sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Os Deuses Hindus


Um dos grandes feitos do Hinduísmo está na fusão de cultos e deuses em uma vasta mitologia. Há uma infinidade incontável de divindades que com o passar dos tempos as características desses deuses se fundiam para formar uma única divindade. É maravilhoso perceber a unidade de todas as mitologias. Dentro do hinduísmo vemos uma série de princípios cósmicos e psicológicos inerentes a todas as religiões.
A imagem dos deuses representava as suas características, os diversos braços que uma divindade apresentava significava extensões de sua energia íntima, e os objetos em suas mãos os símbolos dos seus vários poderes na ordem cósmica.
Em seguida, estão relacionados alguns dos Deuses Hindus, com suas esposas, seus avataras, seus companheiros e principais características:


Brahma, O Deus Criador considerado outrora o maior dos deuses porque colocava o universo em movimento, decresceu de importância com a ascensão de Shiva e Vishnu. Aparece de manto branco montando um ganso. Possui quatro cabeças das quais nasceram os Vedas, que ele leva nas mãos junto com um cetro e vários outros símbolos. É o Pai Celestial, criador dos céus e da terra.

Shiva, O destruidor. Um dos dois deuses mais poderosos do hinduísmo. Apresenta-se de várias formas: o extremado asceta, o matador de demônios envolvido por serpentes e com uma coroa de crânios na cabeça, o senhor da criação a dançar num círculo de fogo ou o símbolo masculino da fertilidade. Mais que os outros deuses é uma mistura de cultos, mitos e deuses que vêem desde a pré-história da Índia. É a representação do Espírito Santo no hinduísmo.

Parvati (ou Mahadevi) , esposa de Shiva, era a filha das montanhas do Himalaia e irmã do rio Ganges. Com amor, afastou Shiva de seu ascetismo. Representa a unidade de deus e deusa, do homem e da mulher. É nossa Divina Mãe Kundalini, amorosa senhora que é desdobramento do Divino Espírito Santo dentro de nós.

Uma, é a deusa dourada, que como uma forma de Parvati reflete manifestações mais brandas de seu marido Shiva. Serve ás vezes de mediadora nos conflitos entre Brahma e os outros deuses. É a Mãe Cósmica, toda luminosa, e que tem como manto o céu estrelado.

Durga, que é outra forma de Parvati como uma deusa feroz de dez braços, nasceu já adulta das bocas flamejantes de Brahma, Shiva e Vishnu. Montada num tigre, usa as armas dos deuses para combater os demônios. É nossa Divina Mãe Interior, responsável pela Morte do Ego em nosso interior.
Kali, é Parvati transformada na mais terrível deusa do hinduísmo, com uma sede insaciável por sacrifícios sangrentos. Aparece em geral manchada de sangue, vestida de cobras e com um colar de crânios de seus filhos. Representa outro aspecto da nossa Divina Mãe Interior, aquela que destrói poderosamente o Ego nos mundos infernais, quando nós não nos interessamos pelo trabalho consciente da morte do Ego. Se não destruimos o Ego conscientemente, a Natureza Infernal o destruirá violentamente. Isso tudo por amor a nós. Essa destruição se efetua nos infernos atômicos da natureza. Essa é a famosa Segunda Morte, escrita no Apocalipse de São João.

Nandi, o touro sagrado para o povo do Indostão como um símbolo de fertilidade. Foi absorvido no hinduísmo como o companheiro constante de Shiva , de quem é montada, camarista e músico. Shiva usa na testa o emblema de Nandi, a lua crescente. Uma das representações das energias sexuais transmutadas, que nosso Divino Espírito Santo (Shiva) utiliza para a redenção da Alma.

Kartiqueia (ou Scanda), substituiu o deus védico Indra como principal deus hindu das batalhas. Filho de Shiva e, em alguns mitos, gerado sem mãe, só se interessa por lutas e guerras. Com seis cabeças e doze braços, comanda as suas legiões celestiais do dorso de um pavão colorido. Representa a Alma Humana, que deve guerrear as forças tenebrosas de nossos inimigos internos, ou Ego. É a Vontade (Thelema), necessária para a Vitória.

Ganesh, filho de Shiva , com cabeça de elefante, é talvez o deus mais popular. Sábio, ponderado e bem versado nas escrituras, é invocado pelos crentes antes de qualquer empreendimento para assegurar seu êxito. É a Sabedoria divina que a todos guia e dá liberdade, prosperidade e triunfo.

Vishnu, o conservador. É para muitos hindus o deus universal. Traz em geral quatro símbolos: um disco, um búzio, uma maçã e uma flor de lótus. Sempre que a humanidade precisa de ajuda, esse deus benévolo aparece na Terra como um avatara ou reencarnação. É o equivalente hindu do Cristo Cósmico e do Osíris egípcio.

Matsia, o peixe de chifres que representa a intercessão de Vishnu num tempo de dilúvio universal. O peixe avisou Manu (que é o Noé hindu) e salvou-o num barco preso ao seu chifre. O peixe representa a energia inteior, sexual, transmutada.

Curma, a tartaruga. O segundo avatar de Vishnu que apareceu na Terra depois do dilúvio para recuperar tesouros. Na Alquimia medieval, representa o Antimônio, o fixador do ouro em nosso interior. É nosso Ser Interior, todo sabedoria, que, como uma tartaruga, dá um passo após o outro, para a realização da Grande Obra.

Varaa, o Javali. Originalmente o porco sagrado de um culto primitivo que tornou-se um avatar de Vishnu depois de um segundo dilúvio. Cavando sob a água com as presas, fez subir a terra e reestabeleceu a terra firme. Representa a força do elemento Terra. É a força elemental que se necessita para a Grande Obra Alquímica. É a energia que transforma o chumbo em ouro.

Narasima, O leão-homem foi avatar de Vishnu. Brahma, tinha dado invulnerabilidade a um demônio durante o dia e durante a noite. O avatar matou o demônio ao crespúsculo. Representa também a Execução, mais cedo ou mais tarde, da Lei.

Vamana, o anão, outro avatar, que se tornou um gigante para frustrar um demônio que procurava controlar o universo. Tendo permissão para conservar tudo o que pudesse cobrir com três passos, Vamana abrangeu o céu, a terra e o ar intermediário.

Parasurama, foi Vishnu como filho de um brâmane roubado por um rei Kshatryia. Parasurama matou o rei, cujos os filhos por sua vez mataram o Brâmane, então Parasurama matou todos os Kshatryias masculinos durante 21 gerações. Ele representa a Justiça Divina, liderada pelo Mestre Anúbis e seus 42 Juízes do Karma (42 é o dobro de 21). O Karma, quando entre em ação, é terrível e invencível.

Rama, O herói da epopéia literário-religiosa "O Ramaiana", foi Vishnu como um avatar que venceu Ravana, o mais terrível demônio do mundo. Rama representa o hindu ideal: um marido gentil, um rei bondoso e um chefe corajoso contra a opressão. O símbolo do grande mestre Rama (ou Ram, como foi conhecido nos períodos pós-dilúvio atlante) é a estrela de 6 pontas, ou hexagrama. Segundo o doutor Jorge Adoum, grande mestre da Fraternidade Universal, foi o grande líder Ram quem expulsou os negros africanos da Índia, nos primórdios da Segunda Sub-raça Ariana. Isso, obviamente, é totalmente desconhecido pela historiografia acadêmica.

Krishna, o avatar mais importante de Vishnu, foi um deus-herói amado em muitos de seus aspectos: como um menino travesso, como um adolescente amoroso, como um herói adulto que proferiu as grandes lições do "Bhagavad Gita" . Esses aspectos de Krishna tiveram origens diferentes. Krishna foi o avatar da Era de Áries, divulgando a poderosa doutrina dos Grandes Avataras do Cristo Cósmico.

