terça-feira, 17 de maio de 2011

A fé cigana

Os ciganos não possuem pajés ou curandeiros, ou ainda um feiticeiro em particular, pois cada cigano e cigana tem seus talentos para a magia, possui dons místicos, sendo portanto um feiticeiro em si mesmo. Todo povo cigano se considera portador de virtudes doadas por Deus como patrimônio de berço, cabendo à cada um desenvolver e aprimorar seus dons divinos da melhor e mais adequada maneira.
Existem autores que citam que cada grupo cigano tem seu feiticeiro particular denominado kakú, porém isso pode variar de clã para clã, para alguns essa palavra significa apenas tio.

O ciganos não são politeístas. Adoram e veneram um só Deus, mas tais como vários povos viveram e vivem em estreito contato com a natureza, vêem as naturais manifestações desta como divindades. Assimilam dos astros do céu, abençoam e pedem bençãos à chuva, as águas dos rios, cachoeiras, às árvores das matas, respeitando os trovões, a força devastadora dos raios e o fogo, que aquece, protege e purifica. Admiram os pássaros, as flores, os animais, toda a forma de vida que brota da natureza, pois entendem que todas são maneiras de Deus se revelar aos homens, sendo tratados portanto com carinho e respeito. Eles compreendem que o ar é energia vital, o elemento vivificante da vida e oram para que as ventanias, tufões e vendavais não destruam seus acampamentos e seus lares (tendas).

O povo Cigano é místico por essência e trazem latente na alma a religiosidade e o amor pelas divindades e, dentro de seu mundo espiritual, mantém seu equilíbrio e harmonia cultuando a grande Kali. Santa Sara Kali é tida como a santa do povo cigano. Hoje mais do que nunca, devido a cultura dos ciganos entrar em quase todos os países, os não ciganos passaram a conhecer e venerar o culto a Santa Sara.

Santa Sara Kali, esta presente em toda tenda cigana, com sua tradicional veste azul-céu e o rosto negro. A lenda nos conta que os inimigos do Nazareno , que naquela época não eram poucos, condenaram por diversas artimanhas as três Marias. Maria Madelena, Maria Jacobé (mãe do Tiago menor) e Maria Salomé (mãe de São João). Elas deveriam ser jogadas ao mar, numa barca sem remos ou previsões, acompanhadas tão somente de uma das escravas de José de Arimatéia, Sara a Kali ( Kali em romanês, quer dizer negra).

Esse barco teria miraculosamente apostado numa praia próxima a foz do RIO PETIT-RHÔNE, onde hoje se encontra a igreja de SAINTES-MAIES-DE-LA-MER ( Santa Marias Vindas do Mar), um lugar de peregrinação e de culto para Santa Sara Kali, que foi quem converteu os ciganos para o Cristianismo.

Das Marias, a história não guarda vestígios ou mesmo seus destinos, mas quanto a Sara, dizem que ela foi cuidada pelo povo cigano e o ajudou a tornar-se unido e a desenvolver-se como povo e como cultura.

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