser socorrido pelas colônias espirituais, e então recomeçar seu caminho de luz, tentando quitar os débitos contraídos pela sua irresponsabilidade.
Allan Kardec no Livro dos Médiuns relata a resposta de um espírito sobre as conseqüências do mau uso da mediunidade:
"Os médiuns, que fazem mau uso das suas faculdades, que não se servem delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as conseqüências dessa falta?
Se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso."

7.8  A mediunidade e as Religiões
Existe um conflito muito grande no coração das pessoas que têm a sensibilidade mediúnica e não são adeptas de reuniões espiritualistas.
Esses médiuns sofrem bastante porque têm medo de contar o que sentem, já que muitos não aceitarão, possivelmente zombarão dele ou pensarão coisas ruins, como por exemplo a falta de fé ou indício de loucura.
A mediunidade não é exclusividade das filosofias espiritualistas, muitos padres, pastores e líderes filosóficos e religiosos são grandes médiuns, embora, infelizmente, alguns se liguem a entidades do astral inferior.
Muitos médiuns já relataram que viram próximos à palestrantes de religiões não espiritualistas espíritos de luz. Lembre-se que o contato espiritual tem como objetivo a evolução espiritual da humanidade, isso não é exclusividade do Espiritismo ou qualquer outra religião espiritualista.
E o que fazer então??
Vou iniciar a resposta com o exemplo de uma querida e amada amiga, que conheci em um grupo de estudos do Evangelho.
Ela é praticante FERVOROSA de uma filosofia não espiritualista e um dia, ao olhar para o palestrante, que estava muito inspirado, notou que a sua volta existiam faíscas de luz, ela piscava, balançava a cabeça e isso continuava, e continuou ocorrendo, mais de uma vez.
Ao invés de se apavorar ela foi buscando maiores informações e acabou encontrando esse grupo de estudos, que utiliza a série de Carlos Torres Pastorino – Sabedoria do Evangelho. Nesse grupo ela recebeu os primeiros ensinamentos espiritualistas e passou a entender um pouco mais sobre o mundo espiritual.
E aí vem a segunda maior dúvida... Ela largou sua religião??
A resposta é não, ela adora os cantos, as reuniões, as pessoas que freqüentam, aquilo faz bem a ela, não atrapalha. Deus e os espíritos superiores jamais poderiam exigir que você largasse um grupo que só faz o bem e busca vivenciar os ensinamentos de Jesus.
Acho que o exemplo responde tudo, se você é praticante de outra religião não espiritualista e tem dúvidas sobre as sensações espirituais que lhe acometem então procure uma pessoa amiga espírita ou leia o livro dos espíritos e o livro dos médiuns, achará muitas respostas nesses livros. Nunca pense que estudar sobre a espiritualidade diminuirá sua fé ou fará com que você mude de religião. Temos vários exemplos de pessoas que largaram religiões espiritualistas para freqüentar religiões que não acreditam na reencarnação e na vida além-túmulo, com disse antes é uma questão de afinidade, porém o conhecimento é importante, compreender a Verdade é muito importante, para todos!!
O conhecimento das verdades espirituais não atrapalha, só completa.


