terça-feira, 28 de abril de 2009

Xamanismo ancestral

"Oh! Não deixeis apagar a chama!
Mantida de século em século
nesta escura caverna, neste templo sagrado!
Sustentada por puros ministros do amor!
Não deixeis apagar esta divina chama!"

[O Caibalion]
A palavra Xamanismo nos remete inicialmente à imagens de índios ou pagés ao redor de uma grande fogueira, dançando, batendo seus tambores ou realizando alguma cura na floresta. O Xamanismo não deixa de ser isso também, mas é muito mais do que isso. Poucas pessoas compreendem a origem do Xamanismo, "a mais antiga prática espiritual da humanidade" e muito menos ainda sobre suas tradições.
Muitos autores ainda apontam que a palavra Xamanismo é de origem Siberiana. Mais alegamos aqui que o termo Xamanismo surgiu muito antes de ser a antiga religião dos mongóis e das nações circunvizinhas à Sibéria. De fato, o Xamanismo teve muita influência do povo molgol, porém, surgiu muito antes. O termo Xamanismo surgiu antes mesmo da era védica. Antecedendo inclusive os Dravidas, a primeira grande civilização indiana.

O Xamanismo surgiu no mais antigo grupo social da Índia, os proto-australóides, os primeiros aborígenes indianos, os quais tinham sua cultura estruturada no totemismo, sendo a Serpente o principal símbolo de reverência desta primeira tradição xamânica, conhecidos como Nagas, adoradores da Serpente e dos Yaksas (espíritos da natureza – pedras, animais, árvores, rios, montanhas, estrelas e etc). A Serpente sempre representou o símbolo da virilidade, do conhecimento e da magia, aliada aos espíritos da natureza, formando assim, o panteão mítico que, em seu início, influenciou os primeiros rituais xamânicos, e o desenvolvimento das crenças do Hinduísmo e da Filosofia Védica. Posteriormente, na era védica (período de formação dos quatro Vedas), encontramos resquícios culturais dessa primeira tradição, expressado pelos hinos, mantras e encantamentos do Atharva Veda, a última das quatro primeiras escrituras sagradas da Índia.

O valor dos Nagas (Serpentes) pode ser encontrado no Satapatha Brahmana do Rg Veda, onde os antigos xamãs reconhecem que o verdadeiro conhecimento, Veda, é o saber dos Nagas e que estes seres preservam as ciências antigas e os segredos dos poderes mágicos da cura. Determinadas famílias e antigas dinastias reais citam os Nagas como seus primeiros ancestrais. Os primeiros deuses, os doze filhos de Aditi, eram originalmente Serpentes.

Os primeiros aborígenes da Índia, falavam dialetos de características Munda e Kolária, similares ao grupo linguístico da indo-china, Mon-Khmer. Possuiam pele clara, cabelos ondulados e traços físicos e facias parecidos com os povos da antiga Birmânia, Malásia, Sri Lanka, Sumatra, Ilhas Célibes e Austrália.

Só após o crescimento da Civilização Dravida do Vale do Indo, que grande parte das comunidades aborígenes foram estruturadas, enquanto outra parte migrava para regiões mais afastadas, como China, Mongólia, Sibéria, Tailândia e toda a Oceania, dando continuidade às suas tradições.

Em seguida, o Xamanismo sofreu muita influência do Budismo, que se espalhou da Índia para toda a Ásia. Na China também o Xamanismo foi influenciado pela filosofia de Lao Tse. Até o Zoroastrismo que adota o culto à Natureza influenciou o Xamanismo.

O ponto de maior fragilidade do Xamanismo foi quando passou a ser influenciado pelo Cristianismo.

Nota-se então, que o Xamanismo foi a primeira prática espiritual que a humanidade adotou e que sofreu influências de diversas religiões e correntes filosóficas e espiritualísticas.

O Xamanismo Ancestral é a prática de Xamanismo mais antiga da humanidade. Evidenciada atualmente pelas remanescentes tradições xamânicas da Índia, os Shantals, Gonds, Bhils, Khasis, grupos aborígenes da Índia Central, das Ilhas Nicobar no Golfo da Bengala, Sri Lanka, grupos aborígenes do Nepal, como os Tamangs, Boudhas e do Tibet.

Os proto-astralóides, influenciaram todo o modo de vida dos indianos, assim como o desenvolvimento de sua cultura. Existem diversas constatações que esses primeiros aborígenes foi quem influenciaram muito profundamente a formação de todo o indianismo e Hinduísmo, étnica e lingüísticamente. Mesmo ainda sendo nomeados como "povos da idade das pedras", a cultura que desenvolveram serviram como base para muitas civilizações modernas, e seu primitivismo, de certa maneira, transforma as concepções mais atuais em imaturas, pois esta primeira tradição tinha alto grau de refinamento e uma profunda sensibilidade das realidades vísiveis e invisíveis. Mesmo vivendo um estilo de vida voltado à natureza, eles não eram selvagens, e ainda por cima, desenvolveram a tal ponto suas concepções artísticas, filosóficas e sociais.