Buda, como uma encarnação de Vishnu, é um exemplo da capacidade que tem o hinduísmo de absorver elementos religiosos diferentes. Dizem os hindus que o avatar Buda apareceu fundamentalmente para ensinar o mundo a ter compaixão pelos animais. Na verdade, esse grande mestre de compaixão canalizou as energias dos mundos Nirvânicos para o bem da humanidade. Sidarta Gautama (personalidade humana do grande Deus Cósmico, o Buda Amithaba) teve de se encarnar mais algumas vezes na Terra para terminar de cumprir sua missão. Sua encarnação seguinte foi como o mestre Tsong Kapa, o grande reformador do budismo tibetano. O mestre Samael afirma que esse mestre ascenso está, desde o século 17, reencarnado no planeta Marte, cumprindo uma missão cósmica semelhante à missão de Jesus na Terra.

Lakshmi, mulher de Vishnu, muitas vezes representada sentada numa flor de Lótus e empunhando outra, representa a boa sorte, a prosperidade e a abundância. Seus companheiros são dois elefantes. Sendo por si mesma uma importante deusa. O mestre Samael afirma, na obra O Matrimônio Perfeito, que Lakshmi, como mestre da Grande Fraternidade Branca, auxilia o devoto a sair conscientemente em corpo astral.

Sita, mulher de Rama que é um avatar de Vishnu. Ela é uma encarnação de Lakshmi. Representa a esposa hindu ideal. Foi raptada pelo demônio Ravana e levada para a morada deste, mas permaneceu devotada ao marido. Representa a virtude da Fidelidade ao trabalho gnóstico. Não esmorecer nunca.

Hanuman, o rei dos macacos que emprestou sua agilidade, a sua velocidade e a sua força a Rama para ajudar a salvar Sita de Ravana. Pediu em troca que pudesse viver enquanto os homens se lembrassem de Rama. Assim Hanuman tornou-se imortal. Simbolicamente, o macaco é a Ciência Superior, a Lógica Superior, que possibilita "medir o mundo", medir a Grande Obra, e saber o quanto se gastará para se realizar o Trabalho Alquímico.

Garuda, a montada de Vishnu, é uma ave mítica de cara branca, de cabeça e asas de águia e corpo e membros de homem. Transportando o deus no seu cintilante dorso dourado, era ás vezes confundida com o deus do fogo, Ágni.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Etnologia africana I

Estão divididos em quatro grupos: Semito-Camítico, Etíope, Negrilho, A familia Negra.

Semito-Camítico: 1- mouros mestiçados com árabes e sudaneses; 2- argelinos; 3- camíticos do Egito.
Etíope: abissínios com influencia árabe; núbios (tribos bedsha).
Negrilho: pigmeus habitantes das florestas equatoriais da Africa.
A Familia Negra: representada por sudaneses e bantos.

Sudaneses- São representados pelas camadas étnicas de elementos camíticos (bérberes e tuaregues) e semíticos (árabes). Cultura sudanesa muito conhecida através da arte negra de Benin e arquitetura sudanesa.

Bantos- tem características samíticas (Galas).

Grupo de Negros Bantos:
Congo- compreendem cerca de cinquenta tribos diversas e juntan-se os povos Kassai.
Tribos Orientais- Wanianwesi, Dshaga, Wahebe, Zuluus e Watussi.
Tribos de sul- Cafres, Matabele e Bechuanas.

Ocidentais: estenden-se pela costra ocidental até o Níger no interior , pelas costas da Guiné, dos escravos, do ouro e da pimenta (Wolof, Mandigas, Achanti, Ewi Yorubá).

Centrais: Haussas, Bornu, Wadai, Darfur.

Orientais: Dinka, Bari, Nuba e Nuer.

LINGÍSTICA AFRICANA

A dificuldade aumenta se estas linguas são mais ou menos desprovidas de gramática. Seu conhecimento histórico data de aproximadamente cinquenta anos. Classifica M. Delafosse " In les langues du monde" páginas 479-556, as línguas faladas no Sudão e na Guiná onde agrupa dezessete grupos, dos quais, por achar mais importante para o nosso estudo, resolvi enumerar alguns deles:

Grupo Nígero- Chadiano (31 linguas)- segue-se ao oeste aos grupos nilko-chadiano, charitodiano e chadiano. Faz parte deste grupo o hussá falado por quase 4.000.000 de negros espalhados pelas provincias de Sokoto, Gober, Talma, Katsena. o haussá foi a lingua muito falada na Bahia.

Grupo Nígero-Vameruniano (66 linguas)- é dentre os grupos de Sudão e da Guiná o que maior numero contén de línguas distintas. Convém notar neste grupo o Nupé ou Nife ou Tapá, Igebu, Kètú, Jeje, Òbòkun, e principalmente o Yorubé ou Egbá ou Nàgó, línguas essas já faladas no Brasil, havendo a última sido llíngua adotada pelos sudaneses na Bahia.

Grupo Voltaico (53 linguas)- ocupa toda bacia superior dos diversos braços do Volta. Um de seus sbgrupos, o Gurunsi, compreende oito linguas entre as quais o Nuruma ou Nubuli ou Guresi Grusi ou Gurunsi Crunsi, língua que foi falada no Brasil pelos negros " Galinhas" (Angola).

Grupo Ebúrneo-Dahomeano (48 linguas)- acompanha a costa do Golfo da Guiná, a oeste e ao norte com os grupos nígero-cameruniano e voltaico, até um pequeno recanto na Libéria formado pelo Goia. Este grupo é de todos o mais notável para nós, porquanto a maioria das linguas sudanesas faladas no Brasil a ele pertence : Mahi ( ao norte de Abomei); Mina ou Gebge, Popo ou Gê; Êhue ou Ewe, que era a linguá de Jeje; Fanti e Tchi ou Ashanti ou Achanti, que usavam respectivamente Fantee e Achanti.

Grupo Nígero-Senegalês (36 linguas)- Pela sua extensão territoria ocupa o terceiro lugar depois dos grupos bantus e nilo-chadianos.. Salientan-se neste grupo as linguas : Mandinga ou Mandê, Mali, idiomas de grande expansão e tende a ser a lingua de toda a Africa Ocidental, pois já era falada por cerca de 4.500.000 naturais, e o Sussu ou Soso, ambas foram faladas no Brasil deixando de si, vestígios. Tratando das linguas sudanesas, particularmente o Yorubá e o Tui, Seligman cita ambas como as mais características do grupo. Observa ainda que a maioria dos seus vocábulos são simples e monossílabos, geralm,ente, uma consoante seguida de vogal. Levando em conta a importância da intonação, a elevação da voz pode mudar completamente o sentido de uma palavra.

Luqiam [Omò Alaarú Òkun]

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Oração a Oxóssi

Oh caçador!
Guerreiro de uma única flecha. Rei das Matas, Rei da Umbanda. Pai da Inspiração e da Esperança, daí-me as bênçãos da prosperidade e inspira-me os pensamentos do bem.
Ajuda-me no sustento da minha fé; a fim que possa cumprir com minhas obrigações e meus deveres neste mundo.
Indica-me com sua flecha sagrada os verdadeiros caminhos da prosperidade.

OKÊ, ARÔ!
BAMBI Ô CLIM
OXOSSI.

Oração ao Pai Oxóssi
Meu pai Oxóssi!

Vós que recebestes de Oxalá o domínio das matas, de onde tiramos o oxigênio necessário á manutenção de nossas vidas durante a passagem terrena, inundai os nossos organismos coma vossas energia, para curar de nossos males!

Vós que sois o protetor dos caboclos, dai-lhes a vossa força, para que possam nos transmitir toda a pujança, a coragem necessária pra suportarmos as dificuldades a serem superadas!

Dai-nos paz de espírito, a sabedoria para que possamos compreender a perdoar aqueles que procuram nossos Centros, nosso guias, nossos protetores, apenas por simples curiosidade, sem trazerem dentro de si um mínimo da fé.

Dai-nos paciências para suportarmos aqueles que se julgam os únicos com problemas e desejam merecer das entidades todo o tempo e atenção possível, esquecendo-se de outros irmãos mais necessitados!

Dai-nos tranqüilidade para superarmos todas as ingratidões, todas as calúnias!

Dai-nos coragem para transmitir uma palavra de alento e conforto aqueles que sofrem de enfermidades para quais, na matéria, não há cura!

Dai-nos força para repelir aqueles que desejam vinganças e querem a todo custo magoar seus semelhantes!

