Orixá não é divindade, pois na Umbanda cremos num único Deus. A Umbanda não é politeísta, portanto o que passaremos a descrever não é uma teogonia. Orixá é potência de luz emanada de Deus, O Criador.
Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós.
Entretanto, tendo em mente isso, podemos tentar entender juntos o caminho inverso, ou seja, da terra para o Alto, até porque para entendermos o que ocorre acima disso, precisaríamos entrar em esferas elevadíssimas que fogem ao nosso entendimento, pois ninguém tem alcance para isso. Tudo que falam são conjecturas, bravas e algumas até louváveis tentativas, mas nada absoluto. A verdade de cada um deve ser respeitada, assim como a compreensão. Avançar a esferas superior nos será naturalmente permitido quando tivermos evolução para tal.
Na realidade o que a Umbanda fez foi "organizar" as manifestações divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. Todas as "complicações" provenientes do aprendizado na Umbanda são por nossa exclusiva culpa e ignorância, basta que conversemos com qualquer Preto Velho, para termos a certeza disto.
Pensemos a princípios nos Sete Orixás Básicos que se manifestam em nível de terreiro, ou seja, de incorporação: Oxossi, Ògún, Xangô, Omulu, Oxum, Iemanjá e Iansã.[1]
A manifestação, em nível de terreiro, de cada um se dá através de espíritos enviados de cada uma destas forças. Importante ressaltar que na Umbanda não incorporamos o Orixá, mas sim os seus enviados ou representantes, que são espíritos que já encarnaram e que tem cada um o seu próprio karma, história, característica missionária, evolutiva, de personalidade etc.
Temos a tendência de acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse "muito mais do que isso" que não conseguimos explicar em palavras, mas grosseiramente falando é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui, traduzidos pelos diversos sub-planos que passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.
Quando pensamos na composição de uma árvore, por exemplo, e nos infiltramos nela, entramos no seu universo e podemos observar neste universo "árvore" que todos os 7 Orixás estão se manifestando, conjugadamente ou em paralelo, mas sempre harmoniosamente.
Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se harmonizam frente as nossas necessidades, por Graça do Criador.
Para uma melhor compreensão nesta que está parecendo uma viagem ao mundo dos Orixás, vamos primeiro falar sobre as funções e especialidades de cada um ao nível de terra.
- Oxossi - corresponde a nossa necessidade de saúde, nutrição, expansão, energia vital, equilíbrio fisiológico.
- Ògún - corresponde a nossa necessidade de energia, defesa, prontidão para ação, determinação, tenacidade.
- Xangô - corresponde a nossa necessidade de discernimento, justiça, estudo, raciocínio concreto e metódico.
- Omulu - corresponde a nossa necessidade de compreensão de karma, de regeneração, de evolução, transformações e transmutações kármicas.
- Oxum - corresponde a nossa necessidade de equilíbrio emocional, concórdia, amor, complacência e reprodutiva.
- Iemanjá - corresponde a nossa necessidade familiar, estrutural de amor fraternal e filial e bens materiais.
- Yansã - corresponde a nossa necessidade de mudança, deslocamentos, transformações materiais, avanços tecnológicos e intelectivos.
Os 7 Orixás básicos ao se combinarem formam outros Orixás os quais chamamos de desdobramentos do Orixá ou Orixás que foram combinados, mas mesmo assim ainda não são estes que se manifestam em nível de terreiro, mas sim os seus enviados (que falaremos mais tarde)
O único Orixá na Umbanda que não tem desdobramentos é a Orixá Iansã, pois as suas combinações são tão rápidas que não criam reinos, mas apenas manifestações rápidas desta conjugação, não chegando a formar ou fixar-se durante muito tempo a ponto de formar um novo Orixá. Além do mais, outro motivo para isto e o próprio elemento por Ela representado: o Ar. O Ar não se desdobra, não se fixa, mas mistura-se aos demais, entretanto sem mudar a sua essência. O Ar em movimento é o vento que causa mudanças rápidas e essas mudanças são a própria Orixá.
Quando os Orixás se combinam, se unem e se conjugam temos os diferentes desdobramentos que são manifestados através do encontro de um reino com outro, ou manifestações de força da natureza, que em terreiro também recebem nomes diferentes.
Divindade Suprema Colegiado Supremo | |
1 | Orixás Virginais - Formam o Colegiado ou Coroa Divina |
2 | Orixás Causais - Senhores do Carma Causal |
3 | Orixás Refletores - Senhores da Luz Espiritual coordenadora de massa |
4 | Orixás Originais - Senhores Reguladores do Carma constituido |
5 | Orixás Supervisores - Senhores de todo o Sistema Galáctico |
6 | Orixás Intermediários - Senhores de todo o Sistema Solar |
7 | Orixás Ancestrais - Senhores de todo o Sistema Planetário |
Todos os Orixás Ancestrais são subordinados à Cristo Jesus que é o tutor máximo da Terra.