7.9  Mediunidade Natural e de Prova
Basicamente falaremos nesse tópico sobre a diferença entre o médium que recebe a concessão espiritual de encarnar com hipersensibilidade e o espírito evoluído, que já conquistou essa sensibilidade por esforço próprio.
Vamos começar com exemplos de médiuns naturais para depois passar a explicação:
•  João Batista – recebe naturalmente mensagens espirituais, no evangelho existem várias passagens que atestam seu alto grau de evolução e as próprias revelações espirituais que tem contato. O próprio Jesus revela que João Batista é o maior entre os nascido de mulher, ou seja, ele não alcançou a perfeição, mas já é grande no reino dos céus.
• Buda – Mestre Iluminado que encarnou na Terra, ele tinha acesso às suas encarnações anteriores e também das pessoas que se aproximavam.
•  Jesus – O ser mais evoluído, mais perfeito que já encarnou em nosso planeta. Todas as faculdades mediúnicas eram perfeitas. O contato espiritual de Jesus era como água cristalina, não havia ruído ou imperfeição, não existia medo ou receio, a entrega e confiança eram completas. Existem várias passagens no Novo Testamento que mostram a perfeição espiritual do Mestre Nazareno.
Vamos voltar no tempo e falar um pouco sobre o médium de prova antes da atual encarnação.
Espírito endividado com as leis divinas, decide trabalhar no mundo espiritual, ajudando o próximo, adquire grandes amizades e conquista merecimentos, contudo, seu passado aflora como um vulcão, sua consciência não consegue ficar totalmente tranqüila, pois dentro de si sente ainda as marcas do passado.
Graças ao bem praticado no mundo espiritual ele pode optar por nascer médium, ou seja, através de intercessões antes da encarnação, os técnicos da espiritualidade hipersensibilizarão seus veículos para poder entrar em contato com o plano espiritual de forma mais intensa do que normalmente faria em seu atual estado evolutivo.
Para não se tornar uma presa dos espíritos inferiores o espírito reencarnante recebe o apoio e proteção do(s) Guia(s) ou Mentor(es) Espiritual(ais), que se compromete(m) a auxiliá-lo para trabalharem juntos a favor do próximo.
O que podemos concluir então... o Médium de Prova não tem evolução suficiente para INICIALMENTE controlar sua sensibilidade espiritual e precisa de um guia, para protegê-lo e ajudá-lo no trabalho que irá realizar.
O médium de prova precisará então de aprimoramento, estudo e muita força de vontade, porque terá que dominar algo que desconhece. Esse descontrole é bem conhecido dos médiuns, pois a grande maioria busca ajuda quando fica totalmente desnorteado.
Falemos sobre o médium natural antes de encarnar...
O médium natural encarna com uma missão, seja ela pelo bem da humanidade, de uma grupo ou de um espírito. A própria encarnação que realiza é um ato de amor ao próximo porque a grande maioria não precisa encarnar ou pode escolher exatamente como deseja voltar.
Ele também recebe o auxílio dos espíritos, mas não por suas imperfeições e sim pela dificuldade da tarefa ou importância.
O afloramento da mediunidade ocorre nele de forma tranqüila e seu contato com o mundo espiritual é "natural", é claro que ele também precisa se aprimorar, contudo, é totalmente diferente do médium de prova. Na verdade um afina o instrumento, enquanto o outro aprende a manuseá-lo.
Esse tópico é muito importante para podemos concluir:
•  Dificilmente você é um médium natural, por isso busque a humildade, porque dificilmente os médiuns naturais acham que são perfeitos.
•  Se você é médium não se ache melhor que os outros, aliás, na maioria das vezes é o contrário, você teve essa faculdade como oportunidade de resgatar erros e crescer.
•  Se você não é médium tenha paciência com os que são médiuns, pois eles também estão evoluindo e podem cometer erros.
•  Embora o médium de prova não possua a faculdade e seja (na grande maioria das vezes) um espírito endividado, se ele concluir sua tarefa com sucesso terá conseguido crescer espiritualmente e também resgatar débitos. A faculdade espiritual que recebeu por hipersensibilização se tornará natural ou quase e a facilidade de dominá-la em um encarnação posterior será infinitamente maior.
Retiramos um trecho interessante do livro Nos Domínios da Mediunidade, de Chico Xavier:
"O círculo de percepção varia em cada um de nós. Há diferentes gêneros de mediunidade; contudo, importa reconhecer que cada Espírito vive em determinado degrau de crescimento mental e, por isso, as equações do esforço mediúnico diferem de indivíduo para indivíduo, tanto quanto as interpretações da vida se modificam de alma para alma. As faculdades medianímicas podem ser idênticas em pessoas diversas, entretanto, cada pessoa tem a sua maneira particular de empregá-las. Um modelo, em muitas ocasiões, é o mesmo para grande assembléia de pintores, todavia, cada artista fixá-lo-á na tela a seu modo. Uma lâmpada exibirá claridade lirial, em jacto contínuo, mas, se essa claridade for filtrada por focos múltiplos, decerto estará submetida à cor e ao potencial de cada um desses filtros, embora continue sendo sempre a mesma lâmpada a fulgurar em seu campo central de ação. Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito vive entre as forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as concepções que lhe caracterizam o modo de ser."

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Mentor ou Guia Espiritual


Diferente do que muitos pensam o Mentor ou Guia Espiritual é, na maior parte das vezes, um espírito ainda em evolução, ou seja, imperfeito, mas que já alcançou um grau de pureza maior que seu pupilo, sendo por isso capaz de auxiliá-lo no caminho espiritual da atual encarnação. Isso não desmerece o seu trabalho, muito pelo contrário, já que deixa de utilizar se tempo livre para a própria evolução e o dedica a outro espírito.



6.1 - Mentores e Mestres
Um mentor não é igual a um Mestre, os Mestres não precisam mais encarnar, são perfeitos e possuem um grau de evolução muito superior aos mentores.
Alguns médiuns podem entrar em contato com os Mestres, que estão sempre dispostos a ajudar, bastando para isso elevar sua vibração. Esse contato é realizado, na maior parte das vezes, no plano mental, porque é muito sacrificante para um Mestre aparecer em corpo astral. Os médiuns não devem ficar preocupados ou com a mente fixa em entrar em contato com os Mestres, se um dia isso for permitido então acontecerá.

6.2 - O Mentor e Anjo da Guarda
O mentor também não é o mesmo que anjo da guarda, embora, não haja indícios que isso não possa acontecer, são papéis diferentes que um ou mais espíritos exercem durante a encarnação de um médium.
Todos possuem um espírito protetor, mesmo os que não são médiuns, até os sete anos de idade ele fica muito perto do seu tutelado, auxiliando na ambientação com o novo plano de vida e afastando (de acordo com os méritos do espírito reencarnante) os espíritos obsessores e adversários de vidas pregressas.
Foram muitas vezes pais, mães, amigos muito próximos que se predispõe a olhar de muito perto o espírito encarnado, aconselhando, fazendo o possível para auxiliar nos momentos difíceis e tentando afastar os espíritos obsessores que se aproximam. Contudo, é importante lembrar que a influência que esses abnegados irmãos podem exercer está diretamente ligada ao tipo de vida e esforço pessoal que o espírito realiza para se purificar, eles nada podem fazer por aqueles que fecham os ouvidos aos seus conselhos.