Dai-nos, enfim, a vossa proteção e a certeza de que quando um caboclo, num gesto de humildade, baixar até nós, ali estará a vossa vibração!


EXTRAIDO DO SITE:http://blog.povodearuanda.com.br/?p=907

sábado, 24 de janeiro de 2009

20 de janeiro - Dia de Baba Yaga

Além de Oxossi, no dia 20 de janeiro também é o dia de BABA YAGA Esta deusa búlgara é a deusa da morte e renovação. Muitas vezes precisamos deixar algo partir para um novo renascer. Acenda uma vela escura e invoque Baba Yaga. Peça-lhe que as coisas ruins embora e abra caminhos para as coisas novas e boas em sua vida.

BABA YAGA

Caminho pela floresta e falo intimamente com os animais

Danço descalça na chuva

Danço nua

Viajo por caminhos que eu mesma faço e da maneira que me convém

Meus instintos e meu olfato são aguçados

Expresso livremente minha vitalidade minha alegria pura e exuberante para agradar a mim mesma porque é natural é o que tem de ser

Sou a selvagem e jubilosa energia vital

Venha e junte-se a mim

Baba-Yaga é uma velha, muito velha, que vive em uma cabana sobre pés-de-galinha. Ela se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que também come criancinhas com seus dentes de ferro. E voa dentro de um almofariz de prata, muito veloz. Contam ainda que o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura.
Importante figura no imaginário do povo russo, Baba-Yaga está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vassilissa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan, como nas bilinas (narrativas em verso) de grandes poetas românticos, entre eles, Gogol, Puchkin, Liermontov. Igualmente na música clássica daquele país, alguns compositores se dedicaram a fazer-lhe um "retrato sonoro": temos três poemas orquestrais com Dargomíshky, Balakirev e Liadov; ela também aparece na suíte Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, e no Álbum para Crianças, de Tchaikovsky. Talvez, a primeira antologia de literatura russa de tradição oral, que o público de língua portuguesa teve acesso, fora feita por Alfredo Apell, nos idos da década de 1920. No Brasil, a bruxa aparece na história de encantamentos "A princesa-serpente", na coletânea Contos populares russos organizada por J. Vale Moutinho (Nova Crítica, 1978 e Princípio, 1990), mas coube à escritora Tatiana Belinky o resgate mais bem divulgado como literatura para crianças: a velha Yaga e a magia das skáskas (narrativas maravilhosas) estão em Sete contos russos (Companhia das Letrinhas, 1995). Mais recentemente, foram publicados, em três volumes, os Contos de fadas russos, organizados por Aleksandr Afanas'ev, a partir de 1855, com o título Narodnye russkii skazki, base destes trabalhos e outras formas adaptadas (Landy, 2002 e 2003).

Quase sempre, Baba-Yaga é a temível bruxa, a malvada, la maliarda. Às vezes, ela parece ser apenas uma grande conselheira ou a guardiã de muitos segredos, moradora da escuridão numa densa floresta. Sob esta faceta, Baba-Yaga seria assim como a representação da Mãe-Natureza, igualando-se às antigas deusas, uma divindade com poderes sobre a vida e a morte porque rico em mistérios é seu perfil. Contudo, nossa maneira apressada de encarar as realidades imaginárias acomodou-se sobre a lógica a dividir o mundo em partes e posições irreconciliáveis. Quando se pensa em bruxas, evocam-se as fadas e uma eterna rivalidade, ou seja, a luta entre o Bem e o Mal.
Ora, a designação "bruxa" dada às velhas sábias surgiu muito antes do cristianismo lançar sua caça à elas, e referia-se a uma casta de sacerdotisas de um sistema religioso antigo e diferente, com caracteres próprios ao paganismo: uma religião de culto à Terra. Durante a baixa Idade Média (até meados de 1400), as bruxas eram tidas em consideração pelos campônios, aldeões e demais homens das vilas. A bruxaria era, para o Clero e a Coroa, uma simples superstição e, de modo algum, estava associada aos poderes do Mal. Reconhecidamente, as velhas que prestavam serviços para toda a comunidade na condição de parteiras, curandeiras, conselheiras, eram bruxas. Acreditava-se (uma tradição que ainda hoje se mantém) que essas mulheres tinham poder e influência sobre o corpo de outras pessoas e podiam curar doenças, bem como havia a crença de que sua magia e outras formas de projeção podiam favorecer a boa colheita. Com suas ervas milagreiras, a antecipação do futuro e outras simpatias, as bruxas eram respeitadas. A Medicina era ainda uma ciência incipiente, atendendo prioritariamente às camadas mais altas da sociedade medieval, como a nobreza e o clero; mesmo assim, os resultados a que chegava eram menores e mais incertos que os milagres operados pelas velhas sábias do povo.
No entanto, com a crise que a igreja medieval enfrentou junto às classes populares, as bruxas acabariam por cair em desgraça. Política e religião uniram forças e passaram a difundir novas imagens e idéias a respeito do curandeirismo e outras superstições relacionadas às velhas. Tornaram-se agentes do Mal, foram demonizadas dentro dos tribunais, em oposição a um sistema que representava a visão do Bem. Como portadoras de uma maldição divina, as bruxas se transformaram ideologicamente em consortes do próprio Diabo — ao mesmo tempo em que, na iconografia da época, o anjo soberbo ganhava novos contornos, assemelhando-se ao traçado animalesco e profano do antigo deus Pã. Fora criado igualmente o conceito de sabá, a grande festa orgíaca em que a devassidão, a gula e a beberagem tomavam a cena, gerando terror e histerismo entre o povo.
O velho conselho de uma bruxa não continha mais sabedoria, tornou-se um maledicente sussurro como um vento sequioso, frio e corruptor. E, entre os véus e alguma penumbra da fantasia, surgiram voláteis fadas, numinosas entidades, obrigando as mulheres-bruxas a esconderem-se em refúgios cada vez mais ermos. Os contos populares de magia são pródigos nas imagens do sítio abandonado, da alta torre, do castelo debaixo da montanha ou imerso no mar, como a casa perdida no meio da floresta em que ninguém ousa penetrar.
Vassilissa, a Formosa, andou e andou, e só ao entardecer do dia seguinte ela chegou à clareira onde ficava a cabana da Baba-Iagá. A cerca em volta dessa isbá era toda feita de ossos humanos, encabeçados por crânios espetados neles, com olhos humanos nas órbitas. E o trinco do portão era uma boca humana cheia de dentes aguçados. E a casinha era construída sobre grandes pés de galinha. (Belinky 1996: 25-6)
Longe do convívio humano, Baba-Yaga tem o domínio pleno e solitário da floresta, suas árvores e as sombras, revelando-se como uma das manifestações do arquétipo feminino da Grande-Mãe, com quem, em última instância, todos buscam um consolo ou ajuda. O encontro de Vassilissa com ela guarda certas semelhanças com uma versão primitiva pouco conhecida do conto de O Chapeuzinho Vermelho, que remete não apenas a um rito de passagem, mas à transmissão de poderes da mulher velha para a jovem (Kaplan, 1997).

