sábado, 15 de novembro de 2008

Umbanda: Uma religião para todos

por Mônica de Castro, em 3.9.07

O preconceito decorre sempre da ignorância. Quando conhecemos a razão, o objetivo e o fundamento de alguma coisa, ela se desvenda aos nossos olhos e nos revela a sua essência, e aí estamos em condições de compreender. Depois que compreendemos algo, só continuamos no preconceito se quisermos. Se nos interessar.

Muitos dizem que compreendem, mas não aceitam. Se não aceitam, é porque, realmente, não compreendem. Entendem com a razão, como se somassem 2 + 2. Mas se esse entendimento não passa pelo coração, o resultado é uma equação fria e impessoal, onde a resposta surge mais da lógica das aparências do que propriamente da percepção da natureza das coisas.

Assim é com a Umbanda, a religião brasileira por excelência e que sempre foi alvo de todo tipo de preconceito. Muito se tem falado a respeito desse culto e de seus rituais e, através dos anos, a Umbanda sofreu (e sofre ainda hoje) ataques veementes por parte daqueles que não conseguem ainda se desapegar de velhos conceitos.

Se acreditarmos que tudo na vida tem um porquê, veremos que a Umbanda também tem os seus motivos. Afinal, Deus é onipresente, e ninguém há de se atribuir o privilégio de ser exclusivo na transmissão de Sua mensagem, que é a mensagem do amor. Não só a Umbanda, como qualquer prática religiosa voltada para o bem e o cultivo dos verdadeiros valores do espírito, está apta a transmitir a palavra de Deus.

Antigamente, tratava-se a Umbanda como religião dos pobres e ignorantes, daqueles que, sem conhecimento ou cultura, buscavam uma saída milagrosa para seus problemas e aflições. Sem validação científica ou mesmo religiosa, a Umbanda era vista como uma prática fetichista que oferecia uma solução baseada mais na indução do que na efetiva resolução das dificuldades. Em troca de agrados, o interessado poderia obter uma graça ou benesse. E, se conseguia um efeito positivo, isso nada mais era do que mera coincidência ou resultado de práticas mais seguras, como tratamentos médicos, por exemplo.

Nada disso é totalmente errado. A Umbanda é, efetivamente, uma religião de pobres e ignorantes. Mas é também de doutores e ricos, de brancos e negros, de homens e mulheres, de enfermos e sãos, de hetero e homossexuais... é, enfim, uma religião para todos.

Porque a Umbanda desconhece o preconceito e as diferenças sociais. Nela, há espaço para todo tipo de gente, para todo aquele que esteja em busca do autoconhecimento e de uma vida melhor. Sem abandonar a essência da doutrina de Jesus, adota práticas que vieram dos negros e dos índios, numa clara demonstração de que todos estamos em busca da mesma verdade divina.

Porque tudo, em realidade, é uma coisa só. Deus não criou religiões nem fez qualquer distinção entre as que foram criadas pelo homem. É o próprio homem quem estabelece essas diferenças, julgando agradar a Deus mais do que o seu irmão, quando, na verdade, a única coisa que agrada a Deus é a prática constante do amor.

Do amor decorrem a amizade, o respeito, a compreensão, a caridade, a harmonia e outros tantos sentimentos nobres. Então, estaremos em equilíbrio com as forças divinas sempre que imbuídos dessas qualidades. Não importa que religião professemos: espírita, protestante, budista, umbandista, católica, ou religião alguma... O que realmente tem importância é com o quanto de amor estamos dispostos a contribuir para a melhora do mundo. Essa é a verdadeira religião, a única que pode nos religar a Deus.

Por isso, devemos nos despir do preconceito e nos permitir conhecer e respeitar todo tipo de religião. Todas têm alguma coisa de bom. Podem não ser a mais condizente com os nossos anseios ou com a nossa inteligência, ou com a nossa sensibilidade. Mas atendem aos anseios, à inteligência e à sensibilidade de alguém, e quem somos nós para dizer que o que sentimos é onde está a razão?

Que aqueles que ainda não conhecem a Umbanda possam desanuviar as suas mentes e se permitir conhecer as suas práticas e os seus fundamentos, que aos poucos serão tratados nesse site. Sem críticas, preconceitos ou idéias pré-concebidas, todos temos a lucrar com novos conceitos e novos valores, que, na maioria das vezes, falam direto ao nosso coração.

2 comentários:

Blogger disse...

Olha sóammm... eu que te mandei essa reportagem =D

hugs

Guedes disse...

Não, essa não foi não. Eu recebi esta reportagem do Gilberto, mas eu havia te encaminhado.