sábado, 21 de fevereiro de 2009

Obscuridade mediúnica

Por João Coutinho

Repleta de mistérios a faculdade mediúnica vêem ao longo dos anos sendo estudas pelas ciências ocultas com grande interesse. O fenômeno atende várias religiões e filosofias espiritualistas, entre elas, a Kardecista, a Umbanda, Quimbanda, Catimbó e o Candomblé (também conhecida por leigos de "macumba, baixo-espiritismo, magia-negra" e em certos estados, de "canjerê, pajelança, batuque ou toque de Xangô, babassuê, tambor de mina" etc.).

Considerando tudo aquilo que a ciência já descobriu sobre o cérebro e a mente, pouco se sabe sobre a origem da energia magnética gerada por ele que possivelmente envolve a chamada mediunidade.

Em princípio é preciso entender que o espírito encarnado não é tão independente do corpo quanto pensávamos. Ele está ligado energeticamente ao corpo por filamentos de energia e utiliza-se do corpo físico como um veículo de manifestação. A comunicação interdimensional entre ambos ocorre através do sistema nervoso, utilizando-se de estímulos eletroquímicos e de um campo energético criado pelo cérebro.

Toda atividade mental gera energia. Nossos universos interagem através da energia do pensamento rompendo barreiras e possibilitando a comunicação com outros mundos e, inclusive, com outros seres. Como nossos pensamentos oscilam constantemente, gerando diferentes espectros de energia mental com freqüências diferentes a força criada por essas atividades mentais possibilita a comunicação, um contato hiperfísico e a manifestação de entidades diferentes.

Por este motivo que quando sintonizados em nível mental com pensamentos ricos e inspiradores captamos estímulos necessários para um estado pleno de conscientização espiritual. Se pensarmos apenas em realizações materiais, sexo de forma obsessiva, dinheiro e problemas que angustiam e nos consomem somos levados a um campo psicossomático e finalmente a doenças no corpo físico. Por isso, no espiritismo kardecista ensina que além de cuidar do corpo é preciso também cuidar do espírito.

Isso significa que o espírito encarnado é violável pelos traumas, pelas feridas e agressão condicionadas ao corpo físico, ferindo também o complexo energético que entrelaçam o corpo e o espírito. Quando traumatizados, não somente pela dor, mas também pela moral repressiva, pelos conceitos e verdades intransigentes, vícios e emoções que agridem e sufocam a alma terminamos por ser induzidos ao sofrimento e ao desespero.

Somos compostos por vários corpos, cada um atua numa freqüência especifica, sejam eles o corpo psicossomático, mental e o corpo causal. Mesmo carregando a memória provinda do ventrículo esquerdo do coração, todo sistema nervoso central ou periférico e autônomo envia ao espírito encarnado por intermédio de fluxos de energia todas as ações e reações do corpo físico.

Por causa disso, cada emoção, sentimento e pensamento é geradora de uma freqüência específica. A cada carga gerada pela freqüência influenciará alguma área do corpo especificamente ocasionando a doença ou um trauma psicopatológico que afetará o espírito encarnado. Neste caso a atividade mediúnica agirá em desenvolver várias freqüências especificas para emanação de uma energia conciencial para a cura, utilizando-se da união entre seus corpos, espírito e da energia cósmica por ele emanado que possibilita também a comunicação e a manifestação de outros seres.

Ao entrar em contato com uma entidade espiritual o médium entra em um estado alterado da consciência. O médium percipiente busca a informação extra sensorial utilizando-se da concentração profunda transcendendo os sentidos básicos do corpo humano. Nasce o que erradamente alguns médiuns chamam de intuição. A partir do momento que se está sendo guiado, orientado ou em estado de comunicação com outro ser surge, então, a percepção extra sensorial. A percepção é uma ferramenta importantíssima para interpretação dos acontecimentos. Em alguns casos a percepção também é confundida com alucinação.

A intuição vem do latim "intuire", que significa "ver por dentro". No entanto, o conceito de intuição varia um pouco conforme a linha de pensamento. Para Jung, a intuição é uma capacidade interior de perceber possibilidades, enquanto que o filósofo Emerson a considerava uma sabedoria interior que se expressa por si própria. Não precisa ser médium para ter intuição, ela pode surgir em qualquer atividade física ou extra-fisica que uma pessoa exerça.