É necessário um período de convivência naquela cabana e abandonar os temores e a curiosidade infantis, para que uma nova aprendizagem se estabeleça.
É ilustrativo o diálogo com Vassilissa, a respeito dos três cavaleiros que a menina vira passar (o branco, o rubro e o preto), quando se dirigia à cabana sobre pés-de-galinha. A velha responde que eles respectivamente são "meu dia, minha tarde, minha noite". Não poderia se expressar de outra maneira, não fosse a verdadeira senhora da passagem do tempo. "Podemos chamá-la de Grande Deusa da Natureza", afirma Marie-Louise von Franz, mas "obviamente, com todos esses esqueletos em volta de sua casa, ela é também a Deusa da Morte, que é um aspecto da natureza" (1985: 208). Baba-Yaga compreende igualmente os dois mistérios extremos da Vida, o nascimento (criação) e a morte (destruição).
A Grande Mãe nem sempre é Boa Mãe. Na escala grandiosa, o seu aspecto negativo, devorador e asfixiante, denomina-se a Mãe Terrível [...] Nos mitos, aparece como a mãe devoradora que come os próprios filhos. Conhecemo-la como a cruel Mãe Natureza, que procura repossuir toda a vida — toda a civilização — com a finalidade de colocar tudo de novo dentro do ventre primevo. Como terremoto, abre literalmente o ventre para sugar o homem e suas criações de volta a si mesma. (Nichols 1995: 105)
Além de suas qualidades dóceis e férteis, o arquétipo da Grande-Mãe simboliza a destruição necessária para uma nova ordem. O sorriso malévolo de Baba-Yaga pode ser comparado com inúmeras representações de um tipo de mãe-fera, como é o caso da deusa Kali da tradição hindu. Sedenta de sangue, Kali pode surgir inesperadamente diante de seu expectador com a língua vermelha estirada para fora — antevendo o prazer da devoração.
Do bosque saiu a malvada Baba-Iaga. Viajava dentro de um almofariz e segurava na mão o pilão e a vassoura.
— Cheira-me aqui a carne humana! — suspeitou a terrível bruxa.
Vassilissa estava tão aterrorizada que se sentiu desmaiar. Tudo em volta era sinistro e Baba-Iaga tinha um ar ameaçador. Mas resolveu encher-se de coragem. Já que ali estava, pelos menos ia tentar a sorte e pedir ajuda àquela horrível bruxa. Assim, aproximou-se da velha, inclinou-se e disse:
— Olá, avozinha! As minhas irmãs mandaram-me vir ter contigo, para te pedir lume. (Beliayeva 1995: 81)
Quando nos depararmos com o temível, ou mesmo com o nariz e as rugas de Baba-Yaga, intimamente sabemos algo de sua força e sua ancestralidade mágica.

Tratá-la com respeito é o primeiro passo para conquistar respeito em troca. Quando Vassilissa encara a feiticeira com sinceridade, sem soberba ante o perigo, assegura as chances para uma cumplicidade e convivência pacífica com a velha. Não cair em sua ira devoradora significa ter acesso aos conhecimentos dessa potestade arquetípica. Durante a estadia na isbá da bruxa, há de recuperar essa memória, os segredos de quem sabe ouvir a música das correntezas subterrâneas. Ao mesmo tempo em que vai demonstrando sinais de afeição, a menina reconhece na outra o saber, ainda que inconsciente, na verdade é seu. Afinal, que imagem o espelho de seus olhos refletirá?
Enquanto Baba-Yaga jantava, Wassilissa ficou ali perto, silenciosa. Baba-Yaga disse: "Por que é que você está me olhando sem dizer nada? Você é muda?"
A menina respondeu: "Se pudesse, gostaria de lhe fazer algumas perguntas."
"Pergunte", disse Baba-Yaga, "mas lembre-se, nem todas as perguntas são boas. Saber demais envelhece!" (von Franz 1985: 206)
http://dobrasdaleitura.com/contopop/index.html
A honestidade que a busca espiritual exige de nós é ilustrada nos contos russos de iniciação sobre Baba Yaga. Baba Yaga é uma velha de aparência selvagem que mora no meio da floresta, está sempre mexendo o caldeirão e sabe de tudo. Ela assusta, pois quem a procura é obrigado a entrar na escuridão, a fazer perguntas perigosas, a deixar o mundo da lógica e do conforto.

Quando, empenhado na busca, o primeiro jovem chegou tremendo à porta de sua cabana, Baba Yaga perguntou: "Você está aqui por conta própria ou foi mandado por alguém?" Como a família do jovem apoiava sua busca, ele respondeu: "Fui mandado pelo meu pai." No mesmo instante, Baba Yaga o jogou no caldeirão e o cozinhou. A segunda pessoa a procurá-la, uma moça, viu o fogo crepitando e ouviu a risada de Baba Yaga. Novamente, Baba Yaga perguntou: "Você veio por conta própria ou foi mandada por alguém?" Essa jovem tinha ido para o bosque sozinha em busca do que encontrasse. "Vim por conta própria", respondeu ela. Baba Yaga a atirou no caldeirão e a cozinhou também.

Mais tarde, um terceiro visitante, uma moça profundamente confusa diante do mundo, chegou à casa de Baba Yaga no meio da floresta. Ela viu a fumaça e percebeu o perigo. Baba Yaga a encarou: "Você veio aqui por conta própria ou foi mandada por outra pessoa?" A jovem respondeu com sinceridade: "Em parte vim por conta própria, mas em parte vim por causa de outras pessoas. Em parte vim porque você está aqui, por causa da floresta e por causa de alguma outra coisa que esqueci. E em parte nem sei por que vim." Baba Yaga ficou olhando para ela por um momento e disse: "Você serve." E a convidou para entrar na cabana.

As divindades da Lua Nova nunca nos procuram; nós é que devemos procurá-las. Este ritual para Baba Yaga deve ser realizado na Lua Negra e é aconselhável ser repetido durante as três noites entre a Lua Negra e a Lua Nova.Ingredientes necessários para a realização deste ritual:- uma vela preta (ou outra cor bem escura)- um pano preto para cobrir a sua cabeça- música instrumental lenta e pesada, mas agradável- roupas escuras- incenso de benjoim

Acenda o incenso e leve-o por toda a sala em sentido anti-horário (o caminho da Lua Nova - o desfazer da matéria formada para que possa ser remodelada). Coloque o incenso sobre o altar.

Acenda a vela preta e leve-a também ao redor da sala, também no sentido anti-horário. Coloque-a novamente no altar.

Apague todas as luzes, deixando acesa apenas a luz da vela. Sente-se diante do altar e cubra a sua cabeça com o pano de modo que você quase não possa enxergar nada no recinto onde se encontra.

Inicie a música. Feche os olhos e permita que seus pensamentos vão além. Relaxe seu corpo. Permita que seus pensamentos mergulhem na sua escuridão interior.

Visualize-se de pé dentro de um túnel mal-iluminado cavado na rocha viva. A trilha pela qual segue está gasta pelos pés dos que o antecederam. As paredes são ásperas e lâmpadas as iluminam a intervalos regulares. Você ouve vozes cantando à distância e move-se naquela direção.

Após muitas curvas e voltas do túnel, você se encontra à entrada de uma vasta caverna. O teto e as paredes distantes estão ocultas pelas sombras. No centro da caverna, um enorme caldeirão, com longas velas alinhadas numa trilha conduzindo a ele. Atrás do caldeirão há um trono esculpido em rocha negra cintilante. Sentada neste trono, uma figura silenciosa trajando uma túnica preta, o rosto oculto pelo capuz. Suas mãos pálidas seguram uma brilhante espada. Um movimento de uma das mãos indica que você deve se aproximar.

Você caminha por entre as fileiras de velas até alcançar o caldeirão. A figura diante de você se ergue e puxa o capuz, revelando o forte rosto. Ondas de imenso poder emanam dessa deidade. Os olhos são fundos poços de escuridão capazes de ver o seu verdadeiro eu. Nada pode ser ocultado dessa deidade da Lua Nova.

Quando for questionado, e decerto o será, você poderá explicar o porquê de sua vinda a este recanto, perante esta poderosa deidade. Explique exatamente o que deseja que seja alterado em sua vida, o que lhe causa insatisfação ou tristeza no estado atual das coisas. Mas não explique como deseja que as mudanças ocorram! Esteja preparado para aceitar quaisquer mudanças que a deidade da Lua Nova apresente.

Preste muita atenção a qualquer coisa que lhe seja dita. Pode ser que lhe peça para entrar no caldeirão. Esta é uma experiência espiritual fortíssima, portanto certifique-se de que está preparado para enfrentá-la. A experiência do caldeirão varia de indivíduo para indivíduo e é extremamente pessoal. Se decidir entrar no caldeirão, a deidade da Lua Nova provavelmente tocará seu coração com a espada, tomará sua mão para lhe ajudar a entrar no caldeirão e em seguida o ajudará a sair.

O que cada pessoa experimenta no caldeirão é completamente diferente. Pode passar por uma iniciação, ter visões do futuro e/ou até mesmo ver seu corpo físico ser destruído até os ossos para em seguida ser reconstruído. Pode reviver velhas experiências, numa exibição forçada para que veja os erros que cometeu e evite cometê-los novamente no futuro. Algumas experiências, como a perda de pessoas e animais queridos, podem ser extremamente emocionais, mas são necessárias. Na maioria das vezes, a sensação de perda é seguida por contato com a pessoa ou animal amado, para mostrar que nada é totalmente destruído ou perdido.