6.3 - A Tarefa do Mentor
O mentor é um espírito que se comprometeu com o trabalho espiritual do médium, dedicando parte do seu tempo para preparar o médium para sua tarefa, trabalhar ao seu lado e fazer o possível para protegê-lo do contato com as energias degradantes do astral inferior. Abaixo segue um trecho do livro Missionários da Luz – Chico Xavier, que fala um pouco sobre a tarefa dos mentores:
"Este irmão não é um simples aparelho. É um Espírito que deve ser tão livre quanto o nosso e que, a fim de se prestar ao intercâmbio desejado, precisa renunciar a si mesmo, com abnegação e humildade, primeiros fatores na obtenção de acesso à permuta com as regiões mais elevadas. Necessita calar, para que outros falem; dar de si próprio, para que outros recebam. Em suma, deve servir de ponte, onde se encontrem interesses diferentes. Sem essa compreensão consciente do espírito de serviço, não poderia atender aos propósitos edificantes. Naturalmente, ele é responsável pela manutenção dos recursos interiores, tais como a tolerância, a humildade, a disposição fraterna, a paciência e o amor cristão; todavia, precisamos cooperar no sentido de manter-lhe os estímulos de natureza exterior, porque se o companheiro não tem pão, nem paz relativa, se lhe falta assistência nas aquisições mais simples, não poderemos exigir-lhe a colaboração, redundante em sacrifício. Nossas responsabilidades, portanto, estão conjugadas nos mínimos detalhes da tarefa a cumprir.
...
Observe. Estamos diante do psicógrafo comum. Antes do trabalho a que se submete, neste momento, nossos auxiliares já lhe prepararam as possibilidades para que não se lhe perturbe a saúde física. A transmissão da mensagem não será simplesmente . Há processos intrincados, complexos."
O mentor e seu pupilo se comprometem com o trabalho espiritual antes da encarnação do médium e, diferente do que muitos acham, o médium não é obrigado a receber sua aptidão, ele que a solicita para saldar débitos contraídos em vidas anteriores e acelerar a sua evolução espiritual. O trecho abaixo, retirado do livro Missionários da Luz, fala sobre os compromissos assumidos entre médium e mentor:
"Assinalando a perfeita comunhão entre o mentor e a tutelada, indaguei por minha vez se uma associação daquela ordem não estaria vinculada a compromissos assumidos pelos médiuns, antes da reencarnação, ao que Áulus respondeu, prestimoso:
- Ah! sim, semelhantes serviços não se efetuam sem programa. O acaso é uma palavra inventada pelos homens para disfarçar o menor esforço. Gabriel e Ambrosina planejaram a experiência atual, muito antes que ela se envolvesse nos densos fluidos da vida física."
Podemos ter o envolvimento de outros espíritos (mentores, instrutores, auxiliares, médicos, etc) na tarefa executada pelo médium, tudo depende da sua missão, do objetivo que a espiritualidade maior traçou para sua atual encarnação..
Existem casos em que mais de um mentor está ligado ao médium, embora todos façam parte da mesma equipe e exista uma hierarquia, onde o chefe é o espírito mais puro e experiente.
O mentor então dedica parte do seu tempo para desde pequeno preparar o seu pupilo para o trabalho mediúnico. Não é incomum o médium lembrar vagamente de alguns ensinamentos recebidos durante o sono, mesmo quando criança.




6.4 - Aproximação e Afastamento do Mentor
Conforme o médium vai se aproximando da idade chave para início da sua tarefa espiritual o mentor atua de forma mais intensa, buscando levar o seu tutelado para uma casa onde ele possa receber os ensinamentos que serão à base de seu trabalho.
Como falamos em um tópico anterior o chamado do mentor é suave, se o médium se recusa a iniciar sua tarefa então ele se afasta para retornar no caso do médium desejar sinceramente iniciar seu trabalho espiritual. Sob o ponto de vista espiritual podemos traduzir isso como um afastamento vibratório, ou seja, o médium não consegue sintonizar na faixa vibratória do mentor, isso acontece pelo tipo de vida física, emocional e mental que ele leva.
O mentor então não tem outra opção além de se afastar para se aproximarem os que se afinizam com o grau vibratório do médium, os obsessores.
O afastamento do mentor por “quebra” de compromisso por parte do médium abre a janela que ele possui para o mundo espiritual, deixando-a desguarnecida, o caminho fica livre para a obsessão e vampirismo de espíritos do astral inferior. Copio abaixo um trecho do livro Dr. Fritz, o Médico e sua Missão:
"Por que muitas vezes os mentores se afastam?
Os mentores não se afastam. Os médiuns é que se afastam do trabalho, geralmente por conveniências materiais, ambição, vaidade, irresponsabilidade e acomodação. Muitos são até aliciados pelas futilidades do plano físico, falta de vontade e preguiça de estudar."
Narci Castro também fala sobre o afastamento dos mentores no livro Mediunidade e Médiuns:
"Porque o responsável pela abertura prematura do chakra - o mentor do médium ou seja, seu espírito protetor – se coloca como guardião do mesmo , impedindo que energias hostis o perturbem. Daí a necessidade imperiosa do médium não deixar de cumprir seu compromisso de se tornar intermediário para minorar o sofrimento dos que padecem sobre o efeito de obsessões. Pode-se entender, então, o sofrimento vivenciado pelo médium antes de começar sua tarefa mediúnica quando ele não responde prontamente ao chamado para tal. São muitos os casos, de nosso conhecimento, de severas perturbações, vivenciadas pelo médium, que podem provocar a sua passagem por tratamentos psiquiátricos."
Se o médium não procurar ajuda, a obsessão e vampirismo acabarão se tornando possessão, ficando cada vez mais difícil afastar o(s) obsessor(es).
O mentor acompanha o médium mais de perto, contudo, dependendo do trabalho que será exercido, outros espíritos podem fazer parte do grupo que o auxilia. Se um médium se vincula a um centro espírita ou templo de umbanda ele também recebe a proteção e auxílio da equipe espiritual da casa.