Sabendo que a mediunidade é um desenvolvimento normal das glândulas cerebrais a intuição tem um papel fundamental na vida de um médium. É uma ligação direta com seu interior, enquanto que a telepatia, inspiração ou comunicação extra sensorial é a captação de idéias e pensamentos externos de uma entidade, ou mesmo, de outras pessoas que se fundem em harmonia com seus pensamentos.

Assim, de acordo algumas teorias mediúnicas, as " forças magnéticas aplicadas ao chacra coronário, sensibiliza e ativa a glândula pineal do médium, fazendo-o produzir um hormônio denominado melatonina. A melatonina é direcionada para o centro coclear, isolando-o momentaneamente do nervo auditivo, que é responsável pela condução dos sons ao cérebro. Como o nervo auditivo não receberá qualquer tipo de som, o médium perderá temporariamente a audição física. Em seguida, o mentor através de processos fluídicos, aumenta a tela fluídica do chacra frontal, permitindo que os sons captados pelos ouvidos perispirituais do médium cheguem até o nervo auditivo físico e, por intermédio deste, sejam conduzidas até o cérebro físico, na parte do córtex cerebral responsável pela audição. Desta forma, o médium passa a ouvir as coisas do mundo espiritual".

Dentro deste pressuposto, a comunicação de uma para outra consciência espiritual é possível e saudável desde que não haja violação, ou seja, a ocorrência de paralisação e a condução da vontade do médium manifestado, o que pode acontecer, quando este é obsediado por um espírito perturbador. É importante ressaltar que nenhuma entidade espiritual esclarecida intercede na vida de forma profunda, isto são consideradas violência e imposição. O intuito não é criar médiuns dependentes, e sim, seres autoconcientes.

Neste interím surge uma obscuridade. O médium serve-se de intermediário entre homens e espíritos. Esta atividade é de grande responsabilidade, assim o praticante não pode tornar-se passivo e não-consciente de seus atos mecânicos. O ideal é que este médium se torne ativo e vá em busca do conhecimento para si mesmo. Infelizmente devido a uma desconfiança existente por meio do charlatanismo e do descaso, muito tendem a aprender consigo mesmo e com sua própria entidade, uma forma complicada de aprendizagem, pois segue-se uma forma passiva de conhecimento, sem o acompanhamento de um facilitador que possa discutir e fazer com que a pratica torne-se mais ativa e esclarecedora.

A passividade mediunica interfere principalmente quando o mesmo entrega-se ao lado mecânico das incorporações, onde tudo é deixado para a entidade fazer. Desta maneira, o médium sabe que está incorporado concientemente, mas não sabe o que está incorporando. Se é realmente um mentor espiritual ou um espirito brincalhão. Sabe-se que em muitos casos aparecem pessoas incorporadas com tais formas espirituais que brincam, cantam, dançam muito bem, realizam proezas e rituais magnifícos, no entanto nada do que fazem funciona. Fazem apenas aquilo que têm um caráter hipnótico, mudança de estado mental ou atitude. O que é magicko nada.

Em muitos casos destes, o médium vive uma vida embaraçosa, cheia de enganos, fofocas, intrigas, desistências e atribulações que afetam tanto sua vida particular como profissional. Viver uma vida com problemas de relacionamentos e financeiros é comum quando algo está errado. A prática da magia é algo sério e se deve ter muito cuidado. Como pode alguém com tantos problemas ajudar pessoas, afinal se não se pode resolver seus problemas, poderá resolver os dos outros?

É claro que dentro deste orbe, há médiuns que acreditam que a sua entidade deve ser tratada como uma espécie de escravo, onde o mesmo deve atender seus pedidos egóicos. Alguns se utilizam de suas atividades mediúnicas para ganhar dinheiro ilicitamente, não que seja errado ganhar dinheiro com o uso da mediunidade, mas ao analisarmos friamente, vemos seres humanos presos a uma obsessividade muito grande por dinheiro, pelo poder e por conquistas fundamentadas em apenas possuir, mesmo que para isso tenha que usar a magia, usufruindo-se da ingenuidade das pessoas que o procuram e da boa vontade de entidades protetoras.

Como disse a mediunidade é uma atividade cerebral, em troca disso, o que se vê são inúmeras doenças mentais manifestadas de várias maneiras, pobreza e pessoas obsediadas por espíritos brincalhões. Talvez, seja certo dizer que a loucura já faz parte de nós e que a camuflamos para parecer normal, entretanto, brincar com os seres de outros mundos, onde envolve magia é a pior das loucuras.