Os Orixás Ancestrais são os que conhecemos na umbanda.
Entre os espíritos que atuam dentro da vibração energética do nosso Eledá, é escolhido um para nos acompanhar mais de perto, seja pela afinidade com o ser encarnado ou pelo simples desejo de acompanhar esse espírito na sua caminhada encarnatória. No caso de médiuns, normalmente este espírito é aquele que incorpora quando invocada a vibração do Orixá principal.
Os Orixás, dentro do culto Umbandista não são incorporantes. O que se vê dentro dos vários terreiros, centros, tendas etc, são os falangeiros dos Orixás, espíritos de grande luz que vem trabalhar sob as Ordens de um Orixá. Os Falangeiros incorporam em seus "cavalos" e mostram sua presença e sua força em nome de um Orixá.
Orixá Ancestral
Localização do ponto de força de recepção energética: Alto da cabeça.Coroa.
Irradia para o nosso caminho espiritual, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa evolução espiritual, ou mesmo absorvendo os excessos.
Orixá de frente
Localização do ponto de força de recepção energética: Entre as sobrancelhas, meio da testa (3º olho).
Irradia para o nosso caminho material, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa vida física presente, ou mesmo absorvendo os excessos.
Orixá juntó
Localização do ponto de força de recepção energética: Em toda a extensão da nuca.
Irradia, auxilia-nos com suas qualidades atributos e atribuições, o aprendizado das verdades divinas, adquiridos em vivenciações passadas, bem como ao equilíbrio dos erros cometidos, a fim de nos reequilibrarmos no presente para a nossa evolução.
Obs: A palavra juntó é um designativo regional e foi adjudicada do termo adjunto, que quer dizer: algo em aporte; auxílio; junto; do lado.
Orixá da direita
Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acimada orelha direita .
É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições, a nossa direita, ou seja, o nosso consciente, o nosso pólo positivo e as virtudes humanas (absorvendo os excessos ou irradiando a falta).
O lado direito do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso emocional, refletindo o nosso "Eu positivo", ou seja, o da justiça, do bom combate, do bom caminho, da vereda certa e da vida verdadeira. É o lado que reflete as nossas "virtudes". É o lado da Espiritualidade Maior; o lado da realidade.
O lado direito é o lado da Espiritualidade. É dos que vivem com Deus, cumprindo-lhe as Leis.
Orixá da esquerda
Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acima da orelha esquerda.
É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições a nossa esquerda, ou seja, o nosso inconsciente, o nosso pólo negativo, os defeitos humanos (absorvendo os excessos ou mantendo o equilíbrio).
O lado esquerdo do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso racional, refletindo o nosso "Eu negativo", ou seja, o das injustiças, da inércia, do mau caminho, das incertezas e da vida ilusória. É o lado que reflete os nossos "defeitos"; o lado das ilusões.
O lado esquerdo é o lado das ilusões. É o dos que estão apenas vivendo para o mundo e desejando o muito sem Deus.
Com tudo isso não estamos querendo dizer que existem Orixá que comandam as nossas virtudes ou os nossos defeitos, mas sim, que Eles estão a postos, a fim de nos auxiliar absorvendo os excessos ou irradiando a falta daquilo que nos é importante em nossa escalada evolutiva..
A cada encarnação, de acordo com as nossas necessidades, os Orixás de coroa, frente, junto, de direita e de esquerda são trocados, estimulando, paralisando, renovando, direcionando, etc., aquilo que esta nos faltando ou que esta em excesso em nossas vidas. Basta sabermos, com certeza, os Orixás que regem a nossa coroa, frente, juntó, de direita e de esquerda e seremos sabedores das nossas virtudes, falhas e excessos, a fim de efetuarmos com êxito a nossa Reforma Íntima.
Se conhecermos as regências da pessoa é possível fazer uma previsão de como será o temperamento desta pessoa e a maneira como ele encara a vida e seus relacionamentos, através dos Orixás que o regem.
Referências
[1] - Iassan Ayporê Pery - Dirigente do CECP - (Parte integrante do Livro "Umbanda - Mitos e Realidade" no prelo) [2] - (Texto extraído do livro "O Código de Umbanda" obra mediúnica inspirada pelos mestres da Luz: Sr Ògún Beira-Mar, Pai Benedito de Aruanda, Li-Mahi-An-Seri-yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografado por Rubens Saraceni.).
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