Quando sair do caldeirão e estiver novamente em pé na caverna, diante da divindade da Lua Nova, pode ser apresentado a símbolos ou objetos que terão um significado especial para você. Alguns desses símbolos podem parecer obscuros nessa ocasião, tanto no seu sentido quanto na sua imagem. Apenas aceite-os. A explicação virá mais tarde.

No final, a divindade da Lua Nova o saúda com as sua espada e você se sente espiralando pela escuridão, voltando à consciência física. Você provavelmente estará respirando profundamente quando retornar a este mundo e é possível que você fique um pouco desorientado no início, pois as vibrações da Lua Negra são bastante diferentes das do nosso plano.

Abaixe o pano de seu rosto e olhe ao redor da sala. Pode ser que sinta a presença (ou até memso veja) alguns seres de outros planos que estejam junto de você para lhe ajudarem a se orientar. Eles querem prestar auxílio para que você reflita sobre o que aprendeu. Permaneça sentado por mais algum tempo e agradeça à divindade da Lua Negra por sua ajuda.

Preste atenção aos seus sonhos deste dia até a Lua Cheia, anotando todas as impressões e símbolos que aparecerem. As divindades da Lua Negra operam com mudanças drásticas, pois para abrir espaço para o novo, deve-se destruir o velho.

Acima de tudo, você deve estar preparado para aceitar e seguir as mudanças que ocorrerão em sua vida. As mudanças são semrpe difíceis, mas à medida que for realizando esse tipo de ritual você aprenderá a ter um senso de ordem mais fortalecido.

http://bruxaria.net/enciclopedia/r/rituais/ritual-para-baba-yaga.htm

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Oxóssi aprende com Ogum a arte da caça

Oxóssi é irmão de Ogun. Ogun tem pelo irmão um afeto especial. Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ogun vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.

Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ogun então ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil. Igun ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogun podia voltar tranquilo para a guerra. Ogun fez de Oxóssi o provedor.

Oxóssi é o irmão de Ogun.

Ogun é o grande guerreiro.

Oxóssi é o grande caçador.





[Lenda 50 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi]








Oxóssi mata a mãe com uma flechada.

Olodumare chamou Orunmilá e o incumbiu de trazer-lhe uma codorna. Orunmilá explicou-lhe as dificuldades de se caçar codorna e rogou-lhe que lhe desse outra missão. Contrariado, Olodumare foi reticente na resposta e Orunmilá partiu mundo afora a fim de saciar a vontade do seu Senhor. Orunmilá embrenhou-se em todos os cantos da Terra. Passou por muitas dificuldades, andou por povos distantes. Muitas vezes foi motivo de deboche e negativas acerca do que pretendia conseguir. Já desistindo do intento e resignado a receber de Olodumare o castigo que por certo merecia, Orunmilá se pôs no caminho de volta. Estava ansado e decepcionado consigo mesmo.

Entrou por um atalho e ouviu o som de cânticos. A cada passo, Orunmilá sentia suas forças se renovando. Sentia que algo de novo ocorreria. Chegou a um povoado onde os tambores tocavam louvores a Xangô, Iemanjá, Oxum e Obatalá. No meio da roda, bailava uma linda rainha. Era Oxum, que acompanhava com sua dança toda aquela celebração. Bailando a seu lado estava um jovem corpulento e viril. Era Oxóssi, o grande caçador.

Orunmilá apresentou-se e disse da sua vontade de falar com aquele caçador. Todos se curvaram perante sua autoridade e trataram de trazer Oxóssi à sua presença. O velho adivinho dirigiu-se a Oxóssi e disse que Olodumare o havia encarregado de conseguir uma codorna. Seria esta, agora, a missão de Oxóssi. Oxóssi ficou lisonjeado com a honrosa tarefa e prometeu trazer a caça na manhã seguinte. Assim ficou combinado.

Na manhã seguinte, Orunmilá se dirigiu à casa de Oxóssi. Para sua surpresa, o caçador apareceu na porta irado e assustado, dizendo que lhe haviam roubado a caça. Oxóssi, desorientado, perguntou à sua mãe sobre a codorna, e ela respondeu com ares de desprezo, dizendo que não estava interessada naquilo. Orunmilá exigiu que Oxóssi lhe trouxesse outra codorna, senão não receberia o Axé de Olodumare. Oxóssi caçou outra codorna, guardando-a no embornal. Procurou Orunmilá e ambos dirigiram-se ao palácio de Olodumare no Orum. Entregaram a codorna ao Senhor do Mundo. De soslaio Olodumare olhou para Oxóssi e, estendendo seu braço direito, fez dele o rei dos caçadores. Agradecido a Olodumare a agarrado a seu arco, Oxóssi disparou uma flecha ao azar e disse que aquela deveria ser cravada no oração de quem havia roubado a primeira codorna. Oxóssi desceu à Terra. Ao chegar em casa encontrou a mãe morta com uma flecha cravada no peito. Desesperado, pôs-se a gritar e por um bom tempo ficou de joelhos inconformado com seu ato. Negou, dali em diante, o título que recebera de Olodumare.





[ Lenda 54 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]













Oxóssi desobedece a Obatalá e não consegue mais caçar.

Havia uma grande fome e faltava comida na Terra. Então Obatalá enviou Oxóssi para que ele aí caçasse e provesse o sustento de todos os que estavam sem comida. Oxóssi caçou tanto, mas tanto, que ficou obsessivo: ele queria matar e destruir tudo o que encontrasse. Obatalá pediu-lhe que parasse de caçar, mas Oxóssi desobedeceu. Oxóssi continuou caçando. Um dia encontrou uma ave branca, um pombo. Sem se importar que os animais brancos são de Obatalá, Oxóssi matou o pombo. Obatalá voltou a pedir que ele não caçasse mais, porém Oxóssi continuou caçando. Uma noite Oxóssi encontrou um veado e atirou nele muitas flechas. Mas as flechas não lhe causavam nenhum dano. Oxóssi aproximou-se mais e flechou a cabeça do animal. Nesse momento, o veado se iluminou. Era Obatalá disfarçado, ali, todo flechado por Oxóssi. Oxóssi não conseguiu caçar nunca mais. Profundo foi seu desgosto.





[ Lenda 55 do LIvro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]













Osòósì mata o grande pássaro.

Em tempos distantes, Odùdùwa, Obà de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura.

De repente, um grande pássaro, (èlèye), pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira, portadoras do pássaro), personificando seus poderes atravez de Ìyamì Òsóróngà.

Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes.

O Oba então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas.

Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro.

Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu.

Por fim, já com todos sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha.

Sua mãe Yemonjá, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas.

Yemonjá foi consultar Ifá para Òsotokànsosó.

Foi consultar os Bàbálàwo. Eles disseram que faça oferendas. Eles dizem que Yemonjá prepare ekùjébú (grão muito duro) naquele dia. Eles dizem que tenha também um frango òpìpì (frango com

as plumas crespas). Eles dizem que tenha èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira).

Eles dizem que Yemonjá tenha seis kauris. Yemonjá faz então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção. Eles dizem que ofereça em uma estrada, dizem que recite o seguinte: "Que o peito da ave receba esta oferenda".

Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada por Yemonjá, recebendo também a flecha serteira e mortal de Òsotokànsosó.

Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: "òsóòsì! òsóòsì!" (caçador do povo).

A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje.

Òsóòsì.





[ Lenda colhida na Internet "sem descrições" ]

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

20 de janeiro - Dia de São Sebastião / Oxóssi


São Sebastião nasceu em Petrória na Itália, de acordo com Santo Ambrósio, por volta do século III. Pertencente a uma família cristã, foi batizado em criança. Mais tarde, tomou a decisão de engajar-se nas fileiras romanas e chegou a ser considerado um dos oficiais prediletos do Imperador Diocleciano.

