O Onipotente
Esplendor do Pai ordenou: - “Que a evolução dure tanto quanto um Meu respirar” –
e no insondável seio dos abismos cósmicos, pela emanação de Sua Vontade,
criaram-se as condições necessárias à execução da Sua Ordem.
Partindo do
Infinito Centro Divino, em vibrações sempre mais vastas, que, irradiando de
todos os lados e regiões, se ampliavam para atingir o término da expiração
Paterna, o Movimento Criador estabeleceu as trajetórias que foram percorridas
pelas esferas luminosas. A luz que fora o ornamento precioso tornou-se energia,
encontrando-se em os núcleos que a massa gasosa envolvia.
Os invólucros
desses núcleos evoluíram por milênios, ao longo das trajetórias infinitas, na
preparação do que deveria ser o principio das futuras sedes das almas
culpadas.
Depois, cada
um, pela expressão da Potencia que não tem limites à Sua Fôrça, pelo equilíbrio
da criação, explodiu, formando o universo.
Na lei que os
movia, os compactos gasosos dos planetas e dos satélites começaram a evoluir em
torno do núcleo central da massa energética, futuro sol de cada universo,
uniformizando-se cada vez mais com a lei da transformação ... O alfa e o
Omega da vida se haviam iniciado ...
Milênios
transcorreram ...
Em cada centro
energético solar, as almas que haviam pecado ficavam à espera de iniciar o Karma
purificador.
As massas
aeroforme girando nas trajetórias, sem descanso, condensaram-se. Os gases
tornaram-se magma, esse solidificou-se, e sobre os planetas desceram, dos sóis,
as primeiras almas culpadas ansiosas de iniciar a prática purificadora que,
através das lutas e provas sem número, lhes daria a fôrça de remontar novamente
à pureza absoluta e de realizar a ascensão à Suprema Chama Criadora.
Daquela
roupagem, a princípio tão desejada e ora pungente de espinhos que as comprimia
como uma capa opressiva de dores, fixaram ansiosas o olhar na longínqua
infinidade do cosmos no constante desejo de desvelar o profundo mistério que os
envolvia, e a razão da vida.
Enquanto assim
se iniciava o Karma das almas culpadas, o príncipe da luz que deveria ser para
sempre o seu guia e farol de toda beleza e de todo esplendor, tornou-se, ao
contrário, exemplo de incitamento para o abismo. Pelo querer da Suprema Justiça
Onipotente foi relegado ao reino das trevas. Tornava-se assim Lúcifer, o anjo
decaído, o príncipe dos demônios, o eterno tentador, encaminhando às regiões
inferiores e, porque havia atraído outros a segui-lo, devia ainda persistir na
sua obra de tentador, fazendo mais árdua e dolorosa a volta ao Grande Fogo
Criador dos que o haviam acompanhado.
Essa é a sua
missão, a serviço do Querer Supremo e, para que pudesse desempenhá-la, foi-lhe
negado tomar para si próprio aquela carne que tão tenazmente procurara.
Preso à cadeia
da sua pena, na plena consciência do seu ser, ele vê a imensidade de seu erro e
deseja ardentemente a Deus, enquanto a consciência do futuro lhe atormenta sem
tréguas o espírito.
Milênios
transcorreram ...
Quando, no
ritmo aspirante do hálito imenso do Eterno, os universos voltaram a ser
absorvido em feliz curso concêntrico em giros evolutivos de trajetórias de
alegria, em direção ao almejado Centro Infinito, quando as ultimas almas tiverem
atingido a luminosa e ansiada meta e a terra for um desolado deserto, somente
então ele poderá finalmente iniciar a sua purificação, encarnando-se. A ultima
mulher o conceberá, deixando-lhe como herança uma vida atormentada sem o dom do
repouso que a morte concede a cada mortal.
Durante
milênios ele assistira, impotente, à perda de tudo e de todos, à destruição da
sua paixão, à desagregação, átomo por átomo, daquela matéria a princípio tão
ardentemente desejada.
Errará no mundo
vazio e desanimado, naquelas trevas tão almejadas, no silencioso albor espectral
daquela obscuridade que violara. Na noite sem fim lhe farão companhia unicamente
o eco de seu lamento atormentado por mil indizíveis torturas e o aguilhão
implacável de sua insatisfeita sede de luz.
Milênios
transcorrerão, e das chagas abertas da sua dor pelo exílio sem nome fluirá a
água que cancelará a sua culpa.
No esplendor
soberano de todos os esplendores, cujo fulgor inefável não pode ser concebido
pela mente humana, na flamejante e deslumbrante claridade daquela Luz que é
Sabedoria e Amor, Potência e Harmonia, Eterna Fonte de toda vida e de toda
perfeição, junto à Infinita Majestade da Onipotência do Pai, foi elevada, em
lugar do anjo decaído, a radiante fidelidade de Mickael que resplandece da Sua
potência.
Êle teve a seu
lado Gabriel, que se adorna do Seu amor, e Rafael que se ilumina da Sua
Sabedoria.
Essa Divina
Triade, conduzida pela majestosa força de Mickael, que, recebendo poderes da
infinita energia da Causa de todas as causas, representa e retoma o eterno signo
da vitória, pediu e obteve da Graça Suprema a permissão de proteger as almas
perdidas, guiando-as no exaustivo caminho da ascensão.
E a missão da
Divina Triade perdurará até que o infinito respirar do Pai haja terminado,
quando todas as centelhas que um dia foram emanadas sejam novamente reabsorvidas
na Sua Grande Luz.
Relegado
Lúcifer àquele abismo que tanto havia procurado e que fora razão de sua queda,
formara-se na Divina Triade um vácuo.
O equilíbrio
supremo fora violado, mas a Harmonia Eterna o restabelecera com um novo inefável
ato de amor.
O Paterno
Centro Criador quis que, ao lado da Sua Augusta Potência, se acendesse a
Eterna Luz do Infinito Amor do Filho para balancear a eterna Justiça
do Espírito.
Da
infinidade cósmica do Seu Querer emitiu outra centelha, e no vazio criado pela
queda do anjo renegado surge triunfante o Filho de Deus.
Ao conhecimento
que não bastara para salvaguardar a pureza da luz concedida às criaturas, mas
que contribuíra para ofuscá-las, sucedia o incorruptível esplendor do Filho,
Amor, novo farol aceso no caminho sem fim da eternidade. O primeiro havia, com o
estímulo do desejo, levado a luz a confundir-se com as trevas. Êle, com o
exemplo do sacrifício, reconduziria as criaturas das trevas à luz.
A suprema
harmonia da Lei foi assim restabelecia.
Ergos
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