6.5 - Substituição do Mentor
O Mentor pode ser substituído durante o trabalho do médium, por vários motivos, entre eles podemos citar:
•  Necessidade do mentor encarnar.
•  O Mentor receberá uma nova incumbência espiritual e suas responsabilidades não permitirão o apoio necessário ao médium.
•  O Médium pode receber novas responsabilidades espirituais, como por exemplo se tornar responsável pelo centro.
• O Médium desperdiça as várias oportunidades de seguir o caminho espiritual, nesse caso o mentor pode receber novas responsabilidades e o médium recebe um novo mentor, que nesse caso se chama Obsessor.



6.6 - Umbanda
Na umbanda é muito comum o médium possuir vários guias, sejam eles caboclos, pretos velhos, crianças, exus, indianos, etc. Geralmente o espírito que se manifesta é o mais adequado para o tipo de trabalho realizado. O médium da Umbanda treinado incorpora (psicofonia) qualquer um dos seus guias.
Os médiuns da Umbanda tem um profundo respeito e amor pelos seus guias e os cantos que realizam são formas de “firmar” sua ligação, é uma forma de "puxar" o guia. Todo o trabalho realizado com as energias da natureza pelos pretos velhos e caboclos é muito bonito e pode ser sentido pelas pessoas mais sensíveis. É importante lembrar mais uma vez que na Umbanda não existe morte de animais, somente plantas são utilizadas.


6.7 - Cuidados com a Idolatria
Todo médium deve saber a diferença entre respeito e carinho da idolatria, o mentor é um espírito ainda em evolução, não alcançou a perfeita ligação com Deus, como os Anjos e Mestres, por isso todo ensinamento, intuição, informação, etc, que o médium ache que foi passada pelo mentor deve sempre passar pelo crivo de sua razão, pois o responsável pelo ato é o médium.
Allan Kardec fala sobre isso diversas vezes no Livro dos Médiuns, ressaltando sempre a importância de analisar o conteúdo das informações passadas e escutar opiniões de outros médiuns, assumindo sempre uma posição de humildade, assim ele evitará a fascinação que pode ser exercida por espíritos obsessores.
Mesmo médiuns experientes podem ser vítimas da fascinação, por isso devem estar sempre alertas, assumindo uma postura de humildade.


6.8 - Encontrando o Lugar para Frequentar
Fechando esse tópico falamos sobre um assunto que preocupa alguns médiuns - a casa que deve freqüentar.
Existem médiuns que não têm perfeita sintonia com local onde se encontram, diferente do que muitos acham isso não é problema da casa ou do médium, muitas vezes aquele não é o lugar do médium e essa sensação (em alguns casos) é um aconselhamento para buscar um novo local.
Cuidado para não generalizar essa informação, somente depois de algum tempo freqüentando um centro você consegue ter uma idéia se aquele é o seu lugar. O médium não deve deixar o centro por pequenas discussões ou porque pequenas coisas o desagradam, lembre-se que nenhum local será perfeito.
Alguns médiuns se perguntam... Mas e o mentor?? Vou perder o mentor??
O mentor (o verdadeiro) pode ir a qualquer casa ou templo, somente espíritos inferiores são barrados em centros sérios.
Mesmo em tipos de reuniões que o médium freqüenta com desaprovação do mentor (geralmente onde o intercambio mediúnico tem interesses inferiores ou egoístas) ele pode estar presente, contudo, nessas reuniões ele não se manifestará, somente em situações extremas.
O caboclo pode se expressar em um centro espírita e o doutor se apresentar em um templo de Umbanda, isso é permitido e já foi relatado em alguns livros (Tambores de Angola explora esse assunto com bastante profundidade).
O médium deve freqüentar a casa que o agrade, se ele gosta dos cantos da Umbanda, das energias da Natureza, dos tipos de trabalho realizado nos templos então que siga esse caminho, os centros espíritas já trabalham de outra forma, existe espaço para todos. Atualmente existem centros, como o que freqüento, onde os caboclos e os pretos velhos auxiliam nas reuniões de desobsessão e em vários trabalhos, contudo, a forma de trabalhar é parecida com a do centro espírita.
Existe uma grande diversidade de casas espiritualistas, não estar harmonizado com a casa que freqüenta não é desculpa para parar com o estudo e trabalho espiritual.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Desenvolvimento ou Aprimoramento da Mediunidade