Contudo, nunca deixou de ser um cristão convicto e ativo. Fazia de tudo para ajudar os irmãos na fé, procurando revelar o Deus verdadeiro aos soldados e aos prisioneiros. Secretamente, Sebastião conseguiu converter muitos pagãos ao cristianismo. Até mesmo o governador de Roma, Cromácio, e seu filho, Tibúrcio, foram convertidos por ele.
Em certa ocasião, Sebastião foi denunciado, pois estava contrariando o seu dever de oficial da lei. Teve, então, que comparecer ante o imperador para dar satisfações sobre o seu procedimento.
Diante do Imperador, Sebastião não negou a sua fé e foi condenado à morte, sem direito à apelação. Amarrado a um tronco, foi varado por flechas, na presença da guarda pretoriana. No entanto, uma viúva chamada Irene retirou as flechas do peito de Sebastião e o tratou.
Assim que se recuperou, demonstrando muita coragem, se apresentou novamente diante do Imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusando-o de inimigo do Estado. Perplexo com tamanha ousadia, Diocleciano ordenou que os guardas o açoitassem até a morte. O fato ocorreu no dia 20 de janeiro de 288.
São Sebastião é um santo muito popular e padroeiro do município do Rio de Janeiro, dando seu nome à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Reza a lenda que, na batalha final que expulsou os franceses que ocupavam o Rio, São Sebastião foi visto de espada na mão entre os portugueses, mamelucos e índios, lutando contra os franceses calvinistas.
Além disso, o dia da batalha coincidiu com o dia do santo, celebrado em 20 de janeiro. São Sebastião é o protetor da Humanidade contra a fome, a peste e a guerra.


Oxóssi é o Orixá masculino iorubá responsável pela fundamental atividade da caça. Por isso na África é também cultuado como Ode, que significa caçador.


Na Umbanda, São Sebastião corresponde a Oxóssi

No Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos, recebendo o título de Rei das Matas. Seus símbolos são ligados à caça: no Candomblé, possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão, usa o eruquerê (eiru), que são pelos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios.

O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas ao Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele plantar, apenas recolhe o que pode ser imediatamente consumido, a caça.

No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar.

Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir. Buscam preferencialmente trabalhos e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso do sustento da tribo.

Fontes:
Os Orixás, Editora Três
http://www.velhosamigos.com.br/datasespeciais

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A magia dos elementos

ÁGUA:
A energia da água pode estimular a intuição e ajudar a expressar os sentimentos com mais facilidade.Atua também em questões práticas, como adquirir jogo de cintura em situações complicadas. Ter a popularidade e vencer a timidez.

TERRA:
Este elemento está ligado as conquistas materiais, ã saúde e ao trabalho. Sua influência é ideal quem busca segurança e determinação para começar um projeto novo ou procurar emprego.

FOGO:
Se você está meio desanimado a vibração do elemento fogo, certamente, lhe proporcionará mais entusiasmo e otimismo, para por em prática seus objetivos, aumenta também a criatividade e bom humor.

AR:
O elemento ar pode ser requisitado para desenvolver a inteligência, o lado racional, a memória e a capacidade verbal e corporal.

RITUAIS

ELEMENTO ÁGUA:

Realize este ritual na lua crescente ou nova. Coloque 3 cristais (quartzo rosa,quartzo verde e quartzo branco) em uma jarra com um litro de água. Deixe repousar por 3 dias. No quarto dia retire os cristais e distribua a água em 4 copos. Beba o primeiro em jejum.

ELEMENTO TERRA:
Para alcançar uma graça, realize este ritual na lua minguante. Escreva na casca de ovo tudo o que deseja eliminar de sua vida. Enterre-a no jardim e aguarde o resultado.

ELEMENTO FOGO:
Não realize este ritual na lua minguante. Com um algodão, passe óleo em uma vela vermelha. Pode ser óleo de amêndoas ou de rosas. Acenda a vela e concentre-se na chama energizante e purificadora, pensando em seu pedido.Deixe a vela queimar até o final, certificando-se de que está em lugar seguro para evitar acidentes.

ELEMENTO AR:
Pode ser feito em qualquer fase lunar. Superindicado para vésperas de exames e seminários.O simples fato de acender um incenso, aprimora suas qualidades relacionadas ao ar dentro de você. Então queime um de preferencia espiritual, ou de acordo com o que necessita, e energize seu ambiente de trabalho ou aquele canto de sua casa onde você costuma estudar.

(Material recebido via email

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Astro regente 2009

Muitos fazem seus comentários sobre o Ano Novo, mas cabe lembrar que o verdadeiro ano novo inicia-se apenas com a entrada no signo de Áries, em abril.Portanto se mantém ainda a energia de 2008 até que abril chegue.
Trata-se apenas de uma marcação do ano fiscal.
Acreditamos, sim, nessa força que regerá em 2009: o Sol.Lembrando-lhes que o brilho do Sol ilumina e queima, dando um certo ar anacrônico a essa energia.Ou se fica queimado pelas forças negativas do orgulho e da impulsividade, ou iluminado. Importante cuidar dos excessos de modo geral.
Energias, para que se transmutem em positivas, podem fornecer ao ser humano mecanismos de mutação acelerada,e esse nem sempre se encontram preparados para tomar posse dessas mudanças.Tentar mudar por forças das convenções coletivas não seria uma boa escolha, já que só se muda verdadeiramente se há uma contínua vontade própria e se procura reconhecer também o que não vem "dando certo"
Ninguém muda de repente, com o simples advento de mudança de ano, ainda que os humanos se encham de alegrias.Muitos aparentam essa alegria, e seus corações prosseguem envenenados de águas turvas do ressentimento, da maldade,da desarmonia que buscam implantar nos corações de seus familiares e amigos.
Portanto, a verdadeira mudança percorre diariamente seus caminhos. Estejam dispostos dia a dia a lançar-se ao novoconscientemente, apagando de seus corações tudo o que acreditam não lhes pareça saudável, toda a gama de sentimentos negativos, obscuridades coletivas.
A força da fé nunca lhes deve obscurecer,dentro do fanatismo, por exemplo.Mas certamente lhes faz mover com coragem diariamente.
Mantenham sua fé como o mecanismo que realmente lhes ilumina o coração.Como o Sol que para qualquer ano que seja, representa uma força de poder divino.
Carinhosamente

fonte: http://baralhociganoonline.blogspot.com/2008/12/f-verdadeiro-astro-regente-em-2009.html

sábado, 10 de janeiro de 2009

Mestre ascensionado de 2009

por Monica Buonfiglio

A grande Fraternidade Branca é constituída por líderes religiosos, que morreram em nome do amor. Como avatares - almas iluminadas que não precisam mais reencarnar -, estão reunidos no que chamamos de Shambala, cuja missão é proteger a humanidade.

Com a Fraternidade, nasceu a expressão "Eu sou". Quando você pronuncia "Eu sou", sua consciência aquariana fica ativada, gerando sabedoria e humildade. Pronunciada após uma oração, esta será eternamente sustentada por um anjo.

Segundo os estudiosos da Fraternidade, existem sete raios, dirigidos por sete mestres e suas prováveis encarnações.

Em 2009, a humanidade está sob a proteção do segundo raio, que é dirigido pelo amado mestre Lanto, cuja cor é dourada.

O mestre concede a sabedoria aos estudantes e tem forte ligação com o Oriente, devas e os elementos terra, fogo, ar e água, bem como seus respectivos anjos da natureza. Em sua última encarnação, ele teria sido Confúcio.

Anteriormente ao Mestre Lanto, quem assumiu este raio foi o amado mestre Kuthumi.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Conheça o anjo que proteje 2009

por Monica Buonfiglio

Raziel é o anjo que rege 2009
O anjo (príncipe) da hierarquia dos nove coros angélicos que rege 2009 é Raziel, que, do hebraico, significa "segredo de Deus".

Raziel é o príncipe dos mistérios e representa o universo das idéias puras. É o anjo do conhecimento, das grandes idéias e da originalidade. Ele rege a segunda hierarquia angelical, denominada querubins, citada várias vezes na bíblia.

Os querubins estão no livro do Gênesis, guardando o caminho para a árvore da vida. Também está na passagem do Jardim do Éden e no livro de Êxodo, ao ornamentar e proteger o Tabernáculo. Aparecem também esculpidos na da Arca da Aliança e no Templo de Salomão.

