domingo, 7 de agosto de 2011

Guias Espirituais


A realidade da atuação dos guias, ou mentores, ou orientadores, ou instrutores espirituais desencarnados, que nos assistem da invisibilidade, no sincero interesse de nos ajudar, é mera questão de lógica, principalmente para aqueles que, com base em experiência e estudo, já atingiram o ponto pacífico da veracidade da continuação pura e simples da vida, após a curta passagem terrena.
É pura questão de reflexão.

Vezes houve em que, literalmente, "me descabelei" de preocupação pelos sofrimentos e reveses enfrentados por amigos e por pessoas do meu círculo mais estreito de afetividade. Em ocasiões em que me via irremediavelmente impedida de ajudar, ou de estar presente ao lado de amizades que enfrentavam dissabores horríveis, serviu-me o telefone de medianeiro; e foi através dele, muitas vezes, que chorei junto; sofri junto; pedi socorro paralelo e auxílio, em favor de afeições minhas, em cujos impasses eu mesma me sentia incapacitada para ajudar e amenizar-lhes os efeitos lamentáveis.


Já saí correndo de casa sem nem reparar no que vestia; puxando pela mão um filho pequeno e carregando no colo outra, em horas graves em que o mesmo telefone me tocou com alguém rogando a urgência da minha ajuda na crise crítica dos problemas de saúde. Chorei com amigos pela perda de seus entes queridos; lamentei francamente não dispor de meios de "voar", para me situar nos lugares de calamidades coletivas a fim de somar mais um par de braços na hora do auxílio superlativamente necessitado.

Nestes instantes, somos apenas a solidariedade; o amor; a vontade de estar junto.

Você sequer pensa; você simplesmente VAI!

Então, por qual tipo de distúrbio passaríamos após a nossa desencarnação, para não continuarmos agindo igual? Com a desencarnação, morrem os afetos? Que fiquem para trás todos os que amamos com seus problemas, porque, afinal, o aprendizado é deles, e não nosso?!...

Reflitamos...

Os guias espirituais de todos os tempos reiteram que se situam ao nosso lado não a pretexto de "muletas", que nos tolham os movimentos e o exercício evolutivo, proveitoso somente se devidamente vivido, nas suas agruras, enganos e desenganos, acertos e conquistas íntimas. Todavia, isto não nos exime - a eles, os guias, como a nós mesmos, encarnados - do impulso natural da solidariedade e do amor, que nos impele a juntar esforços preciosos no reconforto na hora da desdita; na compreensão e no gesto de carinho; no abraço e na carícia que, como bálsamo, nos segredam que alguém nos entende. Que alguém por perto está disposto a dividir, a enfrentar conosco os momentos de tempestade, nem que na simples posição de aguardar ao nosso lado o alvorecer dos dias de esperanças e de renovação de propósitos, de ânimo, de chances; alguém que nos afague a fronte, numa condição infinitamente terna e humana, a segredar: "olhe, também já passei por isto, talvez que por coisas piores; no entanto tudo passa, tudo passou, para mim como para você; e, no final, ganhamos, você vai perceber que crescemos com isso..."

Por que para além das portas da eternidade a infinidade de seres com os quais já convivemos num sem-número de vidas passadas, criando conosco a preciosidade inestimável dos vínculos afetivos genuínos que nunca se desfazem, se apartariam desta afeição ao nosso respeito, se mesmo ainda aqui, nesta paragem ríspida de provas e experiências corpóreas, ainda assim, a despeito de todas as dificuldades, nos assistimos uns aos outros; nos solidarizamos, e tomamos muitas vezes para nós o sofrimento dos nossos entes queridos e amizades, desde a mãe na sublime missão sacrificial em favor dos caminhos trilhados pelos filhos, até a amizade valiosa do ambiente profissional, frequentemente irmão de fé nos momentos de dificuldades, e de quem nos incomoda assistir, impassíveis, às amarguras?

Toda a beleza da Vida reside nestas descobertas, captadas por uma posição mais privilegiada de visão em relação ao nosso todo existencial. Em saber que no rastro pregresso inalcançável, que constitui o nosso trajeto evolutivo, deixamos, sobretudo, as marcas do amor no tempo, que haverão de nos acompanhar sempre, seja como guias e orientadores espirituais enquanto estejamos mergulhados no minuto da materialidade, seja por intermédio da inextinguível linguagem do coração, que cobre todas as distâncias.

Autor desconhecido

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