"Como pode um homem aperfeiçoar-se mediante o ensino dos Espíritos,
quando não tem, nem por si mesmo, nem com o auxílio de outros médiuns, os meios de receber de modo direto esse ensinamento?
Não tem ele os livros, como tem o cristão o Evangelho? Para praticar a moral
de Jesus, não é preciso que o cristão tenha ouvido as palavras ao lhe saírem da boca."
                                                                              Allan Kardec – Livro dos Espíritos
Esse tópico é muito importante!!!
A palavra aprimoramento é a mais indicada para expressar o esforço que o médium realizará para aprender a controlar a sua hipersensibilidade. Seria uma forma natural de entender como controlar essa faculdade. Allan Kardec fala sobre isso no Livro dos Médiuns:
"O que há a fazer-se, quando uma faculdade dessa natureza se desenvolve espontaneamente num indivíduo, é deixar que o fenômeno siga o seu curso natural: a Natureza é mais prudente do que os homens. Acresce que a Providência tem seus desígnios e aos maiores destes pode servir de instrumento a mais pequenina das criaturas"
A palavra desenvolvimento deixa no "ar" uma idéia de que mediunidade é igual a aprender um esporte, basta pegar uma raquete e bolas, treinar e partir para o jogo, mas na verdade as coisas não são assim, na mediunidade não se brinca e somente aqueles que nasceram com a mediunidade aflorada devem trabalhá-la.
Não é aconselhado o desenvolvimento de nenhuma faculdade mediúnica. Em um centro espírita SÉRIO as reuniões de aferimento mediúnico buscam o controle e equilíbrio da(s) faculdade(s) latentes no médium.
Desencorajamos qualquer forma, prática ou ato que busque o desenvolvimento prematuro das faculdades mediúnicas, as conseqüências desses atos podem ser muito sérias, podendo levar até a loucura. Conheci uma pessoa que passou por isso e até onde sei não conseguiu se recuperar. Allan Kardec foi muito claro sobre isso no Livro dos Médiuns quando falou sobre a clarividência:
"A faculdade de ver os Espíritos pode, sem dúvida, desenvolver-se, mas é uma das de que convém esperar o desenvolvimento natural, sem o provocar, em não se querendo ser joguete da própria imaginação. Quando o gérmen de uma faculdade existe, ela se manifesta de si mesma. Em princípio, devemos contentar-nos com as que Deus nos outorgou, sem procurarmos o impossível, por isso que, pretendendo ter muito, corremos o risco de perder o que possuímos."
O aprimoramento mediúnico nunca deve ocorrer enquanto o médium está desequilibrado, ele deve passar pelas seguintes etapas:
• Tratamento espiritual, para se harmonizar, recebendo passes e bebendo água fluidificada. A maior parte dos obsessores são afastados no tratamento.
• Assistir durante algum tempo as palestras públicas.
• Buscar livros que ajudem a formar a base de conhecimento necessária para o início do desenvolvimento mediúnico, sem essa formação o médium pode ser facilmente fascinado ou deixar que sua vaidade e orgulho o dominem. Indicamos a leitura dos seguintes livros : Livro dos Espíritos, série de André Luiz psicografados por Chico Xavier, Evangelho Segundo o Espiritismo, Violetas na Janela.
Quando o médium se sentir preparado deve ingressar no grupo de aprendizes, o nome aprendiz é utilizado somente para facilitar a diferenciação entre os médiuns experientes e aqueles que estão iniciando o aprimoramento.
O aprimoramento mediúnico deve ser composto por estudos e práticas, no estudo o médium deve se aprofundar nos conhecimentos espirituais, lendo obras que o auxiliem na compreensão das suas sensações e que evitem que ele seja mistificado por espíritos obsessores.
O livro dos médiuns é obra obrigatória para preparação do médium. Temas como perispírito (corpo astral e mental), duplo etérico, chakras, obsessão, passes magnéticos e espirituais, etc devem ser estudados.
Nos exercícios práticos o médium é levado a harmonização interior para elevar sua vibração e sentir a aproximação do mentor, que buscará o contado espiritual de acordo com a aptidão do médium, seja pela visão (clarividência), fala (psicofonia), escrita (psicografia), ouvido (clariaudiência), ...
Como falei acima, no aprimoramento o médium é levado a SOZINHO buscar o equilíbrio e SOZINHO sentir e reconhecer a proximidade do seu mentor. Aqui digo sozinho porque em alguns lugares as pessoas realizam passes nos chakras (pontos chaves para comunicação com os planos superiores) para aumentar a sensibilidade. Na minha opinião, que também é seguida pela casa que freqüento, isso não deve ser feito.
O médium deve buscar o afinamento mediúnico para que reconheça a proximidade do seu mentor e também para criar a confiança necessária para executar a sua tarefa.
De forma alguma, em qualquer hipótese, em circunstância nenhuma o médium em aprimoramento mediúnico deve realizar exercícios fora do centro, somente exercícios de harmonização QUE SEJAM INDICADOS pelos responsáveis pela reunião devem ser realizados em casa.
O Lar não é o lugar indicado para aprimoramento mediúnico, mesmo para aqueles que acham que sua casa é o "lugar ideal", o ambiente familiar está sempre sujeito a desavenças, discussões irritações, etc, e por isso não deve ser utilizado, já que não possui a mesma proteção e amparo que um centro. Se insistirem nesse erro, provavelmente abrirão brechas para o contato com espíritos inferiores.
Para se ter idéia do perigo dessas práticas, até para os médiuns mais experientes não é indicado o contato mediúnico no lar, salvo em casos específicos, onde o mentor procura o médium e esse por ter desenvolvido sua sensibilidade reconhece-o e tem confiança no que está sentindo.
É comum chegarem médiuns nas palestras públicas falando que Precisam Trabalhar, geralmente alguém falou para eles que se trabalharem passarão a se sentir melhor, criando toda essa expectativa e ansiedade.
A maior parte dos "médiuns apressados" não aceita a idéia de primeiro passar pelo tratamento, estudar, se aprimorar e depois de preparado iniciar seu trabalho. Seja por vaidade, orgulho ou teimosia eles acham que já estão prontos. A mediunidade deles pode até estar pronta, a flor da pele, mas eles não se encontram preparados para dominá-la.
Nenhum centro sério aceita médium sem preparo porque eles sabem que terão mais trabalho do que benefícios, prejudicarão mais pacientes do que auxiliarão e serão o ponto fraco para o ataque dos espíritos inferiores.
Alguns raros irmãos realizam trabalhos em casa, a grande maioria é de psicografia e somente com autorização da espiritualidade superior isso é possível, porque espíritos terão que proteger e limpar o ambiente. Na verdade é um caso a parte, e deve ser tratado com muita cautela devido aos perigos que o médium se expõe.
Se desejar fazer uma reunião em casa realize o Evangelho no Lar, com certeza os espíritos amigos estarão presentes e você e sua família serão beneficiados.