Davi entoa cânticos ao Senhor e em alguns trechos se refere aos querubins nos salmos.

A aparência dos querubins é descrita pelo profeta Ezequiel como um ser de quatro cabeças: leão, touro, águia e homem.

O pintor renascentista italiano Rafael Sanzio (1483-1520) tornou popular a imagem dos querubins como crianças (geralmente aos pares) com asas.

Oração
Eu lhe saúdo amado Raziel
Guardião da bondade, criatividade e das idéias puras
Príncipe amado dos querubins
Dai-me força para trabalhar,
revelar a verdade e encorajar as pessoas
com meus sentimentos mais nobres da bondade.
Faça de mim um instrumento para suas experiências angelicais.
Quero sempre viver com base no amor,
bondade, caridade e sabedoria.
Que isso seja uma constante na minha vida.
Ilumina-me para continuar digno e forte, sempre,
para prestar em nome de Deus
os serviços da pureza.
Dê-me sua proteção.
Honre-me com sua luz,
Amado querubim Raziel.
Amém.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Orixás que regem 2009

por Monica Buonfiglio

No próximo ano, os orixás protetores são Iemanjá, Xangô e Oxossi. Leia, a seguir, a história de cada um deles.

Iemanjá
Significado: "Iya", mãe; "Omo", filho; "Eja", peixe
Dia da semana: sábado
Cores: branco e azul (cristal translúcido)
Saudação: O doiá! (odo, rio)
Elemento: água
Domínio: mar, água salgada
Instrumento: abebê (leque de metal e espelho)

Iemanjá é proveniente de uma nação chamada Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com o mesmo nome deste orixá. Ela seria filha de Olokum (mar) e mãe da maioria dos Orixás. Sua cor é branca, associada ao orixá Oxalá, e juntos teriam criado o mundo.

Na África, Iemanjá é associada a fertilidade e fecundidade. Nas danças místicas, seus iniciados imitam o movimento das ondas, executando curiosos gestos - ora como se estivessem nadando no mar, abrindo os braços, ora levando as mãos à testa e elevando-as ao céu, indicando as variações das ondas do mar.

Iemanjá segura um leque de metal e um espelho. Tem diversos nomes (ou qualidades) referentes à diversidade e às diferentes profundidades dos trechos do rio "Yemoja".

O seu leque, chamado abebê, tem em seu centro um recorte, onde surge o desenho de uma sereia. Em outros modelos deste apetrecho, constam a lua e a estrela.

Complacente e pródiga, é responsável pela pescaria farta, além da vida com abundância de alimentos. Ela não lembra a volúpia das sereias das lendas européias ou a Iara dos mitos indígenas, mas é representada e cultuada com muito respeito, pois é a mãe da criação.

Xangô
Significado: aquele que se destaca pela força
Dia da semana: quarta-feira
Cores: vermelho (ativo), branco (paz), marrom (terra)
Saudação: Kaô Kabiesilê! (venham ver nascer sobre o chão)
Elemento: terra (pedras)
Domínio: rochas que o raio quebra
Instrumento: oxé (machado de pedra de lâmina dupla)

Xangô é o orixá cujo domínio está nas rochas, principalmente as que foram destruídas pelos raios. Na África, é chamado Jacuta, ou seja, "o lançador de pedras".

Ele reinava soberano na cidade de Oyó. Quando decidiu se transferir para Kossô, não foi aceito por seu caráter violento e autoritário. Decidiu, então, retornar à Oyó, onde reinava Dadá, seu irmão mais velho, que foi destronado e permaneceu exilado em Igbono durante sete anos.

O símbolo de Xangô é o oxé, um machado de duas lâminas que seus filhos, quando estão em transe, levam na mão.

O orixá é viril, atrevido e extremamente justiceiro. Tem Iemanjá como mãe e três divindades como esposas: Iansã, Oxum e Obá.

Iansã era a esposa de Ogum, mas encantou-se por Xangô. Oxum vivia com Oxossi e também foi seduzida por este orixá, que usava argolas de ouro nas orelhas, uma longa trança e uma roupa repleta de búzios - moeda corrente na época. Obá, apesar de ser uma deusa mais velha, também foi esposa de Xangô.

Na Nigéria, as festas consagradas a Xangô são um espetáculo à parte. O elegum do orixá, em transe, vai ao mercado central para ser admirado e também aos lugares que visitou antes de morrer e de ser tornar um orixá. O elegum do deus da justiça só evita visitar o palácio onde, segundo certas lendas, Xangô teria se enforcado em uma árvore de obi - por isso, sua aversão à morte e aos eguns (mortos).

Sua importância no Brasil é tamanha que chegou a originar cultos específicos em Pernambuco e em outros estados da região Nordeste do País.

Oxossi
Significado: "oxó", caçador; "ossi", noturno
Dia da semana: quinta-feira
Cor: azul turquesa (cor do céu no início do dia)
Saudação: O Kiarô! (okaaro significa bom dia, em iorubá)
Elemento: ar
Domínio: matas e caça
Instrumento: ofá (arco e flecha)

Oxossi é filho de Oxalá e Iemanjá, irmão de Ogum e Exu. Também é conhecido como Odé. Na África, é o orixá responsável pela caça. Tradicionalmente, é associado à lua, porque à noite é o seu melhor momento para caçar.

Assim como seus irmãos Exu e Ogum, é um guerreiro solitário. Não lidera ou comanda exércitos como Ogum, mas luta pela sobrevivência da tribo e está disposto para qualquer combate. Os filhos de Oxossi estão dispostos a passar por qualquer dificuldade para obter o sustento da família.

Seu símbolo é o arco e flecha, geralmente de ferro, chamado ofá. E sua pontaria é sempre certeira. Ao ser posicionada no arco, sua seta irá acertar o alvo.

Usa também o erukerê (rabo de cavalo que era usado só pelos reis). Como orixá, sua responsabilidade em relação ao mundo é garantir a vida dos animais, que somente são sacrificados por absoluta necessidade de alimentação.

O culto a esse orixá é bastante difundido no Brasil, mas pouco lembrado na Nigéria. Lá, Oxossi foi cultuado basicamente na cidade de Keto (terra dos panos vermelhos).

No século XIX, devido ao tráfico negreiro, a cidade foi praticamente destruída pelos saques das tropas do rei Daomé. Os filhos consagrados a Oxossi foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A visão espírita dos sonhos

Luiz Carlos D. Formiga

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/sonhos.html

(Republicação: Publicado pelo A Era do Espírito em 28 de março de 2008)


O Sonho é uma interrogação para muitas pessoas. No livro de Carlos Bernardo Loureiro - “A Visão Espírita do Sono e dos Sonhos”, Casa Editora O Clarim. Matão, SP. 144 páginas, vamos encontrar muitas respostas.

É possível determinar relações precisas entre essas percepções e os aspectos da realidade ordinária? Como analisar esse psiquismo noturno?

Erick Fromm afirma que “o inconsciente só o é em relação ao estado normal de atividade”, “são simplesmente estados mentais diversos, que se referem às modalidades existenciais diferentes.” Assim, podemos admitir que a mente consciente constitui apenas parte do psiquismo total. Existe uma vida psíquica chamada de “inconsciência”. Esta atividade psíquica é o principal protagonista quando o sono retira a outra de cena. Na realidade o inconsciente acha-se representado naquela fração do sonho que se registra na memória consciente.

O que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?

Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília?” (Livro dos Espíritos, questão 404.)

A alma é um ser pensante que permanece ativo durante o sono? Existem provas materiais da atividade da alma durante o sono?

Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.” (Livro dos Espíritos questão 401.)

A enciclopédica de Diderot (Denis, 1713-1784), no verbete “Sonambulismo”, relata a história de um jovem sacerdote que se levantava à noite, dirigia-se ao seu escritório e escrevia longos sermões e retornava ao leito. Existem relatos da resolução de problemas matemáticos que não eram resolvidos quando os indivíduos estavam acordados.



Existe uma memória latente? Os sonhos trazem à tona lembranças julgadas esquecidas para sempre?



