A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda.
UMBANDA: A origem do vocábulo está na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahma); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. Já a palavra Bandha, também de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra. Assim, analisando as duas palavras, podemos definir a Umbanda como sendo o elo de ligação entre os planos divino e terreno. Infelizmente, na época da revelação da Umbanda em terras brasileiras, não houve a preocupação em se manter a integridade do vocábulo. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda.
Com o passar do tempo as pessoas foram agregando metodologias, vocábulos e detalhes de praticas provindas de outras religiões como candomblé, por exemplo. Esta fusão vem distanciando a verdadeira Umbanda dos seus fundamentos iniciais. Hoje ouve-se falar de Umbandomblé (mistura de umbanda com candomblé) e outras "umbandas" como descrito abaixo, mas a verdadeira Umbanda, a que teve uma organização para a sua prática, é aquela nascida no Brasil em 1908 que ainda continua sendo praticada em muitos terreiros e em casas nesse e outros países, essa chamada de Umbanda Tradicional.
A incorporação de guias também ocorreu em outras religiões como no Candomblé de Caboclos ( desde de 1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Crianças e Preto-velhos aconteceram dentro do Candomblé de Caboclos ), e no Catimbó. No Espiritismo. Em 1908 , na Federação Espírita do Rio de Janeiro, em Niterói, um jovem de 17 anos, Zélio Fernandino de Moraes, foi convidado a participar da Mesa Espírita. Ao serem iniciados os trabalhos, manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina).
As entidades deram seus nomes como Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio. No dia seguinte, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade, assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorizando o bem), uma forma "básica de culto" (muito simples), mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às religiões mais africanas - Umbanda Omoloko, Umbanda de Preto - velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas à Doutrina Espírita - Umbanda Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelança do Índio brasileiro - Umbanda de Caboclo -; ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gerard Anaclet Vincent Encausse, esoterismo teosófico de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre, Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias Doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos.
Hoje temos várias religiões com o nome "Umbanda" ( Linhas Doutrinárias ) que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.
Alguns exemplos dessas ramificações são:
Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo (Santos Católicos associados aos Orixás Africanos), nessa Umbanda há grande variedades de trabalhos, divergindo de grupo para grupo. Podemos dizer que essas entidades estavam preparando o terreno para que mais tarde uma Umbanda com objetivo e direção mais claras pudesse ser anunciada, o que ocorreria com o advento do Caboclo das Sete Encruzilhada em 1.908;
Umbanda tradicional - Oriunda da inicialização pelo Caboclo das sete encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Moraes (NOSSA CASA - O NUC-J - Núcleo Espírita Cristão, pratica essa Umbanda, sob a orientação do Mentor Espiritual "Pae Benedito de Aruanda");
Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Culto aos orixás -, nem o trabalho dos Exús e Pomba-gira, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, preto-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros Espíritas como fonte Doutrinária, como exemplo: (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec);
Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias (erroneamente algumas pessoas confundem dizendo ser umbanda traçada ou seja uma mistura de candomblé e umbanda, ou candomblé mestiço). O Ritual religioso do Culto Omolokô, se origina das tribos Lunda-Quiocôs. Muitos dos Espíritos evolutivos Preto-velhos que baixam nos terreiros umbandistas, pertenceram às tribos de Lunda-Quiocôs do Culto Omolokô, e seus lugares de origem, como seja: João Benguela, Pai Mossamedes, Pai Alexandre, Maria Redonda, Pai Cabinda, Pai Ambriz, Pai Luanda, etc. Temos também os bantos da África Oriental, de Dar-es-Salam, Quiloa, Bagamoyo, Tanga, Pangani; pertencentes principalmente à costa oriental. Essas tribos são cruzadas com um forte elemento asiático. Elas estão situadas no continente, ao sul da Ilha de Zanzibar, que foi à tempos atrás governada por um sultão árabe. Por esse motivo a Nação Omolokô, amalgamou-se e tornou-se uma Nação Eclética, com um ritual sempre cruzado, com suas raízes: Gêge, Quêto (reino iorubano do Sudeste da República do Benim, na fronteira com a Nigéria - África), Nagô, Angola, Almas (Iorubá), assim como com o Oriente, de origem asiática. Os Terreiros de Omolokô têm sempre uma puxada para o ritual de suas raízes, ou Nação Raiz, porém no fundo, as formas de iniciação, e de trabalhos são sempre seguindo uma mesma diretriz.
Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;
Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis Divinas";
Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mântras indianos e utilização do sânscrito;
Umbanda de Caboclo - Influência do cultura indígena brasileira com seu foco principal nos guias conhecidos como "Caboclos" oriundas da Pajelança do Índio brasileiro;
Umbanda de preto-velhos - Influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos preto-velhos;
*Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.
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