5.1  No centro espírita ou Templo de Umbanda
Ao contrário do que os médiuns desequilibrados acham, o aprimoramento mediúnico abranda e às vezes cessa as sensações incômodas da mediunidade, transformando-as em contatos suaves e agradáveis, muitas vezes imperceptíveis. Vamos explicar...
O despertamento muitas vezes acontece com o médium obsediado e/ou em um estado emocional descontrolado, por isso as sensações são muito intensas e de baixo teor vibratório, gerando incômodo e algumas vezes descontrole.
O contato com uma casa espírita afasta, aos poucos, os obsessores que entravam em contato de forma "agressiva", e no seu lugar entram o(s) mentor(es), que primeiramente harmonizam seu pupilo para depois se aproximarem e entrarem em contato.
Também é comum o médium desenvolver durante o tratamento um tipo de mediunidade que não aflorou inicialmente, isso pode acontecer.
O mais importante é que o contato com o mentor é suave e agradável, inspirativo e tranqüilizante, é um bálsamo porque ele derrama com muito amor suas vibrações amorosas, bem diferente do obsessor, que buscava vampirizar e derramava suas energias degradantes na aura do médium.
Em um centro existem pessoas preparadas para auxiliar os médiuns e equipes espirituais experimentadas no assunto, por isso, por mais demorado que aparente, o centro é o meio mais seguro e tranqüilo de aprimorar a mediunidade.
Allan Kardec nos alerta sobre isso no Livro dos Médiuns:
"Algumas pessoas, na impaciência de verem desenvolver-se em si as faculdades mediúnicas, desenvolvimento que consideram muito demorado, se lembram de buscar o auxílio de um Espírito qualquer, ainda que mau, contando despedi-lo logo. Muitas hão tido plenamente satisfeitos seus desejos e escrito imediatamente. Porém, o Espírito, pouco se incomodando com o ter sido chamado na pior das hipóteses, menos dócil se mostrou em ir-se do que em vir. Diversas conhecemos, que foram punidas da presunção de se julgarem bastante fortes para afastá-los quando o quisessem, por anos de obsessões de toda espécie, pelas mais ridículas mistificações, por uma fascinação tenaz e, até, por desgraças materiais e pelas mais cruéis decepções. O Espírito se mostrou, a princípio, abertamente mau, depois hipócrita, a fim de fazer crer na sua conversão, ou no pretendido poder do seu subjugado, para repeli-lo à vontade."


5.2  Os Vícios
Para o médium trabalhar com as energias sutis do mundo espiritual ele deve largar os vícios que abaixam sua vibração e perturbam o seu equilíbrio físico e espiritual.
Entre os principais que podemos citar estão o álcool, fumo, sexo desregrado, drogas e quaisquer tipos de compulsão.
André Luiz nos fala sobre a importância da renovação e força de vontade para o médium no livro Nos Domínios da Mediunidade:
"Médiuns repontam em toda parte, entretanto, raros já se desvencilharam do passado sombrio para servir no presente à causa comum da Humanidade, sem os enigmas do caminho que lhes é particular. E como ninguém avança para diante, com a serenidade possível, sem pagar os tributos que deve à retaguarda, saibamos tolerar e ajudar, edificando com o bem..."
Se o médium insistir em trabalhar quando está desequilibrado então ele prejudicará a casa que freqüenta e também as pessoas que ele tenta ajudar, vamos pensar em alguns casos:
• Médiuns Passistas doarão energias negativas e de baixo padrão, prejudicando o paciente. Em alguns casos ele pode até absorver energias positivas do paciente.
• Médiuns de Caridade – Reunião de Desobsessão – Ao se tornarem escravos dos vícios também se tornam escravos dos obsessores e criam uma brecha no trabalho espiritual. Muitas vezes se ligam a espíritos durante a sessão e não conseguem se desvencilhar, gerando trabalho e preocupação para o dirigente da reunião.
• Médiuns que trabalham no atendimento ou em passes. Existem casos de médiuns extremamente desequilibrados na parte sexual que aproveitam a fragilidade dos pacientes para obter algum benefício próprio. Geralmente estão sendo assediados por obsessores que tudo fazem para afastá-lo do centro, além de comprometer o trabalho da casa de caridade.

