sábado, 11 de junho de 2011

Quando o Caboclo bater no peito, lembra que o índio brasileiro come no lixo

Quando o Caboclo bater no peito, lembra que o índio brasileiro come no lixo.

A revista Veja, edição 2219 (1/06/2011), traz uma reportagem chamada "Uma Reserva de Miséria". Trata-se de um triste relato a respeito de nossos índios de Roraima que juntos com brancos e mestiços sofrem e são praticamente expulsos da reserva Raposa Serra do Sol.  O governo federal alega que diversas famílias (brancos e mestiços) ocuparam ilegalmente a terra indígena,  mesmo para aqueles que possuíam títulos emitidos havia mais de 100 anos pelo próprio governo.  Foi prometido indenização justa, mas, na hora do "vamos ver" a justiça não foi feita. Sem poder cultivar a terra, os antigos proprietários deixaram de empregar os índios que agora não tem o que comer. Os donos desta terra, graças a presença do branco, não têm mais o que caçar e pescar. Inocentes, depois de séculos sem escolha, são dependentes e esquecidos.  



Para resumir a história e ir direto ao assunto que me leva a escrever-lhes, saibam que estão se formando novas favelas na periferia de Boa Vista, capital do Estado.  Famílias inteiras de índios, oriundas das aldeias,  começaram a erguer barracos em um aterro sanitário da cidade, buscando latinhas de alumínio e comida no lixo, a única forma de subsistência.



Estou certo de que o triste caso de Roraima é pequeno perto da realidade indígena no território nacional.



Como posso ficar calado e insensível se o índio é meu irmão?  Brancos e mestiços também, sem distinção.  Mas o ÍNDIO, sua força mística, divina e cultural é parte fundamental da minha religião, a Umbanda - por isso, torna-se o caso ainda mais alarmante, tocando-me profundamente.  



Irmãos de fé,  a nossa religião nasceu no início do século passado com a missão, entre outras, de oferecer aos índios desencarnados a oportunidade de se manifestarem e assim nos ensinar, curar e evoluir em conjunto.   Então, quando ele, o Caboclo, com sabedoria e humildade bater no peito na próxima vez, vá além do seu pensamento e vibração que deseja o respeito, manifeste-se verbalmente para todos os amigos, conhecidos e irmãos que lhe rodeiam, em voz alta diga que o nosso índio,  o índio brasileiro,  sofre e padece igual a natureza, largado como os rios e as matas, igualmente caminham para o sufocamento e a morte.  



Daqui pra frente,  faça e pense o que quiser.  E se os filhos de Umbanda resolverem levantar a voz agora mesmo,  eu estarei no meio para somar, levando a força Oxalá porque temos fé em Olorum, Deus nosso criador;   Oxóssi porque somos inteligentes e capazes de atingir o que queremos divinamente;   Ogum porque somos protetores, lei e guerreiros;  Oxum pelo amor puro ao próximo;   Obaluaiê permitirá a saúde, o renascimento e a evolução em paz;  Xangô fará de nossos pensamentos, atos e palavras a verdadeira justiça;  e a força que chamamos de Iemanjá, a força da Mãe, nos acolherá e permitirá o nascer de uma nova esperança e vida.



Roberto Carquejo

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