Seis meses depois o indivíduo sonha com o local em que perdera o canivete. Ao despertar procura e acha o objeto (F.H. Myers, La Concience Subliminale, Annales Phychiques).

Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro...” (Livro dos Espíritos, questão 402.)

Richet (Prêmio Nobel de Medicina) descreve a memória fotográfica de sonambulos. A eclosão desses registros mnêmonicos subconscientes não deve ser confundida como a intervenção de seres espirituais. Trata-se de fragmentos da vida que são exumados naturalmente ou por estímulos especiais, das profundezas do ser (Pierre Janet).



Pode-se provocar sonhos por hipnose e induzir uma pessoa a sonhar com outra?



Sim, responde o Dr. Sherenk-Notzing (Munique-Alemanha) após experiência hipnótica com a sensitiva (clarividente) Lina. Seus resultados são muito importantes para a discussão do homem como um ser de natureza bio-psico-socio-espiritual. O pesquisador deu a sensitiva a ordem pós-hipnótica de sonhar, na noite seguinte, com uma determinada pessoa, não esquecer o sonho e contá-lo no dia imediato. Pela manhã, ao acordar, e em presença dos pesquisadores, contou o que aconteceu durante a noite. A hipótese de uma transmissão, através do pensamento de um dos pesquisadores auxiliares, era inviável por vários motivos, até porque uma visita casual de uma amiga do Sr. F.L., foi relatada pela clarividente e identificada, posteriormente, com base na descrição da sensitiva.

Pode o homem, pela sua vontade, provocar as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer, quando está para dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com Fulano, quero falar-lhe para dizer isto?

“O que se dá é o seguinte: Adormecendo o homem, seu Espírito desperta e, muitas vezes, nada disposto se mostra a fazer o que o homem resolvera, porque a vida deste pouco interessa ao seu Espírito, uma vez desprendido da matéria. Isto com relação a homens já bastante elevados espiritualmente. Os outros passam de modo muito diverso a fase espiritual de sua existência terrena. Entregam-se às paixões que os escravizaram, ou se mantêm inativos. Pode, pois, suceder, tais sejam os motivos que a isso o induzem, que o Espírito vá visitar aqueles com quem deseja encontrar-se. Mas, não constitui razão, para que semelhante coisa se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.” (Livro dos Espíritos, questão 416.)



Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?

“Certo e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.” (Livro dos Espíritos, questão 414.)

O hanseniano Jésus Gonçalves, descrente, era um materialista e dizia não acreditar em nada disso. É autor de “Falta", onde diz assim: Onde andará um “não sei quê”, um Bem, em cuja busca sou judeu errante? Por onde eu passo, já passou também... E quando chego já partiu há instante... Não sei se está na vida, ou mais adiante, dentro da morte, nas mansões do Além... Se está no amor... se está na fé, perante os dois altares que esta vida tem. Mas, se esta vida é um sonho, a morte o nada; o amor um pesadelo; a fé receio; por que manter-se em luta desvairada? No entanto, eu sigo... acovardado, triste... a procurar em tudo em que não creio, a coisa que me falta e não existe!



Sob o ponto de vista biomédico podemos perceber que uma pessoa está sonhando por estranhos movimentos oculares produzidos em certa etapa do sonho. O período REM (rapid eye movements) é “paradoxal” porque no ápice do relaxamento vamos encontrar uma atividade intensa de numerosas estruturas cerebrais, com variação da freqüência das ondas cerebrais e traçado próximo ao do estado de vigília. Há nessa fase anulação do olfato e paladar, mas as células nervosas enviam estímulos ao ouvido, aos olhos e ao sentido do equilíbrio. Quando acordadas neste período as pessoas eram capazes de contar um sonho.



Como interpretar o sonho que tivemos com um ente querido já desencarnado? A tarefa não é muito fácil porque estamos mergulhados numa matéria muito densa. No entanto, o espírito André Luiz (médico desencarnado) nos oferece um exemplo muito bom e que é encontrado no “Os Mensageiros” (FEB) capítulo 38, quando ela sonha com a avó desencarnada e faz a interpretação da mensagem recebida.



Outro médico (psiquiatra ainda encarnado) mostra a importância dos sonhos para o diagnóstico da melancolia involutiva, destacando-a como uma síndrome com características próprias dentre as doenças conceituadas como depressão maior. Sua conclusão, nos Arquivos Brasileiros de Medicina, 71(3): 111-114, 1997, se baseia na análise de 118 casos.



Uma pessoa que dorme pode ter consciência de que está sonhando?



Sim, responde o psiquiatra holandês Dr.Frederick Willem van Eeden, que teve a confirmação feita peloDr Stephan Laberge, na Universidade de Stanford(EUA). A mesma resposta era dada por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino (sonhos lúcidos).



Podemos estender o conceito de sonho a todos os estados alterados de consciência dos quais o psiquismo profundo tende a subir em primeiro plano, até subjugar o EU da superfície?



Podemos participar de mensagens oníricas diurnas? Podemos sonhar acordados?

Esta dimensão diurna do sonho é um convite à pesquisa .



Dr. M. Kleitmam da Universidade de Chicago (“Sleep and Wakefulness”) demonstrou que, também de dia, a atenção consciente se afrouxa em períodos, de acordo com o ritmo que corresponde perfeitamente ao alternar noturno do sono profundo ao leve.



O estado de plena “vigilância consciente” não dura mais do que um minuto ou dois por hora, o que é uma condição indispensável para uma certa eficiência criadora do intelecto, conforme F. Myers, P. Bunton e ainda John Pfeiffer (The Human Brain).



Uma mulher, diante de uma mensagem onírica diurna, interrompe seus afazeres domésticos, chama um táxi e vai encontrar o filho caído quase morto ao lado da moto. “O paranormal é o normal que ainda não compreendemos!

Podem os Espíritos comunicar-se, estando completamente despertos os corpos?

“O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente.” (Livro dos Espíritos, questão 420.)

O fenômeno a que se dá a designação de dupla vista tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?

“Tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma.” (Livro dos Espíritos, questão 447.)

Qual a visão espírita desses fenômenos?



· Sonhos fisiológicos - por influência orgânica vive-se situações alucinatórias.

· Sonhos pantomnésicos - recordações do passado.

· Sonhos premonitórios - apreensão do futuro, sonho profético.

· Sonhos espirituais - vivência no plano espiritual.





Freud não poderia explicar o sonho profético como realização de um desejo recalcado no inconsciente.

Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. (Livro dos Espíritos, questão 402.)

“A árvore trará novas sementes, das quais germinarão novas árvores. Todas estavam escondidas na primeira semente,” (Discurso de Metafísica, Leibniz (1686))



Lincoln viu, em sonho, cenas de seu próprio velório, uma semana antes de ser assassinado, relatando-o ao amigo Ward Lamon, que escreveu o episódio em seu diário.



É um monumental determinismo o conhecimento antecipado do futuro! É possível modificar o “Carma”? Existem as coisas futuras ou elas se encontram no NADA, e ainda não existem? O sonho profético é contrário ao livre arbítrio?



É possível prever acontecimentos derivados do presente. No entanto, como prever os que não guardam nenhuma relação com esse estado presente? Como explicar os que são atribuídos ao acaso?



Nostradamus previu a decapitação do Duque e deu o nome do carrasco, que foi escolhido “ao acaso”, na hora. Isto 66 anos após a morte do médico francês (1503-1566). O cálculo matemático da probabilidade desta predição estaria na proporção de um para cinco milhões contra o acaso.

Estando desprendido da matéria e atuando como Espírito, sabe o Espírito encarnado qual será a época de sua morte?

“Acontece pressenti-la. Também sucede ter plena consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha a intuição do fato. Por isso é que algumas pessoas prevêem com grande exatidão a data em que virão a morrer.” (Livro dos Espíritos, questão 411.)

Mas, como entender este sonho que fala do futuro. Como explica-lo? Allan Kardec, no Livro “A Gênese” discute o assunto na “Teoria da Presciência”.



Palestra proferida pelo Prof. Formiga no CENPES, Centro de Pesquisas da Petrobrás, em 1998.



Publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Ano LXXIV, número 1, Matão, fevereiro de 1999.