5.3  Paciência, Perseverança, Instrução e Humildade
Muitos médiuns ficam extremamente ansiosos ao aceitarem a sua faculdade, iludem-se achando que serão uma janela aberta para as mais lindas mensagens do céu e que tudo acontecerá como que por encanto.
A vida real é mais dura e difícil, o médium terá que estudar e aprender a lidar com o seu tipo de mediunidade, terá que arregaçar as mangas e passar a vida estudando e se aprimorando.
Retirei trechos do Livro dos Médiuns que mostram a necessidade de estudo, paciência e perseverança:
"...O desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder confabular com os Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderara sua impaciência, porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium deseje comunicar-se, não esteja em condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente, como também pode acontecer que não tenha possibilidade, nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. Convém, por isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. Antes, pois, de pensar em obter comunicações de tal ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a efeito o desenvolvimento da sua faculdade, para o que deve fazer um apelo geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo guardião.
...
Suponhamos agora que a faculdade mediúnica esteja completamente
desenvolvida; que o médium escreva com facilidade; que seja, em suma, o que se chama um médium feito. Grande erro de sua parte fora crer-se dispensado de qualquer instrução mais, porquanto apenas terá vencido uma resistência material. Do ponto a que chegou é que começam as verdadeiras dificuldades, é que ele mais do que nunca precisa dos conselhos da prudência e daexperiência, se não quiser cair nas mil armadilhas que lhe vão ser preparadas. Se pretender muito cedo voar com suas próprias asas, não tardará em ser vítima de Espíritos mentirosos, que não se descuidarão de lhe explorar a presunção.
... a facilidade de execução é uma questão de hábito e que muitas vezes se adquire em pouco tempo, enquanto que a experiência resulta de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo. A experiência dá ao médium o tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, para lhes apreciar as qualidades boas ou más, pelos mais minuciosos sinais, para distinguir o embuste dos Espíritos zombeteiros, que se acobertam com as aparências da verdade. Facilmente se compreende a importância desta qualidade, sem a qual todas as Outras ficam destituídas de real utilidade. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do estudo, com a aptidão, produto da organização física. Julgam-se mestres, porque escrevem com facilidade; repelem todos os conselhos e se tomam presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os captam, lisonjeando-lhes o orgulho.
...
As reuniões de estudo são, além disso, de imensa utilidade para os médiuns
de manifestações inteligentes, para aqueles, sobretudo, que seriamente desejam aperfeiçoar-se e que a elas não comparecerem dominados por tola presunção de infalibilidade. Constituem um dos grandes tropeços da mediunidade, como já tivemos ocasião de dizer, a obsessão e a fascinação. Eles, pois, podem iludir-se de muito boa-fé, com relação ao mérito do que alcançam e facilmente se concebe que os Espíritos enganadores têm o caminho aberto, quando apenas lidam com um cego. Por essa razão é que afastam o seu médium de toda fiscalização; que chegam mesmo, se for preciso, a fazê-lo tomar aversão a quem quer que o possa esclarecer. Graças ao insulamento e à fascinação, conseguem sem dificuldade levá-lo a aceitar tudo o que eles queiram.



5.4  Aptidões Mediúnicas
Deixo nas palavras de Allan Kardec o aviso para os médiuns:
"Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em
sua intensidade. Muitas há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se. Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua.
Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os gérmens. Procurar ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.
Quando existe o princípio, o gérmen de uma faculdade, esta se manifesta
sempre por sinais inequívocos. Limitando-se à sua especialidade, pode o médium tornar-se excelente e obter grandes e belas coisas; ocupando-se de todo, nada de bom obterá.
Notai, de passagem, que o desejo de ampliar indefinidamente o âmbito de suas
faculdades é uma pretensão orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune. Os bons abandonam o presunçoso, que se torna então joguete dos mentirosos. Infelizmente, não é raro verem-se médiuns que, não contentes com os dons que receberam, aspiram, por amor-próprio, ou ambição, a possuir faculdades excepcionais, capazes de os tornarem notados. Essa pretensão lhes tira a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros. - (SÓCRATES.) “


5.5  Confiança
"... preocupar com o saber se esse pensamento promana do seu Espírito ou de uma fonte diversa: a experiência lhe ensinará a distinguir.
Aliás, é freqüente acontecer que o movimento mecânico se desenvolva ulteriormente.
Dissemos acima haver casos em que é indiferente saber o médium se o pensamento vem de si próprio, ou de outro Espírito. Isso ocorre quando, sendo ele puramente intuitivo ou inspirado, executa por si mesmo um trabalho de imaginação.
Pouco importa atribua a si próprio um pensamento que lhe foi sugerido; se lhe acodem boas idéias, agradeça ao seu bom gênio, que não deixará de lhe sugerir outros. Tal é a inspiração dos poetas, dos filósofos e dos sábios."
                                                             Allan Kardec - Livro dos Médiuns