A incorporação se caracteriza pela comunicação oral e escrita, onde em sua maioria são de forma consciente. Neste estado o médium participa do que esta acontecendo ao redor, atraves da verbalização e se lembra o que foi transmitido. Por isso pode haver interferência do médium, chamada de animismo. O animismo não retira o valor do médium, pois não se pode caracterizar onde termina a influência do espirito e começa a do médium, a não ser que este faz-se usar como intermédio para benéficios próprios, a chamada mistificação.

Na forma inconsciente o médium se exterioriza do corpo temporiamente por afinidade fluídica que fica mais ou menos a controle do espirito. Acredita-se que duas consciências não podem habitar completamente o mesmo corpo ao mesmo tempo e espaço, por um problema de incompatibilidade energética, se isso fosse possível todos nós seríamos vulneráveis a toda forma de possessão do corpo, entretanto isso pode acontecer quando ocorre uma violação e subjugação por outro espirito desencarnado.

Desde que não há possessão propriamente dita, isto é, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma pode ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada. São esses os verdadeiros possessos. Mas, é preciso que saibas que essa dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la ou por uma causa de ataques vampíricos na qual o médium seja atacado constantemente, o enfraquecendo espiritualmente. Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.

Há também a transmentação, isto é, a conexão mente-mente faz com que o médium passe a comportar-se com as características psicológicas e emocionais de um outro espírito pela assimilação de dados absorvidos pela mente do médium. Muitos médiuns acabam exercendo um papel em suas atividade espiritual da qual mais tarde não sabem exatamente o porque fizeram e agem normamelmente sem ou com a conciência deste fenomêno.

Na mediunidade semiconsciente é indispensável a afinidade fluídica (equilíbrio vibratório) o Espírito comunicante entra em contato com o perispírito do médium e, por intermédio dêste, atua então sôbre o corpo físico, ficando os órgãos vocais do médium sob contrôle do Espírito. Neste ponto o conhecimento do que se passa em tôrno dele fica obscuro. O médium fica em semi-transe, semi-adormecimento, sujeito porém à influência da Entidade e impossibilitado de furtar-se a ela, salvo se reagir deliberadamente. Obtido êsse estado a Entidade, apesar de não ter domínio completo sôbre o médium, pode todavia transmitir, mais livre e desembaraçadamente, suas idéias que ficam, é claro, dependendo da maior ou menor perfeição do instrumento usado, (educação mediúnica), e maior ou menor fidelidade de interpretação (capacidade intelectual do médium).

Neste terreno, o desenvolvimento da mediunidade possui aspectos importantes dentro da espiritualização, onde

um espírito autoconciente e possuidor de conhecimentos mágikos pode comunicar-se com médiuns como orientadores e professores, atuando sobre uma proposta em comum com o médium, seja como médico ou mesmo como fazedores e facilitadores para formação de outros médiuns. Sejam eles espíritos que já passaram por várias encarnações ou mesmo entidades naturais pertencentes, ou não, de outras dimensões.

Na verdade, toda responsabilidade recai sobre o médium. Quanto mais o médium estudar, procurar conhecimentos fora ou dentro do seu círculo, ter uma mente aguçada para perguntar sem duvidar em excesso e acima de tudo ter uma mente sistêmica, onde os conhecimentos são vindouros para que possa aprender com outras pessoas são totalmente essenciais. Médiuns que confiam em apenas em sí próprio e em seus guias, são por demais presunçosos e facilmente podem ser vítimas de enganos, por mais que se ache experto em acreditar que sabe muito e sua entidade sábia.

Por isso, quando algo não está dando certo, procurar ajuda é imprecidível. Entretanto, é sábio que procurar ajuda para aqueles que precisam mais é uma condenação. A obscuridade mediúnica se encontra principalmente dentro dentro de templos e terreiros que buscam apenas as coisas materiais. A lapidação do ser humano na formação de pessoas de bom caráter, a construção da moral como guia para melhorar as atitudes perniciosas, a formação de integrantes que buscam o amor e a prática da caridade são caminhos que não devem ser esquecidos pelo praticante que desenvolve a mediunidade. E isto é melhor do que ter em seus meios pessoas que buscam intrigas através de fofocas, dilaceramento da integridade de outros, a exclusão mediúnica, a exploração, a pobreza de espírito e outras banalidades. Isto Faz com que muitos lugares acabam se expondo a destruição do significado da espiritualidade e trazendo a sua morada todo tipo de formas negativas que denigre e obscurece a alma de todos os médiuns e participantes da casa.

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