O Xamanismo Ancestral foi quem primeiro divinizou o Sagrado Feminino em toda a história da humanidade, dando assim o surgimento de uma série de religiões pagãs que praticavam o culto sagrado à Grande Deusa. Por isso todas as tradições xamânicas do mundo reverenciam e reconhecem o Sagrado Feminino sempre representado por uma figura feminina, associada à cultura ou região do planeta onde se pratica determinadas tradições xamânicas. A Índia é o berço de toda a nossa história. A mais de 40 mil anos os xamãs ancestrais mantêm acesa a chama desse conhecimento multimilenar. E como o Xamanismo Ancestral se desenvolveu demasiadamente na era védica, nosso Sagrado Feminino, a mãe-Terra, é então simbolizada pela figura de Parvati, a consorte eterna do Senhor Shiva em seu aspecto Shankara, o grande Deus Índio, e tendo Narada Muni como o arquétipo do verdadeiro xamã, o eterno cosmonauta.




Shiva e Parvati - O Casal Cósmico

Infelizmente, este conhecimento manteve-se secreto e disponível apenas aos iniciados no Xamanismo Ancestral e em religiões pagãs, devido a repressão religiosa da Idade Média.

No Xamanismo Ancestral, Shiva e Parvati, exteriorizam o arquétipo do Pai-Céu e da Mãe-Terra. Da união deste casal cósmico nasce então Ganesha, o fruto da consciência xamânica, o primeiro xamã. O filho que trás para a mundo o despertar da consciência cósmica, o libertador dos obstáculos impostos pela mente humana. Aquele que desce ao inferno de sua própria consciência e depois retorna ao estado de consciência transcendental, como o acordar de um aterrorizante sonho.

Para o Xamansimo Ancestral o Senhor Shiva e sua consorte Parvati representam expansões plenárias da energia interna do Grande Espírito em Seu estado mais sutil.

O Grande Espírito é o Senhor Krishna, A Suprema Personalidade que reside no Universo Vaikuntas (a morada eterna transcendental) e que também possui sua contraparte feminina, Radharani, que não vive separada de Krishna. Ambos não são diferentes, são faces da mesma energia. Tudo que existe e inexiste na existência manifesta e não manifesta se expande e se retrai. A força de expansão é energia masculina e em contraparte tudo que se retrai é energia feminina. Este simbolismo está em tudo na natureza, no Yin e o Yang, no homem e a mulher, dentro e fora, acima e abaixo.

Compreender o simbolismo do casal Shiva e Parvati é como colocar a chave do portal da Quarta Direção do Sagrado Caminho do Xamanismo Ancestral em sua fechadura, para liberar-se (moksha) desta existência e assim assegurar o vôo rumo ao Grande Espírito.

O poder da mulher e sua capacidade de gerar vida já foi muito sagrado na antiguidade, mas como passou a ameaçar a ascenção da igreja predominantemente masculina na Idade Média, passou-se então a demonizar o Sagrado Feminino e identicá-la como impuro. O conceito de "pecado original" foi criado pelo homem e não pelo Grande Espírito, mediante o qual Eva provou a maçã e causou a queda da raça humana. Assim, a mulher que antes era sagrada, porque dava a vida, agora era o inimigo.

O nascimento de uma criança sempre foi um evento místico e poderoso. Lamentavelmente, a filosofia impositiva da Idade Média decidiu fraudar o poder criador da mulher, ignorando a verdade biológica e tornando o homem Criador. O Gênesis bíblico foi o início do fim para a Grande Deusa.

Porém, quando o Cristianismo surgiu, o Xamanismo e as velhas religiões pagãs não morreram com facilidade, só agora, na transição da era de Peixes para a de Aquário estamos nos libertando de toda imposição e egocentrismo masculino imposto na Idade Média, e resurgindo.

O peixe também é o símbolo de Jesus, por isso o ideal pisciano era que poderes mais altos disessem ao homem o que fazer, pois ele era incapaz de pensar por si mesmo. Daí a era de Peixes ter sido uma época em que a religião cristã era tão fervorosa. Já os ideais aquarianos prezam pelo despertar da Verdade Absoluta e levará o homem a pensar por si mesmo. A mudança ideológica é tamanha e já está ocorrendo neste momento. Não entramos ainda na era de Aquário, entraremos aproximadamente no ano de 2.160 DC, porém, por já estarmos na transição as vibrações aquarianas já se tornam evidentes.

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