A confiança é importantíssima para o sucesso do contato espiritual, será uma das conquistas mais importantes do médium e somente será adquirida com muito esforço, discernimento e vontade.
Trecno retirado do livro Nos Domínios da Mediunidade, de Chico Xavier:
"Não será, porém, tão fácil estabelecer a diferença entre a criação mental que nos pertence daquela que se nos incorpora à cabeça... - ponderou meu colega intrigado.
- Sua afirmativa carece de base - exclamou o Assistente. — Qualquer pessoa que saiba manejar a própria atenção observará a mudança, de vez que o nosso pensamento vibra em certo grau de freqüência, a concretizar-se em nossa maneira especial de expressão, no círculo dos hábitos e dos pontos de vista, dos modos e do estilo que nos são peculiares."



5.6  Desenvolvimento Mediúnico Forçado
Em alguns centros, principalmente de Quimbanda e Candomblé, o desenvolvimento dos médiuns é forçado, ou seja, ele realiza rituais, recebe passes magnéticos nos seus chakras, raspa a cabeça, faz juramentos, etc..
Muito cuidado com essas práticas porque elas firmam o vínculo com espíritos que, na maior parte das vezes, não são mentores, e em sua maioria ainda vivem apegados ao mundo material.
Eles ainda não tem condições de realizar a preparação espiritual de um médium. Na maior parte das vezes o seu contato mediúnico é interesseiro.
Os falsos mentores que se vinculam aos médiuns desprevenidos são egoístas, interesseiros e orgulhosos, e como a maior parte dos encarnados ainda não atingiram o padrão evolutivo dos espíritos superiores.
Os mentores responsáveis pela ajuda aos médiuns estão ligados em uma cadeia ascendente de espíritos cada vez mais puros, e deles recebem intuições, sugestões e permissões para intervir ou não nos problemas dos encarnados. É por esse motivo que os mentores só realizam o bem, porque eles estão sempre conectados com a vontade de nosso Pai.
Depois que o médium se vincula a um "falso mentor" fica MUITO complicado se desligar desse espírito, já que por sua opção ele entrou em contato e usufruiu "favores" desse espírito. É importante entender favores, porque para os espíritos inferiores se você solicita alguma informação ou ajuda então você pede um favor e fica em dívida com esse espírito (muito humana essa forma de pensar).
Em contrapartida, quando você solicita a ajuda de um espírito superior ele faz o que lhe for permitido sem o menor interesse de retribuição.
Isso nos faz pensar a diferença de abordagem: espíritos superiores nunca fazem promessas de resolver problemas ou se comprometem com as preocupações mesquinhas dos encarnados, eles sempre pregam a necessidade de melhora interior e informam que farão o possível para auxiliar, mas ele só fará o que Deus permitir.
O falso mentor se torna um obsessor implacável quando o médium deseja se desligar de sua influência. São casos muito complicados de Possessão, ou, como Allan Kardec designa, Subjugação. Para maiores informações sobre esse assunto consulte a série de artigos que escrevi sobre Obsessão.
Abaixo copio uma mensagem que se aplica perfeitamente a esse tema:
"Meus irmãos de fé, o médium não é um ser infalível, não é um astro, uma estrela de cinema, muito pelo contrário, erram aqueles que acham que ser médium é ser o centro das atenções.
Muitos médiuns se tornam públicos e famosos, mas isso também é uma prova. Lidar com a fama é uma prova como a riqueza, o poder, etc.
Para Deus não importa se um médium cura 1.000 pacientes ou se ora por 10.000 pessoas, o amor que ele canaliza no seu ato o torna receptor das energias do alto.
Busque realizar a tarefa que lhe foi indicada com o maior amor possível.
Se for recepcionista, busque atender os sofridos que chegam, Jesus sabia como ninguém aconchegar os sofredores que lhe procuravam.
Se atua na organização dos grupos faça com amor porque o Mestre conhecia seus irmãos de caminhada como ninguém.
Se és responsável pela tesouraria esforça-te porque depende de ti a continuidade do trabalho.
E olha para o céu e busca o teu Pai, porque muitos que se encontram em posições inferiores e hoje obedecem, na vida além-túmulo se tornam grandes, vivendo no verdadeiro reino dos céus.
O amor pelo ato de ajuda ao próximo é que importa a Deus, a recompensa está nas vibrações superiores que o seguidor do Cristo recolhe como pagamento.
Seu júbilo não pode ser falado, só sentido.
A vaidade e o orgulho na posição ocupada é o pagamento do que busca somente poder ou dominação enquanto ajuda o próximo.
Faça sua parte e cresça porque Deus é misericórdia, compaixão e amor."
Para os espíritos mistificadores e encarnados aproveitadores é interessante que o médium que eles desejam explorar não se instrua e aprimore. Assim se torna fácil mistificá-lo e subjugá-lo. Tome cuidado com lugares que não preparam o corpo mediúnico e que não fazem continuamente um trabalho aprimoramento do seu grupo de médiuns.